terça-feira, 6 de julho de 2010

MITO DE SI MESMO


CARLA102


Sonhei que havia uma moça indígena que dormia um sono gostoso quando sua mãe foi acordá-la. A irmã dela também estava na cena e havia uma outra jovem que pareceu ser uma colega minha da época de faculdade. Nisso essa colega comentou do cabelo da jovem que dormia e a mãe dela ajeitou-lhe a volumosa cabeleira lisa, preta, bela e muito comprida, tanto que arrastava pela cama abaixo (devia ter uns três metros). Fiquei impressionada. Minha antiga colega tirou várias fotos e perguntei se ela ia colocar no orkut, pois assim eu poderia posteriormente conseguir cópias das fotos. Ela disse que sim e essa parte do sonho ficou nisso. Depois sonhei que havia um rapaz e falaram-me que ele estava interessado em mim. Aproximei-me dele, mas ele não demonstrou nada. Ele fazia umas bolachas de forno moldando-as numa pia de mármore, mas a massa estava grudando. Então falei que minha avó fazia daquela mesma bolacha, mas colocava na fôrma de maneira diferente. Expliquei que ela deixava a massa mais mole e colocava na fôrma com uma colher e nem fazia diferença depois de assada, pois a massa mais mole esparramava com o calor e a bolacha ficava fina e redonda como se houvesse sido achatada conforme ele estava fazendo. Ao deixá-lo na cozinha terminando de fazer as bolachas, saí para a área e comentei com uma amiga que ele não estava afim de mim como todos haviam suposto. Ela comentou que talvez ele estivesse tímido. Respondi: 'Só se ele nunca se relacionou com mulher alguma'. Ela opinou que eu devia me declarar, mas eu não estava tão interessada nele a ponto disso. Fiquei a lembrar de mim mesma antes de perder a virgindade: eu interessava, mas não demonstrava e ainda fugia por vergonha e medo da minha inexperiência. Acho que até hoje ainda sou um pouco assim e, por isso, creio que este é mais um daqueles sonhos projetivos, estou certa?

Os cabelos representam uma manifestação energética. A grande cabeleira simboliza forças superiores, cortar cabelo é renúncia e crescê-los acúmulo de poder. Nessa modernidade, a representação avança para a vaidade, como símbolo de beleza e saúde, sexualidade, poder atrativo feminino, acessório de sedução, joia. As mulheres crescem os cabelos e cortam os pêlos. O cabelo é o fio da trama da vida, trama humana, mais feminina que masculina, assim como o fio de seda, o cabelo fia a trama, a rede que envolve a trama das relações, amorosas, sexuais e afetivas.

O cabelo envolve sua vaidade e seu foco de atenção voltado para a sedução. Parece-me que esse potencial de sedução está ligado ao elevado nível de carência e ainda da baixa estima presente. Tanto que sua atenção fica voltada para o objeto, quando há a indicação de alguém que se interessa por você. O que define a seletividade dos seus filtros de escolha, os estímulos que definem o foco de seu interesse, é o interesse voltado para o outro. Neste aspecto você se torna presa fácil daqueles que percebem sua fragilidade, ou essa necessidade de se projetar no outro. Você não escolhe. Só se interessa quando é escolhida. Naturalmente essa é uma característica pessoal para se proteger, ou de não se comprometer com sua escolha ou de ter que enfrentar a rejeição do outro. Quando escolhida você evita a rejeição, se o outro a escolhe você pode se fazer de fácil ou de difícil, sem precisar expor sua insegurança, seu desencanto, sua inferioridade.

É preciso superar esse orgulho, esse falso amor próprio, que a blinda numa redoma, como uma princesa à espera de um príncipe que descubra sua beleza. Romper com esses paradigmas, enfrentar o mêdo à rejeição, superar a idealização de perfeição. Cair na vida. Desta forma se arriscando, não tenha dúvidas de que muitos não a desejarão, mas outros a experimentarão, e assim você se permite a chance de alguém se apaixonar pelo seu sabor. No passado, as escolhas podiam ser feitas à distância hoje se faz no encontro próximo.

O amor, nas relações modernas se faz assim, precisamos nos permitir a chance de experimentá-lo para saboreá-lo. Sair da idealização da romântica aprisionada na torre de marfim. Neste aspecto, para descobrir o sagrado é preciso viver o profano. Dar a cara à tapa. E ser rejeitada pelo outro nada mais é do que o direito do outro de escolher sua fonte de prazer, aquilo que mais se aproxima de sua fantasia ou do seu sonho de prazer. Querer ser para todos o objeto de desejo é direito dos narcisos, dos encantadores de serpentes,. Ser divino, fonte de vida... melhor ser humano, e saciar a fome afetiva no encontro com um ou com outro, não somos mito mas encontramos a chama do amor. 

É preciso romper com esse padrão:

DEIXAR DE SER UM MITO DE SI MESMO.

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