terça-feira, 13 de julho de 2010

QUESTÕES II








6. Alguns sonhos estão ligados ao inconsciente coletivo. Gostaria de saber mais a respeito disso.

Em princípio eles envolvem conteúdos arquetípicos que dizem respeito às nossas origens, e à história da humanidade. São referencias evolutivas do coletivo, do destino evolutivo, associados à nossa história familiar.

Buscando maior precisão: É preciso não pensar de forma linear. Como nossa existência está inserida no cenário coletivo, no universo, já somos de natureza coletiva, parte de Um Todo. A existência nos permite a singularidade da diferenciação do coletivo, mas não nos tira dele.

Assim, pensando de forma mais ampla, o sonho é uma linha de conexão com esse universo, com essa dimensão cósmica. É a nossa conexão com o eixo do mundo, portanto com o coletivo.

Na especificidade e singularidade do pessoal, essa conexão se mostra através da memória arquetípica, sempre nos lembrando de que a singularidade não é mais do que uma manifestação única do coletivo, como uma configuração distinta que pode se ampliar de forma inimaginável e abarcar o universo tendo acesso irrestrito através dessa conexão.

Por isso não há como dizer que um sonho pessoal não esteja ligado ao inconsciente coletivo, ele também é resultado deste coletivo.

De forma didática podemos pensar, não esquecendo o essencial, que sonhos de inconsciente coletivo envolvem nosso eixo e nossa conexão com o universo e que sonhos pessoais dizem respeito à nossa singularidade como indivíduos.

7. Sonhos apresentam nossa sombra, aspectos de nós mesmos que não quereríamos possuir e que por vezes tentamos manter escondidos de nós mesmos.

Ultrapassa o nosso poder de querer ou não. A Sombra é arquétipo de um lado primitivo que precisamos reconhecer para transformar. Quando negamos esse lado sombra, em nós, ele se manifesta de forma decisiva. Independente de negarmos ou não ele se manifestará, faz parte da nossa natureza, da constituição da matéria, da natureza do universo. É uma natureza que contrapõe a luz e definitivamente polariza “um” outro lado que permite o equilíbrio do universo.

Em nós esse arquétipo pode aflorar em sintonia com a intenção do sujeito, ou contrariando a idealização do sujeito que se nega a aceitar esse lado sombrio que precisa ser reconhecido para ser transformado.

No nosso tempo a capacidade de idealização do humano cresceu de forma inimaginável, saindo do controle da realidade. As pessoas sem recursos se refugiam na idealização para contrapor a força das sombras, ou por simplismo buscam na idealização de si mesmo, a construção de uma personalidade irreal. Uma construção ilusória e inconsistente que é recurso de início de personalização da individualidade, mas que precisa ser descartada, pois é apenas virtual. Como as pessoas se agarram a essa imagem virtual e idealizada elas são como que dissolvidas e confrontadas na fragilidade dessa idealização quando mostram que não são o que elas idealizam.

Por exemplo, vejo, no dia a dia, pessoas que: Se idealizam verdadeiras, mas se comportam de maneira falsa ou mentirosa; Se idealizam moralmente respeitosas, mas por trás dos panos se comportam como imorais; Se acreditam honestas, mas não perdem oportunidade de lesar os outros; Se pensam justas, mas se mostram parciais defendendo apenas seus interesses pessoais; Se dizem humildes, mas se recusam a aceitar seus erros, ou sua condição; se mostram religiosas e se comportam como materialistas, egoístas, desumanas, sem compaixão; etc.

O arquétipo evidencia essa incoerência, essa divisão, essa dissociação entre o idealizado e o que somos na realidade. Para mim é um conteúdo excepcional que trabalha mostrando o lado sombrio e denso que anseia pela transformação.

Mas é também refugio para os que se entregam às sombras, como um buraco negro acumula o denso e realça a natureza dos opostos.

8. Alguns sonhos são compensatórios enquanto satisfação de desejos ou expressões de pulsões reprimidas.

Exato! Abrem espaço para compensar estados de desequilíbrio gerados por pensamentos, conceitos, escolhas, atitudes e comportamentos que desconsideram a natureza interior. Quando realizam a compensação, permitem ao organismo reequilibrar funções orgânicas e psíquicas descompensadas pelo sujeito em seus comportamentos.

9. Muito do que sonhamos revela o que fazemos (comportamentos e tendências) ou pensamos (conceitos, preocupações e vontades) enquanto despertos.

Revela aquilo que somos na essência, o que sentimos, nossas contradições, incoerências, tendências, inadequações, fragilidades, inconsistências, defesas, dificuldades, bloqueios, potenciais e tudo aquilo que pode funcionar como armadilha desconstruindo o sujeito e tornando-o alguma outra coisa que contraria a grandiosidade de sua existência.

10. Alguns sonhos podem estar relacionados com saída astral.

Sonhos podem ser premonitórios conduzir ao passado ou ao futuro e favorecer a conexão com outras dimensões no presente. A relação com o Tempo e com o Espaço se fazem em bases que ultrapassam nossas referências nesta realidade. Significa dizer: é um tempo absoluto e um espaço multidimensional. O tempo pode ser alongado ou encurtado, o Espaço pode ser ampliado e a distância alongada ou ser comprimido e a distância encurtada. E o corpo, assim com o mundo, sendo multi dimensional pode despertar naturezas e características extraordinárias.

O que mais devemos saber e analisar em sonhos quando buscamos sua significação?

Pobre de mim poder responder-lhe essa questão. O conhecimento humano é ínfimo frente à grandeza do universo. Quando, aqui neste espaço mostro alguma coisa nova, novas formas de pensar essa fenômeno, e tenho este propósito, partilho o resultado de meus trinta e poucos anos de experiência, um pouco daquilo que aprendi com outros estudiosos fenomenais e um pouco de minha investigação, que tento criteriosa. Mas tudo isso é a ponta de um Iceberg.
Sabemos muito pouco sobre as características dessa natureza em nós. Mas penso que quanto mais caminhamos em nosso aprimoramento pensando que abrimos as portas para compreender e conhecer essa natureza dos sonhos, descobrimos que descortinamos segredos da matéria, da existência, do universo. Abrimos as portas para o Divino. E este é um caminho de paciência, que exige uma longa caminhada, de preparação de nossas condições para suportar o encontro decisivo com a força Divina da natureza.

Às vezes fico atônito ao ver estudiosos que se agarram em estrudos, contribuições partilhadas, como se fossem resultados teóricos finais de uma pesquisa que tem fim. Estupefato como investigador, por acreditar que o que envolve o Oceano Primordial da Existência exige cautela e paciência, e como retorno frente à nossa IMPECABILIADE, de guerreiro, o inconsciente, aos poucos, mostra seus mistérios.

Aqui neste espaço, venho tentando mostrar um novo olhar sobre os sonhos ou novas formas de pensar os sonhos, E me permito esse atrevimento 100 anos após  as contribuições iniciais de Freud e após 60 anos da morte do magnífico pensador C.G.Jung.

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