sexta-feira, 30 de julho de 2010

HOLISMO E SENEX

CARLA130

Tenho dormido pouco e sonhado muito. São tantos sonhos que tudo se mistura na minha mente e quase não lembro de nada. É como se fosse uma descarga energética mental. Ultimamente os sonhos parece-me bastante diferentes: tenho sonhado com muitas pessoas, geralmente estou próxima da multidão, me vejo nos sonhos sendo uma pessoa mais simpática, especial, dada aos relacionamentos, literalmente pública e, ao mesmo tempo, sendo eu mesma, mas num meio completamente oposto da minha realidade ou dos sonhos passados. Vou tentar relatar os sonhos dessa noite.

UM MOMENTO

Vi-me analisando outras vidas minhas. Era como se eu não fosse apenas eu, mas uma mistura de muitas de mim divididas entre milhares de vivências. Era como se houvesse uma rede com uma infinitude de acontecimentos e fatos marcantes e moldantes de minha personalidade. Além disso havia sobre mim uma influencia externa, tanto material quanto espiritual, tanto de pessoas vivas quanto de espíritos desencarnados. E mais, havia uma regência do inconsciente coletivo de forma que eu era eu e ao mesmo tempo estava sendo como milhares de seres, agindo, sentindo e pensando em uníssono, ou seja, eu fazia parte de milhares de indivíduos e estes faziam parte de mim, mesmo que cada um fosse um ser criado individualmente. Senti-me ligada ao todo, ao cosmo, a amplitude universal. Isso foi estranho, senti-me muito, mas muito mais do que sou. Senti-me como se fosse unicamente eu e ao mesmo tempo fosse tudo o que existe. Eu era eu e me sentia fazendo parte das outras pessoas de uma forma que não sei explicar. Havia uma ligação indissolúvel, mais real do que afinidade ou amor. Existia uma integração mirabolante. Numa das visões do passado eu fui a um local donde há tempos atrás fora um precipício e algumas pessoas houveram se suicidado lá. Não lembro qual a história em si. Andei pelo local enquanto muitas cenas surgiam na minha mente. Era como se o local fizesse aflorar em mim tudo o que ali já existira, tudo o que as pessoas ali já haviam passado. Estranho que ali também havia um riacho e vi um esquilo nadando. Apenas o focinho dele ficava a vista.

Além de poder adentrar em vivência pretéritas, eu podia ver o mundo oculto aos olhos carnais.

OUTRO MOMENTO

Outra vez sonhei que via espíritos. Foram muitas cenas que não lembro direito. Numa delas eu visualizava (e eu parecia estar ali apenas espiritualmente também) uma mesa redonda com várias mulheres de meia idade jogando cartas. Havia três espíritos de bruxas vestidas de preto com chapéu rendado (mas não pontudo), típico das pinturas dos mitos gregos ou talvez da Idade Média. Elas não pareciam más, mas entediadas. Uma delas quebrou uma taça que estava sobre a mesa como se quisesse chamar a atenção ou brincar causando medo, mas ninguém se importou achando que o fato ocorrera por mero acidente. Elas estavam ali não por vingança, mas por algo que não consegui perceber. Elas tinham consciência da união e influência que exerciam naquele ambiente, sempre seguindo uma ou outra daquelas mulheres que jogavam. Não sei ao certo, mas uma daquelas mulheres da mesa pareceu ser minha avó.

Queria muito lembrar de mais coisas, pois embora não recorde, tenho acordado com sensações muito boas. Acho que os sonhos tem compensado a interação afetiva e religiosa que na vida real não consigo ter. Tenho sonhado que estou prestando auxílio ás pessoas de forma indireta e isso está ligado ao meu trabalho, mas realmente não tenho memória suficiente para relatar os detalhes. Também houve um sonho donde eu estava numa casa enorme e não podia ser vista por ninguém, apenas por um menino que estava me refugiando. O que podem significar esses sonhos?

Como não há uma clara separação do que sejam “esses sonhos” separei-os em dois momentos, como se assim o fosse, tentarei dizer-lhe alguma coisa, considere como uma reflexão, pessoal, de um observador em busca de compreensão:

UM MOMENTO

Fico admirado com a vivência ao mesmo tempo em que não me surpreendo com o acontecimento. Há muito tempo experimento uma consciência que, independente da individualidade constituída, me leva a sentir a vida como um acontecimento sem “tempo” e unificada como unidade com o restante do universo. Parece-me que quando refinamos a consciência e a individualidade mais nos aprofundamos e nos aproximamos do eixo do mundo.

Nas religiões que tive oportunidade de estudar, encontrei esse sentido de unidade e mesmo estudos Alquímicos antigos, já vislumbravam essa unidade. Hermes Trimegístos já alerta na Tábua de Esmeralda, este sentido único. Não somos separados, somos um. A holística moderna se referencia nessa unidade para conceituar seus princípios.

Naturalmente, considerando a formação e a distinção celular, somos apenas uma célula constituída de milhões de outras, que forma a partir do microcosmo o macrocosmo.

Einstein já falava na magnitude de um simples movimento, uma onda sonora, que emitida irá se deslocar pela rede cósmica, reverberando no universo. E isso não é apenas um fenômeno abstrato, mas real dessa interação permanente.

Há alguns anos atrás no inicio de minhas pesquisas sobre alteração dos estados de consciência através de intervenção com campos eletromagnéticos, fiz uma experiência que me deixou perplexo: Aplicando campos eletromagnéticos num individuo com 50 anos, conseguimos que ele tivesse uma ativação da memória corporal de todos, eu disse todos, os cortes que ele sofreu pelo corpo ao longo de sua vida. Naquele momento, 25 anos atrás, compreendi que a memória celular é a memória das transformações da matéria viva. Se a matéria não tivesse memória ela não teria a plasticidade natural para reconfigurar-se.

Quando lidamos com a psiquê lidamos com o desconhecido e com uma estrutura fenomenal que ordena, regulariza, adapta, transforma, prepara, conduz, equilibra, atualiza o organismo da qual é resultado. Um resultado que resulta dessa matéria inteligente e ordenada na geração do que somos.

Assim surge a pergunta: O que carregamos como memória genética é apenas o que nos constitui e nos diferencia? Eu acredito que isso é pouco. Nós carregamos a história da espécie, de nossa evolução e de nossa estirpe, a memória da matéria que se transformou perecível como plasma e forma diferenciada de energia, luz.

Necessariamente, não precisamos ser reencarnados. Também podemos ser a reencarnação de um projeto em dinâmica evolutiva, a vida. Assim, sou a parte viva, a memória viva, de uma história evolutiva de todos os meus entes passados e contenho, consequentemente, toda a experiência, a vivência do passado, registrada na minha constituição a partir da Matriz que me originou.

Não me cabe questionar conceitos e concepções de religiões, grupos ou seitas reencarnacionistas ou não. Isto não muda a realidade e não faz diferença.

O inconsciente coletivo é isso carrega a memória da espécie.

Sua experiência onírica é apenas memória vivencial ou espiritual? Não sei responder-lhe. Pode ser uma porta aberta de uma vivência Numinosa, onde conteúdos de sua origem afloraram lhe permitindo o toque da visão. Como pode ser uma vivência espiritual. Suas sensações podem ser originadas desse contato com a memória registrada, aquela que carrega, tanto quanto podem ser originadas de uma experiência extradimensional.

A mente tende a nos proteger do impacto de realidades para as quais não estamos preparados para lidar. Assim possuímos filtros sensoriais que limitam a audição, a visão e até a consciência. Dessa forma, livre do impacto a consciência é preservada, mas à medida que conquistamos resistência mental, blindamos o sistema nervoso, como se uma leve película de verniz envolvesse o sistema. Dessa forma aumentamos e fortalecemos a nossa resistência ao impacto devastador de certas realidades e ampliamos nossas possibilidades de compreensão do universo.

Sua vivência Holística pode ser um avanço na realização de seus desígnios, na reafirmação de seu destino. A sensibilidade não apenas permanece, mas se sofistica. Mesmo que mais sensível, mais fortalecida, agora, possivelmente mais resistente, você pode se perceber mais preparada para novas experiências em sua vida.

OUTRO MOMENTO

Para Jung Espírito se aplicava ao aspecto não material de uma pessoa viva, pensamento, intenção, ideal, assim como a um Ser incorpóreo, não material – sombra, fantasma, espectro, alma ancestral. O oposto da matéria. Como aspecto não material, não pode ser descrito nem definido, é indefinido, ilimitado, infinito, sem forma, sem imagem intemporal. É o outro que promove uma resposta emocional, de afeto, positiva ou negativa. Para ele o fenômeno dos espíritos é uma verificação da realidade de um mundo dos espíritos. Os sonhos são a maior evidência da existência do mundo diferenciado do reino corpóreo e mais significativo do que a questão da existência ou não dessa manifestação é a forma como nos relacionamos com essa dimensão.

Do ponto de vista psicológico, para ele os espíritos, são complexos autônomos inconscientes que aparecem como projeções, ou manifestações de complexos pertinentes ao coletivo que alteram ou substituem a atitude de todo um povo, possibilitando que se instale uma nova forma de resposta coletiva. As intervenções dos chamados espíritos parecem corresponder a necessidade de ampliação da consciência.

A aparição de espíritos compõe o simbolismo de uma tensão elevada entre mundos materiais e imateriais. São fenômenos fronteiriços que parecem querer ganhar existência de alguma forma.

UMA LEITURA POSSÍVEL
O triângulo (tríade) remete a um poderoso campo de força e de magia. Três mulheres reunidas pode representar poder. Já havia lhe alertado para a tríade familiar (você, a irmã, e a mãe). Este encontro pode indicar uma correlação interna e pessoal de poder e na sua formação.

“Elas tinham consciência da união e influência que exerciam...”

A taça quebrada pode simbolizar a formação do elo dessa tríade feminina, como em um casamento consagrado que se concretiza no ritual de quebra da taça em que se celebrou, em que se brindou o compromisso.

A aparência de Avó indica essa possibilidade de formação de uma configuração triangular de poder interno, e sinal de mudanças no comando arquetípico. O Puer Aeternus pode estar cedendo lugar para a Senex. Ela aparece como imagem de SENEX, “A velha Sábia”, que indica essa mudança arquetípica. Os sinais da transformação vêm ocorrendo há mais tempo, e sinalizam a continuidade desse processo. É hora de crescer.

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