sábado, 30 de janeiro de 2010

TORMENTA 1




Carlotinha24

Acabei de acordar e estava tendo pesadelos horríveis. Primeiro sonhei com vários casais que eram meus pais,
como se fosse em minhas várias vidas. Para com alguns eu sentia muita raiva, para com outros sentia medo. Ia passando um monte de casais falando como se fosse um filme saído de dentro da minha mente, mas ao mesmo tempo era real e eu estava dentro desse filme. Eu me sentia mexendo muito na cama e escutava trovões muito fortes. Agora que acordei constato que caiu um pé d’água mesmo. De certa forma eu sabia que a chuva era fora do sonho, mas ela parecia me amedrontar com seu barulho como se estivesse lá dentro. Numa dessas famílias eu tinha muitos irmãos e fui dar um danoninho para um bebe que só devia tomar leite pelo seu tamanho. Ele comeu algumas colheres e não quis mais. Era uma irmã minha e dele que o segurava e ao lado havia outra jovem e um rapaz que também eram nossos irmãos. Contando assim parece um sonho normal, mas existia muita tensão, raiva e medo, mas não sei definir o motivo em si, mas sei que havia um motivo especifico para os maus sentimentos perante cada casal de pais. Num deles eu brigava com minha própria mãe e dizia para ela que eu também preferia ser uma pessoa muito resolvida e bem de vida, mas essa não era a realidade e eu dizia isso como se para mim fosse impossível fazer qualquer coisa para mudar os fatos. Foi uma briga horrível e não lembro mais os detalhes do que disse, só tenho a sensação vaga que após a discussão ela fez algo bem desagradável para me implicar.
Depois disso eu estava numa espécie de local que não sei explicar o que era. Estava com alguns amigos e quando aproximei de um que estava mais isolado, fiquei horrorizada
com a quantidade de lagartas amareladas que andavam no chão saindo de uma possa de água muito suja. Questionei a esse amigo como ele conseguia ficar ali e ele disse que já estava quase indo embora. Nisso veio outra moça que parecia ser sua namorada e saímos os três de lá. Nisso adentramos numa espécie de jardim que, embora parecesse ser algo comum, deu-me a impressão de ser maldito. Eu ia ir por um caminho quando esses amigos me convidaram para ir para algum outro lugar. Eu sentia algo muito estranho em todo aquele lugar, mesmo as pessoas parecendo tranqüilas. Não sei o que sucedeu depois, mas sei que apareci noutro local horrível. Havia uma casa construída no meio de uma espécie de floresta, embora tudo parecesse fazer parte de um palco de teatro e, no que fui entrar nessa casa, passei por uma gigantesca teia de arranha. Quando passei não sabia o que era aquilo e me desesperei, pois comecei a sentir inúmeras pequenas ferroadas nas mãos e rapidamente meu corpo todo começou a ser envolto por fios de teia até que os mesmos cobriram minha boca e nariz impedindo a respiração. Era impossível gritar e em segundos eu me vi morta quando uma mulher me pegou e puxou todas aquelas camadas de teias tecidas sobre minha boca. Nessa parte tem uma confusão, pois não sei se essa mulher era uma rival que queria me matar por conta própria de outra maneira ou se existia um homem que era o vilão a nos ameaçar. Só sei que por todos os lados aviam teias de aranhas e só restava eu e outra pessoa no local. Analisei tudo. As aranhas eram minúsculas, menores do que formigas, amarelas e de grande quantidade em cada teia. As teias grudavam no corpo como se estivessem com cola invisível e rapidamente as aranhas picavam e teciam a presa. Tentando sair do local que parecia uma armadilha, entrei em combate com esse homem ou mulher que queria me matar. Eu fiz de conta que entrei na casa, mas em verdade me escondera na lateral desta. Havia uma prateleira cheia de injeções amarelas e eu não sabia para que aquilo servia. Nisso a pessoa veio trazendo uma vasilha com um liquido também amarelo, acho que para jogar em mim. Desesperada eu peguei uma das injeções e caminhei passando por trás de uma das enormes teias que havia mais adiante. No que a pessoa correu atrás de mim ela sem perceber passou pela teia e instantaneamente parecia morta. Ainda para garantir joguei o conteúdo da seringa sobre seus olhos e cautelosamente procurei sair daquele local sem esbarrar em nenhuma teia. Ao sair eu adentrei num corredor estreito e ao final dele havia uma tabua pintada de vermelho com a escrita ‘teto solar 6 ½’ junto com a assinatura de seu criador e a data ‘5 anos’. Ali não havia nenhum teto solar no sentido literal do termo e achei tola à data de 5 anos, uma vez que não se sabia quando aquilo fora ali escrito. Também havia outras assinaturas que deveriam ser de pessoas amigas ou companheiros de trabalho da época. Meu nome não constava lá, embora eu tivesse a sensação de ter participado do grupo na época. Tive essa sensação pois, se assim não fosse, eu não saberia de tal passagem secreta. Era do lado dessa tabua vermelha, ou seja, na lateral do corredor que havia uma estreita fresta e foi por ali que eu fugi. Estava me sentindo como num filme de terror com final feliz. Acordei muito tensa e achei melhor escrever tudo isso antes de esquecer. Outra vez não entendo o que esses sonhos simbolizam.

TORMENTA 2





Dormir não significa que o corpo não mantenha um fio de conexão com a realidade. O Sono mantém o corpo em baixa frequência de funcionamento, processamento, e avaliação de estímulos externos, mas a vida pulsa, e é fundamental para a nossa sobrevivência. Essa conexão com o mundo nos permite avaliar e processar estímulos, sons, umidade, temperatura, odores, luz e provocam sensações térmicas, táteis, olfativas, visuais, auditivas que podem ser incorporadas aos sonhos, como símbolos ou interferências ou serem, a partir de pré-avaliações pela psiquê, acionarem dispositivos de defesa e sobrevivência.
Estou me lembrando de ter visto na MTV na semana passada um programa exibindo vídeos em que “jovens” entram no quarto escuro em que um “amigo” dormia, levantam pela cabeceira a cama até ela ficar na vertical e a empurram até a parede à frente. Isto aconteceu em no máximo 5 segundos. O menino que dormia levantou-se, gritando e em pânico, enquanto os carrascos gargalhavam. Pura crueldade! Ao levantar a cama, eles deslocaram o sensor de equilíbrio do corpo e no momento em que o corpo do menino começa a escorregar pela ação da gravidade e se choca com a parede, alem de provocar um choque de estresse e pânico, retirou da psique toda a referência espacial de segurança, de repouso, horizontalidade e de apoio do corpo. O resultado, não há dúvidas, foi devastador. A psique deve ter avaliado a situação como de risco e ameaça à integrida, à vida e deve ter produzido uma leitura entre a realidade e a vigília, uma queda real em um abismo. O menino que sofreu a crueldade recebeu um impacto mental devastador que vai refletir em sua saúde mental por toda a sua vida. 
No seu sono, você estava inserida dentro de um cenário de instabilidade que não favoreceu ao corpo o repouso adequado, já que o reconhecimento dos sons de Trovão não alivia a ameaça externa, já que a cada estouro, a realidade é avaliada e reavaliada no momento em que o evento acontece. O corpo não se fia na avaliação do reconhecimento. Ele reavalia as informações (proximidade, intensidade, risco, continuidade, tempo, etc.) a cada nova ocorrência. Assim a inquietação é resposta de defesa. E os conteúdos arcaicos mobilizados são significativos, já que o conforto conquistado pela civilização, ao longo de nossa evolução, para nos proteger das intempéries, não nos afasta da ameaça permanente que representam as forças da natureza.
Frente ao exposto grande parte do sonho conturbado pode estar relacionado à este cenário inquietante de uma noite de tormenta. O que também não exclui a possibilidade de afloramentos de conteúdo de inconsciente ameaçadores, já que a fase é de transição e instabilidade.

TORMENTA 3




O sonho evidência conturbação. Devemos primeiramente considerar os acontecimentos externos, o cenário de tempestade. O conflito familiar reaparece e suas dificuldades relacionais com a família, com o mundo e com o a ameaça masculina.
Lagarta: é símbolo de transmigração, e transmigração representa a persistência do desejo, seja qual for a sua forma. O ser em que a alma pode transmigrar revela o nível do desejo a que sua alma se encontra apegada. A transmigração é uma forma de expressar a lei da justiça imanente e das consequências dos atos humanos. Se a lagarta amarela é do tipo que se transforma em borboleta, então representa estado de metamorfose, fase de transição entre um estado e outro. Neste caso a transmigração se justifica, ela não  é referencia de morte e renascimento real mas tem sentido simbólico. Ela aparece em forma de larva (não desconsidere a possibilidade de infestação física. Sua saúde está Boa? Alguma mudança na sua função intestinal? Alguma possibilidade de contaminação?)
A aranha e a teia fazem sentido. A teia porque está associada à rede da vida, representando vida e morte, ou morte, prisão e liberdade. Estamos todos presos à teia da vida, o que não quer dizer que sejamos todos prisioneiros, já que prisioneiros são os que se permitem ser aprisionados ou se aprisionar nos medos, no conforto, no conformismo.
A aranha e seu fio, sua teia, sinalizam fragilidade e evoca realidade de aparências ilusórias, enganadoras. É a aranha a artesã do tecido do mundo, do véu das ilusões que esconde a realidade suprema, e pode representar o criador cósmico e supremo. Tecelã da realidade, senhora do destino da qual não se pode fugir. Muitos analistas consideram a aranha símbolo do Narciso, aquele que gira ao redor do próprio umbigo, que se permite ser absorvido pelo próprio centro. Interessante é que frente ao tormento aparece o cinco que é símbolo da ordem e da organização ( reequilibrando o des-equilibrado). Já o SEIS é a marca da oposição da criatura ao Criador, posição de EQUILÍBRIO INDEFINIDO.
Existe um destino que não conseguimos nos esquivar, que precisa ser cumprido, só podemos transformar nossas vidas cumprindo esse destino, superando os nossos desafios, superando nossos aprisionamentos. Não há ESCAPE.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

AFLORAMENTOS



imagem do Livro "Lugares Místicos"


Carlotinha 23

Mais um sonho que nao entendi: Sonhei que entrei num quarto meio apertado. Dentro dele havia uma enorme maquete representando uma cidade, região do mundo ou talvez até o planeta Terra como um todo. Havia muitas construções e ao centro destas um grande rio ou mar. A água era muito límpida e eu podia ver que no fundo dela havia milhares de riquíssimas construções submergidas intactas. Eu sentia que ninguém mais sabia daquilo ou se quer podia ver como eu via, tanto na maquete quanto na realidade. Comecei a dançar ritualmente ao redor da maquete como se estivesse possuída por forças maiores, tipo um índio dançando ao redor de uma fogueira num ritual de magia. Conforme dançava toda à parte submergida ia subindo até que pairou sobre um morro, ou seja, acima do nível de todas as demais construções. A água evaporou-se e fiquei imaginando o susto que o planeta, a cidade ou região teria ao constatar que, ao invés de água, tudo se transformara em construções de palácios todos de pedras, que pareciam as construções gregas antigas, e mansões cheias de habitantes de outra categoria evolutiva que se fariam visíveis aos olhos humanos. Embora não conheça a historia da Atlântida, uma vez quando era criança escutei falar nela e seria como se fosse esse continente ressurgindo do nada exatamente intacta e através dos meus poderes. Porque sonhei com isso?


Porque sonhei?  Nós podemos tentar ler o sonho para tentar compreender a intenção do seu inconsciente de construir tal sonho. Você entra em um quarto apertado e encontra um “continente” com construções de pedra emergindo das águas. No sonho anterior você se equilibra sobre a pedra bruta que gira, sob seus pés, e neste você observa a emersão de um novo velho mundo.
Parece-me um sonho que remetem a conexão com conteúdos profundos de inconsciente em sua vida. Rio ou Mar representam as águas primordiais e essa emersão parece-me a liberação de energia aprisionada, de conteúdos mergulhados nas suas profundezas. O movimento de emersão evoca uma força energética e deslocamento de conteúdo do profundo para a superfície. A água como um dos quatro elementos básicos da vida é o que mais se aproxima do que somos. Somos constituídos desse elemento, somos água, e o mar cujo simbolismo geral se aproxima do da água, é o símbolo do inconsciente. Nascemos desse oceano primordial e para ele retornaremos. O mar é símbolo da dinâmica da vida. Tudo sai do mar e tudo retorna a ele: lugar dos nascimentos, das transformações e dos renascimentos. Águas em movimento é o mar, o estado transitório entre as realidades ainda em fase de transformação e em configuração. Em síntese: fase de transição e de transformações, força nova, organizada e construída emerge do profundo e ascende, aflora à superfície subindo ao alto do cume.

Você diz: "...esse continente ressurgindo do nada exatamente intacta e através dos meus poderes". Para mim não ficou claro se essa percepção, associação, aconteceu dentro do sonho ou fora dele. De qualquer forma cautela. O conteúdo geral desse sonho é resultante do movimento de forças de inconsciente coletivo. Se a associação aconteceu dentro do sonho, como forma de poder, é compensação pela baixa estima a ser trabalhada. Se ocorreu fora, na reflexão, acordada, cautela na avaliação. O conteúdo parece-me coletivo e arquetípico, tem sua origem em núcleos profundos de inconsciente, e são conteúdos que são acionados por dinâmica de inconsciente ainda que possa ser manifestação após a superação, pela consciência, de obstáculos ou de avanço em grau de desenvolvimento.

Ao relatar seus sonhos, se atenha a ele e adicione a seguir as observações e associações  (importantissímas) que lhe passarem.  
 BYE  

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

CAPÍTULOS DE UMA ESTÓRIA SÓ 1




  
1. Desculpe se estou lhe sobrecarregando de sonhos, mas conforme vou entendendo-os, parece que eles vão ficando mais claros e isso me faz ter mais atenção a cada lembrança onirica, como se fossem capítulos de uma história só.
Nada a desculpar, muito antes pelo contrário, agradeço-lhe a confiança neste diálogo entre dois semelhantes desconhecidos. Você vem enriquecendo este espaço e me dá a oportunidade de tentar passar para os que estão na “busca”, um caminho, um Portal para a compreensão de si mesmo. E a continuidade favorece significativamente o entendimento do mosaico, desse processo complexo que são os sonhos e que espelha a psique. Se não lhe dou um feed back mais rapidamente é porque preciso  aproveitar meus intervalos livres para fazer a leitura e postar nos outros blogs. Aproveito a oportunidade para dizer-lhe que mesmo leituras simples como estas, implica abordar temas delicados que tocam diretamente em suscetibilidades, caprichos, vaidades, orgulhos e que exigem do escutador uma postura franciscana para avançar e não ser enganado pelas pulsões reativas de núcleos autônomos que se apoderam de nosso sistema psíquico. Neste aspecto sua postura vem sendo madura e determinada, características de quem possui fibra para não ser apenas mais “um” na jornada.
Ah! Em um diálogo os dois interlocutores são importantes, os papéis podem ser diferentes, mas os dois possuem a mesma importância. Em nosso diálogo eu tenho por você o respeito que me tenho, eu lhe dou a importância que me dou. E tenho a agradecer-lhe o que recebo, no mínimo, tanto quanto você. Em minha jornada vi, e ainda vejo muitos que se acreditam mais “importantes” do que aqueles que os “outros”. Eles se escondem na vaidade e na “auto importância” que se dão para compensar suas inferioridades, vivem o Mito do EGO idealizado. Há muitos anos já superei estas máscaras.
Sua percepção é lúcida:
CAPÍTULOS DE UMA ESTÓRIA SÓ
É o que os sonhos são.
Vamos aos sonhos.

CAPÍTULOS DE UMA ESTÓRIA SÓ 2



  

Observe o sonho dessa noite: Sonhei que estava num local donde tinha uma sensação maravilhosa e quando alguém me chamou para irmos passear eu pensei: ‘Num lugar desse nem precisava passear, só esse interior já me transmite algo muito bom’. Era o interior de uma casa, acho, e o ambiente me dava uma sensação de segurança, aconchego no estilo casa de inverno, liberdade, suspense, mistério e algo inexplicavelmente bom que não consigo decifrar, pois era uma residência normal como qualquer outra. Parece que eu havia viajado para outra cidade ou país e estava nessa casa que devia ser de algum amigo dessa pessoa com quem eu houvera viajado e que me chamou para passear. Nunca senti isso na vida real, mas dentro do sonho foi um sentimento preciso e difícil de traduzir em palavras. Depois disso eu estava noutro lugar com algumas pessoas, mas não lembro do lugar em si e nem das pessoas, só lembro que inexplicavelmente eu conseguia manter uma gigante pedra meio arredondada abaixo dos meus pés. Parecia um truque de ilusionismo, pois a pedra flutuava acompanhando os movimentos do meu pé. Eu não sabia como estava fazendo aquilo, mas tinha o jeitinho certo para ‘atrair’ e manter a pedra flutuando abaixo do meu pé.


Leitura 1º Sonho - Casa, aconchego, segurança, harmonia, bem estar, tranquilidade. Essa primeira parte parece-me que se não for um sonho compensando sua necessidade de bem estar, pode estar relacionado à sua dinâmica interna de ordenação, organização e harmonia e equilíbrio. O sonho evidencia o equilíbrio das tensões internas. Se considerarmos que anteriormente essas tensões eram dispares, “próxima de um ataque de nervos”, a dinâmica do momento aparece como estável o que lhe favorece o bem estar. Neste aspecto a sequência do equilíbrio em cima da pedra faz sentido já que a estabilidade pode ser adaptativa (o que é natureza da psique e do corpo) o corpo se ordena e configura o sistema em cima da realidade que possui, ele também se adapta no desequilíbrio, transformando o sistema em equilíbrio.
Pedra: Tradicionalmente a pedra ocupa um lugar de distinção. Existe entre a alma e a pedra uma relação estreia. Símbolo da Terra, da Liberdade, da Regeneração (da alma pela graça divina), e Transmutação (pedra filosofal). A passagem da pedra bruta à pedra talhada por Deus é a passagem da alma obscura à alma iluminada pelo conhecimento.
Outra associação que me passa é a lembrança do titã Atlas que foi condenado por Zeus a carregar a abóboda celeste por toda a eternidade como castigo por ter perdido a guerra contra o Olympus. A diferença é que você já não carrega a rocha você se equilibra nela. Querendo ou não você esta sendo desafiada, mas consegue manter-se com certo equilíbrio no desequilíbrio, no fio da navalha.



CAPÍTULOS DE UMA ESTÓRIA SÓ 3


  
2. Creio que depois de mais um monte de sonhos, antes de acordar tive este ultimo: eu estava numa espécie de chácara, acho inclusive que era a minha com algumas diferenças, quando olhei minha tia ‘Pituca’ construindo uma casa. Achei estranho a diferença do lugar e o fato dela estar construindo ali perto, pois até então ela só estava mexendo com construções em Caldas Novas. Estranhando aquilo percebi que eu estava olhando uma enorme tela de televisão que era muito nítida, plana e moderna. Imediatamente perguntei para minha mãe de quem era aquela televisão e ela falou que não sabia, que deveria ser de minha tia ou irmã. Achei estranho, pois nenhuma das duas estava ali no momento para ter levado junto a televisão.

Nisso um carro queria estacionar ali perto da casa e um garoto desligou a televisão e apertou num botão fazendo-a reduzir de tamanho a ponto de caber numa gaveta. Acho que era um aparelho bem mais moderno do que os atuais. Nisso ele chegou para a minha mãe e perguntou onde podia guardá-la, ficando visível que a televisão era dela. Nessa parte do sonho as pessoas já haviam descido do carro e aproximado da mesa que estava com alguns petiscos. Irritada eu disse para minha mãe: ‘Eu sabia que era mentira’ e as pessoas me olharam. Sem me constranger eu continuei a fala: ‘Ela sempre mente. Se ela compra uma caneta mente para mim que achou na rua’. As pessoas pareceram dizer o seguinte pela expressão facial: ‘O que você tem a ver com as compras da sua mãe?’ Essa parte da caneta é algo real que de fato aconteceu e minha mãe desmentiu na maior inocência tempos depois sem lembrar que houvera me dito anteriormente que a encontrara na rua. Sempre fui muito econômica, mas nunca achei que as mentiras fizessem diferença, pois em geral fico desconfiada perante uma e, depois do gasto executado, prefiro sofrer com a verdade do gasto a ter que sofrer com a perda de confiança que a mentira gera em mim. Eu não estava preocupada com a gastaria de dinheiro naquele momento, mas sim com a verdade. Irritada eu retirei-me da mesa e um tanto sem preservar os bons modos disse em bom tom jogando um pedaço de pão que ia comer e desistira sobre a mesa: ‘Ah, querem saber, eu vou ficar com a minha turma’. Mas todos ali sabíamos que não havia mais ninguém nas proximidades do local, ou seja, quis deixar claro que eu ia ficar sozinha, pois ninguém pensava como eu ou se importava com a maneira de eu pensar. Eu saí voando como se estivesse galopando sem cavalo e enquanto sentia o vento passar pelo meu rosto apreciava aquela maneira divertida de me locomover. À parte do pasto estava plantada com um bonito milharal até a metade exata do terreno. Ali havia uma cerca e acima desta continuava sendo o pasto sem nenhuma plantação, ou seja, havia aumentado a parte de plantação e diminuído à parte do pasto. No que aproximei da cerca vieram vários homens com espingarda. Fiquei apavorada tentando fechar a cerca, mas não entendia porque queria fazer aquilo, pois eram vários homens contra uma mulher e, além do que, se eles realmente fossem atirar, uma cerca de arame farpado não era proteção nenhuma. Fiquei ali até conseguir fechar a cerca enquanto eles discutiam se atiravam em mim ou não. Pareceu-me estranha aquela discussão e não pude entender ao certo o que eles estavam querendo, mas o fato de não atirarem em mim fez-me sentir uma sensação de poder sobre eles. Um deles chegou a dizer ‘Ela não’ para o mais próximo de mim que quase encostou a ponta da espingarda na minha cabeça. Era como se eles temessem fazer algo comigo e isso pareceu aliviar meu medo. Adentrei pelo milharal ainda voando a galope rapidamente e já distante subi voando sobre a plantação até chegar no local da casa. Lá eu alarmei uns homens, que pareciam peões, que havia intrusos na área e daí acordei. Achei muito interessante esse sonho pelo contraste entre ser falsa e receber a falsidade. Eu admiro a verdade expressa com coragem e vivo na meta-tentativa de não ser falsa, conseguindo assim expressar o que penso e sinto de forma natural, simples e espontaneamente. Parece que o sonho fez-me sentir com mais precisão o fato de que a verdade é menos cruel do que perda de confiança que a mentira gera, mesmo que essa mentira seja para preservar o lado emocional do outro. Além do que, no sonho eu fui capaz de dizer o que pensava e sentia mesmo a custo de sofrer rejeição e desaprovação. Eu mesma me retirei do ambiente e até aí o sonho pareceu-me repleto de sentido. Mas daí eu não entendi a parte dos homens armados. O que lhe parece?
2º Sonho
Relação complexa é a que envolve Mãe e Filha. Possivelmente a mais complexa das relações. Supera qualquer outro tipo. São de natureza feminina. Competitivas, se protegem, se amam e precisam se diferenciar, uma da outra, para constituírem-se como individualidades plenas, ou seja, precisam se aniquilar simbolicamente. Amor e ódio, simbiose e separação, identidade e diferenças (não são clones), apego e domínio. Neste sonho parece-me que você consegue superar a força da repressão e da castração e já consegue expressar seus pontos de vista, sua forma de conduzir sem medo. Você se sente confrontada e consegue ensaiar uma intervenção sem medo de perder o amor da mãe, sem medo de desafiar a mãe, sem medo de se mostrar como você é, e o que pensa. Esta primeira parte você compreendeu.
Quanto à sequência pode estar ligada ao desafio que você incorpora. Crescer significa abrir mão de facilidades, proteção, confortos e atravessar o portal do Voo pessoal. Mergulhar no espaço e voar; Ter que encarar desafios, medos, se defrontar com confrontos, com o desconhecido, desconfortável, com o perigo, com as ameaças, os mal entendidos, a competição o mundo, o imprevisível. E isto significa ter que desenvolver novas atitudes, encontrar forças para não fugir como um "fraco", se fortalecer como guerreira, superar as fragilidades frente à força do “outro”, aumentar o universo de respostas possíveis, olhar o desconhecido, inimaginável e surpreendente da realidade armada e ameaçante.
Por outro lado há no ato de voar uma recorrência significativa. Seja de avião (com instrumento auxiliar) seja sem o instrumento, seja na presença de Porto Aéreo, é interessante observar se este voo como, atitude recorrente, não signifique uma fuga de  realidade através do imaginário e de compensação através da idealização, ilusão, fantasia..
E tudo isso só é possível como resultado de suas conquistas, de seu trabalho pessoal, de suas plantações, de suas transformações. Crescer, amadurecer, deixar de ser a filhinha da mamãe para ser uma mulher “ao mundo”, com a consciência plena de seu tamanho, de sua força, de seu poder. 


sábado, 16 de janeiro de 2010

DESEJOS 1


   
Essa coisa de sonhar e analisar os sonhos está ficando cada vez mais interessante! Acho que nunca tive um sonho tão sensual e exatamente por isso tão agradável como o dessa noite. Eu estava num quarto muito sofisticado, parecia um motel feito especialmente para milionários. Eu retirei meu roupão e apenas com uma meia fina branca que batia pouco abaixo do joelho e salto alto, deitei na cama larga, alta e cheia de almofadas. O sonho pareceu muito real de forma que eu podia sentir confortavelmente o forro de cetim prata que cobria a cama como se eu também estivesse dormindo sobre um lençol de cetim. Nisso meu acompanhante apareceu: um deus de homem que trabalhava como fotógrafo e modelo. Não sei o que eu era, mas não tive a sensação de sermos famosos. De todo modo, mesmo que eu não fosse fotógrafa profissional, sabia que também ia tirar fotos dele posteriormente às minhas. Diante de um homem tão bonito olhei para mim mesma e verifiquei que meu corpo era escultural: músculos definidos, nenhuma celulite, estria ou gordura localizada. Eu era perfeita também e isso me deu segurança como se fosse uma surpresa ver-me tão bela. Sempre me achei bonita e, mesmo não sendo nada vaidosa, contraditoriamente busco realçar e aperfeiçoar mais minha beleza tanto interna quanto externa, pois gosto da beleza simples e acho que ela ajuda sim a dar segurança e alto-astral a uma pessoa. Geralmente eu costumo me imaginar fisicamente quase igual a como estava no sonho, pois isso me dá animo e alegria para as atividades físicas, além do que, realmente creio na possibilidade de mais bela ficar, embora não tenha idealização de ser tão perfeita fisicamente quanto no sonho. Voltando a este, tanto eu quanto ele éramos com certeza duas criaturas de desejo sexual para homens e mulheres por conta da beleza fora do comum. Eu sabia que ele gostava de tirar fotos minhas, pois estas não precisavam ser retocadas em programas de computador como o Photoshop. Em qualquer ângulo eu saia perfeita!

DESEJOS 2






  
No que ele apareceu eu levantei da cama e beijei-o nos lábios perguntando em seguida se ele estava pronto. Dentro do sonho eu não sabia o que ia suceder e fiz a pergunta baseada no ato sexual que por certo teríamos. Eu estranhei porque ele parecia distante e ainda não tirara o roupão. Levantando-se ele pegou a maquina fotográfica e respondeu: ‘Vamos tentar, se não der a gente deixa as fotos para o final’. Daí eu entendi o que estava se passando como se uma lembrança de que íamos tirar fotos houvesse vindo em mente. Visualizando tudo com mais entendimento pela lembrança sobre o fato de que íamos tirar algumas fotos antes, pensei que ele tinha de se segurar, pois eu não estava disposta a me maquiar e arrumar os cabelos outra vez, muito menos depois de liberar minhas energias sexuais, ou seja, eu ia perder toda a expressão física de excitação, exatamente o favorável para as fotos provocantes e semi-nuas. Pensando nisso comentei que ele dava conta tranqüilo de tirar as fotos antes, pois o mesmo acontecera no dia em que havíamos nos conhecido. Embora tenha dito isso, para mim não ficou claro ‘fora do sonho’ como havíamos nos conhecido, apenas o fato de que não fora através de fotografias tão ousadas. Foi como se eu houvesse falado sem relembrar-me da ocasião em si. Rindo ele respondeu: ‘Você que não sabe de nada. Vou te contar um segredo. Nunca houvera me sentido tão excitado e desestruturado em todos os sentidos como me ocorreu no momento em que lhe vi pela primeira vez’. Eu sabia e imaginava o quanto devia ser difícil para ele, pois eu já me sentia imensamente excitada, quase querendo desistir das fotos. Adiantando a urgência de acabar logo com a sessão fotográfica, ele arrumou o cetim embaixo de mim fazendo-o ficar levemente desarrumado e deu-me uma comprida e grossa estola de pluma cor de rosa. Ele pediu-me para abrir as pernas levemente flexionadas e arrumar a estola de forma a tampar a vagina, cobrir um seio, passar por trás da cabeça e terminar no outro seio, de forma que eu ia colocar cada mão de encontro a um seio para segurar a estola. Posicionei-me para a foto e, no momento em que ele bateu o primeiro flash, eu acordei. Foi impossível dormir outra vez, mesmo que eu quisesse adentrar no mundo onírico e lá ficar pelo menos mais algumas horas. Em quesito de erotismo e sensualidade, mesmo não sonhando com um ato sexual em si, esse sonho foi muito ousado, pois nem mesmo em sonho, ao menos que me lembre, tivera anteriormente me sentido vivendo momento tão fortemente desejável. Eu me sentia completamente bem com meu corpo, feliz com meu parceiro, com as fotos, já que adoro ser fotografada inclusive seminua, enfim, foi um sonho além de qualquer expectativa de sonho que eu pudesse desejar sonhar, quer dormindo ou acordada. Agora minha única curiosidade é: porque tive esse sonho? No sonho anterior você me disse que não o percebia apenas como compensatório, mas como indicativo de ajuste de equilíbrio entre meu lado masculino e feminino, de mudanças e progresso. O que no subconsciente poderia ter me concedido esse sonho?

DESEJOS 3 - Leitura



                                       

Vejo em seu relato crescimento na narrativa. Você avançou na descrição e relato de seus sonhos, já identifica sensações, emoções, conceitos, sentimentos, pensamentos, expectativas. Para ver a diferença basta rever os relatos iniciais e os recentes. Pode parecer pouco, mas não o é. Isso é maturação, facilita a sua percepção da experiência onírica, facilita a leitura do sonhos, consequentemente a compreensão, já que nos aproxima de sua experiência vivenciada. Isto é para mim sinal de consolidação e maturação no desenvolvimento.

Não tenho como avaliar se o sonho é compensatório, faltam-me informações quanto à sua vida sexual: hábitos; frequência das relações sexuais; tempo de envolvimento, hábitos de preliminares e ato propriamente dito; hábitos; desejos; fantasias; fantasias realizadas; parceiros ou tipo de envolvimento; pré-requisitos que lhe permitam chegar ao envolvimento sexual; etc. Por exemplo: existem mulheres que escolhem o homem vão pra cima, realizam a conquistam e “comem” o homem. Desculpe o uso da linguagem xula, mas é para dar uma ideia do exemplo. Essas mulheres são matadoras. E mesmo que tenham a saciedade, sexual e física, superalimentada, não quer dizer que não tenham sonhos sexuais compensatórios. Podem até não tê-los por estarem esgotando o desejo nos orgasmos ou a energia, mas necessariamente as matadoras podem não ser orgásticas. Podem apenas ser “Don Juans” femininas, conquistadoras, e exercerem a sexualidade como forma de competição e de exercício de poder. Ou seja, mesmo que andem por aí “comendo” os homens podem ser sexualmente insatisfeitas (a sexualidade envolvem outras dimensões relacionais).

Você mesma pode avaliar se seu sonho, no aspecto sexual, está sendo compensatório, não é necessário me dizer. Mas o sonho pode ser compensatório em outros aspectos, como tentarei lhe mostrar na leitura.

Naturalmente vivemos em uma Sociedade Narcísica Moderna (veja sobre o narcisismo no Blog “Jornada D’alma”, o link está ao lado, pesquise espelho, narcisismo, autoestima). Qualquer associação ou semelhança com o passado é passível de erros já que o momento histórico que vivemos é único na jornada humana e, se o passado serve de referência, não pode ser mais do que isto ao fazermos uma leitura dos fenômenos psicossociais que nos envolvem. E se vivemos nessa Sociedade Narcísica Moderna é necessário entender essa natureza Narcísica Coletiva que envolve todos numa onda de vaidades, caprichos, fantasias, deleites, luxuria, prazer e poder, para compreender um lado da representação no seu sonho. Nesta dimensão coletiva, você está absolutamente dentro do contexto desta Sociedade Sexualizada, tendo suas fantasias como mulher moderna sendo compensadas. Veja bem! A mulher atingiu um nível de igualdade com o sexo oposto que podem (e devem) experimentar, vivenciar e conhecer este universo sexual na profundidade e na liberdade que o tempo permite. Se o passado fez a mulher objeto passivo, o presente permite à mulher se fazer objeto, mas não mais passiva e sim como elemento ativo na busca de satisfação dos prazeres carnais, afetivos emocionais, sensoriais, dos êxtases, em todos os níveis, dos orgasmos e do conhecimento de sua exuberante natureza feminina. Neste aspecto o sonho pode compensar suas buscas de realizações e fantasias.

Ficam evidentes duas características de sua natureza: A vaidade (ainda que o negue); seu componente Estético. Se fosse homem poderia chamar-lhe voyeur. Lembre-se que esse tipo é predominantemente estético, e não se reduz à visão do nu alheio, mas à composição estética em que está inserido. Para mim este aspecto ainda é realçado por uma fase de desenvolvimento pessoal – pelo qual todos passam- e que me aparece como sinal de mudança de estágio de desenvolvimento da consciência. Exemplo: Na adolescência, em geral, o adolescente passa pela fase da vergonha (já vi isso acontecer com pobres, médios, ricos e milionários), ou seja, o fator determinante não é apenas a autoestima ou a condição social, mas é um das primeiras pulsões que levam o sujeito a sair de si (da introspecção, ensimesmamento) atraído pelo cenário externo associado à sua condição de circular neste cenário. Este é para mim um dos primeiros sinais da construção do senso estético do individuo (o que não quer dizer que não haja pessoas com capacidade perceptiva acionada em etapas de desenvolvimento anteriores). Essa é  uma construção que puxa o individuo para fora de si acionando seus filtros de seletividade na relação com o exterior que determinarão por toda a vida a intermediação entre ele e o mundo.

Assim o seu sonho aparece-me como uma sinalização deste processo característico de seu desenvolvimento, você compensa sua necessidade estética, sua demanda pessoal, sua visão de mundo. Ah! Poderia fazer uma associação imediata entre o fotografo, a imagem, o espelho e a vaidade. É desnecessário, já está implícito. A vaidade ela pode ser olhada como uma característica que pode se transformar em armadilha, mas também, em determinados estágios, isso faz parte de um processo de desenvolvimento.

Agora... se a vaidade te impede  acontecimentos  se desenrolarem em tua vida, aí cuidado! No sonho o senso estético é priorizado ao ato sexual. No nosso tempo as pessoas usam muito a fala para compensar a sexualidade. Fala-se mais em sexo do que se faz. Vê-se mais e fantasia-se mais do que se faz. Isto pode ser o ficar mais no conceito, na intelectualização, na idealização do que fazer.

Vamos dizer que haja três estágios: o antes, as preliminares; o durante, o ato sexual, o envolvimento na pulsão e no desejo; e o depois, a satisfação. Muitos vêm se contentando com as preliminares, pulando o Ato, e se separando na satisfação. Encontram a satisfação não no encontro, mas na ideia do encontro.

Neste aspecto seu sonho me pareceu relativamente um “COITO INTERRUPTO”, foi interrompido pelo Flash, pela lente, pela luz do fotografo. Veja que a luz tem representação ativa, é masculina e fálica e realiza a penetração do “Falo”, não pela Vagina, mas pela vagina da menina dos olhos. O que é uma penetração tão definitiva que pode cegar ou acordar a princesa do sonho de realizar, com seu homem perfeito, a  união sexual divina. Mesmo que sua satisfação já pudesse ter se realizado com os preliminares.

Assim para finalizar (mais poderíamos investigar), me passa que você deve ficar atenta aos seus propósitos, cuidar para que a vaidade, as expectativas, as fantasias não te impeçam de realizar na realidade a satisfação de seus desejos. Às vezes esquecemos que podemos ir muito mais além, porque nos contentamos apenas com o princípio, com a ideia do acontecimento. E mais, buscar a satisfação de desejos além da estética, já que esta pode também impedir o fluxo natural dos acontecimentos. Reavalie suas priorizações. Por ora é o que me passa.

                                                                                  Bye 


AH! Obrigado por partilhar seu sonho, independente do tema sexual, melhor dizendo, da sensualidade que exala, é enriquecedor.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

ATERRISSANDO


   
Carlotinha  elaborando 

Não sou influenciável, mas sou flexível e
algumas vezes dou crédito à opinião alheia, uma vez que não a vejo como errada, mas simplesmente como dessemelhante da minha. Eu sinto muito por mim mesma, mas sem autocomiseração, se sou mais de esperar do que de agir. Sinto-me uma folha solta ao vento, acreditando que esse vento é um sopro divino e sabe mais do que eu a ponto de levar-me ao paraíso das folhas. Tudo é muito mutável, até mesmo meus próprios sonhos. Começo a avaliar os limites, se são sensatos e bem constituídos como você disse. Perante meus sentimentos sim, mas racionalmente pensando seria egoísmo de minha parte. Quem não respeita limites são criaturas desajustadas e claro que minha situação não chega a tanto, pois creio que se eu impusesse mais respeito e limites aos familiares, eles deixariam de ficar impondo o que desejam e julgam ser o melhor para minha vida. Acho que comigo os limites nunca foram bem constituídos. Eu sei respeitar os limites e as regras do direito alheio e entendo que não preciso me sentir culpada se o outro comete este erro, mas a verdade é que sou omissa, não me manifesto abertamente apresentando minha opinião e pontos de vista, pois sempre acho que não vale a pena e que o outro não terá a mesma compreensão que eu tenho para analisar as necessidades e decisões individuais. Quando avançamos para constituir nossa maturação, não podemos ser simplistas, precisamos ir às ultimas conseqüências do nosso comprometimento como disse, e é isso o que me falta. como escreveu, a referência é a verdade e o respeito integralmente. Eu admiro isso plenamente, mas não vivo isso na prática. Entendo que individualidade é se constituir independente em todos os aspectos, para se responsabilizar por si mesmo. Questiono-me até que ponto eu conseguiria ser responsável integralmente por mim mesma e não consigo encontrar resposta. Talvez daí a sensação de culpa: adoro me escorar em alguém e chamar isso de companheirismo alegando para mim mesma que tudo está certo para ambas as partes, mas talvez nunca chegue a estar de fato. Vejo que a diferença é simples: pessoas de individualidades formadas se complementam e agregam valores, enquanto que, se uma dessas ou ambas tiver a individualidade falha, o relacionamento será de dependências e cobranças. Eu sei compreender as diferenças, aceitá-las e respeitá-las. Até suporto conviver com elas diariamente, mas daí já não consigo criar vínculos com a pessoa que possui tais diferenças. Chamo isso de falta de afinidade e não me forço de modo algum a esse tipo de convivência. Inclusive ‘fujo’ das pessoas ‘não afins’ sem problema algum e me julgo bastante radical nesse ponto. Talvez devesse fazer diferente, mas acho que meu instinto sempre predomina nessas situações. Pensando bem, acho que teria de mudar muito em mim para chegar a uma individualidade completa e fortemente solidificada. Espero um dia conseguir isso!



 ADENDO: 

"Como nossa mente cria personagens que não existem na realidade e nos faz viver algo em sonho como se fossemos super íntimos e afins desses mesmos personagens? No sonho eu parecia ter encontrado minha alma gêmea de tão emocionante e bom que foi o desfecho final. Isso é só um sonho compensatório? O que faz os sonhos terem características de uma história infantil? Será que tudo isso tem algum sentido perante minha vivência?"


A construção é a possível e dentro das representações que a psiquê possui para montar suas imagens. Tentando clarear: O registro mental é Imagem e Código, a psiquê usa este registro construido por você para montar sua mensagem. O príncipe já foi idealizado por voce, a imagem árquetípica é adequada ao nosso tempo. Convenha que o inconsciente poderia até representar a imagem de um Príncipe de contos de fadas, ou um principe de alguma dinastia moderna, mas acredito que isto poderia designar a intensidade e profundidade da representação. No seu caso, a imagem é de homem e apenas o símbolo é idealizado: O príncipe; o "Brad"; Mas a indicação ainda não é profunda e fora da realidade, está associada ao seu processo de idealização e não a um quadro patológico já constituido. Por outro lado estes conteúdo são seus. São intimos de sua construção, suas fantasias ainda que evidenciem uma reconciliação. Veja: Voce poderia ter as fantasias no passado (e ainda tê-las), mas a relação com seus conteúdos masculinos era de Embate e Conflito, principalmente pela repressão exercida sobre esses conteúdos, ou pela reatividade aplicada por eles sobre você. Neste momento os sinais são de União, conciliação, andar junto.

Suas outras questões parece-me que ja foram respondidas. Bye

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

COMPREENSÃO 2





Walt Disney - Sleeping Beauty


Continuação... Um pouco assustada eu desci do mirante e subi numa árvore de pinheiro próxima, pensando que ali ele não me encontraria quando acordasse. O tronco da comprida árvore tinha uma casca externa rugosa, mas não tinha nenhum galho e só mesmo em sonho para conseguir subir numa árvore daquele tipo. De repente vi que o pessoal da sala na qual assistíamos ao filme infantil ia chegando. Pensei de descer da árvore e então notei que embaixo dela estava uma outra de mim desfalecida. Essa outra vestia um vestido longo bem rodado igual uma princesa. Como se fosse impossível eu me dividir em duas e estar uma parte viva e outra morta, fiquei me questionando quem deveria ser aquela outra ali desfalecida e tão parecida comigo.
Enquanto alguns foram ver se o homem mal estava morto – nesse momento eu já tinha certeza que ele realmente morrera - outros choravam ao achar que eu estava morta também. Depois de levarem o corpo da ‘parte de mim’ que por certo morrera, uma outra mulher e um rapaz mascarado apareceram em baixo da árvore como se soubessem que eu estava no alto da mesma. Daí eu desci e o rapaz tirou a mascara. A mulher me disse:
‘Está aí seu príncipe, você o libertou’. E realmente era ele, um alguém que dentro do sonho eu conhecia e amava plenamente, mas fora do mundo onírico é alguém que nem se quer conheço. Extremamente feliz beijei-o e saímos abraçados atravessando entremeio a uma multidão de carros congestionados numa larga avenida. Isso aconteceu como se todo o cenário anterior, o qual parecia uma espécie de floresta, houvesse se transformado instantaneamente numa cidade grande. E o estranho foi ter saído junto dele sem nem lembrar das demais pessoas que por certo continuariam achando que eu estava morta. Logo em seguida acordei.


Vamos finalizar a leitura do sonho. Como venho falando: para renascer é preciso morrer. Essa final parece-me fantástico num dimensão antropológica. Considerando a teoria evolucionista de C. Darwin, a evolução humana, do macaco para o “homo sapiens” passou pela descida da arvore. Quando descemos da árvore para a terra firme conquistamos em escala evolutiva. Você desce da árvore e encontra o seu parceiro, seu príncipe. A fala é: Aí está seu príncipe você o libertou! Seria a libertação de sua alma masculina? Espírito aprisionado por você mesmo? Possivelmente você já vem há tempos realizando um processo de reconciliação consigo mesma, e principalmente com conteúdos de “Animus”, sua alma masculina.
 Naturalmente você ainda tem um lado carregado de fantasia. Infantilidade? Defesa? Recusa em crescer? Mas isso agora é um detalhe já que com sua maturação você tende a abandonar este lado de Bela Adormecida sendo salva do sono eterno pelo beijo do Príncipe, para "viver felizes para sempre". Você atravessa a multidão realizando a união entre homem e mulher, suplanta a força do coletivo (não para reduzi-lo) fortalecendo a individualidade, a pessoalidade, integrando seu lado ativo, masculino, sua força, seu principio de realidade.
Neste aspecto, vislumbro conteúdos em transformação e não apenas compensatórios.Neste caso relevo a compensação. A psique compensa para atualizar, equilibrar, mas sinaliza o futuro indicando transformação. Ainda que possa aparecer como necessidade, demanda de atitudes e de mudanças. Por isso a mensagem para mim é de que no seu momento há escolha: você pode manter o cenário confortável da negação de si mesma e mergulhar na renúncia de sua vida; ou pode avançar no seu processo de maturação para que realize o seu destino como mulher amadurecida. Fantasias podem ser realizáveis na realidade, alimentá-las apenas no universo mental e caminho de infelicidade.
Além da descida da árvore, não podemos esquecer o conteúdo simbólico de árvore da vida e do pecado, consequentemente do mergulho na realidade.



Walt Disney - a Bela Adormecida


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

COMPREENSÃO






Coxim de meias voltas - Marinha Portuguesa


Faz total sentido o que disse e, por incrível que pareça, ainda não havia pensado por este angulo de que evitar conflitos é postergar e aumentá-lo ainda mais. Não me expor é criar uma bola de neve que cresce sempre contra mim mesma e a todo o momento fica me ameaçando. Quer dizer, não é a bola de neve em si que me ameaça, mas sim eu mesma que me sinto ameaçada antecipadamente e daí evito até mesmo o contato com os outros. É uma fuga de minha própria falha pessoal, da qual não tenho coragem para enfrentar e, acho que de modo inconsciente, justifico e faço-me crer que evitar o conflito é melhor do que nele entrar. Eu sempre soube que me expor é o correto e melhor, pois mesmo que não adiante para chegar a uma resolução ou consenso, ao menos é um desabafo e uma defesa do que sou na autenticidade. Apesar de pensar assim, nos momentos de praticar essa filosofia, eu sempre me recolho e faço o oposto do que gostaria e daí, a pretensão fica sempre na vontade, ou nos sonhos... 


A  aquisição dosimbólico permititu à humanidade avançar na escala evolutiva. Mas isto não quer dizer que conquistamos o domínio na comprensão dos códigos. Principalmente numa era moderna em que vivemos permanentemente em transição de referências. Daí a necessidade de reavaliar nossos conceitos para nos adequarmos e encontrarmos um domínio que nos permita relacionar com o complexo mundo do "outro" com mais possibilidade de evitarmos o acumulo de desencontros. 
MAIS NÓS DESATADOS.
SIGAMOS MAIS LEVES.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O JULGAMENTO



Estou curiosa em saber mais do meu processo de transformação atraves de outro sonho que tive: Sonhei que minha irmã estava fazendo a cabeça de minha mãe contra mim sobre algo relacionado ao quintal. De tempos em tempos costumo ter algum pesadelo familiar desse tipo. O diferencial da realidade é que, na maioria dos sonhos, eu exponho o que penso e sinto, enfrentando os outros até mesmo com gritos quando meu nervosismo é grande. Nesse sonho nós estávamos dentro de um ônibus quando eu combati minha irmã com uma fala que todos que estavam dentro do veículo silenciaram e nos olharam, não porque eu houvesse gritado, mas por ter dito algo um tanto chocante. Eu havia dito ‘Quero ver quando ela – a mãe - ficar doente e alguém tiver de cuidar dela. Quem vai estar com ela nessa hora? Eu sei que tudo é dela, mas quem cuida sou eu, porque ela já está idosa – disse isso querendo mostrar que eu cumpria meus deveres e exigia meus direitos de ter ou fazer algo do meu agrado como uma troca justa. - Quem está morando com ela sou eu...’ e fui falando todas as minhas justificativas e argumentações. Conseqüente a essa discussão nós fomos parar num tribunal. Eu entrei pelo local e parecia ter permissão para adentrar em todas as salas. Depois de passar numa sala donde estava sendo feita uma reunião eu fui para a sala donde seria julgada. Estava super tranqüila e fiquei ainda mais quando o juiz cumprimentou-me num aperto de mão e disse que ia ser fácil deferir meu ponto de vista, trabalhar em tal causa e ficar a favor de uma mulher como eu. Agradeci-o enquanto ele beijava minha mão e em gesto de gratidão beijei a mão dele também. Não nos conhecíamos, mas fiz isso como se fossemos grandes amigos. Esse ponto do sonho também demonstra uma atitude que difere muito da realidade, tanto da parte do juiz quanto da minha em retribuir beijando-lhe a mão. Seria me desconhecer muito se tivesse tal tipo de atitude na vida real. Porque os sonhos apresentam esses contrastes de personalidade?
Na seqüência eu já estava numa sala donde íamos assistir a repetição de um filme infantil ou algo do gênero. Tirando as crianças, todos os demais eram casais, de forma que a única pessoa não acompanhada era eu. Achei aquilo estranho e fiquei meio que esperando, como se eu tivesse um acompanhante que ainda não estava ali e que de um momento para outro fosse chegar.
De repente apareceu um homem malvado e disse que queria a mulher que estivesse sozinha. Eu saí correndo e subi numa espécie de mirante de madeira ainda em construção. Eu pensei que o homem mal não fosse me encontrar ou conseguir chegar lá em cima, mas magicamente ele foi se aproximando e subindo na rampa feita com taboas de madeira. Nisso eu bravamente peguei uma comprida lasca de madeira e tentei empurrá-lo. Ele segurava uma espécie de lâmina de barbear e aquilo parecia um instrumento tão pequeno que não tive medo, mas quando ele encostou-a no pedaço de madeira, este se desintegrou como se estivesse podre. Entretanto, não sei ao certo se ele desequilibrou ou o quê aconteceu, mas logo em seguida ele caiu do local, o qual era alto o suficiente para fazê-lo desfalecer.

Se bem entendi, o sonho parece-me de compensação: A psique atualiza os mecanismos descompensados aplicando as atitudes que você precisa aplicar, desenvolver e não o faz. Como você não responde na realidade, em sonho sua falta de atitude é compensado com a presença de atitude.
O inconsciente vai mais longe e antecipa o seu julgamento e lhe dá mostras referenciais do acerto da atitude. Podemos considerar o “Juiz” como uma estrutura interna do psiquismo que atua como um interventor, autoridade referenciado em regras e leis. Este interventor lhe alivia a tensão é indica o acerto da atitude. Naturalmente se somos omissos pagamos o preço da omissão, mas se não somos omissos pagamos o preço de ter que nos responsabilizarmos por nossas atitudes. Não há escape. Se responder, paga. Se não responder também paga. A questão é: na omissão pagamos um preço que a princípio parece-me maior do que não sendo omisso. E porque? Sendo omissos, impedimos a dinâmica de equilíbrio no universo externo. Optamos por uma intervenção simplista não intervindo, evitamos o conflito que precisa ser solucionado. Pode-se até mesmo acreditar que o conflito poderá ser resolvido de forma mais fácil pela omissão, ou não aumentando o nível de tensão. Mas se assim fosse seria realmente mais fácil. Não o é. Quando se coloca pano quente no conflito, ele cresce como massa de pão. O conflito é fermentado. Estimula-se a prepotência alheia, a arrogância, a vaidade, o autoritarismo, o crescimento do monstro.
Ser omisso não é deixar  rolar para ver como é que  fica. Ser Omisso esconde uma ação: estimular o crescimento do conflito. O bonzinho, estimula o outro a se acreditar maior, não mostra-lhe que limites precisam ser considerados e respeitados. Naturalmente se optamos por não intervir, criamos internamente um  conflito. Então, além de aumentar o conflito externo ainda criamos um conflito interno, já que impedimos através da evitação que a dinâmica pudesse chegar a um ponto de solução.
Veja a equação: deixar de enfrentar um conflito pode significar aumentá-lo externamente e internamente. Enfrenta-lo é dar chance para que ele se realize cumprindo sua função.
A função do conflito é solucionar o desequilíbrio do sistema. Muitos podem pensar que o conflito é a geração do desequilíbrio. Para mim ele é a consequência de um desequilíbrio no cenário, nas relações, que já existe e que vem sendo evitado.

O beija mão parece-me manifestação do afeto. É claro que existe beijão mão de puxa saquismo, babação. Mas este me parece conciliação, entre masculino e feminino, conteúdos de super-ego e ego, e manifestação de afeto, expressão de afeto. Em principio a conciliação de afeto prenuncia a projeção amorosa no cenário externo. Que pode ser sinal de que seu crescimento pessoal favorecerá a afetividade, autenticidade, amorosidade em suas relações. Ser verdadeiro significa isso, a possibilidade de se expressar sem medo, de realizar seu INTENTO interno e pessoal.
E o homem malvado é uma consequência. O lado sombra precisa ser confrontado, encarado, transformado, iluminado, morto. Se o foco, anteriormente, era a solidão: A menina solitária e abandonada. Agora não pode mais ser isso, É necessário crescer para abandonar e superar as carências, o sofrimento, a dor. Este é o prêmio. Fortalecidos, abandonamos a autocomiseração e enfrentamos os desafios que são inerentes à jornada da vida. Conquistamos a LIBERDADE. Este é o seu desafio!


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

FEED BACK 4






Quanto aos feed back, estou anotando as considerações mais importantes no meu caderno de sonho. Tudo faz muito sentido, o difícil é encaixar isso na prática, ter coragem para fazer algo diferente e largar a mesmice da qual já sei prever o resultado. Acho que preciso me fortalecer e descobrir como me defender de uma maneira menos passiva ou falsa, a fim de impor um limite ao domínio alheio sem ter que fazer de conta que estou caindo nas armadilhas do outro. E além do mais, ainda existe um pormenor: como não me sentir culpada com essa imposição de limite, já que aparentemente o outro quer apenas me ajudar? Talvez os próprios sonhos me apresentem algumas respostas, será possível?


Olá! As anotrações feitas no  seu "LIVRO", voce verá mais tarde o quanto serão importantes e enriquecedores em tua vida.
Culpa é coisa complicada na vida de um povo que vive em uma sociedade cristã. Já nascemos culpados, já nascemos pecadores. Lembra-se do pecado Original? Mas se todo mundo tem culpa, há dois tipos, de forma genérica, que não a apresentam, desconsiderando as exceções:
·         Os Mentalmente transtornados e Deformados (Psicopatias, Sociopatias);
·         Os que atingiram um estado de diferenciação e não apresentam sintomas de culpa já que estão bem situados dentro da realidade e na formação de uma individualidade bem constituída.
Os primeiros praticam a maldade sem culpabilidade. Especialistas falam na falta de sensores. Eu prefiro acreditar no deslocamento (Gato X Rato). A culpa existe, mas eles a negam, esquivam, escapam, mentem para si mesmo, fogem do comprometimento, da responsabilidade em assumir as consequências dos atos que praticaram. Punem-se fugindo, e fogem a vida inteira (não sabem, mas acabam se escondendo na doença). São atormentados. Precisam criar realidades que os abriguem das pulsões de inconscientes que regulam os mecanismos de equilíbrio e compensam ações que atuam contra princípios coletivos incorporados, isso provoca imputs de memórias que nos lembram  erros, e é desse fenômeno que eles fogem ou até mesmo são levados a repetições compulsivas confrontados por essas pulsões.
Nosso pior carrasco somos nós mesmos.
Agora... Ter culpa por fazer escolhas pessoais? Por se constituir uma personalidade com pensamento próprio? Por fazer escolhas que não geram consequências para o outro?
Comece avaliando esses limites, se são sensatos, bem constituídos. Se o forem, ultrapassá-los implicará em quais consequências? Os excessos são do outro ou serão seus? A invasão é do outro ou é sua?
Quem não respeita limites são criaturas desajustadas. Eu penso que não estamos considerando esta situação. Limites são essenciais. São referências de convivência social. Precisam estar bem constituídos. Se respeitarmos os limites e as regras não invadimos o direito alheio, consequentemente não precisamos nos sentir culpados se o outro comete este erro e não somos omissos, nos manifestando, apresentando nossa opinião e pontos de vista.
Quando avançamos para constituir nossa maturação, não podemos ser simplistas, precisamos ir às ultimas consequências do nosso comprometimento. A referência é a verdade e o respeito integralmente. Agora, especialmente, lembro-me de uma cliente que queria muito ter um filho. Tinha 33 anos. Acreditou que o corpo era seu e ela a dona do corpo e da vida. Só acordou depois de engravidar, ter o filho sem o pai e ter que ser sustentada pelos pais. Mudou a sua vida sem “poder” para isto. Interferiu na vida dos pais impondo-lhes responsabilidades que não eram deles. Acreditou que estava apenas rompendo barreiras, valores e padrões sociais, mas estava invadindo e interferindo na vida alheia.
Individualidade é se constituir independente em todos os aspectos, para se responsabilizar por si mesmo. Assim, não temos por que carregar culpas. Não invadimos, não lesamos, não somos omissos, não nos escoramos em ninguém.
É necessário aprender a conviver com as diferenças, aceitá-las, respeitá-las. Quando assim o fazemos, os limites se mostram intrínsecos, sem que se mostrem castradores.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PASSAGENS



Depois do sonho com a cobra amarela que postei antes, tive mais um estranho sonho essa noite! Sonhei que estava passando por uma parte de um aeroporto donde havia um avião-jato fazendo propaganda de um avião, o qual estava dento do tal avião-jato, que por sua vez estava preso numa espécie de guindaste que parecia um brinquedo de parque de diversões. Olhando do chão aquele avião rodando ao redor do eixo hora baixo e depois alto, via-se dois pilotos, não dando para perceber qual era o verdadeiro e qual era o falso. Eu ali estava porque ia embarcar numa viagem de avião e medrosa daquela ‘propaganda viva’ despencar, entrei logo no aeroporto, mas para fazer o embarque tinha de passar por um túnel de segurança que parecia um brinquedo infantil, estilo uma toca. Eu não queria ter que entrar por aquilo, pois era muito justo e eu imaginava que ficaria sem ar e agoniada sem ter saída dentro daquele túnel que tinha muitas voltas. Era como se fosse uma rede de labirinto subterrânea. Sem alternativa eu enfrentei o processo, mas uma vez lá dentro comecei a ver animais com propaganda de produtos de pet shop nas curvas. Era muito estreito e se ao principio senti-me sufocada e medrosa de ter um ataque de pânico dentro daquela situação donde só podia ir para frente sem espaço para esticar nenhum membro, ao deparar-me com os animais fui me distraindo e sentindo-me entusiasmada e encorajada para ir adiante mais rápido. Se os animais ali estavam tranqüilamente, eu que apenas estava passando por eles conseguiria sair do labirinto de túnel sem maiores problemas.
Quando me livrei do gigantesco emaranhado de túnel, constatei que estava de fato num pet shop e havia ganhado um bônus prêmio pela pontuação que fizera. Perguntei a moça o que aquilo significava. Ela explicou que a minha maneira de passar por cada animal recebia uma pontuação de acordo com a reação do próprio animal comigo. Não foi preciso perguntar o motivo daquilo tudo, pois já percebera que se tratava unicamente de uma maneira de expor os produtos ali vendidos e fazer assim uma propaganda divertida dos mesmos. Ao sair da loja eu segui por uma rua coberta, ou seja, ainda tinha a impressão de estar num túnel, embora bem maior. A rua estava movimentada com pessoas indo e vindo, enquanto eu parecia procurando algo ou estando meio perdida.
Caminhei até o final do mesmo e, de repente, apareceu meu pai já falecido e um amigo dele desconhecido. Eles estavam com pressa e queriam me mostrar à casa que esse amigo dele ai alugar ou comprar, não lembro ao certo. Estávamos num local diferente e imaginei que deveria ser em Portugal. Enquanto andávamos observei que havia uma caçamba de entulhos e havia vários galhos de roseira recém podados que ainda tinham lindas flores cor de rosa na ponta dos mesmos. Eu mostrei a eles as rosas pensando de pegar umas mudas, mas eles estavam apressados e apenas olharam as rosas sem me dar muita atenção. Também apressada para segui-los lembrei que estava muito longe de casa, provavelmente noutro pais, e desisti da idéia. Sem andar muito eles pararam na frente de um terreno cujo muro estava quase caindo. Por um buraco pude observar que no fundo do terreno havia as duas paredes laterais feitas de tijolos de uma casa cuja construção iniciada fora abandonada. O amigo do meu pai disse que estava na hora de se colocar o alicerce com forro de gesso e depois o telhado. Não entendi como seria possível se havia apenas duas paredes e pensei que o restante por certo seria feito de madeira como visualizava nas demais construções ao redor. De toda forma aprovei a escolha por gostar do estilo de construção com telhado bem inclinado, parecendo chalé, típico de regiões frias donde cai neve. O sonho continuou, mas como sempre, minhas lembranças findaram-se aqui. o que acha desse sonho?
Penso que é  elucidador.  É sempre interessante apreender o sonho como o resultado de um processo. Os seus sonhos estão me parecendo reforçar o caminho que estamos percorrendo, já que trazem evidencias de transformação e de que você avança na sua jornada. Vejamos:
Seus sonhos são sempre muito ricos em imagens e ao longo das leituras isto pode ter ficado claro para você, e este não é diferente  mas ele trás alguns pontos que podemos considerar como chaves. A riqueza dos detalhes só favorece a percepção do foco.
Inicialmente, parece-me um conflito básico entre dois caminhos. O avião preso a um eixo remete a limites de voo, você só pode girar ao redor do seu umbigo. Para um universo infantil, onde  a criança está presa à descoberta do mundo, às sensações, e limites de desenvolvimento, um brinquedo assim pode ser uma viagem, mas para um adulto é se contentar com o mínimo que a vida pode oferecer.
Isto acontece muito, as pessoas se aprisionam em determinados estágios, aí têm o conforto e a segurança de um certo “controle” da realidade mas pagam um preço alto pela parada na estação do “Não Cresço”. Para sair disso é necessário renascer a cada dia. Morre e nascer. Aprender, Desenvolver novas formas de responder às exigências da realidade. Quando nascemos, precisamos abandonar “o conforto” do mundo uterino, passar pelo túnel assustador do canal vaginal e cair num mundo irreconhecível, numa profusão de luz e sons e sensações e respirar. Antes nem este esforço se fazia necessário. Nesta vida podemos ficar no casulo da casa materna, como num útero. Deixar a mãe comandar, nos alimentar,  dizer o que precisa ser feito. Desta forma se obtém certo conforto e evita-se romper as amarras da prisão, transpor a estação de transição que nos separa de assumir nossas vidas. Evitamos entrar no túnel assustador que nos colocará numa nova realidade, que nos desvendará um novo universo. Isso se chama Crescer, amadurecer. Abre-se mão de “GANHOS” E GANHA-SE MAIS. Ganhamos a experiência fantástica de realizarmos a nossa vida e abandonamos o conforto de viver a vida do “outro”.
Você enfrenta: Falso ou Verdadeiro? Tem horas que não temos que pensar, temos que agir. Pegar o avião e seguir, superar medos, romper barreiras e limites que nos impomos, e... “Voar”, porque a liberdade é direito, inalienável, humano. Este não é um vôo do imaginário, da fantasia, da ilusão. É um voo real que precisamos realizar para escapar do passado, da doença, dos limites. E assim você enfrenta o túnel e encara seus desafios. Medos? Todos nós os temos. Precisamos superá-los para que eles não se tornem amarras que nos aprisionem.
Assim seguimos a vida e de estágios, o túnel apertado se alarga, conquistamos novos espaços. Superamos o sufoco, as angústias, os medos, e a estrada se alarga.
E olha que interessante você encontra seu pai. Você contata seu lado masculino, seu guia masculino (senso, razão, lógica). Sonhos com Entes falecidos podem remeter a dimensões coletivas ou podem estar relacionados apenas a conteúdo arquetípico pessoal (Seu). Neste caso parece-me reabertura de conexão com sua gênese, com o eixo, conexão com conteúdos pessoais que podiam estar perdidos, esquecidos, no universo psíquico. Encontrar a rosa pode significar um reforço dessa ideia de reconexão. A rosa é símbolo de regeneração, taça da vida, alma, coração, amor. Centro místico. E a casa naturalmente está associada a reconstrução de sua casa pessoal.
A reflexão seguinte é o propósito. Você internamente está realizando movimentos de superação e transformação. Só mudamos nossa realidade externa quando nos transformamos. O sonho é de confronto e você o utiliza para superar desafios e medos, mesmo que ainda exista angústia e dificuldades para focar no que precisa ser focado, ou desvios que chamem sua atenção. Mas os indícios são de superação, e mudanças na sua relação com o que essencial, a sua relação consigo mesma e com a realidade.