segunda-feira, 31 de maio de 2010

INTEGRAÇÃO E HARMONIA


Eu me pergunto:

SE A VIDA PASSA COMO UM FLASH,
E SE  MAYA É ILUSÃO,
E A REALIDADE É APENAS REFERÊNCIA
PARA CONSOLIDARMOS A CONSCIÊNCIA,
PORQUE ABRIR MÃO DE UM PORTAL
QUE NOS PERMITE ENCONTRAR
UMA FORMA DE VIVER
EM HARMONIA E INTEGRADOS
À NOSSA NATUREZA?
È VITAL NOS PROTEGER DA PRESSÃO
QUE A VIDA MODERNA
APLICA EM NÓS,

SONHOS SÃO PORTAIS DE SINCRONISMO. 

domingo, 30 de maio de 2010

O LÁPIS PRETO


CH 77

Pouco antes de acordar sonhei que estava numa piscina fazendo uma espécie de nado sincronizado e havia uma parte donde eu era empurrada para fora da água e depois caia nela indo até o fundo da piscina. Eu não sabia como eu conseguia fazer aquilo, mas eu fazia e isso era o importante. Nisso minha mãe chegou e, pela expressão nervosa de seu rosto, achei que ela fosse me dar uma bronca na frente de todos, mas calmamente ela disse que não estava brava por eu ter saído, mas sim por tê-lo feito sem avisá-la, sem deixar ao menos um bilhete para ela saber meu paradeiro. Embora nunca tenha gostado de dar satisfações, entendi o lado materno e preocupado dela ainda surpresa por sua fala tão mansa. Ao contrário disso, o professor foi até a sala do escritório e começou uma discussão com uma jovem que saiu falando alto até o local da piscina. O bate boca foi rápido, eu não sabia quem era ela, o que ela era dele e nem preocupei em entender o motivo da briga. Ao ver que ele ia embora, também quis fazer o mesmo e chamei minha mãe para irmos. Eu houvera saído no carro dela e, uma vez que ela estava ali, deixei-a dirigir no trajeto de volta. Na vida real minha mãe não tem carro, eu não sei dirigir e nem tenho carteira de motorista, mas no sonho, minha mãe tanto tinha carro como eu sabia dirigir, embora não tivesse ainda a minha habilitação. É estranho e interessante sonhar fora da perspectiva real da vida.

Ao chegar em casa, o professor colocou os dois carros dele dentro da garagem e a jovem entrou com o mine carro dela passando por debaixo dos outros dois carros normais. Achei aquilo o máximo e pensei que talvez aquele carrinho não precisasse de habilitação. Nisso minha mãe perguntou se cabia o carro dela na lateral do segundo carro e analisei o espaço respondendo que não. Era a garagem aqui de casa e minha mãe não tinha como guardar o carro dela na própria garagem. Não sei por que eles estavam guardando os carros aqui em casa e não lembro do desfecho, pois em seguida, eu estava num supermercado com minha mãe. Depois de olharmos várias coisas, ela encontrou um escritor e ele começou a fazer propaganda de um dos seus livros. Minha mãe foi com ele até a sessão de livros dizendo que estava pensando de comprar um livro tal e, embora eu admire os escritores, adore ler e olhar livros, no sonho eu me desinteressei por aquilo e larguei os dois indo até a sessão de produtos de beleza. Eu não ia comprar nada, mas queria experimentar as amostras gratuitas. Procurei um lápis preto para passar nos olhos e não encontrei. Fiquei muito indecisa e gastei um tempo escolhendo outra cor até que experimentei o marrom. Nisso veio uma atendente. Pensei que ela fosse achar que eu estava abusando no consumo dos produtos, já que eu estava ali a algum tempo e, preocupada, perguntei se não havia lápis de olho na cor preta. Parece que o sonho veio me mostrar que, embora eu esforce para não mentir, ainda tento omitir a verdade. Eu não estava interessada em comprar nada, apenas queria passar o tempo me distraindo naquela sessão e aproveitando a imensa variedade dos produtos expostos. O sonho também parece mostrar que sou uma pessoa oportunista e sei que sou, embora não goste de assumir isso.

A atendente chamou uma outra, falou algo e depois essa outra veio trazendo um produto que parecia ser ultimo lançamento. Ela incitou-me a experimentá-lo. Olhei para o produto sem entender se aquilo era de passar nos olhos, na boca ou no cabelo. Olhei o rotulo, mas estava tudo escrito em outra língua do tipo mandarim misturado com francês. Sem jeito de perguntar que tipo de produto era aquele, perguntei se era preto já me achando uma tola. Claramente vejo meu disfarce. Outra vez ela mandou eu experimentar para ver se gostava. Fiquei preocupada pensando em minha mãe, pois não havia avisado-a de que estaria na sessão de produtos de beleza (e ela acabara de conversar comigo sobre isso no sonho anterior). Pensei de fazer disso uma justificativa para sair daquela insistência desconfortável. Sem conseguir ter uma definição de escape e, necessitando esconder o problema de não saber que tipo de produto era aquele, perguntei qual era o preço daquilo enquanto fazia força para entender o rotulo do produto misterioso. Enfática ela falou para eu experimentar. Disse que não podia fazer isso, pois talvez não fosse ter dinheiro suficiente para levá-lo e aquele produto não parecia ser do mostruário. A atendente respondeu que eu não era obrigada a comprar nada do que eu experimentasse ali. Eu sabia disso, mas não queria ser abusada, embora quisesse sim experimentar os produtos de graça. Foi então que ela ofereceu-se para passar em mim e colocou as mãos sobre minha cabeça dando a entender que era um produto para o cabelo. Aliviada percebi que ela estava mais interessada de me mostrar o produto do que de me fazê-lo comprar. Soltei meu cabelo dizendo que ele estava super embaraçado e ela, como se quisesse testar o produto, pareceu achar ótimo o meu cabelo estar em tal condição.

Essa segunda parte foi muito esclarecedora! Embora tenha me dito para deixar a analise por sua conta, acho importante deixar claro o que senti dos mesmos enquanto um espelho a mostrar de forma mais nítida o que acontece comigo de 'errado'. É como se o sonho me mostrasse que o meu pensamento pode em nada condizer com a realidade. Vivo situações do gênero na vida real donde eu imagino o pensamento e a postura do outro e fico me camuflando com vergonha e medos que podem ser desnecessários.

Eu tive vergonha do meu oportunismo e tive medo de expressar que eu estava usando os produtos descompromissadamente apenas para passar o tempo enquanto minha mãe fazia as compras dela.

Eu perguntei sobre o lápis de olho preto apenas para disfarçar, pois embora preferisse tal cor, pouco me importava se havia dele na loja ou não. Quando me foi dado um produto estranho, não tive coragem de perguntar do que se tratava, embora tenha deixado claro que não queria abusar da generosidade da loja em oferecer o mostruário sem compromisso. Usar os produtos de graça sem intenção de comprá-lo para mim já era abusar, mas eu não queria que a moça me visse como uma abusada.

Nitidamente o sonho me fez perceber que eu sou minha própria juíza crítica. Eu me vejo mal e tento fazer com que os outros não tenham a mesma impressão que eu já tenho a meu respeito.

O LÁPIS PRETO 2ª parte


CH77  2ª Parte
Me pergunto: por que eu não tive coragem de brincar com meu jeito oportunista e assumir de cara que estava aproveitando dos produtos sem intenção de comprar nada?

É uma boa questão. Mas seria falta de coragem? Ou a armadilha dos que escondem seus desejos? Esconder pode ser traduzido por dissimular.

Por que fiz perguntas indiretas?
Despistar, dissimular, fingir interesse para esconder suas intenções originais. Mas a essa pergunta você tem munição para responder.

Por que temi levar uma rala da atendente se, embora pessoalmente me julgasse uma abusada pelo que fazia, não estivesse fazendo nada de errado uma vez que a compra não era obrigatória?

Você se esconde daquilo que você realmente é. Você se culpa por que não se aceita, e não quer que os outros saibam que é oportunista, fica por trás da imagem idealizada que construiu e que vende para os outros.

A sua referência no “outro” também lhe tira a consistência para enfrentar situações corriqueiras, já que a fragiliza e abre espaço para a sua inferioridade se manifestar. Você já entra na situação inferiorizada, derrotada, pelo que fantasia ser o julgamento ou crítica alheia. Possivelmente, se a sua condição financeira não for favorável, lhe tira os seus direitos como pessoa, como cidadã. O conceito pode ser: tem direito quem tem poder, quem tem posses, ou então a falta de direito decorre da anulação que exerce sobre sua personalidade.

Quando fui dizer que talvez não tivesse o dinheiro suficiente para levá-lo, pensei que ela fosse dizer 'não se preocupe, se gostar do produto, quando tiver condições, você volta e compra'. Percebi que o problema não estava em fugir da compra naquele momento, mas sim em fugir da verdade que era o meu desinteresse em comprar qualquer um daqueles produtos.

A leitura que faz é carregada de sentido. Você foca o alvo.

Fui no sonho exatamente o que sou na realidade. Meu incomodo ali, assim como na vida real, não era em ser oportunista, mas sim em não conseguir revelar, assumir e expor meu jeito de ser.

Identifico-me com essa leitura, ela feita por você amplia a força do que venho tentando mostrar: que os sonhos nada mais são do que o que somos e o inconsciente faz o papel de nos mostrar o que precisamos aperfeiçoar e transformar, enquanto atualiza o sistema.

O comportamento é de quem que aproveitar da situação, o oportunista, mas pouco importa as justificativas para o tipo de comportamento que se pratica, ele existe porque faz parte do repertório que o individuo desenvolveu para se relacionar com a realidade em que está inserido. O conflito se origina quando o sujeito tenta negar ou dissimular aquilo que ele é. Aquilo que não quer que o outro identifique ou diagnostique, porque ele próprio condena em outros, porque esconde de si mesmo.

Esse jogo de esconde/esconde leva o sujeito a construir um estereótipo idealizado de individualidade, quando deveria trabalhar as mudanças de seu comportamento. Enquanto se sufoca, se marginaliza e se distancia de si mesmo, passa a sofrer as consequências dessas duas forças que tentam sobreviver dentro dele: o “EU” idealizado e aquilo que realmente é.

O intolerável não é ser o que sou, mas sim tentar ocultar meu jeito de ser. Por que não consigo ser mais flexível e humilde para comigo mesma?

Perfeito! Carlota, fortalecendo o que realmente acredita ser, consolidará a construção de sua personalidade, sua individualidade, sua manifestação única e singular como sujeito de sua vida, dissolvendo o estereótipo idealizado infecto e “perfecto”. Tornando-se mais humana, com possibilidades de acertar, errar, corrigir seus equívocos, consolidar seus acertos, uma pessoa mais integrada, mais afetiva, generosa e inevitavelmente mais feliz.

Inicialmente o idealizado surge como um projeto que funciona como referência para o desenvolvimento da individualidade, mas essa idealização passa a ser confundida com a personalidade constituída, subjugando-a devido à sua necessidade de maturação. Fica mais fácil construir a personalidade no idealizado do que consolidá-la no processo de maturação. Essa construção idealizada passa a servir como refúgio onde o sujeito se protege de suas contradições, e passa a funcionar como mediador entre o sujeito e a realidade e os confrontos internos efetuados pelo inconsciente, através dos sonhos, dos pensamentos livres e das lembranças. Esse mecanismo se transforma na armadilha dos que se enganam.

O sonho levanta questões significativas, como a sua relação com a vaidade e com a beleza. Sua escolha é voltada para os produtos de beleza. Lembro-me de fazer referência aos produtos que sua irmã lhe passa quando ela renova ou realiza mudanças. Parece-me que à carência de produtos básicos no seu dia a dia. Sempre ocorrem referências a situações em que procura usufruir de situações que lhe favoreçam a posse de objetos que não tem acesso. Neste caso me impressiona o foco, ou a dificuldade, ser em um lápis preto que não podes adquirir. Parece que alem das questões que levantou, existem outras significativas como dificuldades de inserção no mercado, na sociedade de consumo, a marginalização, a exclusão econômica, e... Dificuldades para lidar com a sua vaidade, seus cuidados, suas possibilidades de ampliar seus instrumentos de sedução e atrativos como mulher. E... Mais, com a questão do mandarim misturado com Frances registrado como lápide no rótulo, a sua Habilitação para dirigir o seu carro e a sua vida, e os cabelos embaraçados... Mas fica para outra oportunidade.

De qualquer forma é sonho de confronto que lhe chama a atenção e abre a possibilidade de refletir sobre a sua postura, suas atitudes, seus focos, suas escolhas, a forma como você responde às exigências da realidade. É hora de exercitar e experimentar novas formas de respostas.

Ah! Um detalhe: Lápis é pedra, referência a refratário, lage, lápide, defesa, proteção.

APRENDENDO A DECIFRAR SONHOS

“Embora tenha me dito para deixar a analise por sua conta, acho importante...” Não sei identificar quando posso ter te dito isso, em principio não é minha característica, antes pelo contrário, procuro dar informações o máximo de informações sobre os mecanismos para que o outro possa aprender a fazer a leitura de seus sonhos, e inclusive em seções de analise antes de me manifestar solicito a visão ou interprestação de meus clientes. Considero-as importantíssimas para minhas observações. Se em algum momento você entendeu o contrário desconsidere. Posso ter-lhe dito da dificuldade de autoanálise. Sinceramente não tenho nenhuma dúvida dessa dificuldade, ela já foi relata por muitos, é histórica e em geral cheia de armadilhas. Posso ter lhe sugerido que em caso de fechar o Blog, e já estive para encerrá-lo, que você procure o suporte de um especialista para continuar sua jornada que considero rica e determinada, sua tarefa será menos difícil. Mas enquanto aqui, por favor, não deixe de acrescentar sua visão, seus sentimentos considero-a importantíssima.

Quando acrescento informações dos mecanismos da psiquê, o meu objetivo é transferir conhecimento para que outros possam usufruir dessa possibilidade de autoconhecimento e para que possam fazer essa leitura independente de qualquer pessoa, só não tenho a ilusão de que seja um aprendizado fácil mesmo que possível. Senão já não estaria aqui, pois brincaria de decifrar sonhos.

sábado, 29 de maio de 2010

FEED BACK 17



 
Feed Back 17

Algumas perguntas para reforçar meu entendimento no assunto:

Através dos sonhos nos autoconhecemos a um nível inconsciente?

O inconsciente são as águas primordiais, o oceano da vida, de onde se origina a nossa vida, é como a reserva e a conexão com a essência do universo, portanto inacessível, mas como bem o disse Jung: “anseia por luz”. E este é o propósito: considerá-lo, não perdê-lo de foco, para iluminar aquilo que for possível ou passível de iluminação.

Os sonhos como produto do inconsciente nos permite conectar e conhecer uma tendência de sua dinâmica, ou uma mensagem que ele queira nos comunicar. Quando abrimos as portas para compreender esta linguagem abrimos a possibilidade de integrarmos à consciência, e portanto à nossa vida, conteúdos e energia resguardos, representados e vivos neste universo desconhecido.

Seria como ter acesso ao ponto primordial de todas as nossas crenças, conceitos, bloqueios, temores, etc., tanto de forma individual quanto coletiva?

Mais do que conceitos, crenças ou medos. Muito mais.

O sonho é esse acesso, permite nos conectar a essa raiz primordial de nossa gênese. Como quando nos conectamos, através do cordão umbilical, com a fonte da vida, a mãe. O inconsciente é a conexão com o oceano primordial, como a Mãe Divina. E os sonhos é uma de nossas possibilidades de nos conectar com os conteúdos de inconsciente que precisam ser considerados.

São conteúdos que são carregados de simbolismo, portanto de referências, dados, princípios, conceitos, que indicam a gênese e que buscam a integração, ou um canal de comunicação, relação com o universo como o conhecemos. (ver considerações em CH69).

Não nascemos do nada, mas a partir de uma matriz genética, que além das informações que permitiram a constituição e formação do SER, o produto, recheia este produto com dados, configurações de funcionamento e informações que servem como referência para que ele tenha um mínimo de possibilidades de se gerir como indivíduo autônomo e como extensão da natureza para avançar no projeto básico da evolução dessa matéria.

Alem dos conteúdos herdados, novos se formam e se constituem se tornando fatores determinantes no processo de desenvolvimento, regularização, ordenação e atualização deste novo ser que também será transformado em matriz, na dinâmica de preservação e perpetuação da espécie.

Os conhecimentos acumulados pela humanidade, já nos permitem compreender a vida como um constructo de ordenação envolvido por um universo aparentemente caótico, e a vida já pode ser melhor compreendida além da visão abstrata, mágica ou religiosa do passado.
Sem esquecer que a religiosidade é configuração básica para a formação de respeitabilidade pré-requisito para a conexão, assim como a ciência pelo espírito ordenado nos permite evitar cair em armadilhas fantasiosas do pensamento mágico, se mostrando, cada vez importante nessa caminhada em busca de compreensão. Neste aspecto a ciência assume uma configuração que a religião tambem ocupa, como formato de religiosidade. O pensamento lógico é conquista da ciência e referência de investigação. Sem a consciência ficamos mergulhados no oceano primordial.

A dinâmica interna de mudança decorre dessa liberação de emoções do inconsciente levadas à atenção da mente consciente, a qual nos faz mudar a própria personalidade para manter a estabilidade mental e emocional?

Existe uma tendência natural de preservação. Quando o sujeito se acredita determinante e deixa de considerar essa força interior, ele como se coloca em contraposição a essa força. Neste momento, ao cometer este equívoco, ele se torna alvo do imponderável, de uma força, ou de múltiplos núcleos de força, que a partir de seu interior, podem invadir a consciência e até aniquilá-la, caso de distúrbios mentais, comportamentos destrutivos e autodestrutivos, já como manifesto patológico, como sinal de desordenação, desregulação, caos.

A consciência pode iluminar este universo desconhecido, transformar, metamorfosear e incorporar conteúdos originários desta dimensão interna, tanto como configurações mentais de consciência podem favorecer conexões e configurações apropriadas para que transformações de consciência possam ocorrer. Esse processo acontece de forma continua num ciclo permanente de trocas e interações entre o inconsciente ligado ao universo, pelo interior e a consciência, ligada à nossa realidade no universo, pelo exterior.

Quando o sujeito a partir de seus comportamentos e referendado na consciência estabelece uma interação bem constituída com a realidade, em parâmetros internos modelados ao longo da formação da civilização humana, paradigma do nascimento e surgimento da consciência, ele caracteriza os princípios de sua relação com sua natureza interior e passa a ser regido a partir de sua formação de consciência e de seus conteúdos de origem inconsciente que penetram e o direcionam a partir da câmara do pensamento.

Hoje sabemos que a partir da matriz genética somos como que ordenados por conteúdos arquetípicos que precisam ser considerados por nós, já que eles indicam referências de princípios que foram incorporados na constituição da sociabilidade humana. Princípios que envolvem parâmetros como justiça, base de troca, valores, relação com o divino, valores éticos, hierarquia, etc. Configurações que preservam a natureza da espécie humana sua relação com o mundo e com o universo.

Obs.:

Bem... Os temas são complexos e por mais que eu tenha a intenção de repassá-los já mastigados, não deixam de serem conteúdos de psicologia profunda que precisam de paciência para ser compreendidos em sua vastidão. Estou tentando respondê-la não com conteúdos históricos ou conceitos de grandes teóricos do passado, mas como conhecimento de ponta, como no presente consigo pensar a construção humana, dentro de conhecimentos humanos acumulados que nos permitem compreender ou tentar compreender um pouco mais dos mistérios de nossa natureza. Se não consigo respondê-la, perdoe-me a incapacidade.


sexta-feira, 28 de maio de 2010

REMINISCÊNCIAS



CH 76

Falando sobre meu ultimo sonho: ontem escrevi um e-mail para um homem com o qual me relacionei anos atrás e que me fez viver um pesadelo real. Escrevi-lhe algumas coisas que eu não houvera esclarecido na época em que terminei tudo com ele. Demorei para dormir pensando que ia sonhar com ele (embora não guarde mágoas, não tenho vontade de vê-lo nem em sonho). Não obstante, sonhei que ele havia me ligado. Minha mãe me passou o telefone, a ligação estava muito longe. Ele perguntou como eu estava e respondi estar bem. Ele disse que houvera lido meu e-mail, que eu era uma pessoa maravilhosa, daí escutei uma música de fundo, mas a ligação foi ficando ainda mais longe e eu não consegui escutar mais. Perguntei como ele estava, mas só escutava um ruído e parecia que a ligação já tinha até caído. Talvez tenha tido outros sonhos com ele, mas essa foi a única lembrança que ficou. O que pode representar?

Sempre sinto que abrir o Baú do passado exige cautela, pois remexemos matéria delicada que pode impregnar o Presente ou apenas... se dissolver no ar.

Neste caso parece-me que você fecha a Gestalt de sua vivência, você a conclui. O sonho mostra que a conexão entre vocês se estabelece no presente de forma distanciada. Nada mais há a dizer: a ligação está looooooonge... Tudo bem com você depois da separação, sua autoestima em relação a este fato é reconstituída, ao fundo uma música (ordenação, composição ordenada, melodia, harmonia) e a ligação foi ficando mais looooooonge. Só ficou o ruído, a ligação deixa de existir. Fim de uma relação, fim de um caso de Amor, só ficou a lembrança, desfalecida, e o silêncio. 

Já cantava Guilherme Arantes (siga o link para ouvir):
Vamos em frente que a fila anda... um passinho à frente... que o caixão vai fechar.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

FRAGMENTOS SENSAÇÕES

Branca de Noiva

CH76
Terceira sensação:

um casal de noivos recém-casados saíram da festa e foram para um quarto. O noivo queria dormir ali, mas ela achou que não seria bom, pois no dia seguinte todos estaria lá para acordá-los e tirar a privacidade deles querendo saber como havia sido a noite de núpcias. O vestido de noiva dela era muito bonito: todo branco, forro de cetim sobreposto com um segundo vestido de renda bordada e uma calda comprida leve. Eu assistia aquela cena como se eu fosse a noiva e ao mesmo tempo como se eu fosse apenas uma observadora.

Seu desejo manifesto é casar. O sonho compensa seu desejo. Fica a dúvida, casar pelo cenário, pela produção, para realizar e satisfazer sua autoestima de ser o foco das atenções, ou casar para realizar o encontro com a sua alma gêmea, o seu parceiro?

Qual o desejo? Inflar a autoestima ou realizar a integração de homem e mulher, masculino e feminino? Se o desejo é saciar o ego o movimento  é feito para realizar o sonho da princesa, aí o que conta é o cenário e o homem é apenas um objeto coadjuvante do filme que foi construído no imaginário. Se a busca é a integração não importa os outros, eles não têm acesso à privacidade do casal, não há como ocorrer uma invasão, o caminho é de integração.

Neste aspecto o medo, ou o desejo, de ser invadida pode estar associado à indiferenciação do individuo com o coletivo,  a construção de defesas se fazem necessárias já que o Intento individual é voltado como foco para satisfazer a imagem voltada para o coletivo.

Quarta sensação: eu estava ao lado de um homem casado que um dia havia gostado de mim. Senti-me melancólica não pelo fato dele ter casado, mas sim por ter deixado de gostar de mim igual anteriormente. De toda forma, eu não me arrependia de não tê-lo querido no passado e nem pensava em ter nada com ele além de amizade em respeito a seu atual casamento.

Quando o futuro é vacilante, o passado é resgatado como referência. Ou o passado surge para que possa reavaliar os princípios que determinam suas escolhas. Arrepende quem faz escolhas mal feitas, e se a escolha foi mal feita é porque não se pesou devidamente o que deveria ser pesado. No sonho uma característica salta: “Senti que eu poderia ter gostado dele se ele houvesse sido mais insistente.”, a sua vida e o seu futuro entregue ao poder do outro de decidir e escolher. Sua escolha é definida pela escolha que o outro faz. Você repete o velho padrão de quem sonha e deseja que o outro modifique e transforme a sua vida. Faça você essa transformação, para que no futuro não se arrependa por omissão ou falta de posicionamento.
Quinta sensação: eu estava num local donde acontecia um processo de exorcismo. Eu segurava uma janela pequena de madeira (ela era de frestas e por trás havia uma cortina preta), pois espíritos malignos queriam entrar e me atacar. Nisso uma ratazana furou a janela e mordeu meu dedo. Ao ver o sangue eu fiquei com raiva e enfiei um pegador de roupa na goela do bicho soltando-o pela janela do prédio. As demais sensações são tão vagas que nem vou tentar descrevê-las.

Eu gosto disso, quando provocada você consegue uma reação, a iniciativa de responder no mesmo tom. Penso que isto ultrapassa a simples reatividade, pois do âmago surge o que você é, por detrás da máscara, surge a pessoa que responde, que não se permite ser aniquilada, atacada, que não se importa com a imagem de perfeita e de boazinha. A energia, a iniciativa, a capacidade de mobilizar uma ação positiva, um ataque, existe, mas por enquanto existe por trás da janela. É preciso conhecer este lado forte, ativo, determinado, seguro, sem medos, para que possa tirar melhor proveito dele, para que deixe de ser um resultado apenas dessa capacidade reativa e pulsional.

Significativo é que os espíritos malignos são conteúdos do arquétipo Sombra, conteúdos de inconsciente ainda não integrados e que segundo Jung são “a coisa que uma pessoa na tem o desejo de ser” (CW16p470), este é o lado negativo da pessoa, a soma das qualidades desagradáveis que o individuo quer esconder, o lado inferior e primitivo da natureza do homem. Para Jung, todos têm esse lado sombra, e quanto menos ela está incorporada na vida consciente do individuo mais negra e densa ela é. Quando a manifestamos podemos reordená-la, quanto mais a reprimimos mais a isolamos e mais forte ela se fortalece para romper a repressão e aflorar à consciência. Como um vulcão em erupção. Somo contituidos dessas duas naturas, luz e sombras, fazemos pouco quando nos escoramos na construções de imagens, do virtual, que nos espelha. Imagens não se sustentam, se mostram inconsistentes. Precisamos iluminar nosso lado sombrio para integrarmos os opostos.

Essa repressão voce exerce sobre esse seu lado a partir do seu perfeccionismo ou pela severidade de sua rigidez construída na imagem de perfeccionismo na sua vida. É como selar um vulcão com concreto armado. O individuo acaba pulverizado pela força que armazena, concentra e reprime.

Já próximo ao despertar, tive um sonhos que conservei melhor em mente. Minha mãe me chamou para ir com ela num banheiro público. Não sei em que tipo de local estávamos. Ao chegar no banheiro feminino haviam dois homens transitando lá dentro. Minha mãe sem ao menos fechar a porta, fez as necessidades dela enquanto eu, de longe, olhava a cena estando estarrecida pela tranquilidade de minha mãe e indignada pela presença (que parecia natural) dos homens. Nisso o local transformou-se noutro que não sei ao certo o que era. Visualizei uma grande quantidade de homens e mulheres, sendo que um deles se aproximou de mim. Era meu marido (incrível a recorrência de ser casada! Já estou perdendo a conta dos maridos oníricos que venho tendo ultimamente). Saímos conversando do local. Logo em seguida eu parei num campinho de futebol para jogar bola com alguns rapazes (eu jogando bola é hilário, pois nunca tive vontade de praticar tal esporte). Entretanto, eu estava terminando de comer um sorvete com sucrilhos e sentei-me para acabar de raspar o copo, pois estava complicado chutar a bola e comer ao mesmo tempo. Nisso eu já estava era no sofá de uma casa. Eu terminei de comer, joguei o copo descartável fora, peguei a chave, tranquei a porta e saí. Não lembro mais nada. Desculpe a sinceridade, mas me parecem sonhos tão tolos que só estou relatando-os por saber que talvez você possa me clarear o entendimento perante os mesmos. É possível?

O sonho retoma o tema anterior da privacidade. Enquanto no anterior aparece a busca de privacidade, neste a privacidade inexiste, e lhe mobiliza uma energia reativa, desconforto frente à exposição, independente do desejo mascarado em medo, ou da necessidade de se expor, o que poderia sinalizar um conflito moral entre um desejo de se expor e a repressão que leva ao recuo. interessante que o mostrado é a natureza animal, Natural, mas que registra nosso lado matéria. Não somos apenas o abstrato e a imagem, somos carne, desejo, fome, instintos e necessidades que precisam ser saciadas. Nós ja somos a matéria explicita pois resultamos dela.

Também aparece uma severidade que leva à regras de distanciamento entre masculino e feminino. Naturalmente as regras sociais fazem essa separação, mas realça aquilo que parece natural entre mulheres e a figura masculina como invasiva.

É interessante que o tema apareça na satisfação das necessidades básica do ser humano, exatamente as que experimentam regras mais rígidas, mas quando são manifestas em ambiente público e coletivo não há como não associar com o nosso diálogo: Quando você vem a este espaço expõe suas necessidade em ambiente coletivo. Neste caso é necessário lhe perguntar se há algum conflito neste quesito. Se Há o estarrecido aparente em você é expressão de sua mãe enquanto que sua mãe é você se expondo. Compreendeu?

Há desejos de casamento? Neste momento ocorre alguma vontade maior de encontrar um parceiro? Vem sentido necessidade de namorar? Ocorre falta de sexo na sua vida? Há carência de troca de carícias? Está se sentindo só? Pense porque em caso negativo a sinalização de casamento é apenas da dinâmica interna de conteúdos que já se configuram mais integrados.

E para completar: sua vida está sedentária? O corpo pode compensar sua necessidade de exercícios físicos devido ao sedentarismo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O ANIVERSÁRIO DO SACRIFÍCIO

Iv.

Meu nome é Iv, mais conhecida como...  Sou de... Tenho sessenta e quatro anos. Sonhei que eu ia almoçar com a... minha prima. É como se estivesse sido convidada para o almoço. Saímos andando até um pequeno restaurante, onde ela me deixou e desapareceu para buscar um pessoal que ia fazer uma surpresa para mim. Lá fiquei esperando por um tempo bem grande. Comi um pouco enquanto esperava. Olhando para os meus pés verifiquei que havia várias meias sobrepostas, as quais não fora eu que vestira. Estávamos sentados em uma mesa e junto com minha filha fui até a porta onde vi chegar um micro-ônibus cheio de pessoas que eram todas da família da tia D. Primeiro vi a E..., depois a E que estava parecendo uma princesa com vestido branco e coroa. Cumprimentei-a beijando a mão. Vi um rapaz que devia ser filho do meu primo (irmão da E). Lá também estavam meus tios ReD (ambos falecidos. Ela é irmã da minha mãe. Ambos têm quatros filhos. Eu não os vi direito, mas sabia que eles estavam presentes. Fomos entrando para dentro e carreguei duas moças que pareciam ser amigas ou empregadas. Carreguei uma em cada braço e tive a sensação que estava carregando duas crianças.

O restaurante parecia um teatro, pois a mesa ficava lá no fundo em uma baixada. Quando estávamos chegando todos a mesa, tive preocupação se minha filha ia cumprimentar toda aquela gente que, embora fosse familiar, estavam muito chique. Fiquei surpresa quando olhei e vi que minha filha estava curvada varrendo o chão com uma vestimenta de preta velha. Parece que ela estava de fato incorporada por uma. Também vi algumas imagens religiosas bem velhas e quebradas. Vi uma trempe estilo fogão de lenha antigo feito com pedras e lá estavam sendo fervidos uns pedaços de frango, mas parecia ter só asas. A comida desse almoço era uma feijoada e tudo isso foi feito como se fosse uma homenagem para mim pelo meu aniversário que foi no dia vinte e um desse mês. Fiz sessenta e quatro anos. Só fiquei preocupada porque não entendi o motivo de estar com todas aquelas meias umas sobre as outras no meu pé sem saber quem as teria vestido em mim. Parecia algo sobrenatural e pensei na possibilidade de ser uma macumba. O que significa?

Minha cara, antes de tudo, parabéns pelas bodas. Apesar de não crer que seja indicativo de uma macumba, se você se considera alvo ou possível foco de maldade ou da inveja, melhor não ser simplista e desconsiderar o Mal. Se proteja.

Na verdade vivemos em um universo onde a luz e a sombra fazem parte como duas metades da moeda. Somos como que permanentemente envolvidos pela energia luminosa e pela energia das sombras. Viver sob o foco de luz não é o bastante para nos livrarmos das sombras, já que precisamos iluminar o espírito, nossa alma, nosso interior e só conseguimos essa iluminação através de nossas ações, comportamentos, atitudes em relação ao mundo, através do lapidar permanente de nossas escolhas, de nossa capacidade de renunciar, doar, da generosidade, da compaixão, do exercício de desapego e, principalmente, de conquistarmos a conexão com Spíritus Sanctus que é luz permanente em estado divino.

Vivemos nesse mundo dual de sombras e luzes, dia e noite, visível e invisível, calor e frio, bondade e maldade, leveza e densidade, transparência e opacidade. E o foco não pode ser apenas a luz, é preciso caminhar com o propósito voltado para a luz sem esquecer de olhar que o objetivo e transmutar, iluminar o lado escuro, nos desfazer da densidade, de nossas sombras, nossos temores, nossos fantasmas, superar a maldade que sobrevive sorvendo e atraindo para o lado sombrio.

O SONHO

Pessoalmente achei esse sonho significativo e  graça recebida por você. Mas se perguntas, Graça?

As observações que farei não envolvem conceitos ou pré-conceitos, são apenas associações livres e a busca de entendimento. Portanto tente considerá-las dentro do contexto com isenção.

Não gostaria que parecesse que estou lhe aterrorizando. Estou considerando sua a observação de macumba. Se olharmos um Sacrifício como um Ritual de  oferendas em troca da realização de um desejo, onde estaria, no sonho, o sacrifício? Na panela, no fogo (seu futuro esta sendo preparado), com os restos mortais dos animais sacrificados. Lembremos: uma feijoada é constituída de pertences tais como: Pés, rabos, orelhas, costelas, barrigada, etc. cozidos e temperados para serem degustados na celebração. Nada demais! Nada contra a iguaria afro-brasileira.
Se no dia a dia o alimento é a manutenção da vida é tambem ritual de celebração da vida. No sonho o alimento pode ter vários significaddos e simbolismo. Considerando a homenagem, a celebração e o prato é que associo-o com essa possibilidad ritualistica.   

Como um observador eu diria que independente do sabor, é um prato forte, poderoso, cheio de energia, porque representa incorporar a força e o poder daqueles que são incorporados à sua natureza corporal, e é pensando nesta simbologia, é que pode ser visto como uma representação de sacrifício. As imagens e relíquias religiosas podem referendar esse ritual religioso de sacrifício.

Independente da religião que professa, se professa, a psiquê como que lhe chama à consciência para uma questão religiosa. A sua imagem carregando duas crianças eu associo com a vida de Kynokéfale, São Cristovão, que transportava o peso do mundo. Se houver interesse pela estória, click no link

                http://jornadaalma.blogspot.com/2009/08/uma-estoria-para-uma-manha-de-domingo.

 verás um conteúdo que postei sobre esse Santo. Como não sei de sua carga pessoal, ou dos sacrifícios que realiza na sua caminhada não tenho como destrinchar esse conteúdo.

As imagens e relíquias, bem como, a presença dos ancestrais mortos podem também ser referência à prática religiosa ancestral que pode ter sido deixada de lado. Em geral temos referências ancestrais que servem para nos guiar em momentos de escuridão ou de dificuldades, e as referências religiosas são importantíssimas, precisam ser consideradas já que não viemos do nada, mas de um caminho já trilhado pelos ancestrais.

Em síntese:

O sonho é uma celebração da comemoração dos seus anos de vida, Vitoriosa, pois viva. E o ritual alimentar, e de sacrifício, como celebração e homenagem, pode querer dizer-lhe que é hora de focar atenção em seus hábitos alimentares com o objetivo de preservar sua saúde.

Três são as referências possíveis da presença de morte: O pé envolto em meias, calçadas por outros, pode significar pé gelado, sem vida, pé desfalecido; Os parentes mortos que a visitam em sonho (reflita sobre a vida e o final de vida deles); a filha de preto, como luto, varrendo o chão, como a cinderela, que perdeu a mãe e foi cuidada pela madrasta. De longe não adianta se preocupar, devemos fazer algo enquanto aqui estamos, e não lá... Onde nos esperam. E também refletiria sobre os desníveis entre o palco do teatro e o teatro da vida. No ritual fúnebre o morto é o centro de atenção no palco da vida, um nível acima, o alto (o céu).

Não fique impressionada pensando que a referência é à sua morte instantânea, agora. Não creio. Por isso considerei o sonho como uma graça. Um alerta pra que reveja sua celebração da vida e possa celebrar mais tempo neste mundo. Reveja seus hábitos de vida, sua alimentação. Se não o é, torne-a mais saudável, para que possa celebrar mais tempo e ser mais homenageada. Quero dizer-lhe que sonhar com a morte não quer dizer prenúncio de morte, mas de vida, desde que considerados os sinais internos.

Ah! A imagem de sua prima vestida de Branco e com Coroa, e o beija mão, parece-me imagem arquetípica, da Grande Mãe, Mãe Divina, guia espiritual e protetora ou o encontro com conteúdos associados a ramo familiar que representam força de vida.
Agora... se voce é vegetariana, gostaria de saber e de considerar outra variantes simbólicas do sonho. O certo éque como não conheço sua dinâmica de inconsciente várias são as possibilidades de significados, coinsiderei a mais imediata.

Bye!

terça-feira, 25 de maio de 2010

ANSIEDADE



CH 75
Segunda sensação: eu estava numa escola enorme, numa parte que parecia um museu cheio de tapetes, cortinas e moveis de madeira escura repletos de relíquias (bonequinhos de cerâmica) que num pequeno esbarrar poderiam se quebrar aos montes. Eu estava com pressa e quase deixei quebrar alguns. Eu não deveria estar transitando por ali. Entretanto, por mais que eu conhecesse toda a escola, fiquei perdida, pois estava escuro e eu não conseguia encontrar a saída que dava acesso à outra parte do local. Fui ficando muito aflita, pois eu estava atrasada e acabaria perdendo a prova. Seria um bom sonho, por causa do local interessante, se não fosse minha agonia para conseguir sair dele e chegar na sala de aula.

Sonhos bons para você são apenas os sonhos agradáveis, em locais ordenados, que lhe dão prazer. Quem dera a vida fosse de orgasmos e êxtases. Neste conceito pode existir um vício e uma suscetibilidade que a fazem focar apenas o agradável.

A vida exige cuidado, cautela, atenção, foco, rumo, norte para que em momentos de necessidade saibamos como sair das situações que nos exigem atitudes positivas.

A angústia permanece, tensão presente, a ansiedade parece instalada e o desconforto te confronta. As cobranças se fazem mais permanentes, testes, confrontos e... agonia, aflição.

Desassossego, ausência de sincronia entre o que você vive e a forma de lidar com as exigências da realidade. Severidade, tensão, cobranças, atraso, presente inquietante, voce perde seu eixo, o meio determina seu foco, sua ansiedade determina seu mal estar.

COLISÃO


  
CH 74                 
Essa noite tive muitos sonhos negativos e creio que, exatamente por isso, não consigo lembrar direito. Vou chamá-los de sensações, pois não lembro o começo e nem o desfecho, apenas um entremeio vago.

Primeira sensação: eu estava dentro de um carro que, ao ser retirado da garagem, foi batido por outro carro e empresado contra um caminhão. Fiquei num espaço muito apertado na direita traseira e, agoniada, queria sair rápido dali, mas alguém me disse que não era para sair, pois o pior já acontecera e o perigo já passara. Eu estava muito assustada e essa pessoa dizia que sair correndo desesperada e sem rumo seria em vão, mas todos os meus impulsos eram para agir em fuga e seria o que faria se não sentisse autoridade e confiança (cujo meu medo quase se fazia maior) por parte da pessoa que me falava. De todo modo, apesar da hesitação, não sei se fiquei ou não.

O SONHO

Vou chamar meus comentários de impressão, a expressão de minhas sensações:

Colisão -colidir, ir de encontro, abalar.

O nível elevado de tensão do sonho anterior se mostra mais uma vez neste sonho. O conflito (batida), pressão elevada a que está submetida (por exigência externa ou severidade das cobranças pessoais). Sonhos de batida, trombadas espelham esses conflitos e tensões e manifestam as angústias ou depressões mascaradas.

No sonho aparece o conflito a conturbação e sua resposta de fuga. Possivelmente sua necessidade de fuga seja a resposta que desenvolveu para lidar com o nível de conturbação que você se induz.

Você se conturba... Atormenta-se e... Foge (para as suas fantasias).

Neste momento a psique lhe indica que é necessário interromper este ciclo, parar de se induzir ao tormento que justifiquem comportamento de SCAPE, de fuga da realidade.

Outro as aspecto é que o cenário atual exige-lhe mais do que vem sendo capaz de suportar, o que aumenta a sua demanda para escapes.

Pode haver referência à sua condição de dependente, O carro foi retirado da garagem – sujeito indeterminado - sua condição de dependência é situação que exerce um aumento de pressão e aumenta a complexidade de sua vida.



OBSERVAÇÕES TEÓRICAS

A psique possui mecanismos que nos protegem de estados de desordem. Temos um limiar de resistência que nos protege dos impactos da realidade sobre nós. À medida que esses impactos aumentam sua pressão, nosso limiar de resistência aumenta para resistir e proteger o sistema dentro de um determinado nível de segurança para manutenção do equilíbrio.

O sistema sofre dois tipos de pressão:

1. Interno - originário da consciência, de núcleos compulsivos que acionamos ou mobilizamos, de núcleos autônomos que invadem a cãmara do pensamento;

2. Externo. – originários no meio externo, fatos e exigências de realidade e de fontes diversas.

O Mecanismo de adaptação biopsicofísico, detecta a necessidade de aumento do limiar de resistência, mas não detecta a origem, interna ou externa, da pressão. Possivelmente por que para a psiquê essa diferença não exista de forma fenomenológica, ou não haja a possibilidade de diferenciação entre o que é interno ou externo ao organismo. Outra possibilidade é que a consciência seja considerada um produto externo, um conteúdo em princípio Invasor e não uma aquisição superior.

Como dizia, como não há detecção da origem da pressão, a psique que possui o comando geral do organismo aumenta o limiar de resistência e altera as configurações de detecção de descompensações biofísicas, produz consequentemente, num ciclo vicioso, aumento dos níveis de tensão interna. Neste aspecto as mudanças também alteram os ciclos biofísicos aumentam o desconforto físico, quando alteram ciclos hormonais, e ampliam sensações que promovem desconforto corporal.

Como se a psique fosse ficando encantoada.

O resultado? Aumento das angustias, da ansiedade, de alterações dos ciclos biológicos e do desconforto psíquico, que podem aparecer nos sonhos como uma forma da psique tentar compensar o equilíbrio espelhando sua vivência. Funciona como uma forma dela se regularizar anunciando o seu desconforto.

Por isso a forma como conduzimos a nossa consciência é determinante para não ser gerador de aumento dos desequilíbrios internos. Mesmo que o cenário externo seja de tranquilidade a consciência conturbada pode sinalizar para a psiquê um cenário de ameaça, e a psique reage em estado de alarme, aumentando seu limiar de resistência frente ao impacto da pressão que sofre da consciência conturbada.


FEED BACK16

Walt Disney - Cinderela do conto de Charles Perrault


Feed Back


Faz muito sentido a questão de eu viver a viuvez de minha mãe junto com ela. Acho que sou mais solidária a solidão dela do que medrosa de viver o mesmo. Acho que me vejo por vezes como uma Gata Borralheira. A proposito, minha sobrinha (adotiva) tem tres anos.Vou refletir a respeito das variantes.

Tres anos! Esta é a referência regressiva. Quando se fala: a pessoa está regredida, se faz referência  genérica. Mas quando ocorre o recuo psíquico, seja por cautela, proteção do sistema psiquico, comportamentos manipulativos, jogos de domínio, castração, sedução, ameaças e perigo iminente, é fundamental que possamos nos referenciar no período da regressão, para que haja a possibilidade de resgatar lembranças e buscar compreender melhor a fonte que desencadeou a formação traumática ou impeditiva na história pessoal. Neste caso, parece-me que a indicação é a de  recuo para estados mentais, respostas emocionais, comportamento, ou defesa reativa  para os seus três anos de idade. Fique atenta!

A Cinderela retrata o ideal arquetípico que sinaliza o intento psiquico de se realizar em forma do desejo de ser reconhecida como um individuo singular e que realiza seus anseios de ascensão material e espiritual. A imperatriz é neste aspecto o propósito definido de seus anseios, a gata que se casa com o príncipe.
Bom... Enquanto seu Brad não passa montado num cavalo é melhor correr atrás da realização de seu sonho pessoal, se o ele passar, ótimo. Se não passar, você não fica submetida ao dissabor de ser a Eterna Gata Borralheira deprimida, entupida de lexotan, infeliz e fracassada.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

IMPERADOR

  D. Pedro I - Imperador do Brasil - 1830
Museu Imperial de Petrópolis
Simplício Rodrigues de Sá - Último retrato

CH72

Essa noite sonhei que eu era esposa de Dom Pedro Napoleão Bonaparte II, um imperador de longas datas atrás (não sei de onde meu inconsciente tirou esse personagem que carrega o nome de dois imperadores reais). Nós tínhamos um bom casamento e nos amávamos. Na cena do sonho, que parecia de um filme antigo, como se eu fosse uma atriz misturada com a personagem real, estávamos chegando no alpendre de uma casa. Havia uma parte arredondada perto da parede que era própria para se sentar. Tanto nela quanto no chão haviam algumas folhas amareladas de árvores, que eram trazidas com o vento, dando sinal de que fazia algum tempo que o local fora limpo. Lá nos sentamos e ele puxou um sério assunto comigo. Retirando do bolso da casaca uma caixeta preta baixa, mostrou-me um lindo colar de ouro com pedras ametistas lilases em formas de gotas de vários tamanhos. Era uma joia preciosíssima, dessas que só já vi em revistas ou na televisão. Nós tínhamos um filho de oito anos, mas naquele momento, com muita firmeza, enquanto colocava o colar no meu pescoço, ele disse que queria outro filho homem. Completou dizendo que me amava, mas caso eu não lhe desse outro filho homem, ele me mandaria de volta para a casa dos meus pais. Parece que aceitei ao seu pedido-ordem, mas não lembro direito o desfecho.

A referência a Napoleão Bonaparte II é instigante, pois aos 4 anos foi reconhecido como imperador e faleceu aos 21  . Era uma figura de saúde frágil e que não vingou. O oposto do pai Viril que se fez Imperador. Já Dom Pedro, não sabemos qual dos dois (I ou II), são representações diferentes, O primeiro o imperador autoritário e o segundo mais afeito ao conhecimento e à ciência.

De qualquer forma é a força do masculino Imperando em você e determinando suas escolhas como mulher. No caso, a postura submissão à figura do Macho Imperador, não sabemos se em função do poder masculino, da riqueza ou em função da força de seus sonhos de menina princesa. Sinaliza também um grau pessoal elevado de exigência na escolha do parceiro, que compensa sua baixa estima, ou seu senso, postura ou fantasia de realeza. Como se estivesse em posição muito acima da pessoa comum.

Volto a pensar: não sei se para compensar a baixa estima, a elevada severidade na exigência e perfeccionismo que lhe afasta do homem comum, ou se esse homem poderoso é aquele que atende suas necessidades de poder e riqueza, de ambição, posses, ou da necessidade de se diferenciar dos mortais comuns e de realizar um destino magnífico, esplêndido na sua ilusão, nas escolhas daquilo que aparenta importância.

Se o ego está inflacionado ocorre identificação, neste caso as imagens satisfazem a sua demanda por vivências diferenciadas e especiais, pelo grau elevado, pelo status, elite imperial e compensa a necessidade de ser agraciado com tesouros, se associar ao grandioso. Compensa a estima pessoal, no caso, a inferioridade.

É bom prestar atenção à fantasia idealizada do homem que buscas para realizar seus sonhos, já que se isto ocorre você se distancia da realidade, da possibilidade de realizar o sonho de mulher de encontrar um parceiro, acontecimento que mesmo comum a tornaria realizada e grandiosa como mulher, e não pela associação com o poderoso. E naturalmente isso a distancia de realizar o sentido natural da maternidade. Sem parceiro e sem a maternidade você abre mão de duas obras em nome da espera do príncipe encantado.

A GRANDIOSIDADE DA FANTASIA

AUMENTA A DOR DA QUEDA

NA REALIDADE OU

NO ABISMO DA ILUSÃO.

Se considerarmos a presença de complexos autônomos que jogam para baixo sua autoestima, a grandiosidade do sonho é a mostra de uma força que a subjuga e que cresce quando ocorrem dinâmicas que podem dissolver esses núcleos autônomos de energia.

Por outro lado a grandiosidade pode se mostrar na aparência mas residir no conteúdo: o desejo de realizar a maternidade simplesmente como mulher. A riqueza de procriar, a joia preciosa de gestar um ser. Neste aspecto, sua fantasia lhe lança na grandiosidade do império, aprisiona o seu foco no objetivo equivocado, quando a riqueza não se faz tão distanciada, mas na sua capacidade de realizar a maternidade, que deveria ser o verdadeiro foco.


POR OUTRO LADO,
não podemos esquecer que mulher de Imperador é Imperatriz e essa é uma carta do Tarô que, no mínimo, por curiosidade, deve-se considerar como conteúdo arquetípico. Na Sequência posto o conteúdo de A IMPERATRIZ para que possa servir de reflerencia e reflexão. Existe, conteúdos mais completos que fica para seu interesse de investigação.  Deveria tambem ler sobre a carta O IMPERADOR


A IMPERATRIZ

Tarô de Marselha
DESCRIÇÃO. Uma mulher coroada, de semblante afável, segura na mão esquerda um cetro encimado por um globo e uma cruz. Na outra mão, apresenta um brasão no qual está cinzelada uma águia.

SIMBOLISMO. O TRÊS, número da comunicação, domina a dualidade. Leva a uma nova integração e a uma abertura mais ampla.

A influência de VÉNUS, planeta da sorte e do amor, traz charme, doçura e simpatia. O movimento, a habilidade e a inteligência são marcados pela influência de MERCÚRIO. Esta mulher jovem e inteligente é o símbolo da sabedoria que cria. Sobre a cabeça, a coroa confirma seu poder mental e sua dignidade. Poderoso símbolo de poder e de comando, segura na mão esquerda o cetro destinado a fazer reinar a ordem. A IMPERATRIZ está plenamente consciente da extensão de suas possibilidades: detém o "Poder", mas não ultrapassa seus limites. Esse cetro, aliás, termina numa cruz, imagem da espiritualidade. A inteligência é expressa pelo brasão, que traz uma proteção benéfica. Qual um pentáculo, ele é a representação da Tradição. Pássaro soberano, celeste e solar ao mesmo tempo, a águia alia o poder e a força. A lenda afirma que é o único pássaro que pode olhar o sol de frente sem piscar. A IMPERATRIZ está sentada numa cadeira cujos espaldares altos lembram asas, em sinal de elevação e de voo para o Infinito. A PAPISA se esconde no seu mistério. A soberana IMPERATRIZ traz, ao contrário, a luz, o poderio contra as hesitações. Ela dissipa com inteligência as trevas da dúvida.

PERSONALIDADE. A lucidez e o discernimento permitem a ação e a criação.

A IMPERATRIZ anuncia a elevação, a inteligência, a eficácia, a intuição e a fertilidade.

SENTIMENTOS. Ela é o indício de felicidade e alegria. Os encontros e contatos são harmoniosos e agradáveis. Uma excelente abertura de comunicação permite uma evolução sentimental feliz. Em amor como em amizade, essa soberana anuncia sinceridade, aproximação e irradiação. As esperas são cheias de promessas benéficas.

PROFISSIONAL. São previstos sucesso e progresso profissional. Os conhecimentos intelectuais, a vivacidade de espírito favorecem as atividades de "comunicação". A concretização dos projetos é factível, porque as negociações transcorrem com facilidade, e os negócios são concluídos rapidamente.

MATERIAL. Se bem que o domínio financeiro seja mais protegido, há um estímulo a gastos dos quais convém desconfiar. Essas leviandades estão frequentemente ligadas ao desejo de agradar e dar prazer às pessoas de suas relações.

SAÚDE. Convém não abusar de suas forças: a estafa e a fadiga nervosa podem ser pressentidas.

ESPIRITUAL. A intuição leva à consciência e permite uma abertura sobre a energia cósmica.

DIVERSOS. Esta lâmina mediadora anuncia as novidades e as mudanças.

SÍNTESE. A IMPERATRIZ traz soluções eficazes a problemas de toda ordem. Suas ideias ricas e fecundas ajudam o crescimento e o êxito procurados.
                            
 do livro:  ABC do Tarô - Collette H. Silvestre 1987 Circulo do Livro

FRAGMENTOS


CH 73 Fragmentos


Os sonhos seguintes me pareceram confusos. Lembro de cinco partes cuja ordem não sei se está correta:

Na primeira, eu estava andando no meio de um local florido, parecia uma praça, quando houve um tiroteio entre bandidos e policiais. Eu saí apressada tentando me esconder.

Nível elevado de tensão, conflitos, ansiedade, angustia, conturbação, tormento. Momento de proximidade ao perigo. Parece que em momentos de tensão elevada você sonha com bandidos e tiroteios. Angústias? Cenário de realidade ameaçadora? A praça simboliza a configuração mandálica ordenada... Flores indicam polarização para equilibrar a tensão representada pelo conflito entre a transgressão e a repressão pelos mecanismos referenciais de sociabilidade, defesa, princípios morais e éticos. Tendências de transgressão e repressão de desejos, e a psique equilibrando o conflito.

Na segunda, eu estava junto de uma turma que ia viajar e fui chamada para assinar um papel. Parece que a viagem um tanto surpresa tinha sido paga junto com o boleto de pagamento da faculdade. Perguntei para quando ia ser a mesma e a moça informou-me que seria na próxima semana. Era uma viagem internacional e além de ansiosa eu fiquei bastante feliz.

Viajar, neste caso compensa a tensão elevada, novamente aparece a ansiedade como indicativo dos limites corporais e a necessidade de fuga do cenário de tensão para compensar a tensão. Há polarização.

Na terceira, eu andava por uma espécie de bosque com um senhor (era o ator Stênio Garcia com seus 78 anos) e uma jovem, quando eu disse que tinha direito a ter uma segunda chance. A mulher não era muito de acordo, mas o senhor sim. Depois eu já estava com os dois dentro de um shopping. A mulher circulava entre as prateleiras olhando uma galeria enorme de roupas de frio e bolsas, e eu a seguia admirada com a quantidade e variedade de tudo, embora desinteressada de fazer compras. Ele andava tendo a cabeça deitada em meu ombro e, pela idade, eu o sentia como se ele fosse meu pai, mesmo que a aparência fosse diferente. Houve um momento que ele cheirou meu pescoço e eu perguntei se ele gostava do meu perfume. Ele disse que sim e continuamos andando. Num momento seguinte ele já não era um senhor idoso, mas sim um homem, e meu marido. A mulher tinha se transformado numa criança que ao cair chorou e foi acudida pelo pai, ou seja, meu marido.

Reaparece seu foco voltado para conflitos que envolvem seus direitos individuais e seu papel de vítima, seja por manipulação ou senso de justiça. Conflito, tensão, disputa, competição, defesa. As compras podem aparecer em variantes:

Compulsão de comprar para compensar a ansiedade; diminuir a tensão; preencher o vazio decorrência da angústia gerada pelo conflito que produz a tensão; conquistar e incorporar objetos que compensem a solidão, etc.

A transformação do ator em pai compensa a necessidade de proteção nos momentos de perigo. Isto pode indicar sua facilidade de se relacionar com homens mais velhos, já que satisfazem sua demanda por segurança, ou por referencias de proteção. Neste caso você busca um pai não um homem, daí a confusão de um pai marido para viver a sua vivência edípica. Tem-se que considerar o papel de ator representado pela figura masculina, Um Camaleão que assume formas diversas, característica do oportunismo de representar aquilo que lhe interessa, de pensar aquilo que lhe interessa.
A ação do pai socorrendo a criança pode ser projeção de sua necessidade de ser acudida.

Na quarta, estava eu com minha irmã e uma criança de três anos idêntica a mim em tal idade. Nisso passou um pensamento repentino pela minha cabeça e eu disse para minha irmã que eu não podia ser filha de uma criança de três anos. A menina se aborreceu e vendo-a prestes a chorar, peguei-a no colo, falando que eu estava apenas brincando ao dizer aquilo, acalmei-a e levei-a para dormir. Em seguida voltei para continuar o assunto com minha irmã. Estava intrigada pensando em como descobrir quem seriam os meus pais. Entretanto, eu não tinha ponto de partida. Minha irmã disse que era para eu fazer o exame e verificar se a mãe dela não seria a minha mãe. No sonho era como se minha irmã e mãe fossem apenas duas conhecidas. Daí ela completou a fala dizendo que o difícil seria descobrir o pai, já que sua mãe tivera muitos homens durante o decorrer da vida.

Veja que existe confusão conceitual e, possivelmente, de identidade. Conturbação mental.

A NEUROSE SE JUSTIFICA,

Para manobrar e manipular o meio, a si mesma ou às pessoas. O neurótico cai na armadilha de justificar as ações que lhe interessam, de realizar o que lhe é oportuno e que satisfaça seus desejos e não percebe que engana apenas a si mesmo, perdendo referências conceituais, se perdendo em códigos básicos, e referências sociais, familiares, de relações afetivas. A armadilha de se lançar em confusão se acreditando mais.

Internamente você ganha consciência, põe luz na escuridão, mas tudo isso é apenas o principio de uma caminhada.

Na quinta eu estava com uma jovem que tirou seu bebê no carrinho para amamentar. Ele ainda dormia, mas aceitou o alimento. Depois ela o colocou em pé para arrotar e, estranhando que ela não o segurasse, fiquei apoiando-me atrás para ele não cair.

Culpa e necessidade de se proteger da vida, insegurança, falta de confiança, domínio e controle excessivo. As recorrências de relações maternais se fazem permanentes, e me faltam, informações para associações seguras sobre a dinâmica de inconsciente no presente momento. O que a leva a uma reflexão sobre seus conceitos nas relações afetivas, familiares, como filha, como mãe simbólica, ou como futura Mãe. Reflita sobre esses conteúdos em tua vida. Como já lhe disse, há limites nesta leitura.

Que sonhos bizarros! Qual o sentido deles?

Arrisquei-me a apontar significâncias nestes fragmentos, mas são simples observações já que em dinâmica de reorganização do inconsciente até a leitura deve ser paciente e cautelosa à espera de melhores momentos. Sonhos como os fragmentos acima precisam ser olhados com paciência, cuidado, delicadeza e atenção.

Para mim eles apontam para um momento específico de reconfiguração psíquica. Ou seja de ordenação psíquica, ou de transição e passagem de um estado para um novo momento psíquico.

Necessariamente não posso considerar bizarros sonhos, ainda que os sejam indecifráveis ou se mostrem impenetráveis e sem sentido. Prefiro pensar na minha incapacidade ou incompetência em compreendê-los.

Por exemplo: seus sonhos anteriores foram, para mim, absolutamente lúcidos e claros. Se no momento seguinte não o são, é preciso compreender que eles são resultantes da dinâmica de sua vida, de suas escolhas, de sua realidade, aquela que te cerca e que te envolve emocionalmente, afetivamente como filha, como família, socialmente, nas escolhas de trabalho, de convívio social, nos sonhos que quer realizar, nas expectativas pessoais.

A Vida é Insólita e possivelmente sejamos, todos nós, bizarros, mas sonhos são apenas um movimento da alma em busca de luz e de consciência, quando envolta na bruma nebulosa da noite de nossas vidas.



sábado, 22 de maio de 2010

LA PIETÁ E NARCISO

     The Villeneuve - lès Avignon Pietá
1455 - Louvre
CH 70


   LA PIETÁ DE MADONA
Essa noite sonhei que entrei com minha mãe em um centro espírita. Ele era bem pequeno e tinha uma mulher que era vidente (não sei como eu percebi isso). Havia bancos dos dois lados e no meio apenas o espaço de passar. Como haviam muitos idosos eu fui obrigada a sentar num banco quebrado para ceder os lugares bons. Em pé eu não queria ficar, pois imaginava que o atendimento fosse demorar. Minha mãe que estava sentada do outro lado não quis ficar longe de mim e veio para o meu lado. Nisso um senhor falou que transitar ali dentro pegava muita energia ruim e minha mãe tratou de sentar-se logo num outro banco meio quebrado que estava ao meu lado. Logo em seguida ela começou a tremer e depois desmaiou ficando com a cabeça caída em meu colo. Algumas outras pessoas também pareceram não muito bem, embora eu soubesse que tudo estava dentro do controle (sentia uma certa confiança com o ambiente religioso e o trabalho ali desempenhado, mesmo que estivesse nele pela primeira vez). Fiquei com receio de sentir-me mal também, mas isso não aconteceu. Não me assustei com a situação de minha mãe como se aquilo fosse natural ou estivesse acostumada a tal. Fiquei rezando para manter as boas vibrações enquanto aguardava a momento do atendimento. Houvéramos tido informações de que tal lugar era muito bom e sabia que íamos sair renovadas de lá. Não lembro o resto.

Alguns detalhes que considero significativos chamam-me a atenção, mas antes uma observação que se faz necessário:

Mudanças de comportamento acontecem em dois momentos específicos:

1. Na hora do evento existe um “momentum”, que ocorre num “Flash”, em que o sujeito implementa, aplica, coloca em prática a partir de escolha pessoal, uma nova atitude, um novo comportamento. Este momento é paradigmático e pessoal, pois o individuo deixa de repetir o passado e renasce em novas atitudes diante do mundo;

2. A Dinâmica da psiquê em processo e a partir de novas configurações gestálticas, formadas a partir de inumeráveis eventos, conduz o individuo a apresentar novas respostas diante dos acontecimentos que a realidade externa exige ou demanda. Este determinismo psíquico conduz o individuo no seu processo de maturação é também é resultante dos “imputs” que o sujeito implementa a partir dos acontecimentos e de suas respostas diante do mundo.



Quando olho para um sonho não posso apenas pensar em mensagens do inconsciente para o sujeito. Elas são significativas, mas apenas uma variável tão importante quanto outras que se mostram, entre elas o retrato da dinâmica por que passa e que serve para um mecanismo de auto regulação e determinador de novos imputs de mudanças.

Vejamos no sonho acima esse acontecimento: A psiquê a confronta produzindo um cenário em que a sua resposta e de generosidade, afetiva e de renúncia ao conforto pessoal. Para que isto ocorra você abre mão de sua postura egocentrada, de defesa dos interesses pessoais, do conforto pessoal, em prol do interesse coletivo, do respeito aos menos favorecidos, de doação aos que mais são exigidos.

Isto significa deixar de olhar para o redor do seu umbigo, olhar para fora e ver o mundo e a necessidade dos que precisam mais do que você. Abrir mão em função do outro mais necessitado.

Este foi o foco determinante para o homem sair do primitivismo a se tornar ser gregário e assim formar a base da sociedade humana, da civilização humana. Uns protegendo os outros para sobreviver às vicissitudes dos perigos da vida. Este é o nascimento da solidariedade.

E solidariedade só existe se existe afetividade, generosidade, renúncia aos interesses e conforto pessoal.

E olha que fantástico, ao fazer a sua escolha, você cresce, amadurece, como entidade, como indivíduo, como pessoa, como mulher. E como que isto aparece?

A imagem da filha que acolhe no colo a mãe desfalecida.

A imagem é arquetípica. Quando a Madona repousa no seu colo o seu filho, filho do Espírito Santo, o filho divino e sofre calada o sacrifício do filho, ela vive a dramática negação do instinto de preservação da espécie.

Natural é que filhos enterrem seus pais, Tragédia são os pais enterrando seus filhos, matando a esperança de continuidade da gênese na família, é o anti natural, o fluxo inverso. Por isso a tragédia da Mãe Divina comove a todos, por todos temem essa dor, dar a vida, alimentar, educar, amar e... perder.

No seu sonho o fluxo natural é reencontrada. A filha repousa a mãe desfalecida no seu colo enquanto aguarda a hora sagrada de receber a graça Divina, a cura.

Não há desespero, a calma prevalece, não há desequilíbrio a aceitação se faz presente. A Atitude madura de quem confia e espera o tempo, enquanto ora e clama em silêncio a graça divina.

Poderia pensar que o sonho é compensatório, que seu egoísmo lhe afasta desta realidade, mas não posso ser determinista, já que a dinâmica não é compensatória mas indicativo de que existe um processo de transformação ocorrendo e que a imagem surge para indicar que você pode estar reencontrando o rio da vida que corre para o mar.

Um dos detalhes que me faz pensar nesta possibilidade é a atitude diferenciada, não reativa. E mesmo que você assuma o papel de filha-mãe cuidando da mãe-filha, não posso dizer que é a filha que se faz mãe, mas a filha que cuida da mãe como cuidaria dos filhos, como foi cuidada.

Quando somos dependentes somos filhos sendo cuidados, mas a importância de nos libertarmos da dependência e conquistar a liberdade e a conquista do direito de poder cuidar de quem nos acolheu, amou, cuidou, protegeu. Pra que crescer? Para sermos respeitados como nossos pais, para que possamos lhes devolver o conforto, a segurança e a proteção e que possam suportar, no caminho natural da vida, o processo de envelhecimento, enfraquecimento e fragilidade e se transformem em filhos que necessitam cuidados, amados como o fomos por eles no passado.

A imagem da mãe desfalecida no seu colo é essa graça de poder cuidar da mãe sem ser revoltada com seus desígnios de vida. Eu sinto que as mudanças afetivas se fazem presentes no seu processo, se não o fazem o sonho não é retrato dessa dinâmica, mas apenas compensação e alerta para que retome o fluxo natural de sua vida e passe a dar importância ao que tem importância.

LA PIETÁ E NARCISO parte II



CH70 
     O AFETO NARCISICO


Depois eu estava na casa da família de um rapaz que parecia meu 'namorado' quase de verdade. Abraçada acompanhei uma amiga (não sei quem é, nem dentro e nem fora do sonho) até a porta, pois ela ia embora. Interessante a intimidade e apreço que pareço ter com determinadas pessoas dentro dos sonhos, algo além do que já experimentei fora deles. Depois disso comecei a procurar meu tênis (ou chinelo, não lembro), pois ia sair com esse namorado. Procurei o sapato em todos os cômodos até que ele me ajudou a encontrar. No que eu calçava, um outro sujeito apareceu e, escondidos atrás do portão de entrada, ele e meu suposto namorado começaram a se beijar. Embora sentisse leve ciúme, ele sempre deixara claro para mim que gostava de homem também e eu estaria do lado dele para ajudá-lo e não para atrapalhar. Entretanto, a irmã dele mais nova viu a cena e criou confusão dizendo que ia contar tudo para os pais. Eu sabia que, enquanto sua namorada, era uma prova chave de sua 'masculinidade' e não queria ver meu namoro acabar, muito menos desejava que ele se aborrecesse pela incompreensão e o preconceito dos pais. Eu me sentia bem com aquele namoro conveniente para ambos, pois era bom para meu ego tê-lo como um namorado, mesmo que ele não fosse exclusividade minha. Eu queria amenizar a situação, mas não sabia até que ponto podia intervir. Também pensei que talvez o pior o fizesse se decidir de uma vez por todas entre eu e o outro. Pena que não lembro o resto. Parece que o contexto de tais sonhos não são muito diferentes: relação materna,recinto religioso, envolvimento falso baseado em aparência e mentira, valorização do ego, etc. Nunca sei quais sonhos realmente podem indicar algo importante de ser analisado e daí estou anotando todos que lembro. Parece que meus sonhos ficam me testando em todos os sentidos...

Analisar os próprio sonhos é tarefa Hercúlea, não é questão de sabedoria, informação ou inteligência. É se olhar no espelho como alma, e necessitamos primeiro aprender a ter olhos. Não se exija isso agora. Nesse oceano de águas desconhecidas, distingui-lo é importante para chegar ao porto em segurança, mas a tarefa é pedreira. Por isso, enquanto eu  ainda apareço por aqui aproveite a oportunidade para ter companhia nesta busca, e quando eu já não mais acessar esse espaço, não deixe de seguir na sua caminhada. Acompanhado de um guia os caminhos se mostram menos obscuros, batemos menos a cabeça, apanhamos menos para aprender.

Os sonhos possuem esses mecanismos de confronto, é a forma que a psiquê encontra para que reavaliemos nossos conceitos, nossos preconceitos, resistências, tendências, desejos, fantasias, dificuldades.

Calçar seus pés, protegendo-os ou escondendo seu simbolismo fálico, pode ser evidência de que à medida que esconde seus desejos eles reaparecem em forma de homossexualidade. Você feminiliza seu masculino ou masculiniza seu feminino. Em sonhos anteriores essa erotização homossexual já apareceu em jogos sexuais femininos, desejos ou fantasias e agora aparece em conteúdos masculinos.

Em sonho anterior você afirmou sua heterossexualidade, mas há preconceito? Dificuldade em lidar com as diferenças de desejos? Culpa por ter vivido algum momento de sexo homossexual? Há conflito? Resistência? Defesa? Dificuldade com o tema? Há desejos secretos de envolvimento com iguais? Há ocorrências de medos? Ou seria o sonho apenas uma manifestação do narcisismo regredido?

Abordarei um pouco  da natureza narcisica do sonho. A associação que me vem é da imagem de Narciso encantado com sua imagem ( post Narcisismo no Blog Jornada da Alma) se apaixonando por si mesmo, por um igual.

Esses dois sonhos sequenciais eles são a imagem de nosso duplo “EU”, um constituído de uma natureza coletiva, originada no coletivo de dois seres e o outro singularizado no nascimento da individualidade, da pessoalidade, Possivielmente o narcisismo como conteúdo arquetípico seja, no desenvolvimento do individuo, a primeira ocorrência primária de formação do Simbólico . Uma ocorrência que nasce a partir do estabelecimento dos princípios básicos, concretos, e de garantia de satisfação dos instintos e da sobrevivência.

Ou seja, a partir do momento em que o individuo tem garantido o seu conforto de desenvolvimento (na barriga da mãe), ele repousa em águas tranquilas e se desenvolve seguro e protegido. Neste momento assegurado o equilíbrio, o corpo formado e em crescimento, deve-se primariamente aflorar a dimensão narcísica. O Rei, assistido, repousa, se alimenta e vive o prazer do princípio simbiótico.

A partir do parto, a mudança de meio tira o individuo do “paraíso” e o lança numa condição de instabilidade, neste momento a oralidade sacia a fome da sobrevivência, o calor do corpo materna diminui o desconforto do novo meio, e inicia-se a integração de nova sensações e percepções (aromas, afloramento de sensibilidades táteis e proprioceptivas, sensações de prazer e desprazer, conforto e desconforto, ampliação do universo sonoro e visual, etc.), e a instabilidade originada nas mudanças produz a regressão da natureza narcísica, já que o estado pessoal é lançado em ambiente até certo ponto “inóspito”.

As fases de desenvolvimento que se seguem irão consolidar essas duas naturezas: a narcísica e a coletiva, a individual e a social. E poderemos ficar aprisionados no narcisismo ou amadurecer pela consciência de que não somos únicos mas parte de um corpo muito mais amplo. O paradoxo é que quanto mais avançamos na consciência melhor nos situamos no coletivo e mais conseguimos restaurar a integração pessoal na construção de uma individualidade plena.

Neste aspecto o sujeito narcísico é apenas um retrato pífio deste momento que marca o nascimento da natureza singular da individualidade, e as manifestações que sobrevivem como uma resistência a essa mudança de “Estado” se farão visíveis por toda uma vida, como para confrontar o individuo na importância de aceitar a impermanência da vida, a maturação do individuo na participação do universo coletivo.

Mas narcísicos resistem nesta suposta “pessoalidade” se escondendo na formação e construção de um EGÃO, nas vaidades, no egocentrismo, etc, Como disse o paradoxo é que quando renunciamos a esse narcisismo, fonte e origem da construção do individuo e que encontramos a pessoalidade liberta dos caprichos. E quando o sujeito resiste neste comportamento centrado mais a psiquê precisa encontrar desvios para compensar o estado regressivo que impede a transformação e evolução do SER, produzindo desajustes emocionais e comportamentais no sujeito.

Como já mencionei, os sonhos sequenciais sinalizam essas duas natureza: A natureza coletiva que anseia se realizar e a pessoal regredida que quer evoluir. A Maternidade que se realiza em nós através do afeto, da generosidade, da compaixão e o narcisismo simbólico do ego centrado que quer o mundo girando ao redor do seu umbigo, como se Deus Criador o fosse.