segunda-feira, 29 de novembro de 2010

NAVEGAR NO MAR DA VIDA


   
Lembro apenas de dois dos sonhos que tive essa noite. No primeiro eu segurava algo nas mãos, acho que era uma foto ou algo parecido, e nisso me transportei mentalmente para o ambiente da mesma. Sei que existe um nome para esse tipo de fenômeno, mas não recordo agora. Acho que eu estava ajudando a investigar sobre alguém ou recorrente a algum fato acontecido. Fui parar dentro de um quarto de um navio. O quarto era muito pequeno, a cama mais parecia um berço e a janelinha era minúscula. Pensei comigo como a pessoa teria conseguido ficar ali dentro. Não sabia ao certo se ela estivera ali fazendo uma viagem conforme era de se imaginar, pois aquele navio não oferecia nenhum conforto com cabines tão apertadas. Arredei a cortina que tampava a janela e então vi que o navio se afastava do cais. Nesse momento pude trazer para mim ou ligar-me as sensações e sentimentos que a suposta pessoa ali sentira. Eu me sentia eufórica como se fosse fazer a primeira viagem dos sonhos. Lá fora um homem acenava para o navio e parecia dizer varias coisas. Tive a sensação de que ele estava acenando tanto para o comandante do navio quanto para mim, mas estaria ele me vendo ali naquela pequeníssima janela? Fiquei confusa e tentei identificar o que ele falava, mas não consegui. Por fim deduzi que ele deveria estar apenas se despedindo, pois mandou-me beijos. Eu sabia, não sei como, que era comigo aqueles gestos, ou melhor, com a pessoa que ali estivera outrora. Assim devolvi-lhe o beijo como se estivesse repetindo exatamente o que a pessoa investigada fizera. Conforme o navio foi se afastando do cais e as águas foram se movimentando atrás daquela janelinha, o local foi se transformando e logo em seguida o navio ganhou rodas e a água se tornou em ruas sólidas. Foi muito estranho e não recordo o que sucedeu depois.

REPRESENTAÇÃO, CONTEÚDOS E SIMBOLOGIA.

O sonho me dá uma oportunidade singular de esclarecer conceitos como representação, conteúdo e símbolo, de forma simples, objetiva, veja porque:

Foto é registro de imagem do passado. Mas não apenas da imagem, porque ela não se esgota na representação de um tempo, de um espaço ou de um cenário registrado.

Quando vista pela primeira vez uma imagem permite a sua caracterização e o registro associado aos conteúdos que desperta. Essa caracterização poderá, dependendo do tipo de resposta do individuo se fazer fechada ou aberta. Quando fechada o registro se torna inviolável e não atualizado. Quando aberto, o sujeito se permite a possibilidade de ampliar os seus significados ou até preservar o primeiro registro e criar imagens associadas, advindas da imagem original, registradas com outros sentidos, significados, decorrentes de novas emoções, sentimentos e sensações.

Como escrevi acima, a imagem do sonho não é apenas uma imagem, uma representação, uma cópia de um cenário, imaginário ou real. Essa imagem é simbólica, pois contem conteúdos, indica conteúdos, sejam eles, emoções, sentimentos, sensações, registro de memória arquetípica, impressões, interação.

O SONHO

Independe a denominação do fenômeno que a transporta para dentro da imagem, já que denominação varia com a abordagem, mas a imagem te captura e esse é um evento significativo.

O que pode indicar suscetibilidade imaginária, tendência de se deixar-se prender a fantasias já num nível diferenciado da suscetibilidade do “encantamento” frente a um objeto.

Quando ocorria o encantamento por um acontecimento, paisagem, objeto, ou pessoa, a relação direta a envolvia de forma indiferenciada, sua resposta ocorria em decorrência de uma fantasia pré-existente, de uma predisposição em decorrência de fantasia, produzindo um universo de sentimento e sensações que atendia às suas expectativas de uma realidade mais interessante ou excitante.

No sonho acima, diferentemente, a sua captura pela imagem ainda pode decorrer de padrões estéticos ou de anseios juvenis, mas independem de um encantamento, mesmo que possa indicar forte tendência ainda existência de se deixar levar por pensamentos, imagens, fantasias, ou seja, de se deixar levar pelo imaginário.

voce diz: “acho que era uma foto ou algo parecido, e nisso me transportei mentalmente para o ambiente da mesma.” Me transportei. Você conduz. A nisso uma condição sutil de aumento do poder pessoal de focar e intervir na realidade onírica. Essa é, aliás, uma das possibilidades que temos de alterar a realidade de um sonho transformando-os em sonhos lúcidos, com consciência pessoal capaz de realizar alterações em sua dinâmica e resultante do aumento do poder pessoal de consciência.

Na dimensão simbólica, você se transporta para a sua Nau. Você está sobre as águas, navegando no oceano primordial, não nada, ou flutua, mas navega em um navio.

Seu espaço ainda é “apertado”, e o navio não lhe oferece muito conforto. Você ainda está contida, limitada, mas... Navega dentro do seu quartinho. Seria o quarto o seu navio que lhe permite navegar pelo mundo?

Bem... Já você avança, afastou os véus e cortinas que escondiam seu olhar, já consegue ver ao seu redor, olhar e perceber o seu em torno. Até consegue se separar, afastar, se distanciar da margem de segurança do seu universo afetivo.

A libertação provoca uma excitação, a sensação de euforia. É a conquista pessoal da viagem pessoal, o amadurecimento.

A escotilha pequeníssima pode indicar, ainda, a pequena consciência conquistada, o reduzido grau de percepção ou a atitude diante do mundo, no sentido do retraimento, do recuo, do distanciamento.

O sonho reforça visão dada anteriormente sobre o momento de mudança de margem. E viagem é sinal de mudanças. Neste sonho o tema central é a saída, a partida o movimento de separação, o distanciamento da margem. Você navega para outra margem ou lugar, para a viagem de seus sonhos. Você viaja a viagem de sua vida, no seu movimento, na sua dinâmica, no seu processo de amadurecimento, de libertação e de encontro ao seu destino.


Para navegar nas ondas da vida basta nascer.
Para navegar em sintonia com nossos anseios
Precisamos crescer,
 Aprender a renunciar quando necessário
 e nos libertar de  "Portos Seguros"
 Para descobrir novos desafios, lugares, pessoas.


Enquanto vivos,

Somos como flexas lançadas,

Viajando, num espaço desconhecido e misterioso.

 Se não nos lançamos neste mar da vida

 Ficamos aprisionados na margem dos esquecidos.




sábado, 27 de novembro de 2010

AO ACORDAR






Depois de acordar nesta manhã fria e chuvosa nas montanhas de Minas, uma suave neblina que me permite, de um lado da casa, uma visão de pouco mais do que uns cinco Km de montanhas, e do outro lado o aeroporto internacional em névoas, quando em dias normais minha visão se estende a quase cem kilômetros. Ligo o Ipod e escuto um saxofonista japonês, Terumasa Hino, tocando a música “Suavemente” do seu álbum "Spark".

Ao fim da execução e lembrando-me de Miles Davis, escuto “Round Midnight” no álbum Jazz Legends. Pulo para ouvir Jan Garbarek no álbum "Mágico" tocando “Silence” junto com Egberto Gismont ao piano. Bem... Aí fiquei quieto, ouvindo o álbum até o final com a maravilhosa “Palhaço”.

É bom iniciar o dia ouvindo músicos geniais, cheios de "Graça", depois de uma noite de sonhos instigantes.

A vida é estranha e magnífica e paradoxal. Quanto mais vou vivendo mais vou encontrando a paz escapando das armadilhas que sugam para o inferno dos tormentos.

Se para Sartre o inferno são os outros, eu penso que o Inferno não é um ou outro, mas são muitos outros infernos. E eles não estão lá, eles são criados na vida pessoal.

E uma grande tarefa em uma vida é ser inteligente o bastante para escapar dessas armadilhas para encontrar a harmonia, Não porque a harmonia seja melhor, mas porque ela permite que saboreemos com um pouco de sofisticação, satisfação e prazer, o gosto da vida, mesmo que a manhã seja de acordar dentro de nuvens ouvindo sax para elevar o moral do espírito.

Este sábado promete. Resta a minha parte para acrescentá-lo, preparar um peixe ao forno, uma truta ao molho de alcaparras, ou uma truta salmonada chilena,  e saboreá-lo acompanhando de um bom Champagne (é a única bebida que me permito).

Posso ser brasileiro e pobre, palhaço é que não sou,

E muito menos tolo.

Mas como diria o poeta Carlos Drumond:

Êta vida besta, meu Deus!



    


ACRÉSCIMO E PONTO.

Muitos podem acreditar que Alma é coisa que não existe. Na vida podemos acreditar até no que quisermos. Mas existem coisas nesta vida que não é questão de acreditar ou não acreditar, mas sim questão de "SENTIR". E para sentir precisamos refinar a sensibilidade, e para elevar a sensibilidade precisamos refinar, aprimorar e ampliar as funções do sistema neurológico, nosso fenomenal instrumento  de captação da realidade.

A alma existe, é real e tem tom, rítmo, frequência, uma vibração única. Em geral ela vibra em sintonia com a vibração natural do planeta terra. Ainda que sendo passionais, românticos, rebeldes, ou extravagantes quisessemos a alma em rítmo de tango, valsa, pop, rock ou moderninha no Funk, nenhum desses riímos toca a alma, mesmo que possam provocà-la.  

A alma tem uma vibração muito próxima do mantra "OM" e o SAX é o instrumento que mais se aproxima do SOUL.

Aproveito para indicar mais um álbum do extraordinário Jan Garbareck: "Officium". Para momentos em que a tranquilidade reina na alma escapando da euforia excitante desta pós-modernidade sem prumo.


 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O OLHAR

  

Continuação...

Achei estranho o sonho conter esse foco:

seria alguma mudança acontecendo dentro de mim?

Demostra algo mais do que a vontade de realizar isso na vida real?

É como se eu quisesse enxergar o outro e, ao mesmo tempo, pudesse me ver refletida nesse outro.

É como se eu, pelo olhar, exigisse o direito de ser eu mesma, única, com minhas características pessoais e, ao mesmo tempo, demonstrasse, pelo olhar, aceitação e respeito ao direito do outro de ser quem ele é, também único tanto quanto eu.

A sensação contida no sonho pareceu-me enigmática, pois embora houvesse um certo constrangimento (era como se eu estivesse olhando nos olhos dos outros pela primeira vez), também havia naturalidade, como se fosse uma brincadeira, uma postura de auto-aceitação, de auto-respeito, bem como de aceitação e respeito ao outro.

Era como se eu quisesse entrar dentro do outro usando o olho como porta. Era como se eu estivesse adentrando num mundo mágico e positivamente ou permitidamente vicioso.



Não há o que estranhar. Nada há de estranho. Como lhe disse no post anterior, definitivamente são mudanças se processando na configuração PSY, na forma como você responde ao mundo. E são mudanças resultantes de um processo iniciado por você anteriormente.

Em post anterior anunciei a possibilidade que temos de nos reconfigurar diante de nós mesmos e diante da vida.

A psiquê anuncia a necessidade dessa mudança, nos alerta através de pensamentos, sentimentos, emoções, flash, insights ou sonhos. Quando levamos em consideração esses sinais, iniciamos um processo que pode induzir essa transformação.

A transformação acontece a partir de algumas possíveis intervenções:

  • Mudanças de conceitos – O sujeito se reprograma conceitualmente realizando um processo de readaptação, se reposicionando no cenário em que está inserido através da resignificação de princípios, valores, etc.;
  • Mudanças de atitudes – O sujeito usando a consciência reprograma e altera seus padrões de escolha produzindo novas respostas diante das exigências da realidade;
  • Mudança do Tempo Psy – O sujeito altera o seu Tempo de processamento e de resposta frente aos acontecimentos e consequentemente impõe-se avaliação mais criteriosa de realidades e respostas mais estratégicas que favoreçam mais sucesso nos objetivos e propósitos.

Essas e outras possibilidades nascem a partir do individuo que mobiliza o seu poder de se transformar através da interferência de sua Vontade.

Estes Imputs de mudanças são incorporados e podem inclusive realizar alterações de configurações arquetípicas, naqueles arquétipos flexíveis que suportam alterações de programação.

Nos arquétipos coletivos essas mudanças não são possíveis porque demandam transformações de inconsciente coletivo que constituem a psiquê, envolvendo, portanto, transformações mais genéricas e de padrões da espécie.

Em noções básicas é o que acontece, portanto não são apenas mudanças. É reconfiguração que transformação a sua relação consigo mesma e com o mundo.


ADENDO:

As conquistas pessoais  permitem ao sujeito usufruir melhor qualidade na sua vida pessoal, melhor capacidade de adaptação ao meio competitivo  e aos cenários de mudanças que promovem inquietações e desconforto. E o melhor permite aos descendentes que avancem  em seus processos de aprimoramento favorecedo-lhes melhores condições de sucesso diante de realidades em que estão inseridos.





quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O OLHAR



          

Sonhei que procurava olhar nos olhos das pessoas e o fazia não só com dificuldade, mas com curiosidade, algo a mais do que o sentimento inicial que sempre me inibiu de encarar as pessoas olho no olho. No sonho esse contato pareceu mais fácil e eu brinquei com isso. Ao olhar para um jovem levantei as sobrancelhas e ele fez o mesmo como se fosse um espelho. Vi o outro sendo um reflexo não por se parecer comigo, nem por me imitar, mas por ser um ser humano como eu, alguém que, por mais que diferenciasse nas características pessoais, não deixaria de ter sido feito e criado exatamente como eu, do mesmo princípio e para o mesmo fim. Lembrei da história dos bebês que sorriem quando alguém lhe olha nos olhos, pois eles se “refletem” no outro.

O olhar é portal que nos permite passagem para contato e conexão com o exterior, o scaniamento, identificação e registro do observável. Mas também é portal para que o “outro” possa penetrar e me “VER”.

Esse Penetrar é interessante, pois várias são as formas que o mundo nos penetra para que possamos incorpora-lo; Os sons nos penetram e nos tocam com as ondas sonoras; As imagens vislumbradas, incorporamos, espelhamos, reproduzimos e registramos; Os aromas nos penetram pelas moléculas que identificamos quando as capturamos; Os sabores incorporamos depois das reações químicas que sofremos; E a sensibilidade nos favorece identificar energias, campos suaves, densos, vibracionais, etc.

O olhar é revelador. Nos leva ao longe, nos transporta e desnuda aquilo que que se revela, mas abre as possibilidades para que sejamos vasculhados pelo olhar do observador.
Para mim a consciência passa pelo olhar e pelo olhar retemos a consciência e apreendemos o mundo. Pelo olhar no situamos no presente ou o abandonamos. Pelo olhar nos protegemos de ser arrastados para o passado dissolvido ou para o não acontecido, o futuro, fantasias e ilusões.

Ou seja, o olha definindo o presente, define o Tempo, o momento, a forma de estar ao mundo e no mundo. Conecta o individuo com as realidades que o envolvem, e o lança de consciência amplificada de si mesmo e em si mesmo na ralidade que nos contem.

Para olhar é preciso primeiro estar no presente. É preciso que a autoestima esteja fortalecida para que se possa experenciar o confronto que o olhar do outro representar, a cobrança, a criticidade, o julgamento.

Para o individuo enfraquecido o olhar se abaixa, por que se submete à força da presença do outro, ao poder externo. A realidade passa a representar ameaça e a exigir mais do que o sujeito é capaz de dar. Assim o sujeito se entrega como quem não apresenta estatura ou postura para o encontro.

A realidade exigi-nos certa dose de agressividade para enfrenta-la. Precisa ser uma pulsão focalizada para transpor os limites que não estão na realidade mas em nós. O primeiro desafio é superar as próprias dificuldades.

No passado a realeza impedia o olhar do outro. Essa realeza não se submetia à criticidade dos que consideravam inferiores. Tinham muito a esconder. E escondiam pelo subjugo

Essa força do outro necessariamente não é a força que ele tem ou apresenta, mas o poder que “projetamos” nele, o nosso temor.

***

O sonho indica o fortalecimento de sua autoestima, ou a construção dessa estima que lhe faltava para sustentar a sua relação com o mundo.

A curiosidade que antes aparecia quando o encantamento lhe assombrava, acontecimentos excepcionais, agora encontra espaço na redescoberta do mundo, em acontecimentos naturais. O extraordinário abre espaço para o extraordinário do natural, da descoberta do mundo ao redor. Aquilo que o julgamento crítico definia como banal, insignificante.

É assim que a coisa funciona , o extraordinário é o que vivemos, não o que vive o outro.

E a descoberta do mundo é assim lúdica, nos permitimos experimentar, sentir, descortinar mistérios, igualdades.

O grande ego inflacionado diminui, porque não é tão grande, e o pequeno cresce, porque não é insignificante. A percepção se transforma, a forma de perceber o outro se aproxima mais de uma realidade comum, de um senso comum. Ninguém é mais do que qualquer outro.

A inferioridade, em forma de complexo, inicia seu processo de dissolução. Essa a desconstrução fundamental que precisamos realizar. Enfrentar nossas dificuldades, superar aquilo que depende de apenas de nós, romper os obstáculos que impedem a nossa expressão maior. Fechar cada etapa para que sejamos mais livres, confiantes, seguros. Antes que as dificuldades existam no mundo elas existem dentro de nós.

O sonho é isto; sua configuração mental se consolida e você começa a descobrir o seu verdadeiro tamanho, nem mais, nem menos qualquer outra pessoa, o seu tamanho diante do mundo.

E isso é BÁRBARO!

Sem conhecer o seu tamanho, você não tem tamanho.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

MICRO COSMO VISÃO






À noite sonhei que estava morando numa casa junto com minha irmã. Da janela, enquanto minha sobrinha pegava algumas coisas para brincar, eu agradecia a Deus por morar num local tão agradável. De cada janela eu tinha uma vista diferente e aquilo me dava boa sensação. De uma das janelas superiores eu podia ver o mar cujas ondas chegavam quase perto ao prédio. De outra janela eu avistava um cemitério que parecia um pouco abandonado. Do andar térreo eu enxergava o mato ao redor da construção. Interessante que estava chovendo e, ainda assim, havia fogo queimando o mato do redor. Como estava chovendo o fogo não me pareceu tão perigoso e, ademais, havia uma faixa ao redor da construção que estava capinada, de modo que o fogo se apagaria antes de chegar até a construção em si. De outra janela eu podia ver um clube e muitas pessoas se divertiam numa enorme piscina. Só tenho lembrança disso e pareceu um sonho diferente pelo fato de achar interessante estar morando junto com minha irmã, algo que para mim foi incogitável durante toda a vida, ao menos até pouco tempo atrás. A diversidade de paisagem a cada janela parecia reconfortar meu lado contemplativo e provavelmente foi a maior vantagem que encontrei naquela habitação, pois não parecia um local comum.

Internamente a dinâmica psy indica reconciliação de conteúdos e representações. Conteúdos representando sua irmã e você como sujeito.

A reconciliação poderia ser compensatória, mas mesmo que seja projeção de um desejo pessoal ainda é reconciliadora, já que o passado sempre indicou conflito entre os conteúdos, polarizações.

Tendo a irmã grande poder na condução de sua formação, a polarização nasceu para proteger sua individualidade original da indiferenciação para evitar que fosse apenas uma cópia da irmã. Naturalmente, uma resistência que lhe possibilitou através do distanciamento a defesa de sua pessoalidade. E agora, deixando de existir a ameaça a proximidade se anuncia em forma de reconciliação, ocorre o desarme das defesas, os conflitos diminuem associados a níveis mais baixos de tensão no estabelecimento das conexões e relações internas entre conteúdos, e... favorecendo, nesta nova  realidade, o contato  entre as irmãs em bases mais propícias nas relações de irmandade .

A casa é propriedade da irmã, possibilidade de maior identidade entre você e ela e da força da presença dela em sua formação. Nada demais considerando que ela te conduziu na sua adolescência e acertadamente ou erroneamente, define muito de suas referências pessoais.

A reconciliação favorece a elevação do seu conforto pessoal, à medida que diminui os conflitos de irmandade, de sua reatividade, ressentimentos, mágoas, agressividade, anti-empatia, e despolariza, consequentemente, os extremos da elevada tensão que aflorava.

A janela superior indica elevação, ascensão, mudança de nível.

As múltiplas possibilidades de vista indica ampliação de sua capacidade perceptiva, relação mais ampla com o seu entorno.

O oceano primordial ainda está muito próximo, mas não é ameaçador. Exige cautela com relação às pulsões de inconsciente.

Há mato por perto, ervas daninha que crescem? Pensamentos ameaçadores, fantasias escondidas. Espaço que ainda demanda cuidados e atenção.

O cemitério abandonado pode estar relacionado aos ancestrais que precisam ser relembrados. Não se pode abandoná-los, ainda que vivam em nós e através de nós.

Mas também relembra e reafirma a temporalidade da vida, sua finitude. Não se deve esquecer que somos passageiros como se sua presença anunciasse:

NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS

A chuva indica fecundação. Quando o solo é bom e quando está bem preparado, a chuva celestial vem para fecundar a terra e produzir riquezas. Unindo água e terra e produzindo o barro, promovendo a alquimia da semente e anunciando vida nova.

Se a água se une a terra, o ar se une ao fogo.

O fogo é a energia, terceiro elemento de quatro fundamentais, água, fogo terra, ar. Elemento básico da vida, que queima as impurezas, aquece, ilumina, movimenta e promove a vida. A chama da vida. Mesmo que tenha poder não ameaça destrutivamente o lugar onde está. Mas ele é combustível que alimenta a fornalha de sua vida.

O clube indica as relações humanas e sociais, as interações sustentadas na convivência harmoniosa. Também é uma realidade interativa que a covida para a vida

NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS


São quatro janelas:

Coletividade Humana Passiva - cemitério - TERRA X Coletividade Humana Ativa - Clube – Ar

Água - oceano X Fogo

Quatro visões, quatro rumos, quatro elementos, quatro direções. Quatro janelas, quatro portas que devem ser transpostas no processo de aprimoramento.

A imagem é mandálica, indica formação gestaltica de equilíbrio.

Os elementos indicam dinâmica, reordenação, realinhamento espacial, reconfiguração psy.



MICRO COSMO VISÃO

Atente para um detalhe, desde a fecundação, passando pelo nascimento, crescimento, desenvolvimento, adolescência, vida adulta e envelhecimento, sofremos intervenções da dinâmica do mundo atuando em nós e que envolve sistemas psicobiofísicos internos e sistemas biofisioquímicos externos. Estes sistemas participam de um processo contínuo de transformação e readaptação de tudo o que existe neste universo.

Nós somos o resultado destes processos com um evento diferencial, nossa capacidade de realizar escolhas e interferências que podem favorecer a harmonia dos sistemas internos e as relações internas e com o mundo ou favorecer a desarmonia e o aumento das polarizações que produzem elevação das tensões dos sistemas pessoais. Assim em processo constante de adequação podemos favorecer essa harmonia ou sermos levados pelas forças que atuam promovendo essa adaptação forçada para evitar o colapso das unidades de sistemas, nós.

A sua forma de se relacionar com o mundo, com as pessoas e consigo mesma, vem mudando no último ano. Inicialmente as mudanças foram conceituais e pré-requisito para mudar a maneira do seu sistema mental responder ao mundo.

A psique há meses vem anunciando sua reestruturação, e isso significa mudar a configuração Psy, e isto se faz visível pela ordenação onírica e pelo simbolismo que indica este processo de transformação. A formação da Gestalt Psy, do mapeamento Psíquico.

A dinâmica indica maiores possibilidades de relações mais harmônicas com o mundo e consigo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SONHOS SÃO MAIS QUE SONHOS



  

Abaixo, revisado, o primeiro Post deste Blog. Ele foi o texto inicial que escrevi para abertura desta jornada., em Julho de 2009.

Sonhos não são apenas sonhos. Existem algumas formas que o inconsciente utiliza para falar na consciência. O sonho é um desses caminhos. Tolos são os que o desdenham, o reduzem e os que não buscam compreendê-los. Eles são o fenômeno mais sofisticado desenvolvido para que o individuo possa entrar em contato com seu interior, com o Si-Mesmo e com  com o universo mais profundo da vida.

Há duas formas para aprender a decifrar e entender as mensagens inseridas nos sonhos:

A primeira opção é fazer análise, psicoterapia analítica, ou psicoterapia. Não importa o método, mas é importante que o profissional escolhido seja um estudioso dos sonhos. Caso contrário ele não terá conhecimentos para introduzir o cliente no processo de aprendizagem de análise de sonhos, não terá conhecimentos sustentáveis para fazer uma análise de sonhos, fará análises inconsistentes ou não terá o que falar;

A segunda opção é a auto-análise, mas para praticá-la será necessário percorrer os caminhos dos que estudam os sonhos. Estudar o que foi escrito, métodos, as escolas, as diferenças de análises, as visões dos grandes mestres e... Se observar. Este o mais árduo, caminho realizar o que se levou séculos para se fazer. Uma ajuda sempre facilita a jornada de aprendizagem.

Um bom início é começar a fazer a anotação diária dos sonhos. Adquira um caderno de capa dura, se possível grosso, mantenha-o ao lado da cama, junto a uma caneta. Comece a anotar os sonhos. Anote todos. Nunca confie na memória. Lembrou, anotou. Nunca deixe para anotar depois, anote sempre que lembrar, ao acordar. Anote o sonho, suas sensações, seus sentimentos, suas emoções, os pensamentos, os diálogos. Procure ser o mais completo possível nas anotações. Elas serão valiosas no futuro, e se não forem entendidas de imediato, quando o conhecimento for mais consistente, o será. Com o tempo e com a disciplina, a pessoa desenvolve técnicas pessoais para se lembrar dos sonhos sonhados.

Assim como o planeta é vivo em ciclos, a natureza é constituída de ciclos, nós somos constituídos de sistemas em ciclos, o corpo é cíclico e os sonhos também são cíclicos. Nada demais. Na verdade o inconsciente possui um ciclo, e o ciclo dele é de aproximadamente de sete anos, mas este tempo pode variar de pessoa para pessoa. Alguns acelerados podem viver ciclos de cinco anos, alguns retardados podem viver ciclos de até dez anos. E, até os ciclos podem ter seus tempos alterados de ciclo para ciclo, isto vai depender da vida de cada um. O inconsciente propõe questões,enigmas, por períodos intermitentes, ciclos, até que possam ser fechadas, mas não sendo resolvidas, são arquivadas e retornam no ciclo seguinte.

Existem aquelas questões que são tão prioritárias e fundamentais,que periodicamente são colocadas em evidência ou a cada chance que as vivências do individuo favoreçam, a partir de acontecimentos do dia a dia.
Dois mecanismos básicos para compreender os sonhos:

   Sonhos de compensação; Sonhos de confronto.

1. Sonhos de compensação sempre acontecem para que o organismo possa 
 reconfigurar seu equilíbrio; Irá compensar o que foi descompensado ;

2. Sonhos de confronto sempre acontecem para que
o inconsciente confronte a pessoa com seus princípios éticos e morais,
desejos, inconsistências, dificuldades, bloqueios, intolerâncias.

Dicas:

Sempre que fizer uma leitura de sonho, tente ler o óbvio. O inconsciente se utiliza muito de uma linguagem direta, mas naturalmente construida dentro de parâmetros da realidade interior e não da realidade que construimos, assim o conteúdo vem estampado no significado da imagem, das emoções, dos sentimentos, do óbvio, para passar sua mensagem. Ele estampa na cara o que quer dizer. É tão na cara que muitos não conseguem enxergar.

Os sonhos são nossas vivências mais íntimas e nossas dificuldades mais óbvias. Raros são os sonhos que dizem respeito a outras pessoas. Os outros estão nos nossos sonhos pelo que representam ou significam simbolicamente para nós; Revistas que decifram sonhos na superficialidade e simbolicamente fragmentados são tolices encalacradas em significados genéricos, afirmam as generalizações e caem no vazio do inútil. Favorecem a ignorância no trato com conteúdos tão essenciais.

Pare de querer enxergar por trás, enxergue pela frente. Sonhou com cobra? O que a cobra significa para você? Como sentiu? Teve medo? Matou? Pegou? Teve asco? Gritou?Não se tocou? Qual foi o contexto? Qual foi a emoção sentida? Qual o sentimento? Qual a reação?Você é cobra? Você é venenosa? Arrasta-se? Qual sua semelhança com um réptil? Sexualizado? Enrustido? A energia flui ou está bloqueada? Se faça perguntas, procure o significado da imagem, da cena, do cenário. Não compreendeu? Pergunte para o seu interior, seu inconsciente, ele procurará outra forma de dizer, e quando isto acontecer compare os dois ou mais sonhos seqüenciais e caminhe. No início o universo onírico pode parecer indecifrável e sem sentido, mas um dia... os enigmas se tornam compreensíveis, a linguagem clara e aprendemos a nos comunicar com o self.
Extraido do livro: "Manto Verde Jade" do autor"

Naquela data escrevi indicando para se ligar no óbvio. Não se engane! Este óbvio parece uma coisa fácil de se ver, mas não o é. Assim como na vida é muito difícil ver o simples e mais fácil ser simplista, o Óbvio depende de uma acuidade no olhar, de uma escuta interior, de uma audição apurada, atributos que podemos desenvolver no estabelecimento dessa relação com o interior.
 
E lembre-se sempre que sonhos são mais do que sonhos, são indicações para que nós, com a consciência adquirida, possamos realinhar nossos propósito com rumos que não degradem o nosso sistema psiquico.
 
O fenômeno onírico pela sua própria natureza facilita que o confundamos com a fantasia, com a ilusão, sonhos do imaginário, mas eles quando considerados nos mostram os desvios, os descaminhos, as mentiras, as deformações, os caprichos, os verdadeiros intentos, as maldades, a agressividades, as repressões, os moralismos equivocados, que carregamos disfarçado, es as correções de rumos que precisamos realizar para que a vida possa se deselvolver de forma mais saudável.


domingo, 21 de novembro de 2010

SÃO JORGE, DRAGÕES E MODERNIDADE.

A Luta de São Jorge contra o Dragão
Peter Paul Rubens
Museu do Prado, Madri


A FORMAÇÃO DO ARQUÉTIPO A PARTIR DO DESENVOLVIMENTO HUMANO



Este post completa o anterior “Ramalhete”. Deixei de escrever no post “Ramalhete” sobre as possibilidades do significado planta Espada de São Jorge, por acreditar na força dessa imagem e na significância de sua presença já que pode ser indicativo ou referência de Arquétipo Fundamental.

No alto da pagina, abrindo este Blog, a imagem do Guerreiro Medieval combatendo o Dragão nos remete à conteúdos arquetípicos primordiais que favoreceram a humanidade na elaboração simbólica de sua saída do tempo das trevas da inconsciência e da ignorância a que estava inserida no passado.

A representação pode ser do soldado guerreiro santificado, do herói primordial que salva a princesa ou a coletividade, a princesa que precisa ser protegida como o último espécime feminino que nos salva da extinção como espécie, pela sua capacidade reprodutiva, o símbolo da união entre o masculino e feminino, o encontro do amor, a perpetuação do coletivo, ou a vitoria do Bem sobre o Mal, entre outros.

 
Essa representação simbólica de São Jorge como arquétipo, é para mim a maior e possivelmente uma das mais importantes representações que a sociedade humana conseguiu configurar no inconsciente coletivo e incorpora toda a passagem, transformação e conquista humana no seu processo de contrução da civilidade e de aprimoramento da estrutura psíquica, pelo menos no mundo ocidental.

É a representação do homem social civilizado superando as adversidades e as ameaças primitivas da ancestralidade de homens das cavernas que carregamos. Independente de questões religiosas, ainda que a religiosidade ocidental tenha sido fundamental nesse processo de integração e formação de uma sociedade mais integrada e constituída em princípios coletivos. Ou seja, Assim como a a formação da mitologia religiosa ocidental, fundamental em nosso processo de construção social, houve um desenvolvimento psíquico sincronizado aos acontecimentos externos realizando a construção

Quando escolhi a imagem de São Jorge para ilustrar a cara deste Blog o fiz em decorrência de acreditar na importância coletiva que ele sua representação incorporou.A minha formação foi constituída dentro do mundo católico e por uma pequena alteração em meus caminhos, deixei de me tornar um Frade Franciscano, ainda que não tenha nunca abandonado essa referência em minha vida e hoje professe uma religiosidade mais Holística e plural já que tendo a congregar aquilo que considero o melhor de minha formação advinda de múltiplas origens religiosas. Tendo a me considerar com mais identidade franciscana mesmo tendo a consciência de que a representação de São Jorge possui configuração arquetípica.

No trabalho de ordenação dos conteúdos de inconsciente, dentro de uma funcionalidade conceitual, ao que Jung denominou o Arquétipo Sombra eu acrescento o desafio de transformação e integração desse arquétipo coletivo na vivência pessoal. Isto é: existe a manifestação do lado oposto, de sombras que se contrapõe ao lado da luz e da consciência.

Ordenação Funcional é a integração destes opostos e em decorrência desta tendência da natureza psíquica o desafio de realizar esta tarefa fundamental de integração é o encontro entre o mundo da luz e o das sombras representado pela batalha entre o santo guerreiro e o dragão originário das trevas da caverna do mundo primitivo.

Neste aspecto o São Jorge representa esta contenda, esta busca de superação, de Vitória do bem contra o mal, de preponderância da luz sobre as sombras.

Naturalmente, a modernidade não escapa a essa representação. E mesmo sendo ela genérica e coletiva, a batalha é pessoal. Cada um realiza a sua, e o Dragão é Camaleão possui denominações múltiplas, faces variadas, e diferentes tamanhos, cores, cheiros, força, poder.

No nosso tempo os dragões rodam a vida de todos. Não mais como fantasias e medos e assombrações de um mundo desconhecido, mas revestidos de tentações, seduções, encantamentos, prazeres, sabores, ilusões desejos fantasiosos. Podem aparecer transvestidos na sexualidade como mulheres libidinosas, promessas de prazeres inesgotáveis, prosperidade, materialismo, conforto, vícios, compulsões, poder, etc.

E se parece que o exterior é a fonte dos tormentos, se enganam. Os tormentos afloram do interior e projetados encontram suas identidades. As ameaças nascem no interior e se projetam para o exterior, com desejos incontroláveis, pulsões selvagens e animais, caprichos, tendências compulsivas, tormentos.

As jornadas externas foram consolidadas, não existem mais fronteiras desconhecidas no planeta que faça aflorar aventureiros e heróis míticos. A jornada para o desconhecido que se anuncia é a jornada para o interior de nós mesmos. Uma viagem inevitável.

Uma viagem que ainda quando o individuo se nega a realizar, continua a acontecer, a desafiá-lo, a exigir-lhe o seu melhor. E negar esse destino inevitável é fechar os olhos para os dragões que estão sedentos confrontando todos em armadilhas com as fraquezas humanas.

SÃO JORGE, DRAGÕES E MODERNIDADE.




São jorge e o Dragão - Uccello (Paolo di Dono)
National Gallery , Londres


A LENDA


Contam Jorge era filho de Lorde Albert de Coventry. Sua mãe morreu ao dá-lo à luz e o recém nascido Jorge foi roubado pela Dama do Bosque para que pudesse, mais tarde, fazer proezas com suas armas. O corpo de Jorge possuia três marcas: um dragão em seu peito, uma jarreira em volta de uma das pernas e uma cruz vermelho-sangue em seu braço. Ao crescer e adquirir a idade adulta, ele primeiro lutou contra os sarracenos e, depois de viajar durante muitos meses por terra e mar, foi para Sylén, uma cidade da Líbia.

Nesta cidade, Jorge encontrou um pobre eremita que lhe disse que toda a cidade estava em sofrimento, pois lá existia um enorme dragão cujo hálito venenoso podia matar toda uma cidade, e cuja pele não poderia ser perfurada nem por lança e nem por espada. O eremita lhe disse que todos os dias o dragão exigia o sacrifício de uma bela donzela e que todas as meninas da cidade haviam sido mortas, só restando a filha do rei, Sabra, que seria sacrificada no dia seguinte ou dada em casamento ao campeão que matasse o dragão.

Ao ouvir a história, Jorge ficou determinado em salvar a princesa. Ele passou a noite na cabana do eremita e quando amanheceu partiu para o vale onde o dragão morava. Ao chegar lá, viu um pequeno cortejo de mulheres lideradas por uma bela moça vestindo trajes de pura seda árabe. Era a princesa, que estava sendo conduzida pelas mulheres para o local do sacrifício. São Jorge se colocou na frente das mulheres com seu cavalo e, com bravas palavras, convenceu a princesa a voltar para casa.

O dragão, ao ver Jorge, sai da caverna, esbaforando alto como se o som de trovões. Mas Jorge não sente medo e enterra sua lança na garganta do monstro, matando-o. Como o rei do Marrocos e do Egito não queria ver sua filha casada com um cristão, envia São Jorge para a Pérsia e ordena que seus homens o matem. Jorge se livra do perigo e leva Sabra para a Inglaterra, onde se casa e vive feliz com ela até o dia de sua morte, na cidade de Coventry.

****

OUTRA VERSÃO

Jorge acampou com sua armada romana próximo a Salone, na Líbia. Lá existia um gigantesco crocodilo alado que estava devorando os habitantes da cidade, que buscaram refúgio nas muralhas desta. Ninguém podia entrar ou sair da cidade, pois o enorme crocodilo alado se posicionava em frente a estas. O hálito da criatura era tão venenoso que pessoas próximas podiam morrer envenenadas. Com o intuito de manter a besta longe da cidade, a cada dia ovelhas eram oferecidas à fera até estas terminarem e logo crianças passaram a ser sacrificadas.

O sacrifício caiu então sobre a filha do rei, Sabra, uma menina de quatorze anos. Vestida como se fosse para o seu próprio casamento, a menina deixou a muralha da cidade e ficou à espera da criatura. Jorge, o tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao episódio, montou em seu cavalo branco e foi até o reino resgatá-la. Jorge foi até o reino resgatá-la, mas antes fez o rei jurar que se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súditos se converteriam ao cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do "dragão". Ao encontrar a fera, Jorge a atinge com sua lança, mas esta se despedaça ao ir de encontro à pele do monstro e, com o impacto, São Jorge cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o seu corpo, até uma árvore de laranjeira, onde fica protegido por ela do veneno do dragão até recuperar suas forças.

Ao ficar pronto para lutar novamente, Jorge acerta a cabeça do dragão com sua poderosa espada Ascalon. O dragão derrama então o veneno sobre ele, dividindo sua armadura em dois. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e em seguida, crava sua espada sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai muito ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a arrasta para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa, conduzindo o dragão como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da fera na frente de todos e as pessoas de toda cidade se tornam cristãs.

 
 
 

SÃO JORGE, DRAGÕES E MODERNIDADE.


  Arcanjo Miguel

São Miguel
Um correlato celeste de São Jorge, figura do guerreiro santificado, é o Arcanjo Miguel.

 No texto bíblico em Apocalipse 12:7

"Houve então uma batalha no céu: Miguel e seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão batalhou, juntamente com seus Anjos, mas foi derrotado, e não se encontrou mais um lugar para eles no céu."

A palavra Arcanjo é originário do latim archangé derivado do grego archánggelos composta de “arch” e “angel”.

O prefixo grego “arch” (ἀρχ) deriva de “arché” (ἀρχή) que se refere tanto a começo, ponto de partida, princípio, como suprema substância subjacente ou princípio supremo indemonstrável.

Arquétipo é modelo de seres criados, padrão, prototipo

Há relação entre esta cosntrução mítica do arcanjo que enfrenta os demônios e a representação humana do santo guerreiro que enfrenta o dragão, o mal, para como herói mítico libertar seu povo do aniquilamento e salvar o feminino subjugado.

O arcanjo, masculino e feminino, projetado é incorporado como arquétipo de imagem masculina, portanto derivação de animus, que surge para salvar o feminino, salvando o a constituição do ser.

Finalizando o sonho Ramalhete

O ramalhete que contem a espada de são jorge, pode simbólizar a conquista do instrumento que vem para consolidar o equilíbrio conquistado, a defesa. Mas não é apenas o instrumento mortal como espada, porque vem em forma de vegetal, de raiz, aspecto maternal, proteção, para blindar o indivíduo numa dimensão mais elaborada, menos reativa.





sábado, 20 de novembro de 2010

RAMALHETE

      Homenagem


À noite sonhei que um homem se aproximou de mim e entregou-me um ramalhete que não era volumoso, mas comprido, com algumas rosas vermelhas, alguns lírios brancos e umas espadas de são jorge. Admirada e surpresa perguntei se ele tinha certeza de que elas eram para mim, se por acaso não seriam para minha mãe. Ele respondeu que tinha certeza de que era para mim e então peguei-as alegre. Ele não era o tipo de homem que primeiro conquista a sogra e o fato das flores serem para mim deixou-me encantada.

O sonho parece repetir aquela velha questão de que, ao ser surpreendida, ao ficar encantada, fico mais aberta, mais propícia aos fatos, fico alerta aos acontecimentos. Além disso, também parece reforçar a ideia de que tenho mais facilidade e disponibilidade de dar afeto quando de antemão sou aceita, desejada ou algo do gênero.

Não lembro direito, mas me parece que ele era negro e tinha um pano cobrindo parte do seu rosto do topo até o nariz. Nos beijamos e eu senti que podia suprir minhas carências mais beijando-o do que sendo beijada. Eu conseguia me saciar independente dos beijos dele, pois eu conseguia beijá-lo sem recriminação, vergonha ou bloqueio. Eu era correspondida pelos beijos dele, mas sentir-me à vontade para beijá-lo era a melhor correspondência, a melhor satisfação e prazer que eu tinha. O pano no rosto dele parecia um simbolismo de que eu não me importava com sua aparência, com o seu passado ou algo misterioso que ficou indefinido, algo que não me incomodou. Era como se eu quisesse me satisfazer e aproveitar o momento unicamente com a disponibilidade dele de também fazer o mesmo, independente do que ele era por trás daquela venda, ou seja, mesmo sabendo (ou mesmo ficando na dúvida) que ele não era o meu tipo de homem idealizado.

O sonho, se não for compensatório, ou além de o ser, parece reforçar e prosseguir a união ou reconciliação do masculino com o feminino em mim.

Basicamente é isso ou há algo mais a ser acrescentado?

Possivelmente há um pouco mais.

Há sempre mais significados nos sonhos

Do que percebemos ou apreendemos.

A impressão que em mim registro em imagem, é a de um lago, transparente, onde nós, acima e à margem, só conseguimos perceber um pouco do todo que seu significado pode ter.

Por isso, nunca se dê por satisfeita, e mesmo que extraia várias leituras saiba que outras mais poderá haver tão significativas quanto as anteriores.

Às vezes as águas parecem turvas, mas são nossos olhos que ficam embaçados, outras, quase apreendemos todo o sentido, e quando isso acontece a sensação é mágica, extraordinária. Nestes momentos rendo homenagens ao sagrado e agradeço a generosidade de me permitir vislumbrar e sentir um pouco dos mistérios da vida. Ao contrário da vaidade alimentada, me sinto humilde frente à grandeza e sabedoria do Divino.

O SONHO

Você é agraciada com um Feixe de flores, por um homem negro.

A rosa não é rosa , é vermelha...

Em OXUM escrevi:

ROSAS VERMELHAS E AMARELAS Representam a manifestação das águas primordiais, simboliza a taça da vida, a alma o coração, o amor. Pode ser considerada como um centro místico, e contemplá-la como uma mandala. Símbolo de regeneração, é o primeiro grau de regeneração e de iniciação aos mistérios. A rosa vermelha simboliza o objetivo da Grande Obra ( na alquimia). Neste aspecto é possível que a rosa amarela seja referência ao self, me chama a atenção a relação com a oferenda ao pai falecido. Naturalmente é a oferenda ao pai pela sua regeneração (dele) em outra dimensão, mas pode estar sinalizando para a sua relação com o masculino e a necessidade de restaurar esse elemento como princípio de realidade e de união, sua regeneração. Como símbolos de metamorfose da libido, você planta roseiras para colher rosas, você planta atitudes para colher resultados, amor prosperidade, religiosidade”


Em LEVEZA DE SER, escrevi,

“A rosa é símbolo mandálico, entre o vermelho e o branco reside a cor rosa, entremeada entre significados alquímicos de purificação da matéria, nem tão puro ou purificada, nem tão matéria sacrificada, ou plásmica como o sangue. Espinhos podem indicar o inevitável ou a proteção e as defesas que ainda protegem conteúdos autênticos e originais, sua essência”.

obs.: para ver as posatagens completas click na palavra rosa no Indicador Temático, ao lado.

O Lírio é brancura que representa a virgindade, a pureza celestial e a inocência. Pode indicar a etapa final do processo de metamorfose. É símbolo do amor intenso e ambivalente, paradoxal, polarizado e tenso e devido a isso pode levar a irrealização, A repressão ou sublimação. E glorioso quando sublimado, isto é transformado da passionalidade, do amor instável e emocional no amor sublime.

Em síntese, trata-se de um símbolo de realização das possibilidades de realização do Ser, de transformar-se.

Em Mateus 6,28
 “Observai os lírios do campo, como eles crescem, não trabalham, nem fiam” Está mais realizado porque conectado com Deus do que aquele associado ao poder. É o símbolo do da renuncia e da entrega mística à graça de Deus.

Espada de São Jorge – veja a postagem sequencial amanhã -

Não podemos desconsiderar o oferecimento do ramalhete com todos os sentidos acima descritos. Ramalhete pode ter origem em ramo de alho  como forma que popularizou o termo Ramália -Festa da agricultura e da vinha, em honra de Ariadne e Baco, em que se levavam cepas de videira carregadas de cachos. ou em ramália. De qualquer forma indicação celebração e homenagem.

Você o recebe pelo seu trabalho interior e pessoal, por suas conquistas, por suas transformações, pela intenção, valor e consideração à Via Interior, à jornada que empreende.

A Reconciliação, foi bem percebida, e principalmente porque o homem revestido na cor negra pode vir de símbolos e conteúdos que precisavam ser transformados e posteriormente incorporados na sua configuração e estrutura psíquica.

Há algum tempo atrás lhe perguntei se queria amar ou se queria ser amada. Naturalmente que o gostoso e amar e ser amado. Mas um pré-requisito fundamental é descobrir se queremos ser amados ou se queremos ama. Muitos pensam que querem ser amados quando o que querem é amar. E sempre que são amados fogem como se o diabo da cruz.

O seu caso era singular: a carência confundia a sua necessidade como a de quem gostaria de ser amada, mas procura era a possibilidade de amar, paralisada esperando ser escolhida pelo amor que escolhia na idealização.

Parece-me que agora se inicia o seu movimento espontâneo, a intenção daquele que quer amar, gostar, querer, beijar, conquistar, saciar seu desejo. Neste momento o outro é apenas o objeto em quem projetamos afeto e assim aceitamos usa-lo aprendemos a ser utilizados na libertação do outro.

Poderia ser o oposto, o de querer ser amada. Mas parece que não é. E este é o movimento inicial do adulto que escolhe o que quer, a partir da detecção interna do seu desejo. E este é o que chamo de pré-requisito para que possa se preparar para receber o amor do “outro”.

Vencido o preconceito que aprisiona e limitadas as escolhas, parece-me que você abandona o conceito de maculada para reencontrar a virgindade e se dar a chance de romper com as vivências negativas do passado para experimentar o admirável mundo novo do afeto e da sexualidade.

O sexo não é coisa suja. Sujos podem ser os pensamentos, ou o comportamento daqueles que não respeitam o ato sagrado do encontro, ou aqueles que só percebem o sexo como uma possibilidade de transgressão, estes encontram prazer na morbidez.

Como em quase tudo nesta vida também a sexualidade pode nos lançar no lago das águas sagradas ou no borburinho das noites nos inferninhos profanos. Mas independente de onde estejamos, somos nós quem definimos o tom da sinfonia sexual que realizamos, escolhendo entre a margem dos sagrado e a margem do banal, a diferença é apenas no sabor e na intensidade: um parece intenso e animal mas é primário, o outro parece inocente e puro mas pode nos levar ao êxtase pleno.

Quando em harmonia o sexo é o encontro natural de seres que se dão o direito de amar e ser amado, pois descobriram que assim se alimentam e alimentam o outro no encontro através da afetividade, uma forma singular de realizar os desígnios do divino.

O sonho parece-me um celebração que homenageia o reencontro com sua natureza interior, celebrado com flores.
O homem ainda mascarado indica que longo ainda é o caminho para desvendar alguns véus que nos encobrem, mas já é um grande passo pessoal, abandonar a repressão, a vergonha e os bloqueios e seguir em superando acontecimentos que precisam ser superados em direção a outros que precisam ser vividos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SECRETU




Feed Back:

"Vou contar um segredo que nunca disse a ninguém..."

"...Conscientemente é isso. Não tenho dúvidas de quem é minha mãe biológica, do mesmo modo como não tenho dúvidas de que o papel responsável pela minha educação ficou com a pessoa errada, ou seja, minha irmã, a qual não tinha a sensibilidade emocional materna para cuidar de mim com 13 anos."

Pois é... Segredos, Segredos são!

Portanto...

Obrigado pela confiança e pelo relato. Enriquece a minha compreensão da dinâmica do inconsciente.

Em relação a sua mãe que bom que não tenha mais dúvidas quanto à sua filiação. E com certeza uma menina (a irmã) nunca poderia estar preparada para educar e formar outra criança. Sinal de que sua carência pode advir de uma mãe abandônica em sua história.

Não cabe julga-la, condena-la, critica-la. No universo pessoal muitas são as variáveis que podem nos levar a cometer erros. A infalibilidade na vida real não existe e não resiste, a não ser na idealização.

A visão que condena a família como uma grande fonte de neurose e dos problemas das pessoas, para mim,  é fundamentalmente equivocada. Acredito mais no poder construtivo familiar, nos pontos positivos do que de pontos negativos traumáticos e desconstrutivos.

Ficar culpando pai e/ou mãe por nossas dificuldades é ficar focado nos erros e esquecer a força e o poder dos acertos. Em geral as dificuldades são coletivas e envolvem toda uma geração social.

Em trinta anos de escuta psicoterapêutica posso dizer-lhe com tranquilidade que todos erram, uns mais outros menos. Portanto essa é uma variável pouco determinante, e só o é, quando ultrapassam os limites sociais do aceitável. Aí a devastação psíquica e arrasadora.

Mas de forma genérica, a presença dos pais tende a ser mais promotora de organização, referência, afeto, disciplina, formação, do que o contrário.

A sociedade hoje mostra que a desagregação tende a gerar, promover, produzir, indivíduos com mais dificuldades de socialização, individuos mais perdidos e sem referências afetivas, individuos com maior tendência à sociopatia, destrutivos, revoltados, com mais dificuldades de estabelecerem vínculos afetivos.

Portanto, houve uma mãe boa, ainda que possa ter sido abandônica, e uma mãe severa. É mais sábio aproveitar o melhor daquilo que lhe passaram, do que são. Se possível supere-as, vá além, realize mais do que elas conseguiram, corra atrás de seus sonhos e encontre a sua forma de ser feliz.

 
 
 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CAÇANDO BEIJOS, PESCANDO AFETO







Depois sonhei que eu estava vendo um rapaz que beijava uma jovem no pescoço e a abraçava. Embora distante eu podia sentir aquele afeto em mim, mas parecia pouco senti-lo apenas vendo a cena. Consciente de que estava sonhando e pensando que aqueles dois deveriam ser uma representação ou projeção de mim mesma, eu fui até eles, joguei a jovem longe com toda a minha força, para vê-la morta mesmo, e tomei-lhe seu lugar dizendo a ele que aquela era apenas uma parte de mim, mas que eu resolvera tomar meu lugar por completo. Ele aceitou e, abraçados, trocamos vários beijos no pescoço e nos ombros.

Eis um sonho que evidencia a sua mudança de atitude de Agente Passivo Submisso para Agente Pró Ativo.

Duas observações:

1. Há transformação em sua dinâmica psíquica. Mudança na dinâmica que rege sua singularidade diante do mundo, na atitude, na postura e comportamento. Não importa a justificativa que a leva a desencadear o seu movimento. A intenção se realiza.

2. Altera-se o padrão psíquico. O movimento anterior era para o interior, recuado e... Protegido no papel de vítima, carente e rejeitada.

Mesmo que, a princípio, a força para realizar o movimento possa ter sido excessiva, é preciso compreender que para romper a inércia, do submisso carente e recuado para o dinâmico proativo exige-se um processo de adequação para o movimento. Assim, a pulsão inicial pode ser "sem medida", excessiva por ter que colocar o corpo onírico em ação.

 Esse corpo onírico necessitada de sutileza, energia edominada, e a psique pode tê-lo acionado com uma pulsão que usa para despertar o corpo, promovendo a reação além dos limites.

Importante é que há o Intento. A energia é desbloqueada e liberada para a ação. O sujeito rompe as travas e realiza a intenção.

O RESULTADO:

A Tensão eleva-se rompendo com padrões e limites, até então, aceitáveis e o sujeito busca a realização do seu desejo.

Se anteriormente usava-se a manipulação do meio como vitima abandonada, e pobre coitada, para a realização do desejo, a dinâmica agora coloca o sujeito como responsável pela sua satisfação assumindo todos os riscos pela escolha que faz.

O sonho confrontando-a com a condição de abandonada e colocando apenas como assistente mobiliza a sua capacidade de responder, dando-lhe a oportunidade de escolher outras formas de respostas.

Mas para isso foi necessário romper com as defesas, conceitos morais, assumir o desejo e correr atrás de sua satisfação. Este é o primeiro movimento decorrente de suas transformações pessoais.

Naturalmente este ímpeto, essa tendência de movimento será projetado na sua realidade dando-lhe a chance de experimentar novas formas de responder aos acontecimentos no seu entorno.

Pessoalmente acredito numa grande mudança. Você se assumindo como mulher. Mulher adulta capaz de buscar a realização de seus desejos, sua satisfação. Seu prazer, suas necessidades.

Pode-se pensar que é apenas um sonho compensatório onde você compensa a incapacidade de realizar a ação assumindo posições mais positivas. É Possível.

Prefiro considerar que mudanças tão significativas tendem a correr primeiramente no interior para posteriormente serem projetadas na realidade, incorporando-se ao comportamento manifesto.

Há indicação de risco na indiferenciação: O estimulo lhe induz a reação, sua suscetibilidade está elevada. Mas essa indiferenciação pode estar associada a necessidade de satisfação do desejo, do encontro com o outro, sua necessidade de trocar carícias e atender à sua sexualidade de mulher adulta. Beijar na boca, abraçar, saciando a oralidade, a necessidade de carícias que o corpo nos exige e quem sabe chegar aos prazeres dos múltiplos orgasmos.



O Poder Feminino 
espelhado pelas poderosas, famintas e atormentadas
mulheres de New York
em Sex and the City


Nosso destino se realiza a partir de nossas escolhas e decisões. Certas questões na sociedade moderna exigem novos padrões de comportamento, não podem apenas serem desejadas, precisam ser caçadas, conquistas.

A mulher conquistou o direito de caçar, ir de encontro ao masculino, exercitar a “corte” tanto quanto o homem. Essa já não é mais uma questão fechada, exclusiva da masculinidade, é uma questão de direito pessoal, o direito de escolher, buscar, de se permitir ir de encontro à realização dos desejos pessoais.

Se no passado a posição feminina era a de esperar a corte, o presente exige que a mulher manifeste a sua intenção, o seu desejo, a sua escolha. São novos os rituais antropomórficos no estabelecimento das relações humanas. Os novos tempos abrem essa possibilidade de igualdade.

Estes são apenas jogos iniciais de um complexo envolvimento e entrelaçamento das vidas do masculino e do feminino, que definem os relacionamentos. Nada parecido ocorreu antes. Neste momento a vida exige essa maleabilidade para os que sentem a estranheza nas mudanças dos costumes e dos padrões de envolvimento entre homens e mulheres. Os novos tempos exigem novas formas na busca das interações e no estabelecimento de relações afeto-emocionais-econômicas. Os mais flexíveis e astutos se adaptarão com menos sofrimento.

Este é um detalhe arquetípico do sonho. Ele transcende o pessoal porque espelha a Mulher do nosso tempo. A mulher que busca seu espaço, conquista seu lugar e tem o direito de reivindicar o amor o direito à sexualidade plena, por que antes de tudo ela é dona de seu corpo, do seu destino e de suas escolhas.

As contradições, os malentendidos, os sofrimentos advindos desta busca, é uma outra questão, que só sera resolvida quando

 As mulheres romperem com os padrões históricos de submissão ao masculino.

E com o padrão masculino

De domínio do "outro".

Aquele padrãozinho machista

que elas não gostam de ver neles, mas adoram repetir.

Aí, estaremos mais preparados para viver o "poder" da Igualdade.

E neste aspecto, sinto dizer às meninas,

 uma linhagem masculina moderna,

Já está à frente no tempo e à frente das garotas.

Mas este é um outro papo.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PÃO E ESPÍRITO

   Cesto de pão - Antes a Morte Que a Mácula
   Corbeille de pain - Plutôt la mort que la souillure
Salvador Dali 1945


Sonhei que eu estava no quintal de uma casa que era minha e, com o desmatamento da região próxima, dois tucanos lá estavam a se abrigar. O tucano menor que parecia filhote tinha a penugem de uma coruja, enquanto o maior tinha penas verdes como de um papagaio. Por vezes eu levantava a mão e o tucano maior, que por certo seria a mãe, vinha pousar no meu braço. De leve ele bicava-me como a dizer que estava com fome e eu o alimentava com pedaços de pão. Foi um sonho muito bom, pois era como se eu pudesse dar não apenas abrigo e comida, mas também consolo àqueles animais. Eu senti os tucanos desolados por terem perdido o habitat natural, por estarem emocionalmente machucados com a realidade de se sentirem inadaptados à existência e ao todo, exatamente como geralmente me sinto, por sentirem falta dos seus amigos iguais de espécie.

Os sonhos são assim, às vezes se revestem de múltiplos conteúdos que dificultam a sua compreensão, ou espelham o momento pelo qual passamos, momentos confusos e atormentantes... Sonhos inquietantes. Outras vezes os sonhos se mostram límpidos e transparentes, e a leitura é imediata e a compreensão instantânea. Essa é a graça que se pode receber quando focamos o olhar no interior, quando consideramos o eixo interior que nos guia. Ficamos mais próximos de nosso espírito e o diálogo se faz natural.

A leitura já compreendida por você é direta e transparente, sua identidade com os excluídos, com os marginalizados, com os sofredores, perdidos, isolados, lançados no desolamento. Encontrando-se no abandono. Mas este é apenas uma face do conteúdo.

EU LHE APRESENTO OUTRA FACE DESSA MOEDA.

Você no quintal de sua casa – seu interior, sua vida, seu templo, sua alma.

O pássaro é o espírito – seu espírito santo, livre. O filhote é o espírito renovado. O pássaro adulto e o velho espírito que se transforma com o tempo.

A fome do pássaro é saciada com o pão – Assim como o pão é o alimento do espírito. Símbolo do alimento essencial. “Nem só de pão vive o Homem”, Pão é o nome que se dá ao alimento espiritual. Símbolo do corpo de cristo na eucaristia, “o pão da vida”. O Pão combina com a vida ativa, mas também se relaciona com os mistérios da consagração.

A fome do espírito é saciada com o alimento espiritualizado, com o Sagrado, Consagrado.

O trigo debulhado, a matéria bruta, é refinada e assim unida a água e ao princípio ativo, o fermento, o conteúdo que dá liga, aciona a alquimia, a conjunção dos elementos. Assim se metamorfoseia a matéria, e ela cresce como que fecundada, se transforma em repouso.

E no momento seguinte ao milagre da transformação ainda se faz necessário a união com o Fogo. o calor da vida, a vibração Elemental que aquece e mais uma vez transforma a matéria e finalmente realiza o milagre do pão.

O alimento está pronto, para o corpo e para o espírito. O pássaro se aproxima e pousa no seu braço, não tem medo de você. Solicita-lhe o alimento e você o alimenta, alimenta o seu espírito. Dá-lhe vida com o alimento sagrado. Abriga o seu espírito no templo consagrado.

Não há porque focar o negativo, o abandono, a tristeza. Quando estamos sintonizados como o nosso espírito, estamos juntos ao eixo do mundo, ao eixo da vida, estamos unidos, em conexão com o Divino. Olhe para frente e abandone o olhar do passado. Você está chegando em casa.

Em casa não existe solidão. A solidão é o sofrimento gerado pela expectativa não vivida. O sofrimento é imagem do desconforto por não participar do que se credita essêncial. Já nascemos na solidão, mas quanto mais nos aproximamos do eixo mais nos afastamos desse desconforto.
Ah!  abandone o seu isolamento ao invés de lamentar abandono alheio. Corra atrás de sua TCHURMA!    Sua tribo!   Encontre uma. Confie em sua natureza. Confie em sua vida. Se dê uma chance de conviver, aceitando o outro e permitindo ao outro que a aceite como és. Nada há a se perder!



  photo do Blog Jornada Alma -  acesso restrito