segunda-feira, 12 de julho de 2010

QUESTÕES


Estive recapitulando alguns pontos que aprendi sobre os sonho e gostaria de saber se é isso mesmo:

1. Os sonhos são expressão do nosso inconsciente, o qual se relaciona conosco através de símbolos e imagens, mas muitas vezes dá o recado de forma clara.

Esse é o princípio. Muitos pensam de forma diferente e estabelecem reduções simbólicas para chegar à interpretação. Eu acredito que existe uma linguagem, uma linguagem originada no inconsciente, registrado de forma arquetípica (imagens ou símbolos que representam conceitos) em nossa memória genética. Às vezes a construção do sonho é carregada de significados e pode aparecer confusa, outras vezes com menos conteúdos, aparecem mais evidentes. Não acredito numa pré intenção de inconsciente de camuflar ouesconder o conteúdo, ao contrário, acredito que cada vez mais na evolução humana essa linguagem será aprimorada para permitir clareza e transparência na mensagem. Acredito como Jung que o Inconsciente quer se realizar, essa sua intenção de busca de plenitude se reafirma nessa possibilidade de mensagens que sejam referencial de desenvolvimento e de "norte" neste processo de transformação.
2. O outro no sonho pode ser um espelho de uma parte minha. Eu sou eu e posso ser outros personagens. Sentimentos também são projetados no outro. Quando diferenciar se o outro ou se os sentimentos do outro são uma projeção de mim mesma?

Os sonhos podem ser pessoais ou coletivos. Quando coletivos envolvem conteúdos relacionados ao mundo, são menos presentes. Em geral são pessoais e envolvem o sujeito sua construção, sua personalidade, sua forma de se relacionar com o mundo, com as pessoas, consigo mesmo.

Podem ser:

1. Simples Atualização - Quando o organismo se reorganiza, se reequilibra, se reconfigura, favorecendo a relação do individuo com o mundo. Reequilibrando o que nossas respostas transformaram inadequadamente em decorrência de nível elevado de tensão ou frente ao impacto da realidade sobre nós;

2. Confronto - Quando conceitos construídos e formados por nós interferem de forma prejudicial na funcionalidade, no desenvolvimento e na interação com o mundo;

3. Compensação – Quando o organismo compensa estados ou funções descompensadas por respostas dadas pelo individuo;

Quando o sonho é coletivo os conteúdos envolvem os que existe fora de nós.

Quando pessoal diz respeito apenas a nós mesmos. Neste caso o outro não significa o outro mas a representação dele em mim. Sou eu, parte de mim, identidade, símbolo, significado incorporado em mim, o que penso conceituo e rejeito.

No sonho os sentimentos e emoções são seus, mesmo aquilo que aparece como imagem do outro ou como penso o outro.

3. Mesmo que de forma inconsciente, ou seja, aparentemente não intencional, muitos fatos (ou seriam todos?) são intencionais por algum motivo especifico. A psiquê produz o sonho com nossa participação direta ou indireta. Seria isso?

Geralmente a intenção está implícita. A psiquê constrói para nós, e por nós. Nós somos a consciência e somos o nosso inconsciente. A consciência, em princípio, conhecemos, às vezes negamos, e outras desconhecemos. O inconsciente, desconhecemos sempre, mesmo que possamos aos poucos tomar consciência de conteúdos e conseguir transformá-los com a ordenação da consciência.

Por isso, quanto mais assumimos uma postura consciente e verdadeira tanto menos nos enganamos, ou nos negamos.

Por exemplo, o sujeito mentiroso, constrói realidades que justifiquem suas mentiras, que neguem suas ações,consequentemente ele conscientemente constrói uma consciência inconsistente onde ele mesmo se engana. É obrigado a mentir para si mesmo, constrói uma personalidade falsa, descompensada ilusória. Produz uma consciência partilhada que se faz inconsciente. O inconsciente tentará mostrar ao individuo que algo funciona mal. Que a consciência que é referência de ordenação é disfuncional. O desastre psíquico é incalculável e as consequências profundamente desastrosas.

4. Somos confrontados (pesadelos) para desenvolver mecanismos de defesa melhores ou mais apropriados de enfrentamento da realidade ou de nós mesmos com relação ao que devemos aceitar, aperfeiçoar ou mudar.

Exato! Existem os confrontos que nos preparam para realidades adversas, aumentando a nossa capacidade mental de resistir às fortes pressões do meio, conflitos, e situações de risco. Este mecanismo é fantástico.

Veja só:

1. se você tem medo de cobra, provavelmente se a sua postura é de falta de atenção, foco, concentração, maior tendência à dispersão, independente de você andar no meio rural, você coloca seu organismo em risco de morte. Consequentemente, a psique poderá confrontá-la para que possa desenvolver atitudes que fortaleçam a lsua conexão com o presente, com a realidade, o seu eixo, seu centro, sua capacidade de atenção, e consequentemente diminua seu risco de sobrevivência, a tendência à dispersão e/ou o nível de fantasia que retira do individuo da realidade.

2. Se o indivíduo frente à adversidades apresenta respostas que evidencia sua tendência à sucumbir mental e emocionalmente, os confrontos aumentam os confrontos oníricos a de forma a possibilitar maior resistência mental para suportar esses impactos de realidade;

3. Se o individuo evidenciar respostas que demonstrem fragilidades em suportar perdas emocionais, excesso de dramatização, angústia, descompensação, os sonhos podem aumentar a ocorrência de mortes de entes queridos para preparar o individuo para essas realidades de perdas afetivas. Desta forma prepara-o para a realidade das separações e de perdas, diminuindo a tendência de sucumbir ao impacto de realidades e de acontecimentos indesejáveis. etc;

5. Conforme superamos nossos conteúdos autônomos (ou seriam os arquétipos), os sonhos vão passando para novas etapas e fases de amadurecimento e individualização do sonhador conforme esse valoriza a linguagem onírica e se comunica com seu próprio inconsciente através dela. Caso contrário, os sonhos ficam se repetindo.

Conteúdos autônomos originam-se, formam-se e agregam-se no inconsciente a partir da relação do individuo com o mundo, de suas respostas e de suas reações frente à realidade. Não são arquétipos. São núcleos de energia que associados à imagens, representações de imagens, fragmentos ou resíduos de conteúdos simbólicos, se formam em plasma, e como visgo se conectam ao sistema nervoso passando a ter acesso à consciência e passam a interferir na conduta do individuo com o poder de vontade, definindo-lhe atitudes, comportamentos, respostas, reações, transvestidos como se fosse o “EU” em forma de pensamento.

São conteúdos de matéria inteligente que como invasores apoderam-se do sistema nervoso e conduzem o individuo como se fossem o individuo. Com comandam através do pensamento, enviando impulsos, pulsões, desejos, as pessoas que são mais indiferenciadas, confusas, inquietas, ansiosas, desatentas, que vivem sem eixo, sem referência ou que não possuem conceitos bem elaborados, códigos morais bem orientados e princípios bem definidos, são como presas fáceis porque acreditam que o que acontece em suas Câmaras de Pensamento são “ELAS”, O QUE NÃO É VERDADE. Podem acabar comandas por resíduos ou fragmentos de conteúdos que se apoderam de sua estrutura mental.

Um exemplo: Transtornos Paranóides. O individuo que se acredita vítima de perseguição, antes de tudo, acredita nas fantasias, em forma de imagens ou pensamentos, que acontecem no seu universo psíquico. Esses transtornos podem ser originários de conteúdos autônomos.

A partir da consolidação e da maturação da personalidade, num processo permanente, criamos condições mentais e psíquicas para que esses conteúdos autônomos se dissolvam e que novos tenham vida curta na psiquê. Como?

Quando esses conteúdos se acoplam no sistema nervoso, eles tem acesso à câmara do pensamento e cada vez que conseguem interferir e conduzir o individuo, eles se apoderam de energia que os permitem se manter vivos, portanto eles precisam desta atuação para se reenergizarem. Quando eles não conseguem a partir desse acesso interferir na conduta do individuo, eles perdem energia e não conseguem se reabastecer, consequentemente vão enfraquecendo até que se dissolvam e sejam incorporados e integrados como conteúdos de consciência.

Eles são importantes, pois representam uma grande possibilidade de acréscimo, ampliação e expansão da consciência. Mesmo que inicialmente possam representam a possibilidade de desagregação e destruturação.


continua...
 
 

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