domingo, 18 de julho de 2010

DESÍGNIOS

    Obra de Salvador Dali

Carla117


Em décimo eu estava vendo da janela de uma escada um grupo de paraquedistas. Depois dos saltos eles adentraram no prédio. Nisso encontrei com uma mulher e ela chamou-me agarrando minha mão e praticamente me puxando. Perguntei por que ela não me avisara daquele grupo, pois se eu soubesse, teria me inscrito para pular de paraquedas também. Ela me retirou do local, nós passamos no meio do grupo de paraquedistas que estavam no corredor (ficou uma fileira de homens uniformizados de ambos os lados) e começamos a descer numa outra escada quando ela perguntou-me se eu tinha certeza de não estar caindo outra vez numa armadilha. Ia responder que não quando ela transformou-se num homem que agarrou meu pescoço e tentou com a boca enfiar-me uma espécie de espinho envenenado na minha testa. Percebi que era sim outra emboscada. Uma força estranha surgiu em mim e consegui desvencilhar-me dele enquanto ele/ela se desequilibrava e caía da escada. Depois de rolar dois degraus ele parou desfalecido. Instantaneamente aquela já não era mais eu, pois eu estava em frente a uma televisão assistindo aquelas cenas, aos quais faziam parte de um filme chamado A vida de Isabel (ou poderia ser Isabela, não lembro direito). Assistindo as cenas finais do filme, vi-me na tela, mas meu rosto foi mudando para outras faces femininas e masculinas até que ela ficou idêntica a face comumente conhecida como a de Jesus e depois ainda continuou sua transformação para época ainda mais remotas. A moral da história do filme era mostrar que Jesus poderia ter retornado numa figura feminina. Só não consegui associar ou aceitar que essa figura feminina fosse eu. Era como se eu tivesse tomando rápido conhecimento de todas as aparências de rosto que tive de encarnação a encarnação. Acho difícil interpretar o sentido de um sonho como esse.

A primeira parte deste sonho é singular e particularmente significativa em sua dinâmica.

Para mim é extraordinário ver a construção de um sonho que coloca o sujeito inserido em uma situação crítica que lhe exija, de forma decisiva, uma tomada de atitude frente ao risco.

Na vida real existem acontecimentos significativamente tão decisivos, ou momentos tão graves, que exigem todo o melhor de nós, e quando superamos esses momentos saímos deles diferenciados... Já não somos os mesmos.

Essa é a importância que dou a esse sonho. Ele contraria a sua postura passiva e de vítima e lhe exige o seu melhor. E você consegue acumular força para não sucumbir ao medo ou ao pânico, enfrentar o desafio e sair transformada.

Esse é para mim um sonho de transformação e de metamorfose. A energia aprisionada em nossa tensão, bloqueada pelas defesas, em amarras que nos aprisionam, são como que superadas e transformadas e uma nova força surge, percorre o corpo e focaliza a ação.

O fenômeno no corpo é a superação da paralisia. O corpo inerte e aprisionado, submetido ao domínio, onde o sujeito não consegue aglutinar sua força e nem focalizá-la, se supera e mobilizando-a, aglutinando essa energia, transforma-a de difusa, fora de controle, em concentrada e direcionada.

Isso é o que posso chamar de um ATO de PODER, um passo de poder, a Aglutinação da Energia pessoal.

“Uma força estranha surgiu em mim... Instantaneamente aquela já não era mais eu”

Você se transforma e avança. Este é o desígnio. Somos uma energia bruta, dispersa, difusa, que busca foco e transformação.

Voce pode pensar: mas energia não é tudo igual: Genericamente sim, mas assim como a matéria apresenta estágios e diferenças as energias também podem ser diferenciadas. Se fosse possível mostrar um paralelo pensaria na diferença entre o Sol e um Buraco Negro.

O Sol em primeiro estágio, em convulsão, emite luz e depois como Buraco Negro chupa matéria.

A segunda parte pode ser ainda mais extraordinária. Frente à transformação vivida, a vida como que agracia o sujeito com um momento de magia, no seu caso você consegue ver a rede que te une ao passado, a conexão de sua vida com o “tempo do não tempo”, com todo o sempre, que passando, está, como que, aqui ao lado. Você é agraciada com um mistério decifrado.

Neste aspecto, Jesus somos todos nós. Jesus vive em cada um de nós. Porque a história da humanidade reina em cada um de nós. Como renúncia e sacrifício, como símbolo do sagrado e como o pão que alimenta e como o vinho, plasma de vida que alivia nossas dores nos dando vida, circulando, em nós, como Linfa.

Cristo é mais do que um símbolo, é arquétipo de desígnio de nossas vidas: Na renúncia; Na referência de princípios construídos na formação do homem social, representação paradigmática da evolução do primitivo predador para o coletivo protetor: No sacrifício que vivemos para a superação e educação de nosso lado sombra; No renascimento, na ressurreição, quando completamos a transformação da matéria em luz, realizando nosso desígnio.

TODOS SOMOS UM

Penso que não cabe avaliar o sentido específico do sonho: o Jesus e seu lado sacrificado, crucificado e santificado. Seria reduzir a vasta riqueza no digerível enquadrado.

Você, bem o percebeu:

“Era como se eu tivesse tomando rápido conhecimento de todas as aparências de rosto que tive de encarnação a encarnação.”

Essa, a Graça recebida pelo comportamento impecável que a vida nos exige. Quando somos IMPECÁVEIS o Divino nos agracia.

Mas não se esqueça, esse foi apenas um obstáculo, um desafio, outros se seguirão!

BYE!

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