quinta-feira, 15 de julho de 2010

DANÇANDO NA VITRINE


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No quarto sonho eu estava dançando entre vitrines de um shopping que parecia um labirinto. Eu dançava de uma maneira sensual. Não haviam expectadores e eu sentia-me a vontade. Houve um momento em que precisei descer uma escada e essa encolheu, ou melhor, seus degraus recolheram-se. Foi preciso esperar uma outra mulher aparecer e tentar voltá-lo ao normal.

Lembrei-me agora, possivelmente, em meus 15 anos de idade, da primeira interpretação de sonho que li. Era o sonho de uma mulher que andava nua pelas ruas e quando percebeu a sua nudez, fugia apavorada dos olhares indiscretos e repressores. Se não me engano o autor fazia uma interpretação Freudiana, de que a exposição era a realização e satisfação do desejo de se exibir.

Naturalmente, já vimos suas características narcísicas, e sua necessidade de compensar a sua baixa estima ocupando o foco de atenção, o palco, a vitrine.

Mas no sonho não há espectador, será que não assume o seu desejo? Será que a timidez bloqueia sua necessidade de visibilidade? Ou será que a visibilidade é apenas a necessidade de compensar seu sentimento de abandono. Surge a necessidade de exibir-se, mas o medo de invasão ou de se expor ao julgamento moral a impede de satisfazer seu desejo, sua vaidade, sua natureza narcísica. Como narciso você dança e se exibe apenas para si mesma.

Independente disso acho interessante, a descida de escada que associo com regressão, retorno, recuo, mas as escadas se fecham e bloqueiam seu caminho de descida, de volta.

Quando avançamos a estrutura psiquica não mais nos permite o recuo aos estágios anteriores. Neste caso, apenas a nova mulher que surge permite o tráfego entre desníveis.
Vivemos permanentemente entre duas forças: Uma que nos impulsiona para a frente, para o avanço, expansão; Outro que nos puxa, bloqueia, trava e empurra para a retração. Polaridades opostas.

Quanto maior a diferença de potencial, a diferença entre a força que impulsiona e a força que retrai, por exemplo: uma idealização do grandioso e uma repressão moral, duas polaridas extremas, maior a tendencia de estagnação ou de retrocesso.
Quanto mais fortalecemos a harmonia entre os opostos maiores as possibilidade de aproximação destes opostos e consequentemente de sua integração.
Nossos avanços não nos asseguram nada, o que nos fortalece é a integração dos opostos

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