quarta-feira, 28 de julho de 2010

FLUX LYMPHA



Carla 126

Sonhei que estava num carro e alguém dirigia-o numa velocidade muito rápida. O local ou cidade parecia um tanto futurista, cheio de ferragens trançadas por toda parte, enfim, uma aparência não muito agradável para mim. Era noite, eu estava com muito medo de morrer num acidente trágico e rezava o tempo todo dizendo que não queria morrer antes de realizar o que pretendia ou tinha de fazer ali. Nisso chegamos num prédio gigantesco. O elevador era imenso, mas conforme aproximava-se ia ficando pequeno e mal cabia três pessoas dentro dele. Não lembro de ter subido pela escada, mas lembro de estar dentro do elevador subindo apenas os dois últimos andares. Eu não estava com medo, mas sim bastante agoniada e sufocada. Tentei aproveitar a situação e fiquei olhando para baixo, pois pisávamos numa espécie de vidro, ou seja, de dentro do elevador avistávamos a rua e os minúsculos carros lá em baixo. Disse para mim mesma que não entraria naquele elevador para descer, pois realmente alguma coisa nele não me agradava. Entrei na casa de uma conhecida, tudo era muito amplo e não recordo muito bem o que fiz lá, mas sei que a mãe dessa conhecida separou alguns limões para eu levar para minha mãe. Eu os peguei e, quando fui embora, essa conhecida quis me colocar no elevador. Eu não queria, mas pensei que estava agindo feito tola dando preferência a descer aquilo tudo de escada. Entrei no elevador e veio um outro rapaz que entrou também, mas este sim estava com medo (seria projeção do que eu não estava me permitindo sentir?). Eu já deixara meu medo de lado e queria era descer o mais rápido possível e acabar com aquela tensão. Enquanto ficávamos no desce e não desce, uma das cordas internas do elevador arrebentou e fomos puxados de volta antes que tudo despencasse. Constatando que meu pressentimento tinha alguma razão, comentei que descer era fácil e não daria trabalho algum fazê-lo pela escada. Assim fizemos. Numa das voltas da escada havia uma espécie de santuário. Admirei-o e continuei descendo. Ao final saímos na loja da mãe dessa conhecida minha. Parece que todo o prédio era dela. A loja vendia aviamentos e era muito grande. Havia um depósito imenso com estoque de novelos de linhas variadas. No que fui sair uma das funcionárias me barrou dizendo que eu só saía depois que houvesse autorização para tal. Tive de esperar. Pouco depois a jovem conhecida apareceu e perguntou se eu não ia levar os limões. Disse que desistira deles, pois ficara pesado para descer com os mesmos pela escada. Convidei-a para ir com sua mãe à minha casa e aproveitar o passeio para levar os limões. Nisso outra conhecida apareceu e começamos a conversar outros assuntos relacionados a minha infância. Só lembro de confirmar que eu era muito bagunceira.

Em Geral veículo representa o corpo, seu corpo, sua existência. A velocidade indica seu movimento vital. Ou seja, você está acelerada, funcionando em alta velocidade, contrariando seus ritmos e colocando sua vida em risco. O medo de morrer é coerente com as circunstâncias. Insegurança para romper com as dificuldades, medo pelos riscos que corre, ou pela forma como conduz a vida neste momento. A cidade futurista pode designar seu futuro ou a angústia e ansiedade pelo movimento de se lançar na vida Urbana, mundo desconhecido, ameaçador, misto de encanto e ameaça.

O Prédio invoca a dificuldade, “édifício”, os bloqueios, os desafios, que precisam ser superados, rompidos. E a dificuldade aumenta porque você é conduzida, independente de suas dificuldades, acaba por se convencer ou se deixar levar.

Poderíamos perguntar: Quais as dificuldades? Medo de altura? Seria o medo de crescer? Os limões representam a acidez endereçada à mãe, ou seria a acidez dessa relação? Os vidros indicam a transparência que se faz necessário, que se exige na atitude diante da vida? O Medo de se lançar? A necessidade de aumentar a confiança nas suas escolhas?

Assumir suas dificuldades, seus limites, incapacidades e incompetências, pode ser um passo de superação. E focar mais a sua vida, definindo seus propósitos e seus rumos, seus objetivos para seguir por onde tu miras e não por lugares que outros a conduzam, pode ser a resposta mais positiva.
Nosso  fluxo vital depende do movimento livre e sem bloqeios, permetindo a linfa circular pelo corpo em sua vasta extensão levando e renovando a pulsão da vida. Só assim podemos realizar, a contento, o projeto futuristico de nossas vidas.

127

Num segundo sonho eu dei uns sabonetes para minha mãe guardar e quando fui ver, ela houvera tirado-os da embalagem e espalhado-os (acho que ela os jogara fora) no meio de um capinzal seco. Peguei uma sacola e fui catar os sabonetes achando um absurdo o que ela fizera. Depois disso não tenho mais lembranças.

“...eu dei uns sabonetes para minha mãe guardar...” O momento de passar ao outro as suas responsabilidades ou seus desejos, suas intenções, seus objetivos parece-me que se esgota. Esperar que o outro faça aquilo que é seu Intento, pode significar maior trabalho no futuro para refazer o que o outro fez diferente de seu desejo. Eu sempre penso que há limites para jogar no outro aquilo que é responsabilidade pessoal. Maternidade nenhuma consegue proteger o filho naquilo que é dever dele fazer. Ninguém pode mergulhar por nós, viver por nós, realizar as tarefas difíceis que a vida nos exige. Na superação das dificuldades está a descoberta que permite a aglutinação da consciência, a maior possibilidade de se realizar enquanto mulher.


Nenhum comentário:

Postar um comentário