domingo, 11 de julho de 2010

DESEJOS OCULTOS



Diamente Wittelsbach
CARLA 105

Como ainda há 30 dias pela frente, tomo a liberdade de lhe enviar meus sonhos até quando der... Dessa noite só recordo os dois sonhos anteriores ao momento do despertar.

No primeiro eu lembro só da parte final: eu estava com uma turma e eu cheguei perto de um rapaz, abracei-o na cintura e disse que gostava muito dele como se ele fosse um irmão para mim. Como era amiga da namorada dele, sabia que ela não ia ficar com ciumes por conhecer minha índole moral. Não sei por que eu falei isso, mas sei que teve um motivo específico além do fato de realmente gostar dele: era como se eu não estivesse disposta a acatar seus conselhos ou algo assim. Era como se alguma coisa entre nós pudesse ameaçar nossa amizade (se acaso ele achasse ruim), algo que eu não desejava. É uma pena eu não lembrar sobre o que eu conversava anteriormente com ele e os demais do grupo. No que saímos caminhando, esse rapaz subiu no passeio (que era muito irregular) e eu o acompanhei. Estávamos indo para a rodoviária, pois eu ia viajar com minha mãe que houvera ficado hospedada num hotel. No meio do caminho, eu e ele encontramos umas pedras preciosas e cristais no meio de um monte de terra. Havia vários tipos de pedras com cores e tamanhos diferentes, mas todas de formato redondo a ovalar. A turma seguiu adiante. Ele catou algumas pedrinhas, mas eu queria catar tudo. Também havia umas sacolas com vários sabonetes, shampoos, condicionadores e demais coisas que eu também queria. Pedi-o para me ajudar a pegar as pedrinhas, mas ele não me ajudou como se eu estivesse exagerando em querer tudo (essa foi a minha impressão). Meu encanto era grande. Outra vez um sonho donde estou sendo agraciada com produtos de beleza.

Aqui parece-me uma recorrência de sua forte ligação com os objetos foco de seu interesse. Aparece a compulsão possessiva. Esse comportamento de querer tomar posse daquilo que lhe desperta o interesse. A dificuldade de escolher: quem tudo escolhe, tudo acolhe, tudo possui, porque não cosegue abrir mão do desnecessário, do excesso. Quer tudo, tudo quer. O impulso para suprir a carência, o vazio, o buraco impreenchível da falta. A voracidade.

Tendo a considerar de forma genérica os objetos, já que cremes e shampoos como objetos de seu interesse podem realçar a voracidade da conduta possessiva ou a carência que anseia satisfação, saciação.

Sua rigidez moral, mediador de sua relação ética com o mundo, não impede os desejos, a atitude de sedução ou a cobiça no boy da amiga. Mesmo que a intenção moral prevaleça, a segunda intenção parece estar implícita no contexto, ainda que protegida na indicação de irmandade da relação homem mulher. Não se superestime nem subestime o outro. As relações sociais afetivas, muitas vezes escondem desejos secretos moralmente inomináveis mas que realizam intenções subliminares nem sempre aceitáveis.

As pedras preciosas simbolizam a transmutação do opaco para a transparência, das trevas para a luz, do incompleto para o completo. É a grande Obra. Quando enveredamos nesta jornada nos descobrimos pedra bruta e com o trabalho de lapidação podemos nos transformar na pedra preciosa. Mas esse trabalho Lapidar nos exige renúncia, desapego, compaixão, purificação, maturação, preparação.

Não é pouco! Sempre penso na compaixão divina pelos pequenos. Somos frágeis, delicados, despreparados, entre outros detalhes, a preparação significa o fortalecimento da alma, do espírito para poder vislumbrar a força da luz divina. Esse fortalecimento como a lapidação, aumenta a nossa resistência ao sofrimento, aos desafios, às provações, aos confrontos e quando amadurecemos ficamos preparados para “ver” o indivisível sem sucumbir à força do seu brilho. Trabalhe o desapego, aprenda a solidão, fortaleça o espírito, consolide a paciência, renuncie à insignificância, ao encantamento, ao apego, etc. assim lapidamos o espírito.
De qualquer forma é visível que ocorrem mudanças na sua relação com o masculino e começam a aflorar os caprichos, desejos, seduções, manipulações e inteções escondidas e mascaradas pelos bloqueios que existiam e que impediam o desenvolvimento dessa relação e a visibilidade desses conteúdos.

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