quinta-feira, 22 de julho de 2010

CARÍCIAS


Carla121

Em segundo, eu estava com o mesmo homem do sonho da noite anterior. Ele tinha um jeito levemente afeminado que me agradava e surpreendi-me quando ele acariciou-me e foi levemente tentando aproximar-se até que me tomou de carinhosos beijos. Conforme o envolvimento foi aumentando, tentei desvencilhar-me e ele desconfiou (ou lembrou) que eu estava menstruada. Respeitosamente ele entendeu a situação e continuamos apenas com os beijos.

Em geral sonhos com nuances sexuais ou eróticos compensam necessidades biológicas, e afetivas. Atualizam essas descompensações e enviam sinais de mobilizações predispondo o organismo a esse tipo de envolvimento e de vivência. E não se pode esquecer que independente de qualquer necessidade emocional ou afetiva, o corpo possui suas necessidades programadas, enquanto corpo, máquina bioquímica, preparada para a tarefa de procriação do individuo maduro, necessidades que regularizam suas funções.

Parece-me que neste sonho fica evidente um mecanismo, já avaliado em sonhos anteriores, que determina os eventos oníricos.

É necessário lembrarmos que o sonho ocorre numa dinâmica pré-estabelecida. Há uma proposição na sua construção, mas isso não impede que a Lei da Imprevisibilidade também atue no universo onírico.

O individuo como um agente,  pode  não interferir no sonho por sua condição passiva  ou não conseguir interferir por imobilidade ou incapacidade, e o sonho será menos imprevisível considerando   a  intenção  de sua pré construção, neste caso, menos imprevisível será o sonho, ou menos interferências ocorrerão no projeto de intenção do sonho construído.

Mas quando o sujeito é mobilizado em seus bloqueios e em suas defesas severamente construídas, por conceitos morais, princípios religiosos, dificuldades pessoais, limites predeterminados a partir de sua relação como  ser simbólico, constituído de natureza animal, suas respostas podem alterar a dinâmica dos sonhos.
O que quero dizer com isso que existe uma lei de simultaneidade entre a natureza do corpo e nossa natureza simbólica. Quando interferimos mais do que deveriamos, o corpo reage promovendo ação semelhante interferindo na dinâmica de condução corpo, retirando do individuo prerrogativas na sua condução e impondo-lhe a submissão" às necessidades corporais.

No sonho fica aparente que a reprêssão é significativa, e altera a dinâmica do sonho por que a realidade do cenário funcionando como estímulo promove uma resposta a partir da polaridade que é capaz de induzir no sonhador.

Esse fenômeno ocorre no sonho acima com o limite predefinido pelo sonhador, o "não mavance", decorrente do incômodo causado pelo conflito entre o desejo do envolvimento e sua indisposição de envolvimento em decorrência da condição menstrual.

Há outro lado instigante: É a natureza feminina do masculino, a condição do homem feminino, e o limite da condição feminina da sonhadora, de sua natureza. O limite, a justificativa do não envolvimento, baseada na condição de sua natureza feminina interpõe-se é funciona como bloqueio para paralisar a entrega.

É possível que o exercício do controle ocorra pela fragilidade do desejo, ou pela força do desejo de permanecer apenas nas preliminares, sem envolvimento mais profundo. O limite pode estar relacionado à condição juvenil que se impõe ao envolvimento, ou à necessidade de se envolver sem se comprometer (defesas), impedindo a mulher madura, aquela que pronta para pagar e assumir seus desejos, não encontra espaço frente a princesinha que não suporta o sangue da menstruação, o sangue do sacrifício.

Veja que considero o simbolismo da situação. Quando a virgem se oferece ao macho, ela oferece a sua virgindade, sua pureza, e dá ao macho o direito de penetrá-la. Este é o sacrifício, que se torna um bom ato de sacrifício quando dentro dele se descobre o prazer, o orgasmo. Superando a força do controle o individuo encontra o prazer e o relax do orgásmo, a sensação de harmonia, o abandono das tensões.

Naturalmente, que muitas são as mulheres que têm dificuldades frente às alterações promovidas pelo estado menstrual de se entregarem à copula. É compreensível, ainda que outras tanto se permitam avançar neste estado, para experimentar e para descobrir a força do orgasmo nesta condição.

Mas no sonho, o limite parece-me outro que não a condição que o estado impõe, surge uma questão:

 O conceito, ou preconceitos,  lhe impede sua maturação como mulher adulta
ou o impedimento lhe favorece manter-se juvenil,
 retardando seu crescimento como mulher?

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