domingo, 11 de julho de 2010

MÃE IARA E OMOLU


Carla 106


No segundo sonho, muito intrigante e bom, eu estava num local de umbanda e preparavam um ritual de alta magia. Haviam algumas moças conhecidas e uma senhora que conheço como 'Mãe Iara'. Havia uma espécie de altar (do tamanho de uma cama) encostado numa quina da parede e lá haviam duas espadas uma atrás da outra e alguns outros materiais formando um quase simbolo, mas não lembro detalhadamente. Enquanto remexia com aquilo (eu estava em cima de um banco observando da porta principal da cozinha), um homem perto de mim (não sei se incorporado ou não) observava um prato com uma espécie de melado e ali ele via o futuro de uma criança, dizendo que ela seria muito abençoada. Creio que ainda estivessem preparando-o para o reencarne. Eu sabia, não sei como, que seria um menino, e pensava que a mãe poderia até ser eu (muitos detalhes não eram revelados) e, se não fosse eu, se também teria toda aquela preparação quando fosse ter meu futuro filho. Aquele local (pequeno e escondido por sinal) me era conhecido, pois chegou um casal atrasado que foi fazer uma oferenda direto no quarto dos orixás: eu tanto sabia onde ficava, quanto como era lá. Entretanto, na vida real, desconheço esse lugar. Estranhei ninguém barrar a entrada dos dois, uma vez que não deveria ser feito nenhum tipo de entrega enquanto estivesse ocorrendo aquele trabalho principal com as entidades junto ao altar, a menos que fosse trato com algum exu, mas eu notei que não era, pois se fosse, eles teriam ido para o quarto específico dos mesmos. Eu vi que para lá eles não haviam ido, pois para lá chegarem teriam que ter passado pelo interior da cozinha através das duas portas laterais dos fundos. Como minha hierarquia era inferior, ignorei o fato apesar da curiosidade e do estranhamento. Eu me sentia muito bem ali, mas sabia que talvez devesse estar atuando também, mesmo que fosse enquanto ajudante como as outras jovens. Nisso duas delas acabaram o serviço e sentaram-se perguntando o que mais poderiam ou tinham para fazer. Eu aproximei-me da 'Mãe Iara', que segurava umas fatias de pão de forma (e talvez mais alguma coisa que não recordo), e comentei que ficar só olhando era muito bom, mas só de pensar em trabalhar eu já me sentia cansada. Ela também ficava só observando, pois pela idade pouco conseguia fazer além de coordenar. Ela riu e perguntou para as jovens se elas estavam cansadas. A resposta foi não, seguida do comentário de que ficar só olhando é que deveria ser cansativo. Eu não me importava de não estar participando, pois sabia o quanto aquilo era trabalhoso, minucioso e de quanta responsabilidade, energia e comprometimento tinha de se dispor. Ao sair do local, encantei-me com uma trepadeira enorme que estava cheia de um frutos parecidos com tomates verdes ainda de tamanho médio. Eu sabia que não era tomate e fiquei curiosa indagando-me que frutinha seria aquela. Toquei numa e notei que ela era levemente mole. Quando voltei a caminhar eu escutei, como se fosse por telepatia, a 'Mãe Iara' dizer: 'Eu não falei que ela era filha de Omolu? A principio ela pode parecer filha de qualquer outro orixá, mas o cansaço dela é típico de Omolu'. E eu, caminhando com a dúvida de não saber qual era meu real orixá, por ainda não ter passado pela feitura (espécie de batismo), fiquei a me questionar se seria mesmo filha de Omolu, pois tal opção não me agradava muito. Não sei por que, mas adoro sonhar com essas coisas misticas-religiosas. Eu me sinto muito familiarizada em sonhos do gênero, mesmo que esteja neles apenas como espectadora.

O que isso pode representar?

É interessante!

A mensagem pode ser o que anuncia. Vem do seu interior, afirma, guia:

Você é filha de OMOLU!

"Omolu é um orixá africano cultuado nas religiões afro brasileiras que o tem como o Senhor da Morte, uma vez que é o responsável pela passagem dos espíritos do plano material para o espiritual. Seus filhos são sérios, quietos, calados, alegres de vez em quando, ingênuos demais , porém espertos e observadores e um tanto teimoso. Seus filhos agem como pessoas muito idosas, são lentos e tem hábitos de pessoas muito velhas. Seus filhos também tem muitos problemas de saúde." Wikipédia

Se considerarmos a representação:

Na Umbanda, a mulher de Omolu tem temperamento forte, não aceita nunca um companheiro que a domine e busca um homem à sua altura. Gosta de homens altos, fortes, inteligentes e com vigor sexual. Discreta, nunca será a primeira a atacar. Observa bem, antes de se aproximar de quem lhe interessa e, quando se apaixona, deixa transparecer todo o seu ciúme. É do tipo de mulher que procura combater quem quer seduzir seu parceiro. É possessiva. Se o parceiro compreender isso, terá ao seu lado uma grande mulher, uma parceira sexualmente ativa.

Podemos concluir que para ser filha de Omolu, precisa romper com o papel de mulher submissa que você busca encarnar. Neste caso a mensagem pode ser referência à necessidade de mudança de postura na sua relação com o mundo e com os homens, e reafirma o que venho lhe dizendo: a importância de tomar atitudes, fazer suas escolhas, escolher o homem que lhe interessa, se aproximar e conquistar seu homem como mulher forte e dominadora, abandonando o papel de submissa e pobre coitada.

Pode ser indicação de que o processo de aprimoramento mais exige-lhe, para tomar o formato definitivo de conquista. Há a fruta ainda não distinguível, não consolidado no formato. Como filha seu caminho poderá ser de intercessora ou mediadora entre o mundo espiritual e material, caminho inevitável se não se quer pagar o preço do não desenvolvimento.

A Mãe Iara parece-me arquetípica, imagem da Mãe Divina, guia, que acolhe, protege e encaminha e que, portanto precisa ser considerada.

Se considerarmos sua fala como desafio, provocação, neste caso ela chamaria sua atenção para o seu cansaço ou a forma malemolente de ser, ou o velho espírito que carrega e que arrasta.

A religiosidade é fator de equilíbrio na vida de um a pessoa, ela pode favorecer e definir uma forma harmoniosa de conexão e relação com o mundo, com o divino, tanto quanto aprisionar, quando utilizada como instrumento de manipulação para oportunistas.

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