domingo, 27 de junho de 2010

SANATÓRIO GERAL


CH 99

Logo em seguida eu já estava dentro de um local que verifiquei ser um hospital. Depois de acordar me pareceu mais ser um sanatório. Eu parecia inteira e bem fisicamente, mas estava desmemoriada querendo saber quem me levara para aquele local. Perguntei ao médico se fora 'ele' quem me levara para lá (me referia a algum outro homem que não estava ali), mas não poderia super quem era esse tal sujeito referido como 'ele'. Uma enfermeira queria coletar meu sangue para fazer exames, mas eu dizia não precisar. Eu me sentia bem e não queria dar trabalho a ponto de precisar tirar sangue (não sei se eu estava num hospital e julgava desnecessário o exame ou se estava num sanatório e o via como uma espécie de 'injeção castigo' aplicada em quem dava muito trabalho). Mergulhada no contexto onírico eu acreditava estar desmemoriada num hospital, mas analisando o sonho depois de acordada, eu parecia mais uma louca que enxergava tudo por uma ótica pessoal desconfigurada e, exatamente por isso, julgava-se desmemoriada e largada num hospital. Depois de insistir suplicando minha insatisfação e recusa de tirar sangue, a enfermeira me deu uma cumbuca com uma bebida avinagrada e tomei com gosto, não por ser gostosa, mas por preferi-la à coleta de sangue ou suposta injeção (deu para brincar dizendo que aquilo estava ótimo, que era bem melhor). Embora eu não soubesse nada de mim mesma, não conseguisse entender que local era aquele e nem como fora parar ali, eu conversei com o médico e a enfermeira dando a impressão de já os conhecer a tempos (era como se não estivesse desmemoriada deles), e isso intensifica a sensação de que estava num hospício e não num simples hospital, mesmo que dentro do sonho aquilo me tenha parecido um mero hospital. Porque meu sonho apresentou essa dualidade de contexto e configuração?

Em princípio chama-me  a atenção  que mesmo em uma situação de confronto a sua referência cada vez fica mais fortalecida  em você mesma, no seu eixo. A força do outro diminui presença na determinação do que você pensa. Você evita dar trabalho, mas se condena como muito custosa. Contradição? Ainda existe esta estima comprometida. Mas sua negação e recusa frente à ameaça indica a tomada de posição, firmeza, escolha, a manifestação do seu incômodo. Você se coloca e coloca a cara à mostra. A bebida envinagrada me lembra do cristo crucificado, com sede, sendo saciado com vinagre. Possivelmente sua atitude é de sacrifício.

Espero que as leituras feitas aqui neste espaço não a tenha levado a se acreditar sem chão, ou incomodada com as conclusões. Você pode não ser melhor do que outros, mas com certeza não é a pior das pessoas. A tônica do sonho parece-me a disfunção da memória. A memória é a referência do que somos, de onde viemos, e sem essa referência tendemos ao perdido, vagando no presente, sem passado e sem futuro. O sonho reforça a ideia da importância do Foco, da atenção, da ligação em você, no mundo e na sua história.

E quero crer que sua questão é a busca de suas referências. O antes significou a perdição e o presente significa a tomada de consciência do sanatório que construiu na sua vida. E essa consciência é o inicio do caminho da tomada  em suas mãos de sua vida.

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