domingo, 13 de junho de 2010

RECONCILIAÇÃO


CH 88

II - Depois de voltar a dormir sonhei que estava com um rapaz numa farmácia comprando ração para cachorro. Indeciso entre os tipos de ração ele acompanhou uma mulher até o interior da loja e fiquei ali o esperando. Ele começou a demorar muito. Eu estava quase desmaiando e parecia impossibilitada de mexer as pernas. Nisso o dono do local fechou as portas e tentou me agarrar. Sob o impacto de uma mentira (disse que ele ia se contaminar com Aids) consegui me desvencilhar dele. Fui para casa bastante assustada. Lá estavam minha mãe, irmã, cunhada e sobrinha. Havia muita coisa de comer, mas tudo me causava náuseas, pois eu estava me sentindo muito mal. Meu cunhado parecia disperso lendo um jornal. Minha sobrinha brincava e minha mãe e irmã faziam as malas, pois íamos todos viajarem para Três Ranchos. Embora eu adore conhecer locais novos, desgostei-me da ideia da viagem, mas sem alternativa fui arrumar minhas roupas também. Minha mãe estava bem mais nova, praticamente uma jovem. Enquanto separava as roupas, eu chorava cantando a música Pai do cantor Fábio Junior.

Depois disso caiu um tronco de mangueira sobre a casa e, quando fui chamar minha mãe para ver o acontecido, ela já estava lá na rua com minha irmã e sobrinha conferindo os estragos do incidente. Continuei no quarto, na minha angustia, sentindo desolada, apática, desinteressada de tudo, com um sentimento mórbido que de fato existe muito forte dentro de mim quando pareço obrigada a aceitar que sou o patinho feio da família, ou melhor, do mundo inteiro, aquele que não consegue e nem quer se entrosar com o grupo no qual está inserido, mas que nada pode fazer, pois não sabe cadê o seu grupo real de afinidades e afetuosidades.

Noutra parte de sonho eu fui com minha irmã a um açougue e, embora eu não coma carne, ela exigiu que eu pedisse a mesma. Eu mal conseguia repetir o nome do tipo de parte de carne que ela queria. Nisso o açougueiro trouxe o pedaço de carne, levantou no alto e rasgou-a com um gancho várias vezes me perguntando se aquele pedaço estava bom. Embora fosse apenas um pedaço de carne, eu senti aquela cena como se estivesse presenciando um assassinato, de tão mal que fiquei. Na volta eu e minha irmã conseguimos carona com uma mulher que estava acompanhada de uma criança, mas houve um problema com o carro dela e tivemos de caminhar a pé o resto do trajeto. No meio do caminho encontramos com minha mãe e contei a ela o que acontecera no açougue, relatando como todo o ocorrido me traumatizara. Minha mãe foi rude com minha irmã chamando-a de capeta e dizendo que ela não ia conseguir consertar o mundo inteiro. Fiquei ainda pior com aquela briga na frente da desconhecida e da criança. Embora estivesse me defendendo, fiquei chocada com a reação de minha mãe. Não sei o que aconteceu depois disso, mas lembro da minha mãe comentando sobre um pequeno vulcão que havia no quintal de casa. Ela queria tirá-lo de lá e escavacava a terra, mas realmente não lembro muito bem.

Todos os sonhos pareceram me confrontar perante minha imensa dificuldade de desvencilhar do meu jeito negativo de ser uma pessoa subordinada às ordens alheias, insegura, falsa, assustada, submissa, rebaixada em minha autoestima e dependente da proteção alheia como se fosse uma criança. Foi uma noite horrível e interminável!

Qual a eficácia de sonhos tão ruins?

Não se a questão onírica é de eficácia ou não eficácia. Essa questão é humana. A natureza possui uma dinâmica, nós somos parte desta dinâmica, se soubermos sincronizar a frequência da natureza e com ela caminhar em uníssono, seremos agraciados com novas experiências e na hora derradeira da morte, ela será benevolente e nós dará um tempo a mais, um miniuto, de vida, para nos prepararmos para a passagem, nossa única chance de mantermos íntegros a consciência de nós e do mundo. Caso contrário, apenas nos diluiremos no fogo cármico da poeira cósmica, e... Nossa ausência e fragmentação nenhuma diferença fará neste vasto universo.

Se existe um problema nisso que chama de eficácia, o problema não é dos sonhos, mas nosso. Se existe uma intenção na natureza dos sonhos e para chamar-lhe a atenção para que faça movimentos, supere estágio que já deveriam estar no passado e rompa com seu aprisionamento, seus limites.



Na primeira parte, retorna sua imobilidade, sua falta de iniciativa, ou a incapacidade de movimentar seu corpo, até mesmo numa ação de defesa.

Várias podem ser as causas dessa angústia, vejamos algumas:

-Essa angústia esta mascarada, escondida, e agora aflora por que você abre espaço para o seu universo interno. Se antes ela ficava escondida, aflorando de forma caótica ou deformada, agora aparece no sonho como ela é: Angústia;

-Nas mudanças que você realiza essa angústia que antes era imóvel, como energia paralisada, agora entra na sua dinâmica e começa a se movimentar e a aflorar;

-O seu elevado nível de tensão, e de estresse colocou-a num grau de prostração com sintoma de depressão mascarada;

- Sua hiperatividade mental leva-a a esses estados de angústia, em decorrência de déficit energético decorrente da perda de sua capacidade de síntese energética.

Voce acredita que “Continuei no quarto, na minha angustia, sentindo desolada, apática, desinteressada de tudo, com um sentimento mórbido que de fato existe muito forte dentro de mim quando pareço obrigada a aceitar que sou o patinho feio da família...” Mas pode ser equivoco. O que lhe causa esse sentimento negativo, isso que lhe invade, é a condição de dependência em que se coloca. Você não é obrigada a nada. Mas como criança você permite que o outro lhe determine seu destino e sua vida.

Nos estados regredidos, corremos para o colo dos que simbolicamente são mais forte, e como recuar ao abrigo do afeto. Abaixo a música que serviu para alimentar sua angustia e seu grito de socorro. Mas também é um sinal de reconciliação entre Pai e Filha. A música do Fábio Jr. Foi escrita, parece-me, vivendo essa reconciliação com o seu pai.

Também sou vegetariano e posso compreender sua angústia, Mas no sonho parece-me uma chamada para a realidade. E a realidade não precisa ser traumática. Ela nós exige postura e atitude. Não há porque fugir da realidade, e ela não precisa ser causa de angústia. Quando somos diferenciados e vivemos diferenciados, morte e vida são naturais e necessariamente não significam tristeza e alegria. Podemos nos emocionar com a beleza da vida e delicadeza dos sentimentos, e isto já basta, já é emocionante e faz da vida um acontecimento fenomenal. Mas é preciso sintonizar essa frequência divina da existência.

Minha cara, muitas vezes a angústia se torna refúgio porque o choro pode se transformar em prazer. Mas estamos todos no mesmo barco, no mesmo tempo, vivendo no mesmo mundo e essa solidão é imaginária. Corra atrás de alegria, de prazer e de suas realizações. Para falar a verdade essa alegria e esse prazer estão mais próximos do que é capaz de ver, vivem dentro de você.

Ah! Não se esqueça:   Ruim é originário da palavra Ruína, sua designação é INFELIZ. Somente nós mesmos podemos representar uma ruína para a nossa vida.

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