sexta-feira, 4 de junho de 2010

OBSERVAÇÕES FENOMENOLÓGICAS I

  Ônibus Eco

A realidade onírica possui suas próprias leis físicas. Na tridimensionalidade somos como que prisioneiros vivendo dentro de determinados limites que tornam a vida até certo ponto muito confortável. Mas a condição de matéria do corpo nos aprisiona nos limites do corpo e são limites que protegem a estrutura de consciência dentro da capacidade limitada de processamento cerebral.

Assim, funcionamos com filtros auditivos, visuais, táteis e proprioceptivos que nos protegem de um colapso que poderia ser causado pelo excesso de estímulos dentro de intervalos de segundo inadequados pela capacidade cerebral.

No sonho anterior, CH79- Sandy e Júnior, dois fatos relatados merecem considerações, dois fenômenos são muito interessantes:

O PRIMEIRO

"Só que teve um problema: o degrau de entrada do ônibus era muito alto e tive de ir dependurada segurando na porta de entrada (sonhos tem cada uma!)."

Se pudermos falar num Intento de inconsciente, numa intenção a ser comunicada, diria inicialmente que a imagem é de bloqueio, uma intervenção de retenção, a realidade obrigando o sujeito a parar sua ação, uma intervenção que paralisa o movimento do sujeito.

Se pensarmos na ilusória linearidade e continuidade de nossa consciência, podemos ficar aprisionados à imagem construída do degrau gigantesco a ser superado, mas considerando os mecanismos psíquicos a imagem construída do sonho não muda, o que muda é o foco e a percepção do sujeito. Duas são as possibilidades:

1.Frente ao degrau, que é um obstáculo a ser rompido pela força muscular, o sujeito foca o degrau, a energia que poderia ser mobilizada no imaginário para romper o obstáculo é bloqueada, o esforço do sujeito aumenta, enquanto que a sua imagem como sujeito diminui, o que faz crescer o tamanho do degrau. Neste caso o degrau permanece do mesmo tamanho o sujeito é que se diminui frente à dificuldade;

2. O foco do olhar do sujeito amplia a imagem daquilo que ele precisa superar, ele coloca uma lente de aumento no suposto obstáculo que se apresenta e no esforço que realiza, portanto sua dificuldade cresce porque ele faz crescer o obstáculo ou a dificuldade que se apresenta. O sujeito permanece do mesmo tamanho, mas faz crescer seu esforço frente à dificuldade que ele ampliou. O Degrau se agiganta.

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