terça-feira, 1 de junho de 2010

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REFLEXÕES SOBRE A NATUREZA NARCÍSICA


O narcisismo pode gerar prepotência, egoísmo e intolerância?

Poder de gerar não é a questão. Se considerarmos as características do narcisismo é fácil perceber que como são autocentrados, podemos pensar em Egocentrados, invariavelmente um individuo egocêntrico, voltado para o culto e idolatria à sua imagem tenderá a ser intolerante com o que não diz respeito a essa imagem, mesmo que mascare essa intolerância, não deixará de manifestá-la disfarçada em prepotência e penso na prepotência como manifestação reativa, como defesa.

Agora, pensando na prepotência como expressão de poder, é possível que sua origem esteja  na natureza narcísica, já que desta forma o sujeito pode projetar na realidade a sua idealização de realidade e de mundo e se iludir com a sensação do mundo girando ao redor de seu umbigo.
Também é possível que tenha origem em núcleos autônomos localizados no inconsciente e formados ao longo do processo de gestação. Esses núcleos dissociados, renegam a realidade do parto e atuam na busca de saciação dos desejos, mantendo simbolicamente desta forma a ilusão de permanência do vínculo simbiótico no útero materno. Como núcleos autônomos (complexos) interferem e fragilizam o individuo como forma de manterem o nível de energia que possuem armazenada.
A psiquê fragilizada e com baixo limiar de resistência à frustração leva o sujeito a se proteger de eventos que o façam sentir o impacto das pressões ou a querer manipular o cenário externo como forma de ter poder para controlar a origem dos estímulos que possam provocar desconfortos ou espelhar a inferioridade que carregam. Neste cenário compreenda o individuo como submetido à forças internas  e à pressão externa que o encantoa, obrigando-os a comportamentos limites de defesa. Dessa forma o narcísico é apenas um sujeito frágil e angustiado se protegendo de um mundo ameaçador que se faz reativo e agressivo.  Assim vemos crianças que se comportam de forma tirânica e fascista, como superiores e dominadores, sendo absolutamente insignificantes como pessoas. Elas precisam ser mais saciadas no afeto, serem amadas, para estabelecerem vínculos afetivos e sociais consolidados e consistentes. Como na modernidade falta esse amor, as relações são mais distanciadas, a tendência é que os narcisicos cresçam em número no mundo.
Nesse sentido os narcísicos buscariam permanentemente a auto-suficiência e o individualismo crendo que os outros não o merecem por conta das diferenças existentes?

Buscam para compensar a inferioridade que carregam nas costas e que não suportam. Uma inferioridade frente a insignificância que representa no universo, ou na realidade em que se exclui. Mas há diferenças nesta busca. Aqueles, como diz, que buscam esse individualismo podem fazê-lo também pela dificuldade de interagir ou porque gostariam de ser mais paparicados e focalizados como “importantes”, e isso pode ser sinal de carência, de ser aceito, de ser incluído, aí pode também estar relacionado a outros tipos de dificuldades.

Se isso que chama de individualismo é egocentrado, faz sentido, já que implica em ensimesmamento, quando o espelho é interno, auto centrado. E os outros... Bem os outros são insignificantes, o outro não existe na realidade do narcísico, a não ser como assessório para ser usado oportunamente e para alimentar o seu jogo erótico e masturbatório.

O fato dos outros não ser como ele o faz se fechar no seu próprio jeito de ser tornando-se um auto-apaixonado que ressalta a si mesmo seu ego envaidecido?

“...Se fechar...” implica em sair do aberto para o fechado. Isto não ocorre. O fecho não se abriu para se fechar, ele se fez natureza fechada, intransponível, social mas insociável, interage a partir de armaduras e defesas refratárias, as relações ocorrem por que a psiquê não é fragmentada, esquizo phrênos, o espírito mantêm-se integrado, se compensa e se realiza nesse jogo auto erótico enquanto relaciona-se com o mundo, com “a coisa” externa, aquela que existe fora dele e que serve apenas para municiá-lo e compor seu mundo, aquele que criou projetado na realidade.

Veja que ele é apaixonado pela imagem de si, seja aquela vista no espelho externo ou aquela construída, idealizada no espelho interno.

Considere que há dezenas de graus de inserção neste plasma gosmento. Penso numa escala de 0 a 100. Onde:

• 0...25 – Narcísicos Românticos – Mantém relações sociais e manifestam capacidade de vinculação afetiva, interesse ou algum tipo de tendência a vínculos emocionais. Que os levam a procurar e a desejar algum tipo de vinculação afetiva, mesmo que seja para manter a imagem de “especiais” e sociáveis. Mas permite o exercício afetivo. Pouco ou nada destrutivos se aninham na vaidade e se contentam com aplausos. Ainda que a vaidade seja insaciável e que seu limiar de saciação aumente, o sujeito mudará de classe, mas terá tempo para direcionar sua vida para relações mais consistentes e tempo para desenvolver vínculos afetivos, que em geral podem representar a salvação desta areia movediça, ou seja podem regredir o narcisismo ou agravá-lo com o tempo;

• 25...75 Narcísicos Sociopatas - É o biótipo que mais cresce na sociedade moderna. Podem ser encontrados com baixo nível de destrutividade e até nas fronteiras com a psicopatia. Em geral é um biótipo narcísico por excelência que mantém sua reatividade destrutiva sob controle, mas com o passar do tempo se são muito frustrados tendem a aumentar o grau de destrutividade podendo avançar para psicose ou para estados mais severos de psicopatias, depende da deformação do caráter;

• 75...100 Narcisicos Psicopatas – Predadores – auto grau de destrutividade, o limiar de resistência a frustração é reduzido o que os transforma em reativos destrutivos por excelência, são os narcisistas mais nefastos.

Obs.: considere esses comentários dentro de um contexto pedagógico.

Quando é dito que o homossexualismo dos sonhos pode representar característica narcisista, seria nesse sentido?

A idéia é que é mais fácil se relacionar com um igual do que lidar com as diferenças. As relações homossexuais favorecem essa identidade e permitem ao individuo a criação, dentro de limites simbólicos, emocionais e afetivos, de laços afetivos. Se os laços são possíveis eles mantém o individuo como que ligados por um cordão umbilical com o mundo. O egoísmo existe, mas em níveis administráveis e favorecem a existência de concessões, como devem ocorrer nas relações interpessoais.

Nos sonho pode aparecer como compensação do desejo reprimido, neste caso a tendência homossexual ou como manifestação da dificuldade de lidar com as diferenças ou da dificuldade de ser atraído para o diferente.

Pensemos: Mesmo que as identidades favoreçam a construção e a permanência das relações afetivas e que as diferenças de identidade afastem os individuos, nos completamos com o oposto. A vinculação com o igual é essencialmente narcísica, não apenas pela identificação, mas pelo espelho que o outro representa.

A pessoa estaria sonhando consigo mesma em duas dimensões? Pergunto isso pois tais sonhos me passam essa sensação de duplicação, de estar muito fechada em mim mesma, auto-casada. Isso faz algum sentido?

Desculpe-me, não consegui compreender a associação ou a sua forma de elaborar sua dúvida. Mas se esta preocupada com uma dupla personalidade, acalme-se. Estar fechada em si mesma não quer dizer dupla personalidade. Mesmo que tenha desejos de relação com outras meninas e mantenha seus desejos mascarados ou reprimidos isto não quer dizer que existam duas pessoas dentro de você, uma que anseia e outra que negue. Em principio, isso pode anunciar a existência de um conflito. O embate de duas forças contrárias. Uma que empurra e outra que segura, uma que deseja e outra que condena. A existência do conflito, necessariamente, não a transforma em homossexual enrustida.

No dia em que preparei o post “Meu Espelho Eu” me sentia bem lúcido, click no link e confira:  

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