domingo, 1 de agosto de 2010

JEEP, FRUTOS E RITUAIS


CARLA132

Tenho a relatar apenas o ultimo sonho que tive antes do despertar, pois foi o único que mantive em mente.

Eu estava com minha irmã num ambiente que não sei definir qual era. Houve uma espécie de terremoto muito rápido e o local encheu-se de frutas idênticas a tomates (do tipo tomate caqui) bem grandes e vermelhinhos. Provei-os e eles tinham um gosto muito semelhante ao do tomate, mas era um sabor levemente diferente e menos acentuado (diferente de qualquer coisa real que já tenha provado). Pensei em minha sobrinha, pois por algum motivo indefinido pensava que era para ela estar ali. Não sei se logo em seguida ou se houve mais alguma coisa depois disso, algo que eu não me lembre, aconteceu outro tremor geral e caiu um jipe (estilo Willys Militar) e uma infinidade dos mesmos tomates verdes e numa cor de meio-maduro. Provei das frutas tomates que não eram tomates e notei que elas eram saborosas mesmo estando verdes, ou seja, a cor não era da madurez, mas da espécie em si. Não sabíamos que frutas eram aquelas, mas eram boas e podíamos comer ilimitadamente, pois haviam tantas que quase podíamos ter a certeza de que nunca acabariam. Também quase podia crer que elas não apodreceriam. Interessante que minha irmã estava muito gentil e próxima comigo. Nisso notamos que minha sobrinha (que até então não constava na cena) estava saindo do carro e indo deitar-se na cama. Minha irmã comentou que aquele ritual milagroso significava o desenvolvimento dela, mas era algo complicado para eu entender, pois um fenômeno ritualístico externo não pode fazer criança alguma crescer interiormente. Ademais, como entender aquele feito e aquelas frutas vindas do nada? De todo modo, não duvidei, pois sabia que aquela série de acontecimentos extraordinários tinham uma razão no mínimo nobre e poderosa para estarem acontecendo naquele momento. No que minha sobrinha deitou-se na cama para dormir dizendo que estava com sono, minha irma me chamou e ficamos as duas deitadas debaixo da cama saboreando as frutas que haviam coberto o chão do local.

Estranho termos ficado debaixo da cama. Realmente esse é um sonho com uma simbologia que não sei definir do que se trata. Vale dizer que em momento algum senti medo ou tensão, pois como já foi visto nos sonhos anteriores, sou aberta a situações inéditas que agucem minha curiosidade e foquem minha atenção ao extraordinário.

Terremoto é movimento de terra, do interior para o visível, Terra é elemento passivo, a perfeição passiva que recebe a ação do principio ativo. Símbolo da fecundidade e regeneração dá luz, via, a todos os seres, alimenta-os e reincorpora-os ao fim do ciclo.

O movimento interno promove o afloramento dos frutos, a riqueza que alimenta e mantêm a vida. O elemento terra se movimenta, transforma em você.

O significado do carro poderia ser genérico como carro, mas aí ocorreria qualquer outro carro. Com a especificidade da imagem precisaria entender a sua relação com esse tipo de veículo, significados, conceitos, representação e história.


 
Eu considero e distingo o Jeep como um veículo especial na história do homem. É diferenciado de todas as outras marcas e participou como símbolo da transformação do mundo no último século, é para mim, um Ícone, um dos mais significativos símbolos da sociedade moderna e industrial.

Não por acaso, é a marca do veículo que possuo. Parece que não tem nada a ver? Pode ser e pode não ser. Digo-lhe não por acaso por que se esse tipo de veículo tem alguma associação na sua vida, temos um evento significativo e tiramos daí sua significação. Mas nem por isso podemos excluir sua simbologia como marca ou representação neste sonho, considerando que a referência do inconsciente também pode vir da representação que ele possui para mim.

Mesmo que eu nunca tenha feito nenhuma indicação da presença deste símbolo em minha vida, podemos considerar que o acaso não existe e que o inconsciente é mais abrangente vasto e inexplicável do que possamos imaginar.

Neste caso a imagem pode simbolizar a presença de um princípio ativo, associado a minha presença, como significado, em tua vida, em decorrência do diálogo que praticamos e da forma como essas leituras interferem de forma ativa e positiva no seu desenvolvimento, como elemento ativo. O símbolo da intervenção que promove o movimento de terra, o movimento do elemento passivo, você. A passagem desse encontro poderia ser uma passagem insignificante como muitas outras, mas pode ser decisiva no encaminhamento e no rumo do seu desenvolvimento.

Lembre-se de que para o inconsciente não existe distância, espaço como separação, tempo. E o sonho pode ser indicação desse poder. O acontecimento pode ser mais extraordinário do que somos capazes de imaginar.

Não se pode relevar a característica militar deste veículo. Pela designação de Jeep é relevante considerar a autoridade, ou o veículo de autoridade e a relação com o movimento que supera a “FORÇA” do Jeep. A força que movimenta a terra em você, sua fecundação, sua força despertando para realizar as transformações que se fazem necessárias no encaminhamento de seu destino.

“...podíamos comer ilimitadamente, pois haviam tantas que quase podíamos ter a certeza de que nunca acabariam.”

Esta afirmação merece uma reflexão: É uma avaliação equivocada, e naturalmente, pode estar associada à formação de conceitos que a levam a acreditar que existe alguma forma de manter o conforto dos cenários em que vive.

Nada é Permanente. Vivemos num sistema que a cada instante se transforma, se readapta. Um sistema impermanente que faz da vida um acontecimento imprevisível. Há o tempo da fartura e o tempo da carência, o tempo da presença e da ausência, da estabilidade e da instabilidade, das facilidades e das infelicidades, etc.

Uma estória zen: Dois monges, um jovem e outro mais maduro, estavam fazendo uma viagem para um templo distante. Na longa viagem sempre que aparecia uma ladeira o monge mais velho se alegrava enquanto o jovem reclava, e sempre que desciam o morro o jovem se exaltava das facilidades enquanto o mais velho se lamentava e chorava. Sem entender muito o jovem perguntou para o outro porque ele lamentava o caminho fácil e se alegrava pelo difícil, e o monge mais velho disse:

Sempre que enfrento uma ladeira eu me alegro porque sei que ao seu fim encontrarei um caminho mais fácil, e minha disposição me ajuda a enfrentar as dificuldades, mas sempre que encontro uma descida, o caminho fácil, me faz pressentir que logo à frente encontrarei dificuldades.

E seguiram os dois pela estrada afora.

Lembrei-me deste relato, pois os tempos bons e de fartura podem sinalizar a importância de darmos valor ao presente, e para nos prepararmos para os tempos de dificuldades, ou de provações que enfrentaremos à frente.

Reaparece a questão do Ritual.

“Minha irmã comentou que aquele ritual milagroso significava o desenvolvimento dela, mas era algo complicado para eu entender, pois um fenômeno ritualístico externo não pode fazer criança alguma crescer interiormente.”

O comentário chama a atenção para uma verdade essencial, Deus não negocia. O Ritual não pode ser o essencial, o fim. Ele é uma porta admirável, uma porta que aprendemos a abrir para realizar a conexão com o divino, um formato que nos prepara para a devoção, para a condição do encontro, mas não é o encontro. Vejo muitos que se entregam às práticas ritualísticas acreditando que desta forma encontram a salvação ou a conexão com o Divino. Não basta isso. Elas podem acabar no inferno como pessoas bem intencionadas. Você fica acreditando e se entregando aos pensamentos mágicos e indo prá debaixo da cama.

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