terça-feira, 31 de agosto de 2010

DIVINA GRAÇA E ÊXTASE II

Raquel Brice


Salvo engano, no último ano seus sonhos deixaram de ser angustiantes se transformando em sonhos mais serenos, agradáveis e dadivosos. Este é uma ótima referência do significado de suas transformações internas. Quando a dinâmica onírica se mostra conturbada, promovendo angustias e sofrimentos, desconforto e até receios do repouso é sinal de que o fluxo do rio da vida está sendo desviado, produzindo desconforto, caos e desordem.

A tônica deve ser o bem estar. Eu não tenho dúvidas de que a vida não é uma festa, mas isto não quer dizer que ela tenha que ser um martírio.

Quando sintonizamos o fluxo da vida, interrompemos o processo de desordem e desequilíbrio que produzimos com as inquietações, os tormentos, as revoltas e as escolhas insensatas, apressadas, que relevam o importante e prioriza o insignificante.

Quando paramos de produzir transtornos e seguimos em consonância com o espírito, o caminho fica mais leve, mais suave e o sofrimento não se impõe. O sofrimento se impõe quando queremos conduzir a vida sem considerar seus pressupostos básicos.

Sua sensibilidade se mostra e você começa a entender o “espírito da coisa”, a ideia, o princípio. A vida pode ser um mar de lama ou de graças alcançadas, a escolha é pessoal. Seu esforço pessoal neste último ano dá mostras de que avançou, e sabemos do avanço pela agradável sensação de sermos agraciados com as graças divinas, com o prazer da harmonia, com a força do numinoso que aflora e se deixa ser experimentado.

Nestes tempos de tormentas, onde os desesperados buscam amortecedores nas drogas lícitas e ilícitas, a busca pelo prazer se mostra imperativa e projeção do sofrimento. Quanto mais tormentos mais drogas, mais amortecedores para aliviar o desconforto de viver, as cobranças, a competição, a frustração, a infelicidade.

Quando escolhemos caminhos verdadeiros, trabalhamos em prol dessa harmonia e a vida nos agracia com prazeres inimagináveis e sensações de alegria, satisfação e felicidade.



O SONHO

"Pensei comigo mesma que, por mais belo que fosse aquele vestido tão cheio de saias rodadas, preferiria uma roupa de dança do ventre, pois não teria o peso daquele vestido. O mesmo era tão pesado que dificultava meus movimentos."

A pele do humano civilizado se reveste do socialmente aceitável, mas muitas vezes o aceitável pode ser uma roupagem mais leve que não impeça seus movimentos, sua dança, seus passos, sua graça ou sua capacidade e poder de sedução.

O movimento indica mudança de atitude

Abandonar, pois pesada, a velha roupagem e abrir espaço para a tendência de se mostrar leve, flexível, em movimento. Pouco esforço, mais resultados, mais alegria e menos sofrimento.

Depois eu estava em um templo, mas ciganos não podiam entrar em tais locais e eu o fazia escondida. Indescritível buscar palavras para o que senti dentro do sonho. Era como se eu estivesse diante de todos os santos, anjos e personagens bíblicos celestes e puros. Era como se eu fosse a criatura mais pequena do universo e, ao mesmo tempo, a mais íntima da realeza divina.

Ciganos são povos nômades, livres, e identificados com os seus valores singulares. Vale a pena investigar se tens origens nômade, indígena ou europeia. Pode clarear o significado de algumas tendências. Se não há origem, então considere o simbolismo de um povo corajoso, unido em tribos, que celebra a força da paixão, do amor e da alegria, sem se fixar, aprisionar, ou abandonar a referência ancestral,

A consciência da insignificância do ser humano frente a grandeza do universo é um passo favorável para encontrar o tamanho que temos ou que somos. A auto estima se reconfigura, se resignifica.

A força da vaidade ainda se exibe, a necessidade de reconhecimento ainda remanesce.

Veja: somos pequenos, mas o alvo indica o realce do filtro. Independente da humildade de reconhecer a pequenez diante do universo, o foco nesse pequeno realça a condição que causa desconforto. A mudança é plena e ocorre com a consciência da relatividade dessa pequenez. Pequenos diante do universo, grandes frente ao microcosmo. Quando essa consciência se instala não existe o grande nem o pequeno apenas o que existe. E neste aspecto a consciência como aquisição excepcional não se restringe à dualidade das diferenças entre o pequeno e o grande.

Nenhum comentário:

Postar um comentário