quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SÚPLICA E CONQUISTA






CARLA134

Sonhei que o filho da inquilina ia dormir na minha casa. Nisso eu deixei o que estava fazendo e fui dar atenção para ele. No que cheguei perto ele pediu-me num tom de imploração para que eu não pegasse os brinquedos dele. Disse-lhe que não ia mexer em nada e acaricie-lhe os braços. Ele agradeceu-me de uma maneira tão afetuosa que estranhei. Ele não aparentava ter apenas três anos, pois sua postura era muito madura, inteligente e educada. Eu sabia que com a mãe ele era super manhoso, mas comigo ele pareceu um verdadeiro, embora pequeno fisicamente, ser iluminado. Pensei comigo que tal idade só poderia ser a representação de Deus na Terra por causa da simplicidade, meiguice e espontaneidade tão pura e transbordante. Nisso ele foi dormir no sofá vendo televisão e deitei ao lado. Quando deixei de ver a televisão para conferir se ele dormira, era minha mãe quem estava deitada no lugar dele e estranhei como ela o carregara para a cama e ali se deitara sem eu nada perceber. Essa foi a única lembrança que conservei.

Como já me expressei anteriormente, há limites nesta leitura, porque me faltam dados de suas relações pessoais ou da dinâmica de suas relações afetivas mais próximas.

Chama-me a atenção o comportamento do menino, a atitude de subjugo frente à imagem de poder ou ao medo de perder o que possui. Posse, Apego? Angústia pelo não vivido. Seria este o menino inferiorizado, possessivo e angustiado que habita sua morada? Como inquilino ele aparece dentro de sua casa. Ele pode ser meigo e espontâneo, mas é frágil, e manhoso e defensivo e sofrido e necessita do abrigo alheio para se proteger.Qual o preço que o inquilino paga? Sem dúvida, o preço pode ser alto.

Mas essa criança se transmutando em sua mãe pode ser a chave para entender de onde vem a sua baixa estima, apego, Manha (astúcia) e seu lado regredido... pode vir de sua mãe, ou nascida na relação com a ela.

Outro detalhe é a sua atenção voltada para um foco que lhe tira a consciência do seu entorno, a ponto de não perceber mudanças significativas. Pode ser interessante que você avalie seu grau de dispersão, fuga ou ausência.

Poderia pensar nessa representação do menino iluminado, mas este pode ser apenas a projeção que aprisiona sua atenção, sua maternidade e seu lado afetivo, que deve ser avaliado para que possa entender se não é compensação frente a um comportamento distanciado na realidade.

É relevante considerando que a criança, possa ser uma imagem resultante da construção ou configuração psíquica de novas formas que nascem e se desenvolvem para o reestabelecimento de sua relação com o mundo. Neste caso a criança é apenas seu espelho como pessoa defensiva, cheia de medo, mas astuciosa.

Para finalizar pensando na atualização psíquica é possível a construção dessa realidade para focar sua atenção na necessidade de estabelecer com o mundo novas formas de se relacionar com o mundo, relações mais afetivas e criteriosas, que possuam compaixão pelos que se angustiam frente à realidades desfavoráveis. E principalmente tendo paciência consigo mesma com suas limitações, suas dificuldades. Quando aceitamos nossos limites podemos melhor compreender os limites alheios e a aceitá-los. Naturalmente você repete comportamentos de sua infância, mas é preciso superá-los romper com esses padrões de repetição para encontrar novas atitudes e respostas mais maduras.

“Ele não aparentava ter apenas três anos, pois sua postura era muito madura, inteligente e educada.” Não adianta aparentar mais que a idade, ser mais maduro, Inteligente, e educado, se mantivermos o comportamento de criança suplicante, a atitude de súplica diante da vida. Há o momento de pedir e há o momento de conquistar. Quando peço entrego a minha satisfação ao poder de escolha do outro. Quando conquisto, faço-o por mérito, postura, coragem. Supero os desafios a partir do empenho, da dedicação, do esforço, de meus propósitos, da força aplicada ao meu trabalho.

Essa a conquista, a vitória.

 
 

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