segunda-feira, 2 de agosto de 2010

GUERREIROS IMPECÁVEIS


do filme  SONHOS  de  Akira Kurosawa
CARLA133

Sonhei que estava com um casal de amigos numa sala-refeitório. O rapaz estava mais próximo, sentado no mesmo sofá que eu, enquanto a moça permanecia do outro lado numa cadeira. Eu comia um pedaço de rosca e enquanto isso dizia que queria o contato deles, explicando que muitas pessoas haviam passado pela minha vida e eu nem sabia o paradeiro. Comecei a dizer que não sabia se ainda estavam vivos quando a moça me interrompeu e disse: 'ou se já morreram'. Confirmei, pois de fato era isso. Comentei que das antigas amizades e conhecidos eu mantinha contato virtual apenas com uns três e que o resto ficara apenas na lembrança. Na sequencia do assunto o rapaz me disse que o Tulinho tinha muita admiração por mim. Perguntei: 'Qual Tulinho, o Túlio?' Ele não soube me dizer se estávamos falando da mesma pessoa, mas eu supus que seria e nem dei tempo dele explicar os motivos pelos quais o Túlio me admirava (embora tenha ficado curiosa para saber), pois fui logo afirmando que também gostava bastante do Túlio, explicando que ele era calmo, delicado e divertido. Eu não disse isso como consequência ou compensação por saber que ele me admirava, pois independente da maneira como ele me via, eu realmente sentia simpatia por ele. No momento meu sentimento foi de surpresa pela descoberta. De todo modo, saber que ele tinha admiração por mim fez o meu ego inflar e senti isso muito claramente no sonho. Não era uma pessoa qualquer que me admirava e sim alguém por quem eu também nutria afeto, mas cuja amizade mantinha certo distanciamento formal.

Entendi do sonho que ainda estou presa na armadilha de querer ser apreciada pelas pessoas, pois isso de certa forma mexe com meu ego e autoestima. É isso mesmo? Como fortalecer meu ser sem ter que basear-me na opinião alheia a meu respeito? Não que isso tenha sentido racional, pois tenho minha opinião sobre quem eu sou, sobre meus pontos admiráveis e abomináveis, entretanto, sentimentalmente ainda me faz diferença saber ou sentir que sou admirada, apreciada e desejada. O que tal sonho poderia me dizer?

SOBRE A DINÂMICA DO INCONSCIENTE

A pertinência da leitura se mostra, em certos momentos, quando conseguimos identificar uma dinâmica do inconsciente, veja só:

Este sonho já havia sido enviado por você, quando fiz a leitura do sonho anterior, e eu só tomei conhecimento dele agora depois de ter concluído a leitura anterior.

Na leitura feita foco o olhar na impermanência da vida e do universo, e neste sonho aparece o relato que se segue:

“... explicando que muitas pessoas haviam passado pela minha vida e eu nem sabia o paradeiro. Comecei a dizer que não sabia se ainda estavam vivos quando a moça me interrompeu e disse: 'ou se já morreram.”

Uma Dinâmica de inconsciente é isso. Existe uma continuidade, como um Rio que Corre, um Fluxo natural. Se você acompanha o rio que corre, você pode ver nele tudo que ele trás da nascente, tudo que ocorreu rio acima, o que ele leva para o oceano primordial. E se você não viu o que o rio levou? A dinâmica do inconsciente, como a vida, é cíclica. Na lei do Samsara, até que tenhamos oportunidade de nos libertar, os fatos se repetirão. Este é uma das características do inferno, quando superamos nossas dificuldades nos libertamos daquela repetição que reapresenta o “Incompleto” o não realizado. Viveremos novas experiências, novos desafios que se não forem fechados serão repetidos pela eternidade por nossos descendentes até que se realize, se completem e possam ser pulverizados. O inferno que vivemos é o inferno que criamos.

J. P. Sartre afirmou:

 "O inferno são os outros."

Eu lhe digo:

O "outro" pode representar meu inferno, quando deposito nele as expectativas do meu bem estar.

Eu crio o inferno em que mergulho, em que vivo.
A dinâmica foi vista e antecipada. A vida é impermanente. Tudo é passageiro, temporário, imprevisível, impermanente.

O SONHO

E essa é a armadilha do afeto, do apego, da dependência. Quando dependentes queremos aprisionar o tempo, para prender as pessoas, para segurar a “felicidade”, e o que conseguimos é o sofrimento o aprisionamento no passado.

Essa me parece outra característica disso que chama de “meu ego inflado”. Existe inflação, mas parece-me que ela é decorrente do apego e da obsessão de se vincular a alguém. A impressão que tenho, e pode ser equivocada, mas é minha impressão, é que nesse seu momento você, como medo de ficar pra Tia velha e sozinha, vai se agarrar a qualquer Bucha Velha para estar acasalada. Cuidado! Ser só pode ser muito mais interessante do que estar mal acompanhada. Não aceite propaganda enganosa. A união mais fabulosa e interessante que podemos realizar, não é a união com o outro, a do acasalamento exterior, mas a do casamento interior, a união dos nossos opostos, a integração num único ser, a Totalidade.

Outro detalhe: muitas vezes recuamos em busca de estabilidade, compensações ou proteção, frente aos riscos que o futuro nos acena. Mas não leve isso muito a sério ou você se encalacra. O passado não é solução é armadilha.

“Entendi do sonho que ainda estou presa na armadilha de querer ser apreciada pelas pessoas, pois isso de certa forma mexe com meu ego e autoestima. É isso mesmo?”

Se for só vaidade, apenas ser “apreciada”, está ótimo. Ser apreciada resolve o seu problema? Não creio.

A armadilha da vaidade é que ela é insaciável.

Como qualquer vaidoso, você não saciará sua vaidade, essa fome compulsiva de aplauso e aceitação. Os vaidosos cnseguem satisfação temporária, mas a fome logo reaparece. Durante um tempo eles conseguem se manter em pé, mas a infelicidade e a frustração fica a um palmo do sujeito, pronto para absorvê-lo, como matyéria para se queimada. Encontre o seu verdadeiro tamanho e seja do seu tamanho, é mais plausível e duradouro, ficamos mais blindados. Quando fazemos isso, a vida nos agracia, nos dá uma única chance de descobrir a nossa grandeza, como seres vivos à imagem e semelhança do  divino.

“Como fortalecer meu ser sem ter que basear-me na opinião alheia a meu respeito?”

Fortalecendo sua independência, pessoal, financeira, econômica, emocional.

“Não que isso tenha sentido racional, pois tenho minha opinião sobre quem eu sou, sobre meus pontos admiráveis e abomináveis, entretanto, sentimentalmente ainda me faz diferença saber ou sentir que sou admirada, apreciada e desejada.”

Isso que você chama de diferença vem sendo mais decisivo na sua vida do que as suas opiniões, que podem apenas encobrir o tamanho de sua carência do outro, que completa a lacuna do seu vazio.

O que tal sonho poderia me dizer?”

Na vida, nada mais nos resta do que a aceitação de nossos desígnios. Não adianta chorar, ter pena de si mesmo, fazer drama, papel de vítima, negociar com o diabo, implorar a Deus. Só nos resta, nesta vida,

SERMOS GUERREIROS IMPECÁVEIS.


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