terça-feira, 31 de agosto de 2010

DIVINA GRAÇA E ÊXTASE




Carla153

Eu estava no meio de um grupo de ciganos, mas em verdade parecíamos mendigos. Um senhor aproximou-se de mim mostrando que havia ganho um creme de leite e ofereceu-me. Eu peguei a embalagem e agradeci-o dizendo que não estava com apetite. Meu tom de voz era muito suave e calmo, eu sentia uma doce paz dentro de mim e nada me amedrontava ou desconfortava-me. Nisso uma jovem do bando aproximou-se como se estivesse com ciúmes e retirou-o de perto de mim. Afastada do pessoal eu me despedi e comecei a passar pelo meio de uma multidão de pessoas que transitavam numa espécie de mercado-feira. Nisso me deu vontade de dançar. Firmei o pensamento e comecei a me ver e sentir-me dentro de um lindo vestido rodado vermelho-vinho de veludo e renda. Conforme eu levantava a roda da ultima saia, aparecia a parte de baixo feita de cetim branco plissado. Eu rodava com velocidade para ambos os lados e sapateava os pés, mesmo estando apenas com uma sapatilha. Olhei para um dos cantos e vi um jovem recolhendo as moedas que alguns passantes jogavam-lhe no chão. Pensei que poderia ganhar dinheiro com minha dança, entretanto, ninguém parecia estar nem aí para mim. Ninguém me olhava ou parecia se interessar com minha apresentação. Não me senti mal com isso, era como se já estivesse acostumada e soubesse que a realidade era aquela. Pensei comigo mesma que, por mais belo que fosse aquele vestido tão cheio de saias rodadas, preferiria uma roupa de dança do ventre, pois não teria o peso daquele vestido. O mesmo era tão pesado que dificultava meus movimentos. Não sei exatamente por que sonhei com isso. Depois eu estava em um templo, mas ciganos não podiam entrar em tais locais e eu o fazia escondido. Indescritível buscar palavras para o que senti dentro do sonho. Era como se eu estivesse diante de todos os santos, anjos e personagens bíblicos celestes e puros. Era como se eu fosse a criatura mais pequena do universo e, ao mesmo tempo, a mais íntima da realeza divina. Ali eu esquecia o fato de nada ser perante os homens da Terra, pois aquela sensação de paz profunda me levava a sentir que eu era uma parte ativa da luz do Céu.

Como disse, acho que faltam palavras para descrever algo que, de tão grandioso e bom, me faz questionar: como tive a graça de um sonho desses?

Infelizmente eu lembro muito pouco do sonho, mas ainda conservo a sensação inexplicável de bem-aventurança. É algo tão indescritível e mágico que até me perturba por provocar uma vontade de quero mais, de querer sentir isso para sempre. Sei que sonhei bastante essa noite, mas isso é tudo o que recordo.

 

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