domingo, 10 de outubro de 2010

TEMPLO DE LUXÚRIA I


                                                                    INFERNO CLUB


Depois sonhei que entrei num local completamente profano. Não tenho recordação muito exata desse local, mas sei que haviam muitos homens e mulheres e na penumbra escolhi um dos homens sem muito pestanejar. Fomos para um quarto e disse-lhe que só permitiria penetração se ele deixasse eu lhe dar prazer antes. Ele aceitou e masturbei-lhe com as mãos. Foi um sonho muito orgástico. Era como se eu tivesse o dom de sentir o prazer que proporcionava a ele e, ao mesmo tempo, tivesse todas as minhas partes erógenas na mão também. Eu sentir um prazer triplo podendo sentir o prazer dele e o meu em duas partes do corpo ao mesmo tempo. Eu controlava por completo a situação como se fosse uma deusa sexual. Embora eu estivesse disposta a cumprir com o trato de permitir uma posterior penetração, a qual libidinosamente eu ainda desejava, eu sabia e podia sentir que ele ficaria completamente esgotado depois daquele ato e, assim, eu podia dar prazer a quantos homens que quisesse sem me contaminar como uma prostituta. Eu o satisfiz até a total exaustão, que o fez cair em um sono profundo, e pensei que estava pronta para o próximo. Esse sonho mostra claramente o domínio feminino, entretanto, ele nenhum sentido tem perante a realidade uma vez que não tenho essa libertinagem domadora.

O corpo se auto regula. Na ausência constrói a vivência e compensa a necessidade. Naturalmente isso não acontece apenas na sexualidade. A capacidade projetiva se torna alucinatória para compensar necessidades em realidades que coloquem em risco o sistema, desta forma adia o colapso corporal frente a necessidade de sobrevivência.

O sonho é de natureza compensatória. Compensa sua necessidade, realiza seus desejos e abre o exercício para uma sexualidade mais ampla, menos conservadora e mais pró-ativa.

Você e dona do seu corpo e responsável pela suas escolhas, assume seus desejos e avança nessa realização, contrariando pré conceitos, superando a repressão, a severidade moral, o tradicionalismo, e vivendo a mulher profana que mora dentro de você.

Foi-se o tempo em que a mulher recebia vestida, a visita, do homem no quarto escuro dos pecados. A vida moderna iluminou este quarto e desnudou o homem e a mulher e o sexo vem deixando de ser, tardiamente, ato pecaminoso para cumprir o seu destino de encontro de amor, interação afetiva de corpos. Os corpos deixam de se tornar instrumentos de culpa e pecado para serem templo e fonte de prazer.

A luta entre a construção da idealizada imagem pessoal como sagrada em oposição à rejeitada imagem profana, sempre produziu muita confusão mental, culpabilidade, e menos valia. Para fugir do profano e do julgamento moral e da condenação social muitos se esconderam na severidade e na rigidez da moralidade e acabaram encontrando os desvios e a perversão ou tormentos e sofrimento.

É um caminho delicado. Viver o que todos vivem no escondido enquanto condena-se à luz e na transparência. O passado humano nos condena como sociedade hipócrita e cínica, fechada, escondida e pervertida, mas protegida pela aparencia de sociedade religiosa e moralista e pura.

A sociedade moderna, longe do cinismo Vitoriano, favorece que o aprendizado da sexualidade de forma mais sadia e menos desequilibrada com esta natureza que nos constitui.

O que um sonho como esse retrata além daquilo que comumente se vive no ninho de amor? Nada! Carícias, contato corporal, sensações, prazeres, dar prazer ao outro, sentir prazer tocando o corpo do outro, receber o toque, descobrir o corpo do outro e se deixar ser descoberta, gozar à exaustão.

O ORGASMO É FRUTO DE INSTINTOS BÁSICOS, FUNÇÃO VITAL, NATURAL.

Mas existe conflito e severidade moral. A ideia da prostituta está presente, inserida no contexto. Você sonha como se fosse uma Deusa Sexual, mas precisa se diferenciar da prostituta, para escapar da condenação que se impõe: “...eu podia dar prazer a quantos homens que quisesse sem me contaminar como uma prostituta.”

Você se diferencia da prostituta como aquela que pode se contaminar. Contaminar como? Pela prática de sexo sem segurança? Pelo contato com vários parceiros? Mas depois de exaurir o outro se mostra pronta para o próximo parceiro. Minha cara entre quatro paredes somos todos iguais, uns mais outros menos, mas iguais no genérico e na busca do prazer. Direito imposto. Reavalie seus conceitos sobre o que é prostituição e verás que o conceito pode ser mais amplo do que se imagina.

A prostituta é apenas aquela que recebe, como alvo, a carga da severidade moral da sociedade sem necessariamente o merecer. Olhe ao redor e verás prostitutos de todos os tipo: Políticos; Empresários; Famosos; Artistas; Supostos religiosos; etc. Amplie seus conceitos para entender que o sexo é sagrado independente dos limites. Sagrada é a natureza corporal, criada pelo divino, Que, através da existência, nos permite ser produto deste ato, gesto de amor, de encontro entre dois seres.

Profana é a forma como o individuo lida com a sexualidade: A maldade; A perversão: A banalização e a negação da vida, o cinismo; O egoísmo; A ganância; A inveja que goza através do olhar focado na vida alheia; O desrespeito; e tudo aquilo que chama apenas para satisfazer a morbidez pessoal.

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