sábado, 2 de outubro de 2010

NEGATIVO DE PAI



Essa noite voltei a sonhar com a figura paterna que era e não era meu pai ao mesmo tempo. Ele queria maior intimidade física comigo e eu disse para ele não fazer aquilo, pois eu não queria. Daí ele quebrou o clima já não muito ameno e disse que ninguém além dele ia me querer, fazendo uma lista completa dos meus defeitos. Era como se ele estivesse fazendo um favor em me querer enquanto mulher. Irada deixei-o falando sozinho e saí de cena.

No post EROTISMO EDIPIANO escrevi: “Para avançar precisaria de dados sobre o histórico de suas vivencias edípicas, o que não tenho”. A situação é a mesma. Poderia lhe perguntar de acréscimo: Existe na sua história algum evento de abuso sexual na infância praticado por membro da família? Esta questão me aflorou de imediato, não sei se já havia levantado e se não abordei a questão me surpreendo que tenha passado despercebido. Além deste detalhe, vejamos outros:

Por outro lado vemos um evento espetacular na sua dinâmica. Você responde com limites, deixando de ficar suscetível à força do encantamento do apelo sexual, do apelo emocional relacionado à buraco fundo da carência.

A carência sempre faz o sujeito suscetível e seduzível, fragiliza-o deixando à mercê da força da pulsão interior e dos estímulos que satisfarão sua necessidade de prazer ou seus desejos.

Se o sujeito tem fome, a seletividade do inconsciente focaliza o alimento e o atrai tornando-se presa do objeto que sacia seu desejo. Se o sujeito está saciado a força do apelo enfraquece. Se a força da necessidade é grande ela define o desejo. Neste caso tendo a considerar a necessidade como um evento que antecede o desejo.

O sonho pode indicar que o buraco da carência, o vazio, já não está tão grande. Você se fortalece e sua resistência amadurece.

Na teoria do domínio, o dominador sempre subestima e desvaloriza aquele que quer controlar. Essa é a linha do dominador: desvalorizar o outro e se hipervalorizar.

Você responde como quem está blindando a estupidez do outro. Sua autoestima não se desconstrói. Já falamos a respeito do aumento da resistência mental e da capacitação para responder aos confrontos a que é submetida. No passado um fato como este te jogaria para baixo.

Você impõe seus limites e não se diminui frente à crítica desconstrutiva. Ótima evolução.

Seu passado de dramas e de vítima revoltada favorece o surgimento do confronto já que este tipo de acontecimento retroalimentava a sua necessidade de autopunição. A dinâmica parece-me em transformação, postura, atitudes e respostas. Isto pode sinalizar fortalecimentos dos princípios que referenciam suas escolhas, diminuição das carências e de fragilidades e dependências.

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