quarta-feira, 13 de outubro de 2010

METAMORFOSES



No sonho seguinte eu me encontrava sozinha dentro de um carro dirigindo-o como se soubesse dirigir. Estava levemente tensa por ter de manobrar o veículo em ruas com um tráfego grande, parecia até estar nas avenidas de São Paulo. Daí o carro se transformou numa moto e depois eu estava numa bicicleta de criança um tanto apertada e cujo guidom saia. Se eu não o encaixasse ficava apenas com a parte do pedal, igual aquelas bicicletas de circo. Nisso apareceu um homem e uma mulher. Não lembro direito, mas por fim estávamos caminhando em cima de um muro. Eu ia na frente enquanto a mulher e o homem se transformaram em minha mãe e pai, os quais, nessa ordem, seguiam atrás de mim. Em cima desse muro eu andava dançando totalmente despreocupada e um tanto exibicionista. Comentávamos sobre a construção de algo muito grande, creio que um hospital, dentro do parque que fica próximo da minha casa. Eu não concordava, pois achava desinteressante o projeto de colocarem um hospital num local de lazer e esporte. Entretanto, se não havia mais local na cidade para a construção, o jeito era aceitar e encarar a mudança que a mesma geraria no local. Por fim eu estava novamente com um homem. Estávamos nus abraçados na cama e eu sentia-me muito bem enquanto acariciava suas costas sentindo seu corpo tão junto do meu. Era quase como se fôssemos nos tornar um só. Entretanto, depois de trocarmos três beijos ele reduziu de tamanho e transformou-se numa criança de aparentemente uns três a quatro anos. Novamente a mesma situação.

Como libertar o lado feminino desta compensação maternal e desenvolver meu animus? Como integrar esses conteúdos opostos?

Você avança no sentido de dirigir sua vida. Conduz com suas mãos o volante de sua vida,  mas o sonho pode indicar a necessidade de cuidados nessa direção para que não regrida a estágios de infantilidade onde os limites são maiores e o esforço mais exigido, o que pode representar retrocesso. 

O carro, já signifiquei, é o seu corpo, seu veículo, o que lhe permite transitar pelo espaço na vida moderna como uma pessoa adulta que se conduz. Assumir a direção da vida lhe exige esforço, atenção e gera tensão. E você terá que enfrentar imprevistos e mudanças. Mas o corpo muda, o veículo se transforma, mais precário ou mais sofisticado, assim como se transforma a forma com que o conduzimos, como adultos ou como criança, com facilidades ou embaraços. E nós precisamos de esforço, técnica, destreza nos equilibrar frente às exigência da vida.

A imagem em cima do muro me parece o domínio pessoal em caminhar com destreza entre duas margens e à frente dos pais. Não há o que se esperar deles, a condução se torna pessoal. Você se conduz, se equilibra e... se coloca em risco. Em cima do muro precisamos estar alinhados e no eixo, para não cair.

A sabedoria popular indica “estar em cima do muro” às pessoas, ou grupos, que evitam fazer escolhas para não se comprometerem. Reavalie se suas posições se são apenas diplomáticas como defesa ou usa o mecanismo para escapar de posições mais assertivas.

Você é exibida? E despreocupada? Se bem identifico, você é exibida, mas tensa, neste caso a despreocupação compensa a tensão.

Esse exibicionismo chama a atenção, pois parece um lado lúdico e criança de alguém que fortalece sua confiança diante do mundo e se permite dançar sem se preocupar com qualquer risco, sem o medo e sem defesas repressoras. O que também pode indicar compensação. Por outro lado pode ser associado com a figura do Tarô: “O Louco”. Estar em perigo sem perceber o risco. O louco caminha olhando para o céu, ao lado de um cachorro desperado que tenta alertar o dono para o perigo que se apresenta. E o louco, olhando pro céu, dá um passo em direção ao abismo. Se ligue.

Naturalmente seu foco de atenção e de escolhas prioriza mais o lazer e o esporte.

A parte final do sonho, em seu relato não ficou claro se é continuação do mesmo ou se é um outro sonho. Mas, indica duas possibilidades:

A metamorfose do homem em criança, que repete a metamorfose do carro em velocípede, também é regressiva e pode ser referência de diminuição da presença do conteúdo masculino, ou sua tendência pessoal de tratar os homens de forma regredida. Se isto acontece, ela mostra a tendência de subestimar a figura masculina, internamente e na sua relação com a realidade. É mais do que apenas uma postura maternal, mas postura quea compensa a força do masculino sobre sua personalidade.

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