domingo, 19 de dezembro de 2010

EQUUS




Angelina Jolie - Photo de David Lachapelle


Sonhei que estava numa espécie de fazenda que parecia ser minha. Haviam outras pessoas comigo, mas eu não estava dando atenção a elas. Quando vi um cavalo e sua amazona aparecerem, fiquei contente. Ao aproximarem, assim que o cavalo parou, antes mesmo da domadora descer, eu abracei o animal no pescoço. Aquele cavalo parecia ser meu também, mas eu havia contratado uma domadora e o animal se apegara muito a ela. Entretanto, ela fizera o serviço de amansar o temperamento selvagem do equino e ia embora. Pensei comigo que se ele gostasse de mim assim como tinha gostado da domadora, eu estaria feliz. Ele ficou bem quieto e encostei minha cabeça na sua enquanto alisava sua crina e a parte de baixo da cabeça. Eu podia sentir que ele estava gostando do meu abraço e isso era delirante de bom. Era um cavalo grande, marrom, muito lindo e agora se tornara dócil comigo também. Foi um sonho maravilhoso, como se aquele fosse o melhor abraço que eu já houvesse dado em minha vida.

O cavalo parece um símbolo masculino por excelência, mas Jung chega perguntar se o cavalo simbolizaria a mãe, e não duvida que ele não expresse o lado mágico do homem, a mãe em nós, a Intuição do inconsciente. Também reconhece que o cavalo pertence às forças inferiores, o que explica sua relação com Plutão e Netuno. Já se pode pressentir que o cavalo possui uma simbologia complexa. Pode ser um animal ctônico - funerário, lembre-se que a morte vem a cavalo. Ele carrega e conduz a morte e surge com a foice que decepa cabeças e define o fim da vida.

Pode simbolizar as energias cósmicas, as forças cegas do caos primigênio, os desejos exaltados, os instintos. E ainda o símbolo dos movimentos cíclicos da vida.

Se dentro de você mora um cavalo, a primeira coisa a fazer é domá-lo, dama-lo, transforma-lo numa dama, para que se diminuam os riscos de que pulsões te arrastarem para a selvageria dos comportamentos insanos, inconscientes.

De forma geral, todos carregamos esse cavalo dentro de nós, um cavalo capaz de ser arredio, dar coices, de precisar de cabresto, de viseira para ser domado, domesticado e administrado. Os que subestimam essa força podem acabar dominados pela passionalidade, por forças selvagens e pulsionais.

O sonho envolve essa questão, você diante da força bruta, primitiva, original e selvagem que demanda e anseia civilidade, transformação.

Anseiam:

Disciplina;

Controle;

Administração;

Para que possa aflorar: a docilidade; o afeto; o equilíbrio.

E para que a Força dominada possa ser utilizada a seu favor, para suas conquistas.

O cavalo é a sua força interior. Você é a amazona que monta e guia este animal, ou é o animal selvagem e primitivo entregue à própria sorte.

Há indicação erótica? É possível! Nas suas relações afetivas existe a tendência de projeção de erotização? Indivíduos carentes tendem a sexualizar quaisquer envolvimentos e aproximações.

O sexo é sempre uma possibilidade real para o individuo compensar a carência e romper com as Resistências, defesas. No seu caso um evento complicador podia ser a elevada tendência de repressão e a rigidez moral associado a pré conceitos. Como o momento é de descobertas há hipersensibilidade que a coloca suscetível à erotização relacional. Desencane.

Uma variante é a denominação cavalo para os individuos que se predispõem e se desenvolvem para realizar a função de incorporadores de espíritos de luz, almas penadas, desencarnados perdidos, obsessores, etc. Naturalmente, neste aspecto aqueles que se predispõem a esta árdua tarefa precisam aprender a selecionar para quem cedem, ou oferecem, o corpo servindo de mediadores entre dimensões físicas. Em relação ao sonho essa possibilidade pode aparecer como indicativo de uma relação mais harmônica entre você como ente e como cavalo, como receptáculo, cavalo aprimorado e domado para servir como montaria, indicando momento de desenvolvimento e de encontro de relação de troca.

No caso afetivo e da fantasia é possível uma pequena diferenciação entre o antes, aquele momento de escolha exigente onde ninguém atendia à sua expectativa e o presente, onde o foco deixa de ser a estética (relativamente é claro) para ser a satisfação da demanda afetiva. Detalhe significativo.

Bem, o importante é que o cavalo apareceu, agora...  Só falta o Príncipe, aquele que se poderia chamar de cavalo selado.

                               

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