terça-feira, 4 de maio de 2010

UMA FACE



CH 59

Segundo sonho - Tem recorrência com festa e espíritos, mas num contexto muito diferente. Eu estava sentada numa quina de muro a desenhar. Comigo estavam três espíritos (assim eu identifiquei inicialmente): uma mulher branca, um menino negro e o terceiro não recordo como era. Agora não lembro dos detalhes, mas sei que eles eram parentes da mulher dona daquela casa que estava dando aquela festa muito chique. Todos os três espíritos enquanto vivos haviam sido mortos por essa mulher a troco de interesses escusos. No sonho eu sabia da saga melhor, mas agora tudo é meio vago. Sei que a mulher branca ficou comigo e os outros dois adentraram na festa. Eu me sentia uma discriminada, rechaçada, desprezada. Eu me sentia uma insana, mas que tinha sanidade. Por vezes eu me sentia negra e não parecia ser eu com a minha atual aparência. Fiquei pensando no que estariam fazendo os outros dois espíritos lá dentro da casa. Eles não estavam ali para se divertirem e imaginei na hipótese deles se empolgarem com a festa e me esquecerem ali largada. Nisso a mulher da festa veio conversar comigo. Por certo ela foi influenciada pelos dois espíritos que haviam ido lá dentro. Eu sabia que ela era muito perigosa. Sentia medo, mas estava livre de julgamentos, pois fazia da humildade a minha força. Não recordo bem o inicio da conversa, mas sei que, ainda sentada no chão, encostei a cabeça no joelho dela e humildemente desabei a chorar e dizer que estava muito triste. Eu estava triste com ela, mas não cheguei a ser tão direta de início. Eu não tinha pretensão de convencê-la ou sensibilizá-la, queria apenas desabafar o que sentia com tanta força dentro de mim e dar a ela a oportunidade de se arrepender. Interiormente eu sentia que estava agindo por influencia espiritual da mulher que estava comigo. Era como se fosse ela quem estivesse chorando através de mim. Eu comecei a falar não lembro o quê e a mulher foi ficando histérica. Apesar de sentir medo eu parecia confiante. Embora ela tentasse não demonstrar sua ira, eu fui sentindo seus olhos ficarem agitados e sua mudança ficou nítida para mim. Percebi que corria perigo e quando ela fez venha de me matar na explosão de seus ímpetos instintivos de autoproteção, eu disse o nome dos três espíritos. Extremamente agitada pelo peso da própria culpa maligna que ninguém podia descobrir, ela começou a sentir-se sufocada e a ter um ataque dos nervos que a fez desmaiar (ou morrer, não sei). Eu sentia que todos da casa e conseqüentemente da festa me discriminavam como se eu fosse uma negra, mendiga ou louca, como se eu fosse a vilã mais repugnante do mundo, mas naquele momento isso não me importou, pois independente do que eu fosse, ainda assim eu tinha uma força poderosa dentro de mim que me protegia. Eu tinha a influência espiritual que não era mal, mas que buscava justiça, que queria esclarecer os fatos.
Na seqüência eu fui buscar ajuda e deixei o corpo da jovem, ou seja, em tal momento eu era o espírito. Não era meu próprio espírito desprendido do corpo, de forma que depois de acordar não entendi a cena. No interior da casa donde a festa acontecia, pedi socorro dizendo que houvera ocorrido um mal entendido fora da casa e duas pessoas precisavam de ajuda, mas ninguém me escutava. Eu não me sentia mal por ninguém me escutar, mas por não estar conseguindo a ajuda que tinha de ser urgente. Fui gritando até que um homem, provavelmente o marido dela, sentiu vontade de ir atrás da mesma. O outro homem que conversava com ele foi junto segurando seu copo de bebida. Eu acompanhei. Os dois homens ao ver que algo houvera acontecido foram socorrê-la imediatamente enquanto a jovem (que até então pensava ser eu) tremia rocha de frio encolhida e embrulhada numa coberta fina. Ela também estava muito mal a ponto de morrer, mas ninguém se preocupou com ela. Então me aproximei e acalentando-a senti que tudo ia ficar bem.
Nisso acordei assustada. Foi um sonho dramático, pesado, intrigante. A cena da mulher desprezada chorar humildemente prestes a falar de suas dores sentimentais para a dona da casa, a qual por um momento fez lembrar-me de minha irmã, parece refletir meu medo de ser injustiçada e agredida de uma maneira geral pelas pessoas incompreensíveis. De toda forma eu não compreendo o resto. Eu era uma espécie de médium e depois eu parecia ser apenas um espírito. Seria eu em verdade um pouco de cada personagem, inclusive da mulher que era dona da casa? O que tal sonho pode significar?


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