quinta-feira, 13 de maio de 2010

ABANDONO II



Atitudes de submissão favorecem a omissão. Omissos se fazem de submissos e submissos em geral são omissos, entregam a responsabilidade de ações, iniciativas, intervenções ao outro, desta forma ficam à parte da tomada de decisões importantes e são levados por aqueles que se responsabilizam, se comprometem e não se omitem, por proteção ou por medo, em ações e escolhas de posicões.

Neste aspecto o sonho te confronta com suas atitudes de dominada e submissa já que realçam sua impotência e a condução de sua vida em momentos chaves pelo “outro”. No caso sua irmã. Assim aquela que acusa de abandono, sua mãe, é abandonada por você.

Muitas vezes em comportamentos manipulativos deixamos que o outro faça o que gostaríamos de fazer. Assim não colocamos a cara na frente, ficamos protegidos e deixamos o outro se expor e carregar a pecha daquilo que evitamos. Assim é mais fácil condenar o outro, julgar o outro e ficar escondido atrás do muro.

A realidade nos exige que saíamos detrás das máscaras, das defesas neuróticas, e que nos exponhamos aos impactos e acontecimentos da vida, já que não dá para ficar escondido dentro de casa e a realidade exige-nos posicionamento e maturação. Que curtamos a pele de cordeiro no sol da realidade.

O sonho anuncia ansiedade, angústia, tensão e fuga. E o grande risco de que possa estar agindo da forma como condena nos outros, abandonando-os. Esta implícito que o maior abandono é o que comete com os seus propósitos, com a condução da sua vida, mas este abandono é projetado no outro em forma de carência pessoal e julgamento e criticidade.

A segunda parte já se mostra a vinculação neurada de sua dependência afetiva. Crescer significa abandonar a pele velha para deixar a nova nos revestir. Morrer o velho para permitir o nascimento do novo. E mesmo que conceitualmente você já saiba que é irracional se sentir ameaçada pelo nascimento de uma criança, a atitude infantilóide é competitiva, resultante de quem se recusa a se assumir como adulto, se escondendo na necessidade de se manter criança, mesmo que como filha mal amada. Desta forma busca manter a dependência de sua mãe mantendo a culpa e a responsabilidade dela nos seus cuidados.

Entendeu? Mantendo-se criança, dependente, submissa, carente, frágil, você encontra a justificativa para aprisionar a mãe como objeto de seu domínio.

O momento em que você se “desliga” de sua irmã é o momento em que você tem que recuar para resgatar seus óculos. Este resgate, a busca, é o regaste do seu ponto de vista, da sua forma de olhar o mundo, do instrumento que lhe permite olhar a realidade com os seus olhos. Abandonando a cegueira. Assim você toma atitude e... Sai da proteção familiar. Ainda que esqueça a sua mãe ou a necessidade dela, justificativa pra ficar vinculada na simbiose, você se lança no mundo.

No inicio é assim, o individuo se lança no mundo e se descobre perdido, sem rumo. Paradoxalmente, neste momento começa a jornada de retorno à casa. O bom filho a casa torna. Precisamos encontrar o caminho de volta para casa. Voltar para a nossa CASA. É o resgate do pessoal, da referência pessoal. Já não mais como a casa da criança dependente, mas a casa do adulto que encontrou parte do seu destino, sua individualidade, sua pessoalidade.



No sonho 56, Sonhos e Confrontos, aparece o seguinte: “Foi então que apareceu um homem malvado e me disse que na vida eu não conseguia nada porque era daquele jeito: me jogava e não me permitia cair, pois ficava presa a superfície, ao passado, ao medo, às mágoas. Fiquei muito mal ao escutar ele dizendo aquilo e tentei fazer força emocional para desvencilhar-me de tudo.”

Não sei se a referência do aviso é o acima ou se houve outro aviso. Mas pode ter a ver com o risco que precisa correr, de se lançar na sua jornada pessoal. O cabloco neste caso entre outras significações possíveis tem a ver com conteúdos de inconsciente que estão tentando focar sua atenção no seu compromisso de realizar as mudanças que se fazem necessárias, na sua vida, para que possa realizar plenamente sua maturação.

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