quinta-feira, 4 de novembro de 2010

MORFOSES - MORTE E RENASCIMENTO II






Sonhos são sempre uma grande fonte de  riquezas. Às vezes os temas se mostram árduos, verdadeiros desertos, outras se mostram como rios de água transparentes e a mensagem se mostra explícita e a abordagem se faz menos tortuosa. Basta beber na fonte.

Um sonho como o relatado acima não deve ser reduzido, não tem que ser interpretado. Precisa apenas ser compreendido e sua leitura é direta.

Independente dos conceitos realizados pela sua reflexão onírica, alguns detalhes chamam a atenção:

• Ocorre uma dinâmica de ordenação. Sua reflexão põe luz no universo inconsciente, introduz o pensamento ordenado, a avaliação, o diagnóstico, a associação, comparação (que neste caso é linha de conexão entre fragmentos);

• Introduz a noção de tempo e lógica, como referência que alinha a sequência do antes, do presente e do depois (passado, presente, futuro), frente e costa, alto e baixo, esquerdo e direito (horário, anti-horário), dentro e fora;

• Relaciona Matéria X Espírito, Peso X Leveza, Vida X Morte, introduzindo a consciência da dualidade do pensamento pessoal.

• A consciência da fuga; do medo; da ansiedade.

SONHOS E ESPIRITUALIDADE

No sonho a reflexão é significante, imprescindível e inevitável. O bom senso tende a considerar o essencial. E o essencial da existência nos remete além do visível e palpável, nos remete às dimensões inimagináveis da luz e  das energias, 

O materialismo ateu, cultuado no século XX, se fundamenta em limites do tempo e do espaço da existência, não explora outros eventos que envolvem a existência do universo e do individuo como, por exemplo, a espiritualidade, o mundo energético, a relação do individuo com o universo, aspectos de uma natureza que são subjetivos tanto quanto a materialidade.

Portanto não há como enfiar a cabeça na terra e negar o inegável, ou se ater apenas ao palpável.

A vida e tão importante quanto à morte (sendo finda, ou infinda) e a espiritualidade é fundamental porque é referência de princípios que transcendem os tempos e que continuam a estabelecer, dentro de nossos limites de natureza, a nossa conexão com o lado etéreo e subjetivo da existência.

A ocorrência no sonho sinaliza a importância de sua escolha pessoal. Deixar de lado essa conduta espiritualizada é fortalecer a tendência desconstrutiva de nossa natureza.

A opção pela espiritualização ou pela religiosidade não é uma questão da escolha de ser bonzinho ou medroso, ou de negociação com o divino, é uma escolha inteligente que não desconsidera um lado definitivo de nossa origem e de nossa natureza em conexão com o universo.

Não somos separados, como células únicas com vida própria, separados do entorno. Definitivamente não somos uma ilha.

O sonho reforça o conceito que constrói. E se o sonho for compensatório e em sua vida existe falta de religiosidade ou de espiritualidade, preencha este vazio antes que ele se torne um abismo que a faça dividida em sua natureza.

A ESPIRITUALIDADE É FORMATO QUE NOS PERMITE
 A CONEXÃO COM O DIVINO,
MANTENDO-NOS CONECTADOS
COM O PRINCÍPIO QUE REGE O UNIVERSO.

Este caminho que nos leva ao estabelecimento de atitude religiosa diante da vida, não exige condução, nem rituais, nem submissão, apenas princípios que estabelecem atitudes desenvolvidas em sintonia com o universo. As religiões possuem o básico desses princípios já decodificados, mas não todos os possíveis e que nos abrem as portas para relações mais profundas com o divino.

Mas este lado espiritual não é tudo. É preciso trabalhar no aprimoramento e no sustento pessoal, superando a dependência do outro, para que não sobrecarreguemos o ombro de outros, a responsabilidade que é pessoal, para que possamos realizar a lei da troca, da comunhão, do partilhamento.

O sonho diz: não adianta caminhar pra frente olhando para trás. É risco, perigo!

O acidente está relacionado a esta atitude, ele te anuncia olhe para frente quando caminhar, para o futuro, para as mudanças que necessita implementar. Se cuide. Assuma a sua direção, dirija sua vida, não a deixe na mão do outro.

O passado nos supre de informações, o presente nos permite avaliar os cenários para que possamos fazer escolhas que nos ofereçam resultados positivos no futuro.

Sua leitura é correta, mas é pouco. Não é apenas uma questão de paz de consciência ou dever cumprido. Este é o básico. A certeza da impermanência é essencial, e cumprir com o dever contradiz o pensamento neurótico que tudo adia para o amanhã. Não deixe para amanha o que deve precisa ser agora.

Mas paciência, porque quando solucionamos o que nos é exigido solucionar, é preciso detectar aquilo que exige tempo... O tempo da vida.

Períodos de transição são inevitáveis, num universo instável vivemos inseridos nesta transição entre o antes e o depois. Não há o que temer. Há o que deve que ser feito.

Nascer e viver e tão natural quanto morrer, diariamente morremos, envelhecemos, somos consumidos pelo tempo. Só os tolos negam.

Não feche os olhos, veja! Veja sempre! Fechar os olhos é opção pela obscuridade, negando a realidade. Nada é tão trágico que não possa ser visto, nem o próprio destino.

Excluindo os que tudo abandonam para a dedicação exclusiva à religiosidade, nós pobres mortais, precisamos nos dedicar à conquista do sustento nos preparando, enquanto nos aprimoramos, antes que nos solidifiquemos como desesperados que sem esperança vivam perdidos e embalados na insignificância do banal.


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