quinta-feira, 4 de novembro de 2010

MORFOSES - MORTE E RENASCIMENTO




Essa noite sonhei que caminhava pensando que a diferença entre a vida e a morte era apenas um fato causador de uma fatalidade. Pensei na minha morte enquanto uma passagem, uma mudança de dimensão. Pensei em muitas pessoas que já haviam morrido e concluí que precisava fazer mais pelo meu lado espiritual, já que para morrer bastava estar viva. Depois de morta eu poderia me arrepender do tempo desperdiçado com o banal da vida material. Pensei comigo que enquanto na matéria era difícil conseguir me encontrar num trabalho espiritual divino, ou seja, descobrir a finalidade da própria vida enquanto uma viagem de aprendizado e trabalho voltado para a auto-evolução. Pensei em familiares já falecidos e grandes personalidades como Chico Xavier. Senti o tempo de uma vida ser apenas um segundo, um sopro perante a infinitude. Entretanto, cada dia dessa jornada poderia ser um acréscimo de luz ou apenas mais um dia atrás do outro. Nisso entrei num ônibus para fazer uma viagem de excursão. Um senhor comentou comigo que esquecera de pegar o xampu e pediu-me para comprar outro na primeira parada do ônibus. Dispus-me a fazer isso com facilidade. Estranho que eu era a única que estava sentada voltada para trás, de costas para o motorista, e desenhava ou escrevia algo. Ao mesmo tempo em que tudo estava normal, eu sentia um certo desconforto, uma sensação de estar sem graça, sem ter o que dizer, quase envergonhada como se houvesse feito algo errado, como se fosse culpada de algo ou como se soubesse de alguma coisa que ninguém mais sabia. Eu me sentia diferente e indiferente com relação aos outros. Nisso o ônibus saiu fora da pista e começou a rodar no ar de um despenhadeiro como se fosse um pião a cair em movimento rotatório, se não me engano em sentido anti-horário. Quanto mais caia, maior ficava a velocidade da queda. Eu sabia que a morte era certa e que nada poderia fazer para evitá-la. Eu era a única que percebia se tratar de um acidente, pois os outros passageiros estranhavam o movimentar do ônibus achando que ele ainda estava na estrada, e inclusive criticando o motorista de estar fazendo a descida em alta velocidade. Era o prazo do baque fatal e eu deixaria a realidade de uma vida para voltar a realidade de uma vida anterior. Nisso meu eu espiritual desvencilhou-se antecipativamente da matéria e ficou flutuando no ar de olhos fechados para não ver a cena trágica do acidente. Acordei assustada.

Não é a primeira vez que sonho com minha própria morte enquanto uma simples mudança de dimensão. Não são sonhos ruins, mas parecem expressar minha necessidade de viver de forma mais intensa o lado espiritual. A mensagem parece ser a mesma: devo estar sempre em paz com a consciência do dever cumprido, pois embora possa prever ou sentir a morte se aproximar, ninguém sabe exatamente a hora e o dia do “juízo final”. O tempo é infinito, mas ele passa e não volta atrás e, por isso, ele também é finito.

O que me diz de um sonho desse tipo?

 
 
 

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