quarta-feira, 10 de novembro de 2010

SAGRADO X PROFANO II




Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel

2. O SONHO

Os limites são fundamentais na formação do sujeito social, e não é rezando, orando, ou clamando que se encontra solução para o comportamento social invasivo. A solução está na educação dos limites que se precisa ter para se viver em harmonia na sociedade.

A solução não é enfiar a cabeça na terra, aumentar os limites de resistências ao desrespeito, aumentar os limites de tolerância. Ao contrário, a solução está em aumentar os limites de respeitabilidade do outro. Isto é formação de cidadania.

Ampliando o tema, podemos aplicá-lo aos nossos problemas diários, A solução não é entregá-los aos cuidados divinos através de preces. Atitude e Postura de respeito é a conduta necessária na convivência social que precisa ser exigida nas relações.

Sua atitude no sonho é de passividade. Sofre o impacto do cenário daquela realidade e se refugia na compensação. Poderia até falar numa comportamento de omissão, que favorece o não envolvimento, o não comprometimento, mantendo-se como ausente escondido na imagem de permissivo.

Quem não aprende os limites sociais não desenvolve os princípios básicos e primevos da socialização humana. Mas vivemos o resultado de nossas conquistas e não o resultado das conquistas alheias.

No sonho ainda aparece a conduta da vitima passiva que sofre as consequências do outro. Não se esqueça de que o outro pode estar justificado na ocorrência da festa comemorativa.

Mas espera aí! O direito de comemoração dá ao outro o direito de ser invasivo?

Naturalmente que não. Mesmo que hoje em dia as pessoas se sintam no direito de se justificarem apenas observando seus direitos pessoais.

O que quero dizer-lhe fazendo uma reflexão rápida sobre a complexidade das relações é que tanto de um lado como de outro podemos encontrar justificativas para o que quisermos. O que não quer dizer que dessa forma sejamos respeitosos, verdadeiros ou justos.

Seu inconsciente pode estar tentando lhe mostrar que é importante reavaliar conceitos, atitudes e evitar a fuga através da omissão ou do papel de velha vitimada e conformista.

Diante da vida precisamos nos descobrir como sujeitos ativos, que buscam seu destino, que modificam e transformam a sua realidade ao invés de serem apenas vítimas passivas de um cenário infeliz.

E finalizando, o sonho nos remete à delicada questão do sagrado e do profano. Esses dois universos que nos envolvem e muitas vezes nos consome. Estando, como estamos, inseridos dentro de um plasma complexo, constituídos de naturezas opostas o sonho retrata o escapismo profano e o escapismo sagrado. E parece-me que nenhuma das duas opções são soluções favoráveis.

Na lei natural do desenvolvimento, jovens são mobilizados pela ânsia de viver prazeres, de viver o mundano Profano, e os mais maduros pela ânsia do prazer, de viver a harmonia mundana do sagrado.

E no sonho você aparece perdida entre uma possível necessidade ou desejo de viver como jovem a comunhão com Baco, e o consolo de estar vivendo como velha o anseio religioso.

Tudo certo, mas tá esquisito!

A velha questão resurge: Viver o prazer para esgotá-lo ou sublimá-lo (esgotando-o simbolicamente) para compensar a dificuldade e assim se libertar?

Possivelmente o caminho mais suave e natural seja o de:

Ser Jovem quando se é Jovem,

Ser Velho quando se é Velho.

Eu sempre tenho dúvidas sobre jovens que abrem mão da juventude para agir como velhos tanto quanto sobre velhos que abram mão da condição de amadurecimento para se comportar como jovens.

Ambas as condições envolvem inadequação, frustração e perda do norte e do “Timing” da vida.

A distância crítica que você cria da realidade afasta-a de sua realidade. Ser jovem não significa ser desordenado, desrespeitoso, invasivo, mas pode significar a chance de realizar uma vitalidade que anseia se expressar. Festejar, comungar, partilhar, brincar, relaxar, distrair, amar e até se permitir avançar e experimentar além de certos limites, mas acima de tudo viver como jovem sua possibilidade de ser jovem.

Você foi uma criança sem limites, que se transformou numa jovem limitada. Abandone esses exageros, são armadilhas. Relaxe viva o êxtase de ser jovem. Esse cavalo selado está passando.

Abrir mão dessa natureza é abrir mão do melhor que você pode viver neste momento: Descobrir o mundo como jovem. Você pode estar precisando se permitir ser mais jovem. Você não precisa ser uma jovem que chuta o balde para se permitir inconsequente, mas pode chutar o balde para viver sua jovialidade, abandonando a velha crítica, severa, vítima, chorosa e reclamona que vive em você.

Dessa forma você poderá viver com profundidade a religiosidade sem precisar viver a velhice distante.





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