segunda-feira, 1 de novembro de 2010

FEED BACK



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Lembro de ser uma criança problemática, que até por volta dos seis anos de idade ia todos os dias para a diretoria da escola. Não sei ao certo dizer, mas imagino que deva ter sido birrenta, manipuladora, dominadora, impulsiva. Lembro que sentia dores de cabeça psicológica todas as vezes que era contrariada e minha mãe acabava deixando eu ficar sem tomar banho para não me ver reclamar incessante dor de cabeça. Recordo que eu tinha tendência de chamar a atenção através do ridículo e do comportamento errado. Minha mãe conta que não podia descuidar de mim que eu cortava o cabelo para colocar dentro das panelas de comida e uma vez coloquei detergente dentro do suco. Eu levantava durante a madrugada para fazer arte como amarrar os pés de meus pais na porta do guarda-roupa, amarrar sacola plastica nos pés da minha avó, ir para o quintal brincar com o cachorro que tínhamos na época, enfim, não sei porquê, mas com certeza eu era uma peste da pior espécie. Eu roubava os carimbos da professora na escola, bem como os lápis de colorir das “amiguinhas”. Tenho por mim que até determinada idade eu era o centro de todas as atenções, mas depois disso, não sei exatamente quando e nem o quê aconteceu, me tornei recolhida, tímida, defensiva e desconfiada. Acabei tendo um gênero submisso, aparentava ser tola, infantilizada e dependente ao extremo. Creio que me acomodei nesse papel de coitada, pois realmente me via como uma pobre coitada incapaz e recatada. Por algum motivo eu deixei de ser aquela que, embora teimosa e insuportável, era o ideal de mim mesma, àquela que conseguia ser o centro das atenções, àquela que conseguia tudo o que queria. Algo me bloqueou, mas não sei o que foi. Pensar que não gosto de crianças por inconscientemente lembrar ou sentir algo desagradável da minha infância faz total sentido. As crianças por certo devem refletir meu lado criança ainda rebelde, arteiro e, posteriormente, submisso e recuado.

Quanto ao meu trabalho, tenho-o realmente por questão de sobrevivência e por senso de utilidade ao coletivo, algo que me preenche sentimentalmente, que me confere paz de espírito. Sinto-me valorizada enquanto humana por exercer uma atividade de importância social-coletiva. Sou muito feliz por estar trabalhando e principalmente por ter gostado e estar gostando até hoje do que faço. Sinto-me realizada nesse sentido, mesmo sabendo que tudo é mutável, instável, e que a qualquer momento eu posso estar novamente desempregada. Depois de tantas tentativas desagradáveis, ao menos agora contarei com uma boa experiência em minha bagagem profissional, independente de quanto tempo eu permaneça nesse emprego. De resto certifico que o meio externo coletivo e social invade-me sempre, mas não sei definir o porquê. Não suporto locais muito movimentados, cheio de pessoas. Sempre fujo, custe o quanto for. Será que algum dia algum sonho poderá desvendar isso?

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