terça-feira, 9 de novembro de 2010

PERDIDAS NA NOITE

 Duodécima Figura do
  Pequeño Tratado Sobre La Piedra Filosofal -
Lambsprinck - traducido de la edición de 1677
del Museum Hermeticum -

Em segundo sonhei que estava perdida com uma outra jovem e no escuro da noite subíamos um morro. Imaginei se ela realmente existia ou se seria um anjo em forma de pessoa que aparecera para me ajudar. Quando chegamos no topo do morro, ela entrou numa casa cuja porta estava aberta. Parecíamos buscar um abrigo e agindo às escondidas (ao menos eu sentia assim) demos de cara com a moradora. Era uma senhora já idosa, a qual dançou na nossa frente. A jovem dançou para ela e a velha pensou que fôssemos almas de outro mundo, não imaginando que éramos estranhas que havíamos adentrado em sua residência. Nisso a jovem se fantasiou com uma blusa e uns colares da velha e, achando aquilo divertido, fiz o mesmo, mas nisso chegou o filho da velha e rapidamente me escondi. Pensei que a outra jovem também se escondera, mas não, ela conversara com o homem e ele se interessara de nos deixar morar com a senhora mãe dele. Era bom demais o fato de, aparentemente do nada, termos conseguido um local para habitar. Realmente imaginei que essa jovem deveria ser um anjo. Nisso fomos conhecer o resto da casa e no quintal havia uma piscina enorme. Lá várias pessoas se divertiam. Pareciam pessoas famosas. Dois homens pareciam brigar, ou estavam brincando disso. Também entrei na piscina que era bastante funda e me questionei como pessoas tão simples (não sei porque as julguei de simples) tinham chegado tão longe a ponto de possuírem fama.

Dois aspectos significativos:

1. Estar perdida;

2. Escalar, subir o morro.

Não parecem antagônicos, paradoxais, mas o são. A não ser que definam o antes e o depois, ou o passado e o presente. Se não estiver relacionado ao tempo, o paradoxo é visível já que a subida indica caminho de percepção, luz, conhecimento, consciência, não estar perdido.

A imagem é clara: perdidas na noite escura. A imagem fala por si. Refere-se ao passado ou ao presente.

Se a referência é ao passado o foco do inconsciente ilumina a “subida” que representa o presente. A saída do caminho perdido, do estado de perdição, de não consciência, de escuridão..

Se a referência é ao presente o foco pode ser referência aos hábitos noturnos. Como não tenho informações sobre sua vida noturna, avalio a primeira possibilidade.

Perdido é perdido, na realidade ou no mundo interior. E a subida é ascensão que permite a consciência se situar no espaço. Vê melhor e mais amplamente quem vê de cima. Enfiado no vale, no buraco, o olhar é limitado e obscurecido, o olhar é bloqueado pelas interferências e pela proximidade. Quem vê de cima, do morro, vê mais longe.

Simbolicamente você caminha para poder ter uma visão mais clara do cenário de te circunda, onde você está. Mas pode se acreditar ainda perdida.

Um detalhe, você repete um velho padrão:

“Imaginei se ela realmente existia ou se seria um anjo em forma de pessoa que aparecera para me ajudar.”

É perceptível a repetição, em vários sonhos, de um padrão em que você para se proteger ou para acreditar que tem o controle da situação, recorre em avaliações precipitadas e diagnóstico precoce do cenário em que está inserida.

Quando detecta perigo iminente, ou quando a situação foge de seu controle, imediatamente você define e classifica o outro, dentro do que lhe parece mais conveniente e confortável. Assim o homem ameaçador se torna protetor, a menina desconhecida se torna anjo, o rapaz que chega se torna ameaça, etc. Essa atitude que anteriormente defini com ansiosa, leva-a a realizar o enquadramento do cenário em uma realidade que lhe favorece o conforto e o escape.

Às vezes o artifício se transforma em medo, acionado por mecanismos que a leva a evitar uma atitude mais ativa, “Pró-Ativa”. Você se esconde, se protege, se defende, evita se expor, se comprometer. A realidade lhe aparece ameaçadora, mesmo não o sendo, e você se esconde, recua, acuada com um bichinho assustado que não que enfrentar uma realidade que a assusta, que a desagrada. A inferioridade e a baixa estima comandam sua resposta de evitação, e aflora a menina manipuladora, controladora que se engana.

Uma mensagem possível do inconsciente seria: Para avançar em seu processo de maturação é necessário parar de fugir, parar de temer as cobranças, abandonar a severidade que a reveste com “CULPADA” “ERRADA”. Está na hora de assumir uma postura mais ativa, deixar de antecipar a sua condenação pelo outro, abandonar o “Pré Conceito”.

A velha pode ser referência da Velha Sábia, o arquétipo que se prepara para ocupar o espaço de comando se a o Puer, a eterna criança, se permitir se transformar deixando de se fixar na repetição do eterno irrealizado.

E a fama te coloca em situação de suscetibilidade frente à sua grande necessidade de superar suas dificuldades. Neste aspecto a fama lhe aparece como uma possibilidade compensatória nesta condição de inferioridade. O único portal, sua única chance de realizar sua libertação.

 

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