sexta-feira, 26 de março de 2010

PASSES PRÂNICOS I

 ilustração do livro "Medicina da Alma"


CH38

Olá, tenho mais um sonho (tive ele num cochilo que dei hoje depois do almoço):

Sonhei que eu estava em uma espécie de corredor cheio de pessoas sentadas de um lado e de outro quando eu incorporei de caboclo. Dancei rodopiando rápido e depois passei cumprimentando cada uma das pessoas com os braços (modo característico de cumprimento de caboclo). Minha voz ficou grossa e enrolada como de um homem estrangeiro falando português com certa dificuldade. Conforme a pessoa que atendia eu apenas benzia, perguntava se ela tinha algo para falar ou falava algo que me vinha espontaneamente saindo pela boca. Não sei se era uma incorporação de fato, pois isso nunca me aconteceu na vida real, entretanto, eu estava consciente de tudo numa espécie de meia autonomia. Primeiro veio os idosos, depois crianças e por último as pessoas normais. Havia um idoso que comentou sobre outro local donde ele havia ido e lá era a pessoa que tinha de ir até o médium incorporado, mas ele preferia a organização da entidade ir passando por cada pessoa. Comentei para minha cambone que aquele carismático idoso tinha uma luz intensa. Por certo eu devia estar falando de sua aura. Engraçado que eu não via luz nenhuma, mas sabia, como se pudesse sentir, que isso era de fato uma verdade. Passei benzendo as crianças e delonguei numa delas que estava mais carregada. Entoei umas preces de rima enquanto estalava os dedos fazendo o sinal de cruz a sua frente. Não sei por que eu sabia ou sentia a diferença de situação de umas pessoas para outras, fosse idoso ou criança. Depois passei a atender as pessoas adultas e uma mulher começou a falar de um retrato da estante de sua sala. Eu sabia que o problema dela não era com o retrato, pois de antemão eu já sentira que ela ia apenas me testar. Ela disse, na ponta do meu ouvido, como se fosse segredo, que seu marido andava lhe implicando por causa de um retrato que não queria na sala e, de tanta teimosia dela em querer o retrato lá, ele houvera escondido o retrato e ela queria que eu, ou melhor, o caboclo, lhe dissesse onde o mesmo estava escondido. Respondi para ela esquecer o retrato e ficar de bem com o marido. Interessante notar que, enquanto eu aconselhava-a, surgiu uma espécie de tela fluídica e eu não vi nada de retrato na imagem mental que a mulher projetava enquanto descrevia o fato, ou seja, era como se ela estivesse falando algo inventado. Seus pensamentos estavam voltados para algo que nada tinha a ver com o suposto retrato.

Depois eu já estava numa sala com várias pessoas da mesma faixa etária que eu e perguntei se o curso surgira com o grupo de juventude ou se todos ali eram jovens por mero acaso. Obtive a resposta de que era apenas acaso e comentei que era a primeira vez que eu participaria de um grupo de estudo, por vontade própria, o que exclui a época de escola, apenas com pessoas jovens da mesma faixa etária. Não sei ao certo, mas acho que ali estavam apenas os médiuns do local. Havia outros grupos de estudos, dos quais inclusive comentei participar também, mas os médiuns não eram atuantes, ao menos não em incorporações. Vale dizer que, embora tenha vinte e cinco anos, me considero uma jovem que somente agora está em inicio de maturidade real perante a vida. Sempre me senti sendo e tendo dois lados contrapostos: uma criançona arteira, sem malícia e meio dependente, mas, ao mesmo tempo, uma velha cansada, sistemática e conservadora, ou seja, sempre vivi em contrastes e, de pouco tempo para cá é que venho começando a me sentir uma pessoa meio-termo. Também vale dizer que nunca gostei de pessoas da mesma faixa etária que eu e sempre preferi os mais velhos por questão de pura afinidade, algo que nunca soube explicar nem mesmo para mim, a não ser pelo fato de ter sido criada junto a pais e pessoas bem mais velhas. Pois bem, embora não saiba o motivo de tal sonho, gostei de ter sonhado com isso exatamente por achar que nunca teria um sonho assim.


O que ele pode representar?

4 comentários:

  1. Essa noite eu sonhei muito! Primeiro sonhei que estava numa casa muito grande e bonita, que inclusive parecia um palácio, na companhia de uma jovem e de seus dois irmãos mais velhos. Creio que eu não morava ali e, portanto, devia estar apenas de visita. Tenho certeza de que não foi à primeira vez que sonhei estar em tal lugar. Eu conversava com a jovem tranqüilamente enquanto mexia com massinhas sobre uma peça de ferro cor de bronze. Não sei se eu enfeitava a peça ou se a utilizava como um molde, mas estava gostando do trabalho, achando-o interessante e bonito. Não sei se a massa de modelar era biscuit ou daquela massinha infantil. Num certo momento apareceu uma mulher e todos desviaram o foco da minha pessoa para ela, a qual começou conversar alguma coisa que não recordo bem, mas creio que o assunto era tenso. A conversa entre eu e a jovem interrompeu-se abruptamente.
    Depois disso foi pior. Eu estava em casa, a mesma que moro, enquanto minha mãe e irmã (não sei se havia mais alguém) haviam ido para a casa da vizinha dos fundos, embora no sonho a vizinha fosse outra pessoa. Ela havia contratado uma professora de dança ou ginástica e eu podia escutar a música e algazarra da minha casa. Eu me sentia enclausurada, não pelo fato de não poder sair, mas por ter que me contentar em ficar sozinha no meu quarto sem ter nada para fazer. Senti-me muito irritada e melancólica, tanto por não ter sido convidada, bem como por todos terem ido e eu ter ficado para trás completamente abandonada. Eu sentia todos se divertindo enquanto eu sofria uma espécie de indignação invejosa. Na vida real eu costumo lidar com isso dizendo para mim mesma que não preciso mendigar a atenção e o carinho de pessoas que não gostam de mim o suficiente para desejarem ou valorizarem a minha companhia, mas no sonho o sentimento negativo aflorou em proporções gigantes, tanto que comecei a falar sozinha esbravejando e esmurrando um armário da cozinha. Eu não estava descontrolada, apenas muito possessa de um total mal-estar perante a situação. Eu não tinha nada para fazer, mas mesmo que tivesse, a insatisfação era tanta que eu praticamente não ia conseguir fazer nada mediante aquela ira interior. Era um misto de desespero com profunda tristeza que se convertia numa raiva total. Eu me sentia desprezada e inferiorizada. Essa indignação invejosa também está presente na minha vida quando sinto que os outros, por milhares de motivos que justos ou tolos, possam estar sendo mais felizes, se divertindo ou aproveitando mais a vida do que eu. Sem dúvida é um sentimento cruel, masoquista e que luto para não deixar me martirizar. O que tal sonho está querendo me advertir com todo esse sentimento de profunda revolta? Depois sonhei que uma conhecida da minha avó havia morrido e, logo após acordar pela manhã, minha avó pegou uma banana e jogou no meio do mato dizendo que era para a alma da falecida comer. Achei o cúmulo do absurdo pois, para mim, aquilo significava apenas o desperdício de uma banana. Aqui se repetiu o conflito com alguém mais velha do que eu, de modo que eu nada podia fazer além de respeitar. Depois o conflito voltou a ser com minha mãe e irmã. Por serem duas pessoas conhecidas, sem dúvida, elas são as que me causam piores pesadelos. Nós discutíamos, mas minhas palavras de nada valiam, pois embora elas não soubessem argumentar, a força da sentença mais velha tinha mais peso. Meus sentimentos pouco importavam perante a postura imponente e a vontade soberba das duas. Horrivelmente tive a sensação da minha irmã me sojigar numa luta injusta de níveis de forças diferentes. Cheguei quase a dizer para minha mãe: Um dia eu desapareço da sua vida e você vai morrer a mingua. Minha raiva dava para executar tal ameaça, mas minha coragem de filha não. Depois eu estava numa espécie de camarim de artistas penteando com os dedos uma peruca de cabelo liso, comprido e loiro quase branco. Não sei de quem era e nem quem a usaria. De todo modo eu parecia estar responsável por aquele apetrecho. Em seqüência eu acordei. Ainda estava de noite.

    ResponderExcluir
  2. Cont.
    Novamente ao dormir, sonhei que eu estava com uma babá e havia um bebê e uma criança. Parece que eu era responsável pela criança e a babá pelo bebê, mas num determinado momento o bebê caiu da cama e literalmente se transformou num feto morto. Eu bem tinha visto que ele estava escorregando e fui ampará-lo, mas foi tudo muito rápido e não deu tempo. Não sei de quem eram as crianças. Outra vez um sonho de regressão física com criança/bebê. Fiquei tão impressionada que, ao olhar no espelho, meus lábios estavam trêmulos. Nisso minha irmã apareceu chamando-nos para jantar. Claro que eu estava completamente sem apetite mediante o ocorrido, mas além da babá eu era a única a lastimar o fato daquela morte. Quando fui sentar-me à mesa, alguém escorreu uma calda doce no arroz e eu recusei-me a comer aquela comida. Havia visita, mas não sei quem ou quantas pessoas eram. Estávamos aqui em casa, mas a disposição dos moveis era outra bem diferente, tanto que havia uma mesa grande na sala (na qual foi servido o jantar). Nisso minha irmã falou algo e eu respondi um tanto sem educação. Não lembro o assunto, mas era alguma coisa que não deveria ter dito na presença das visitas. Sempre detestei essas regras do que dizer ou não perante visitantes. Eu estava irritada e não estava disposta a medir palavras. Resolvi sair um pouco para dar uma volta. Estava frio e, não sei porque, eu estava nua ou tinha sensação disso. Passei por ruas desconhecidas da vida real donde havia uns bares, restaurantes e lojas. Num dos bares vários rapazes estavam com as mãos amaradas para trás e fiquei pensando que tipo de brincadeira seria aquela, pois só deveria ser uma brincadeira ou um desafio mental e psicológico qualquer. Segui adiante e passei por uma galeria. Não lembro muito bem, mas sei que pouco depois eu estava conversando com um desconhecido que parecia um drag queen. Nisso começou a chover e ele me chamou para ir com ele. Não lembro bem como foi o desenrolar dos fatos, mas sei que senti receio por desconhecê-lo, bem como vergonha por estar com ele fantasiado em pleno local público.Depois disso eu estava numa espécie de colégio interno. Um rapaz que, não sei se era o drag queen sem as fantasias, deixou-me numa sala donde um professor dava umas explicações para umas poucas pessoas e, dizendo para que eu o aguardasse lá, foi falar com outro professor. Tranqüila no ambiente, mesmo desconhecendo todos e não sendo aluna, eu notei que da janela da sala dava para se ver duas enormes piscinas. Havia umas crianças que nadavam como peixes mergulhando para o fundo da piscina que deveria ter muitos metros de profundidade. Havia vários professores de natação e os pais, embora preocupados, também pareciam confiantes e alegres com o desempenho de seus filhos. Encantada eu não perdi tempo e fui até lá dar uma nadada. Depois eu saí e fui para o quarto do rapaz. Comecei a arrumar minha mala, pois tinha que ir embora. O local estava uma super bagunça. Ele dividia o dormitório com uma jovem e uma mulher. Pensei que fossem sua irmã e mãe, mas não tive confirmação. Para meu espanto as minhas coisas estavam bastante esparramadas, mas, quando ele chegou, eu praticamente já tinha arrumado tudo na pequena mala. Ele me abraçou dizendo que estava com muita saudade e ficamos algum tempo abraçados num sentimento bem agradável. Falei que ele havia demorado e eu resolvera não esperá-lo indo até a piscina. Também disse que ia embora. Ele lamentou querendo que eu ficasse mais e expliquei que não podia, pois eu nem deveria ter me alojado ali com ele naquela noite.Depois disso ele acendeu um cigarro e chamei-o para um canto a fim de dizer-lhe que não aprovava de maneira alguma aquele vício. Entretanto, antes de repreendê-lo, o que eu pretendia fazer de modo afetuoso, eu vi que, ao lado da pia, a chama do forno do fogão (parecia industrial de tão grande) estava acessa. Ele foi tentar apagar, mas acabou acendendo outra chama e depois aquilo parecia emperrado.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Cont. Nisso a mulher apareceu e me olhando de modo frio mandou ele jogar água no fogo. Senti um clima desagradável e aquela mulher pareceu ser a minha mãe. Adiantei-me para jogar a água e notei que as xícaras dentro da pia estavam todas grudadas com uma calda pegajosa e dura. Aquele ambiente começou a me desagradar. Mantive-me na postura de amenizar o clima. Ao ir embora eu entrei num carro e, consciente de que aquilo era apenas um sonho, sentei-me no banco do motorista. Eu não sei dirigir e nem tenho vontade disso, mas no sonho eu dirigi o carro mesmo sem prática no volante e, enquanto decifrava os pedais, ia fazendo as manobras com cuidado. Na seqüência seguinte eu entrei num local todo de branco com várias pessoas vestidas de branco, inclusive eu, e me mandaram para a ala das macas. Havia três alas e não sei qual era as outras duas. Não lembro muito bem, mas eu deitei numa cama e comecei a ler um livro sobre a história de meu passado, ou seja, noutra vida, donde eu fizera duas grandes inimizades. Conforme eu lia, também ia assistindo algumas cenas numa tela para reforçar a lembrança. Pena que eu não conservei essa lembrança tão bem. Depois apareceu uma mulher que mais parecia um anjo e mostrou-me numa espécie de bíblia um trecho falando sobre o décimo mandamento, aquele que eu desrespeitara, exatamente o que fala para não cobiçar as coisas alheias. Foi a revelação de que eu não houvera vivido um grande amor, bem como uma projeção das rivais inimigas na figura de minha mãe e irmã. Isso não me parece ter sentido, mas será que simbolicamente tem algum outro significado além do contexto em si? Isso parece uma justificativa para os repetitivos sonhos negativos que tenho com minha mãe e irmã, mas será que um sonho justificaria outro? Depois eu estava chegando na casa de uma amiga.Depois de tocar o interfone ela veio me receber e notei o quanto ela estava elegante com um vestido longo de estampa preta e branca. Eu ia jantar com ela e depois íamos sair para passear em algum lugar. Mas ao invés de eu entrar, ela chamou-me para ir com ela até o hospital. Era perto, virando o quarteirão, e fomos andando. Elogiei-a dizendo que se soubesse da impecabilidade dela naquela noite, teria me arrumado melhor. Ela agradeceu e disse que, caso eu quisesse, poderia emprestar-me uma roupa dela. Eu fiquei contente pela sua generosidade e nisso entramos no hospital. Descobri que ela era médica e assim ela me apresentou para suas amigas de profissão. Acho que elas me perguntaram por que eu não me tornava uma médica também, mas não lembro bem da conversa. Tive que aguardar ela resolver algo.Depois disso me lembro muito mal. Parece que tínhamos de passar por baixo de um tronco de árvore caído donde ela passou e eu não conseguia passar. Eu segurava na mão que ela me estendia e tentava passar deitada, mas nem assim. Daí eu tive que dar a volta mas saí num outro local diferente, enfim, realmente não lembro que bagunça era aquela. Depois eu e minha mãe havíamos sido convidadas para ir à festa de aniversário da filha da vizinha da frente, a qual chegara da viagem de estudos na Europa (na vida real ela ainda não voltou e nem sei quando voltará). Eu precisava tomar banho, mas estava brincando com o menino da vizinha dos fundos de três anos. Enquanto isso eu olhei para a casa da vizinha da frente e, completamente diferente da realidade, sua casa tinha um grande gramado na frente e ele estava todo coberto de bexigas verdes e brancas que haviam sido espetadas na grama. Infelizmente não lembro muito mais, entretanto, tenho certeza de que já estive sonhando outras vezes com essa filha da vizinha que está fora do Brasil como se ela já houvesse chegado de viagem. Eu não tenho amizade com ela e, mesmo sem lembrar dos sonhos em si, não entendo porque a recorrência em sonhar com ela. O que essa longa seqüência onírica pode representar?

    ResponderExcluir