terça-feira, 30 de março de 2010

COBRAS E LAGARTOS II

           
 
As cobras podem ser vistas sob a lente de aumento dos sonhos, Sabia? No sonho uma imagem invísivel ao nosso olhar comum pode ser amplificada pela psiquê e em caso de distorção se constroi a imagem em cima de representações e códigos de imagens mais próximos do que seria a imagem autêntica.  Neste caso é importante que considere a possibilidade de representação simbólica de infestação microbiana. Face exame de fezes para tirar dúvidas de contaminação e infestação, ou fique atenta à possibilidades de infecções por vírus e bactérias.
As cobras possuem múltiplas, importantes e vastas significações,  abordarei significados que considero essenciais mesmo pareçam básicos: Tenho visto ao longo dos anos significações desse símbolo que estão relacionados à sua dimensão pessoal e ao coletivo. Faltando-me a possibilidade de averiguação e a proximidade que me permitissem a busca do significado pessoal (absolutamente restrito) resta-nos considerar a compreensão do coletivo que, pela quantidade de possibilidades, me exigem um foco mais sintético.
A cobra encarna a psique inferior, o psiquismo obscuro, misterioso, incompreensível, raro. As serpentes formam a multiplicidade primordial, indivisível, que nunca encerra o desenrolar-se, desenroscar-se, desaparecer e renascer. O homem aparece numa ponta da escala de evolução e as serpentes na outra ponta.
Como símbolo da energia vital (a kundaline) que ascende a partir do cóccix pela coluna vertebral, subida da libido, renovação da vida e atinge os chacras superiores para levar o indivíduo à individuação ou à insanidade.
            No sonho relatado parece-me uma indicação de atualização de seus mecanismos psíquicos, Principalmente creio, o processo e dinâmica de desenvolvimento da resistência necessária para suportar o impacto da realidade ou do que a vida lhe exigir.
Veja só: para sermos bem sucedidos em nosso processo de desenvolvimento precisamos nos preparar, ou estar preparados, para suportar o impacto devastador da realidade sobre nós. Impacto diário e inevitável que vivemos com essa realidade, apenas por estarmos vivos. Se, a cada mudança da realidade sofrermos como os escalpelados que sucumbem, com o impacto de uma leve brisa, à dor, acabaremos desmoronados e devastados por esse impacto- realidade. Tenho visto pela vida, pessoas sucumbindo por despreparo, indisciplina, fragilidade, resistência à mudanças, delicadeza, evitação, desorganização, falta de planejamento, super-estima, orgulho, falta de humildade, arrogância, etc.

                   A REALIDADE É IMPERMANENTE E DESCONTÍNUA.

É difícil aceitar, nos exige humildade, e definitivamente nós não temos escape.
Por exemplo: Como a morte é definitiva e atingirá com sua mão a todos, é necessário trabalhar a aceitação deste desígnio e fortalecer a resistência psíquica a essa realidade para que a morte de um ente querido deixe de representar o fim do “outro” afetivo e passe a significar a morte pessoal, transformando um desígnio coletivo em um suicídio pessoal.
Desta forma, é necessário que trabalhemos todas as possibilidades devastadoras da realidade para não sermos pegos despreparados pela imprevisibilidade da vida.
É isto que eu chamo de um processo onírico de atualização psíquica. A psique nos coloca em situação propícia, de confronto, para que trabalhemos mudanças necessárias ou para que exercitemos e ampliemos respostas possíveis diante da imprevisibilidade dessa realidade devastadora.
            Em segundo lugar, além da atualização, e da necessidade de se trabalhar a relação pessoal com forças internas propulsoras, pulsionais, instintivas, de origem inconsciente surge a tendência coletiva e instintiva de matar a “serpente”. É uma relação arquetípica a que vivemos em relação a esses vertebrados, eles sempre apareceram como ameaçadores principalmente porque, no passado, quando peçonhentos não ofereciam possibilidade de sobrevida quando inoculavam a sua peçonha, representavam a morte. É o encontro com a morte ameaçadora, com o imponderável, com aquilo que foge ao controle pessoal. Sinaliza seus temores.
É inevitável lembrarmos-nos da serpente que insinua a transgressão, o pecado original, a mulher ao pecado:
1 Ora, a serpente mostrava ser o mais cauteloso de todos os animais selváticos do campo, que  Deus havia feito. Assim, ela começou a dizer à mulher: “É realmente assim que Deus disse, que não deveis comer de toda árvore do jardim?” 2 A isso a mulher disse à serpente: “Do fruto das árvores do jardim podemos comer. 3 Mas, quanto [a comer] do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Não deveis comer dele, não, nem deveis tocar nele, para que não morrais.’” 4 A isso a serpente disse à mulher: “Positivamente não morrereis. 5 Porque Deus sabe que, no mesmo dia em que comerdes dele, forçosamente se abrirão os vossos olhos e forçosamente sereis como Deus, sabendo o que é bom e o que é mau.”

Ao comermos o fruto do conhecimento, incorporamos a responsabilidade da consciência e não temos mais a chance de escapar usando a ignorância de nossos atos.
A dificuldade do despertar define sua ansiedade e a profundidade do sono, já que não aparece como sinal de patologia. Neste aspecto é fundamental que aumente a sua disciplina pessoal, o autocontrole, para evitar angústias e pânico em situações, em principio, naturais. Quando o corpo funciona dentro de seus padrões de “normalidade”, nós não somos exigidos, mas quando o somos temos de estar preparados para lidar com o imponderável.

“Sabia que me desesperar era pior. Eu precisava me acalmar se quisesse acordar e, como em todas as vezes que sonhei com isso, tentei manipular a situação não forçando o despertar para ele vir a ocorrer de modo natural. É como se de certa forma eu estivesse com meu cérebro acordado, mas todo o resto do meu corpo não me obedecesse estando em profundo sono. Isso continuou desesperador até que de fato consegui acordar bastante assustada.”

 Você deve ter percebido a associação entre os dois cenários: as cobras e a angústia para despertar, são variações de um mesmo tema. E tens consciência da importância de trabalhar seu domínio, controle e calma dentro de cenários desfavoráveis. Existem certos momentos, em que não nos cabe o “ fazer”, apenas nos cabe a atitude, a postura para que não sejamos pulverizados pelo impacto devastador da vida.
Dente canino... Mole e quebrado (sem poder de mordedura, mastigação). Dente pequeno nascendo dentro do dente. Sangue na luva (proteção de mão) preta rendada.
Primeira associação; Menstruação. Você esta em período pré-menstrual, ou menstrual? TPM? Algum evento relacionado? Apenas para avaliação de cenário.
Perder dentes está relacionado à perda de força, de agressividade, resistências, defesas. Símbolo de frustração, castração. Para os Bambarras os caninos simbolizam o encarniçamento e ódio.
As luvas representaram o instrumento de desafio nas situações de defesa da honra e dos princípios moral e religioso. Vestimenta das mãos, funciona como defesa por intermediar a relação com o meio.
No sonho podem significar a introdução de um mecanismo ou instrumento que intermédia a sua força agressiva, que media a sua relação com a realidade ou introduz um filtro nesta relação. Considerando sua característica (rendada) podemos pensar em refinamento nesta intermediação. Só parece-me impreciso a cor preta, já que pode sinalizar um instrumento ainda não purificado (branco), não desenvolvido plenamente, ou em fase de formação (saído das sombras).

  BYE.

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