sábado, 6 de março de 2010

BABOSEIRA ONÍRICA I




   

Olá, é eu de novo. Sonhei inúmeras coisas, mas agora acho impossível colocar na seqüência certa. Vou descrever o que mais facilmente ficou registrado. Lembro de estar vendo minha avó completamente esclerosada junto de uma outra senhora de idade também. Elas mal conseguiam ficar sentada e, por um descuido de minuto, ambas caíram no chão, pois pareciam não terem forças para se manterem na posição em que haviam sido colocadas. Por incrível que pareça isso não me causou sentimentos desagradáveis. Eu sabia que aquilo era natural da vida e, junto de um médico, mãe e tias, aceitava o fato de nada ser possível fazer para reverter à situação da velhice.
Também sonhei que segurava um pássaro amarelo (parecia uma mistura de canário com um passarinho normal). Ele era muito manso e não fugia da minha mão, uma vez que eu o segurava de maneira livre. Eu alisava a cabecinha dele e ele abria as asinhas demonstrando que estava gostando do carinho. Dei rosquinha para ele comer e ele bicou as migalhas parecendo faminto. Tudo estava bem, mas nesse meio tempo, alguns outros passarinhos que por certo deveriam estar pousados na calha da telha, fizeram caca e esta caiu em cima da minha cabeça. Enojada eu saí e entrei numa espécie de escola (que também lembrava o interior de um shopping) e procurei por um local donde pudesse lavar a parte superior da cabeça. Assim eu fiz (mesmo que completamente enojada) em um lavatório, e saí dele jogando os cabelos molhados de um lado para outro a fim deles secarem logo. Eu estava parecendo uma exibida jogando os cabelos daquela forma, mas não estava preocupada com o que poderia estar ou não aparentando. Essa despreocupação me dava sensações de domínio interior, pois sentia que podia fazer o que bem me permitisse fazer. Nisso entrei numa salda de aula donde ia ter uma orientação de trabalho em grupo, se não me engano com uma professora de biologia e sobre um assunto relacionado a flores. Eu estava preocupada porque ainda não havíamos nem se quer começado a fazer tal trabalho. Nesse momento eu tinha a sensação de estar numa escola normal, mas fazendo um curso superior. Ao certo nem uma coisa e nem outra se encaixa no meu real contexto de vida, pois apesar da sensação, o sonho nada tinha a ver com minha época de escola ou de faculdade, muito menos com o que eu vivo agora. Enquanto a professora orientava outro grupo, fui ao banheiro, fiz minhas necessidades, analisei como ficara o cabelo e retornei. Quando cheguei de volta à professora estava olhando dois livros que eu havia pegado na biblioteca e então comentei que lia dois livros por semana e ela disse que tal hábito era muito bom. Começamos a conversar dos livros quando uma jovem sentou-se inesperadamente atrás de mim no banco comprido de madeira e, mantendo a parte da frente do peito encostada nas minhas costas, começou a passar as mãos nas minhas pernas. Eu achei aquilo meio estranho, mas como não me incomodava, continuei tentando procurar uma passagem do livro que queria mostrar para a professora

Continuação...
Não lembro exatamente como o assunto continuou, apenas recordo do momento em que a professora comentou com essa jovem que ficara sabendo
sobre o fato dela estar grávida. Ela confirmou e disso que queria aproveitar a oportunidade para perguntar se era verdade que, conforme o médico havia falado, ela teria complicações relacionadas ao colostro. Como não entendia do assunto, não sabia o que era colostro e nem era eu a grávida, não dei muita atenção. A professora confirmou dando algumas explicações e, quando acabou de falar, eu entrei no assunto brincando num tom de cinismo: ‘está vendo, eu que sou a melhor amiga dela pareço estar sendo a ultima a saber’. Eu de fato não sabia que ela estava grávida pela segunda vez. Até aqui eu pergunto: isso pode ter alguma referencia entre eu e minha mãe? Questionei-a sobre meu período de amamentação e ela não me deu informação nenhuma que fosse indicio de ter tido algum problema relacionado ao fato. Minha irmã que nasceu prematura e nunca mamou no peito fala até o que não precisa, mas eu que, pelo visto mamei muito e de forma natural, cresci tímida e recatada. Não entendo... Na seqüência eu fui procurar o resto do pessoal do grupo, uma vez que a professora nos aguardava. Eu era a maior responsável de todos, algo que, independente de sonho, sempre foi uma verdade em relação aos estudos e trabalhos acadêmicos. Creio que tivemos a orientação, mas não lembro dessa parte muito bem. Sei que, logo após, aproximei-me de um rapaz colega de classe e disse que precisava lhe falar uma verdade. Abertamente falei que, de todos os alunos novatos da classe (isso excluía apenas um aluno cuja amizade já mantinha anteriormente), ele era o que eu mais achava bonito. Retrucando ele se referiu ao aluno excluído (que expressamente eu dissera estar acima dele em quesito de beleza): ‘é o Danone não é?’ O outro rapaz não tinha nome e nem apelido de Danone e isso me soou como um termo pejorativo que demonstrava inveja ou ciúme, algo que compreendi. Entretanto, depois de acordar, me perguntei se essa palavra não poderia ter contexto oculto assim como o iogurte do sonho de noites atrás. Eu ri não querendo desviar o assunto para o ‘Danone’. Completando a fala, quis deixar bem claro que não estava com pretensões de namorá-lo e dissera aquilo apenas para que ele soubesse de minha admiração por sua beleza. Pensei que ele fosse dar uma de convencido e pronto, mas o que aconteceu foi o contrário, ele não soltou mais minha mão, ficou meloso, me acompanhou para fora da sala de aula e tentou me beijar. Durante esse processo de sair da sala de aula, eu vi o rosto dele ir se transformando em muitos rostos masculinos que de fato achei belos durante o decorrer da vida e, no exato momento do beijo, o rosto dele era a imagem do meu rosto em formato masculino. Eu não o beijei porque realmente não estava interessada nele, por mais que o achasse bonito. Se ele me parecia atraente, isso se perdeu uma vez que se tornou um meloso oferecido. Mas ainda pior foi quando eu me vi estampada nele, como se estivesse diante de um espelho a mostrar-me como eu seria se tivesse um corpo masculino. Por incrível que pareça, acho que analisar os sonhos está me fazendo entrar num mundo onírico cada vez mais ligados ao contexto da própria significação dos mesmos...
ultima continuação:
Mas o impressionante de tudo veio na lembrança onírica seguinte. Eu estava numa casa (conhecida apenas dentro do sonho) e, de maneira jamais desejada em contexto real, eu naturalmente beijava uma outra jovem e havia uma intensidade de desejo e prazer imenso. Já estou perdendo as contas dos sonhos embasados em envolvimento sexual com pessoas do mesmo sexo. Isso me incomodou nos primeiros sonhos (se não me engano há uns dois ou três anos atrás), mas agora já é super natural, não apenas por eu respeitar a diversidade sexual que existe (inclusive se me descobrisse sendo bissexual), mas também por entender que a significação disso pode ser vasta. Uma outra lembrança muito embaçada que ficou é de eu estar andando na rua com um resto de leite dentro de uma vasilha. Eu ia levar esse leite para alguém, mas depois me lembrei que estava muito cedo e voltei para casa. Isso parece totalmente sem sentido e só estou contando por lembrar do que me disse sobre algum distúrbio que sofri na fase de amamentação. Não sei o que aconteceu depois e nem se meus sonhos prosseguiram por muito mais tempo até eu acordar. Em todos eles eu me sentia bastante à vontade, tranqüila e no meu natural. Até mesmo a caca de passarinho na minha cabeça, algo que no momento foi chato e nojento, foi rápido de ser resolvido. Será que de toda essa baboseira onírica há algo relevante para ser verificado?

2 comentários:

  1. feed back
    Você é resultado de planejamento familiar? Não
    Seus pais escolheram a gravidez ou ela foi fortuita? Foi Fortuita, inclusive minha mãe já estava com trinta e oito anos e considerava-se velha para engravidar.
    Como eles lidaram com essa mudança na vida deles? Pelo que sei ficaram alegres, ao menos é o que sempre disseram.
    Estavam preparados? Como foi uma surpresa não esperada, creio que tiveram de se preparar de forma um tanto obrigatória.
    Com que estado emocional sua mãe atravessou este período de 9 meses. Como ela lidou com as transformações do corpo? A gravidez foi desejada? Ansiada? Esperada? Planejada? Depois de saber estar grávida creio que o planejamento de me fazer vir ao mundo surgiu por imposição do destino. Agora tenho um fato relevante que, pelo visto, fará diferença em lhe ser relatado. Minha mãe sofreu uma queda de uma escada e teve que engessar a coluna, pois teve fratura com esmagamento de vértebra. Ela já estava grávida, mas não sabia disso. Ela reclamava os sintomas de gravidez e os médicos diziam ser do tombo. Quando realmente foi descoberta a gravidez, tudo lhe foi dito. Alguns diziam que eu nasceria toda defeituosa por conta dos raios-x constantemente feitos, etc. Até abordo foi cogitado perante a situação dela. Não sei maiores detalhes. Enfim, ela resolveu enfrentar o que tivesse de ser e me dar a luz da vida. Vale também dizer que minha mãe já houvera sofrido bastante ao ter tido minha irmã de sete meses cerca de treze anos antes e, cerca de um ano depois do nascimento dessa minha irmã, (que foi a primeira filha) ela veio a ficar viúva, vindo a arcar sozinha com uma vida bastante difícil (ela estava longe da família pois fora morar em São Paulo na época, donde inicialmente fora buscar melhores condições de vida e de emprego). Supostamente, se lhe faltou apoio, foi mais na primeira gravidez do que na segunda, uma vez que em tal época ela não tinha uma vida financeira ainda estruturada.
    Ele esteve só ou acompanhada? Foi assistida? Embora a gravidez tenha tomado ares trágicos por sua fratura nas costas, creio que ela teve apoio familiar e, pelo que conta, só não ficou desesperada a ponto de cometer alguma loucura porque seu medico, o mesmo que fez o meu parto, lhe tranqüilizou muito durante todo o período da gravidez dando-lhe o apoio psicológico que ela tanto precisava.
    Emocionalmente o que rolou com ela frente às mudanças na vida dela? Sinceramente não sei responder.
    Como foi o nascimento e o seu primeiro ano de vida? Tudo indica que tenham sido normais, porém existem fatos que infelizmente não posso fazerem vir a tona. Já escutei relatos de que minha mãe sofreu uma grave “obsessão” durante os tramites de gravidez e durante os meus primeiros anos de vida. Ela bebia muito, fumava, via e ouvia absurdidades. Se foi problema espiritual, mental, psicológico ou sabe-se lá o que, eu não posso dizer, pois era apenas uma pequena criança e, obviamente, não lembro de nada. Dizem que foram feitos trabalhos (esses de centros espíritas) e ela se curou. Nunca mais bebeu, embora só tenha deixado o cigarro a poucos anos e, conforme dizem, sua mediunidade foi fechada. Esse assunto não é muito bem aceito para ser dialogado aqui em casa.
    Sempre achei uma injustiça pensar que o mais importante de nossa personalidade (não sei se estou usando as palavras corretas) se estabelece nos primórdios da vida ainda no útero materno. Somos apenas suscetíveis e indefesos nesse iniciar da vida.

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  2. Eu é que agradeço por ter me feito valorizar tanto os meus proprios sonhos. Incrivel verificar que nao são apenas baboseiras (mesmo que assim pareça ser). Essa noite sonhei que estava com dois amigos homens mais velhos que eu (conhecidos apenas no sonho) e que estávamos numa espécie de treiller na beira da praia. Entretanto, aquela não era uma praia comum, pois o mar era para baixo. A areia condensada formava as pedras rochosas de forma que, para entrar na água, era preciso descer pelas pedras de argila. O divertido era ver as ondas do mar vir e não nos alcançar, como se estivéssemos olhando-as de um pequeno penhasco que formava uma espécie de L deitado (eu olhava estando na base do L). Eu me servi de uma bebida com gelo e aparentava estar bastante pensativa enquanto fazia charme com o canudo. Ao menos o copo era de servir uísque, mas não sei qual era a bebida, pois não prestei atenção ao gosto dela em si. Eu estava concentrada em outra coisa além das ondas. De maneira geral o sonho pareceu-me imensamente distante da minha realidade e, depois de acordada, pouco consigo me identificar na mulher que eu vivi dentro do mundo onírico. A questão é que um dos companheiros me perguntou o que eu tinha e rispidamente respondi: “Me deixa em paz” e fui saindo de perto dele. Entretanto, eu não falei isso por querer paz, mas para testá-lo. Eu não estava irritada ou mal, mas dava essa aparência para analisar a reação que ele teria comigo. Ao contrário da paz pedida, eu queria que ele fosse atrás de mim e insistisse em conversar comigo, mas ele não o fez. Eu também queria analisar como ele ia reagir com minha resposta dura.
    De certo modo ele me desagradou não indo atrás de mim (eu literalmente estava fazendo cena e, exatamente por isso, um paparico seria bom), mas também me agradou o fato dele não se melindrar com minha resposta rude (até porque eu não tinha nenhum problema pessoal com ele) e respeitar-me não indo atrás de mim (se de fato estivesse mal eu ia mesmo querer não ser perturbada com interrogatórios). Analisei tudo isso enquanto brincava com o canudo remexendo o gelo e olhava sozinha para as ondas que se movimentavam enquanto algumas pessoas posavam para fotos ou entravam na água. Verificando que ele não ia ir atrás de mim, resolvi ir mansinha atrás dele, pois aprovara sua postura. Fiz de conta que a bebida havia me relaxado e aliviado-me do problema inexistente que fingia estar me consumindo. Do resto não lembro. Questiono: como podemos ter tanta ousadia nos sonhos a ponto de não nos reconhecermos? Essa ousadia existe mesmo dentro de mim, está em processo de construção ou o sonho representa apenas uma necessidade ou desejo de possuir tal coragem e liberdade de expressão? Na vida real eu teria sim capacidade de manipular uma cena, mas acho que não seria tão boa atriz quanto no sonho. Neste eu fingia tão bem que podia enganar até a mim mesma de que estava com algum problema e precisava de sossego sem ninguém me rodeando. Entretanto, se fosse para ser verdadeira e precisasse mandar alguém me deixar em paz, acho que nenhuma coragem teria para tal, muito menos da forma ríspida e direta que falei no sonho. Como pode uma situação dessas?

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