quinta-feira, 11 de março de 2010

FEED BACK 7


  Ilustração do livro "GRIFFIN & SABINE"
de Nick Bantock
  
FEED BACK 7 - Charlot
Ainda não havia pensado pelo lado de que mentir significava uma manipulação do outro. Achava apenas que isso fosse uma fuga para não me expor e, consequentemente, não me desgastar com discussão ou evitar críticas. Realmente faz sentido o que escreveu, mas parece difícil de ser entendido. Poderia me explicar essa questão de neura melhor? Você pergunta o que chamo de ousadia. Acho ousado tanto a intenção de mentir quando a de conseguir ser verdadeira, mas principalmente a segunda que, na vida real, me parece sempre mais difícil. Por acaso é o costume de mentir que faz a mentira parecer mais fácil ou, melhor dizendo, menos arriscada? Eu nao minto por mal, talvez seja por pura insegurança pessoal...
Poderia me explicar essa questão de neura melhor?
“Cuidado com as justificativas eles servem para reforçar suas intenções. Isso para mim é artimanha de neura.”
Já me manifestei aqui sobre um detalhe conceitual: “Para mim a doença, literalmente, não é uma manifestação sem dinâmica ou uma coisa morta, a doença é uma manifestação viva”.
O que quero dizer é que ela é sintoma manifesto da matéria ou de algum agente vivo dentro do corpo, ela encontra um canal para se manifestar como núcleo autônomo. Indivíduos não diferenciados não se diferenciam do meio externo como individualidade nem do meio interno como Personalidade. Não sabem distinguir, sentimentos, emoções, origem da reatividade à estímulos externos, conteúdo simbólico pessoal e coletivo, significado do pensamento, etc. Tudo o que acontece dentro dos indiferenciados é considerado por eles como eles mesmos. Este princípio é a dinâmica básica de formação da pessoa em processo de desenvolvimento.
A maturação significa um processo de desenvolvimento onde o sujeito é capaz de distinguir o seu conteúdo Pessoal (EU) de conteúdos que preenche a câmara do pensamento, mas que possuem origem não detectada.
Há uma diferença entre o sujeito pensar que é filho de Deus (todos os somos) e acreditar que é Jesus. Isto naturalmente ocorre com intensidades diferentes no dia a dia. A pessoa tem pensamentos que não sabe diferenciar. A neurose se utiliza dos vácuos de consciência para se insurgir na câmara de pensamentos travestida de EU, e direciona, comanda o sujeito para as ações que alimentem sua constituição, aumentando sua sobrevida.
Neste aspecto o neurótico encontra todas as justificativas para fazer aquilo que sustenta sua neurose, que a alimenta e a faz se desenvolver. O pequeno distúrbio no presente inevitavelmente, se não for dissolvido, se transformará no grave distúrbio de amanhã.
Acho ousado tanto a intenção de mentir quando a de conseguir ser verdadeira, mas principalmente a segunda que, na vida real, me parece sempre mais difícil.
Eu, penso o contrário: Falar a verdade, não é uma questão moral, é mais... um desafio excepcional, um trabalho de permanente vigília, confronto, determinação, firmeza, propósito, disciplina e que também envolve a reafirmação constante dos princípios éticos  e morais que referenciam a vida de uma pessoa. Falar a verdade é uma batalha diária contra a insanidade, contra a neurose, contra a fantasia e a irrealidade, contra inimigos invisíveis e implacáveis a postos para nos derrotar no mundo da fantasia. Falar a verdade é uma conquista diária que necessita ser reafirmada a cada momento neste cenário de guerra contra a bestialidade.

Olha que interessante: Uma pessoa que seja 99% verdadeira e apenas 1% mentirosa, será um individuo considerado verdadeiro ou mentiroso? Ele será um mentiroso! A verdade não aceita contaminação, ou se é 100% ou não se é. Pense: Um reservatório de água 99% pura e com 1% de contaminação por micro-organismos será água pura ou contaminada? Ah! Considerando padrões de volume a definição de percentual de diluição poderá determinar, mas falando em micro universo, será água contaminada; E uma pessoa 99% mentirosa e 1% verdadeira, será? Mentirosa. A mentira sempre prevalece determinando a pureza ou a contaminação.
Falar mentira é fase de infância (4/5 anos) que o adulto imaturo repete. É brincadeira de ludibriar, enganar, esconder, omitir, camuflar, conflito com a realidade, fragilidade emocional. Coisa de criança e de adulto que não quer crescer. E você chama isso de difícil? Dificil é lutar contra essa imposição, contra a ilusão que nos lança no oceano do imponderável, no universo da irrealidade.
A Consciência é uma aquisição recente da humanidade na história de nossa gênese, abrir mão da verdade é abrir mão dessa consciência e da lucidez que ela nos invoca.
Por acaso é o costume de mentir que faz a mentira parecer mais fácil ou, melhor dizendo, menos arriscada? Eu nao minto por mal, talvez seja por pura insegurança pessoal...
Eu costumo dizer que o inferno está cheio de pessoas bem intencionadas, desavisadas, simplistas. A índole é boa, mas o instrumento é a armadilha para transformar o bom em estragado. O mentiroso contumaz se superestima, cada vez mais e subestima o outro. E a mentira não se faz menos arriscada, ao contrário, os riscos serão cada vez maiores já que a falsa segurança fortalece a superestima. Em geral, esta é a armadilha em que os Sociopatas se derrotam. A mentira é fonte de prazer para aqueles que se acreditam inexpugnáveis, se protegem nas suas armaduras, máscaras de defesa, enquanto rodopiam no entorno do próprio umbigo sofrendo pela consciência que possuem da farsa que se forjam.
O Sociopata se forja na mentira, na deformação do caráter.
Hoje em dia se fala em mentira social, A neurose pessoal avança para uma neurose coletiva. O cinismo e a hipocrisia se acobertam na mentira.
 A mentira é o caminho da infelicidade.

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