sexta-feira, 12 de março de 2010

FEED BACK 8 "A"




Old Age Adolescence Infancy the Three Ages
Salvador Dali 

FEED BACK 8
Minhas lembranças oníricas nas ultimas noites são mínimas. Entretanto, sei que são sonhos de proximidade tanto com o elemento masculino quanto feminino. São sonhos de entrosamento que me passam sensação de liberdade e auto-superação bem positiva, embora ainda reduzida. Percebo que em alguns sonhos eu pareço consciente de estar sonhando como se fosse sonho dentro de sonho, algo difícil de explicar. Neles eu tenho noção de que tenho mais domínio da minha própria força interior de agir e, assim, nessa liberdade que acaba sendo quase irresponsável, experimento o contexto do sonho com mais fidelidade ao que sinto, sou mais libidinosa, mais ousada, instintiva. Isso me deixa confusa quanto ao que verdadeiramente sou, as minhas capacidades, necessidades e vontades. Não que eu tenha domínio do sonho, mas sim que eu tenha domínio de uma outra de mim que se permite viver vários tipos de situações oníricas mais intensas e desejáveis do que a realidade. Você falou sobre núcleos autônomos e, em alguns sonhos, vejo essa outra parte de mim sendo eu livre desses núcleos. Isso é possível? Alguns sonhos me proporcionam prazeres inexistentes que em vida não posso ter, seja por falta de oportunidade, de senso de capacidade, desinteresse, e até contenção moral. Às vezes chego a acordar de mal-humor por conta disso. O despertar se torna meu pesadelo.
Acontece que, em várias situações, eu me bloqueio não por opção ou vontade, mas automaticamente como que por instinto inconsciente. E quanto mais vou contra o meu jeito natural de reação, pior parece ser. Busco ser mais ousada e expressiva, demonstrar o que gosto, falar o que penso, expor meus sentimentos, porém da teoria para a prática o ‘bicho’ pega. Daí eu vivo tentativas frustradas na realidade e sou compensada irritantemente com experiências fascinantes durante os sonhos. Às vezes me pergunto se eu poderia ser a pessoa que sou nos meus sonhos que, enquanto acordada, está naturalmente contida. Nos sonhos falo e faço o que fora deles não falaria e nem faria, seja por falta de vontade, medo, pudor, etc. Isso é normal ou acontece só comigo? Por que nos sonhos aquilo que parece impossível na vida real se torna tão fácil e natural, mesmo que não tenhamos controle sobre o que sonhamos? Por que nos sonhos tenho mais liberdade, iniciativa, vontade e capacidade para ser eu mesma? Ou será que nos sonhos eu não estou sendo eu mesma de fato, mas sim o que desejaria ser? Fisiologicamente falando, os sonhos podem acarretar mudanças práticas na personalidade de uma pessoa? Ou será que isso só pode ser possível analisando os mesmos e compreendendo as mensagens incitadas?

Um comentário:

  1. Muitas vezes, para sermos fieis ao que sentimos, sermos verdadeiros com o que pensamos, é preciso aceitar a conseqüência de ser visto como uma pessoa insensível, fora do bom sendo e até mal educada. Eu me vejo muito arisca, sarcástica e ríspida perante as pessoas com as quais não tenho afinidade, pois não gosto de permanecer no mesmo ambiente, não me desgasto com conversações que não me agradam ou com justificativas que não me vejo na obrigação de dar e nem se quer faço questão de cumprimentar. Se eu for agir por educação e bom senso eu terei que ser falsa. Hoje tive coragem de desvencilhar-me da mascara de boazinha e não dei a mínima para a visita de minha tia. Logo o assunto entre ela e minha mãe era sobre eu e cada uma dizia o que achava sobre meu suposto ‘mau humor’ dando sua receitinha de cura como se eu estivesse doente. Fiquei no quarto escutando música e fazendo minha ginástica matutina. Por certo estranharam minha reação, pois antes eu ‘fazia sala’ sem disso gostar. Como sempre, por fim, acabaram entrando em discussão religiosa até que minha tia ‘girou nos calcanhares’ e foi embora irritada. Eu fui apenas natural, mas realmente não causei boa impressão. De todo modo, fiquei tão feliz por superar a máscara de boazinha que nem me importei com a opinião de ambas tentando encontrar razões para meu jeito de reagir em tal momento. De todo modo, ainda vale analisar: será que isso é correto? Ser educada e hipócrita versus ser mal educada e verdadeira, eis a questão. Se fosse antes acho que eu ia me sentir uma ‘monstra’, mas hoje me senti apenas eu e, concomitantemente, senti-me mais forte. Cansei de mendigar respeito, compreensão e carinho alheio tendo de passar por cima de minha autofidelidade para com o que penso, sinto e sou. Sei das conseqüências de todos me criticarem e julgarem negativamente, mas em verdade, estou calejada e mais do que acostumada a criticas e julgamentos alheios. Isso parece não estar no que eu sou, mas sim na postura dos outros de gostarem de cuidar e preocupar exacerbadamente da minha vida. Isso cansa, esgota a minha paciência! Não vou me permitir melindrar, quero me fortalecer, me valorizar. Se o outro se melindrar comigo, infelizmente eu apenas estou sendo coerente, verdadeira e fiel a mim mesma e ao mundo. O que pensa a respeito?

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