sábado, 10 de outubro de 2009

MARCELINA FONTES 1ªpart




Poderia analisar meu sonho? Primeiro eu estava assistindo a encenação de dois palhaços. Não sei se era um circo ou um teatro, mas eu estava no meio de uma platéia. Um dos palhaços falou para o outro rir, porque palhaço tinha que ser alegre. Nisso o outro disse ‘Rá, rá, rá, faz de conta que estou rindo’ e todos da platéia, inclusive eu, riram da ironia do palhaço.

Para ser honesto, devo dizer-lhe: Não! Não posso! Posso tentar fazer uma leiturados seus sonhos, mas não posso ter a presunção de considerar uma "Análise", já que uma análise implicaria numa troca de informações, num diálogo de inconsciente para inconsciente, através da consciência e isto exige um encontro terapêutico. Uma leitura é possível dentro das limitações do meio que utilizamos. Por isso busco apenas referências que possam ajudar a quem busca compreender esta linguagem e a avançar neste entendimento.

Partido deste aspecto básico, vejamos: Palhaço, circo, alegria, descontração. Sonho catártico e de atualização. O ICS pode se utilizar de mecanismos para atualizar os níveis de tensão produzindo situações compensatórias. Mas não podemos descartar um estado de espírito leve e tranqüilo. Neste caso a referência pode ser ao universo da infância: 1º. Infantilismo; 2º. Uso de mecanismos de defesa, como desconfiança, ironia (zombaria, sarcasmo). O primeiro palhaço faz referencia ao papel do palhaço, fazer palhaçada (isso não é representar o “palhaço”, isto é o conceito de não levar a sério tudo, ou da sofisticação do humor pessoal, seja crítico, debochado, irônico mas com o objetivo de produzir um estímulo ou ação que desencadeie no outro o riso e a alegria. Naturalmente melhor palhaço é aquele que se utiliza do olhar crítico do “outro” e que o mobiliza no íntimo, na identidade de ser atingido e reagir reativamente.

A vida pode ser trágica por nos colocar em situações às vezes paradoxais: A pessoa pode trabalhar sua imagem com tanta severidade que desaprende de rir. Em geral isto acontece. Elas acabam forjando uma imagem de seriedade, responsabilidade, tão grave que anulam, por vezes aniquilam, o lado menino/menina que trazem guardados. Assim perde-se a espontaneidade e a naturalidade de achar graça nos acontecimentos banais e ridículos do dia a dia. Lembra-se? Na primeira infância o bebê ri das coisas mais banais, meninos passam por fases que acham graça em tudo. Adolescentes passam por crises de riso que se tornam compulsivas, qualquer estímulo desencadeia a emoção, o riso. Chegam a perder o controle dos esfíncteres (urinar) de tanto rir. E aí vão ficando adultos, sérios, importantes e acabam precisando de alcool e outras drogas para encontrar a alegria de viver, o humor, ou de muitas conquistas para se alegrarem, e muitas vezes não conseguem nem se alegrar. Perderam o “elam”, o “humour” a leveza para viver. Mas... Voltemos: O 2º palhaço faz.... ”Rá...Rá...Rá...” (eu não sei o ritmo nem o tom), pode ter sido lento “rá......rá......rá....” Ou ritmado “rá, rá,rá”, ele fez todo mundo rir, a relação entre a tensão, a pausa e a reação foram sintonizadas e despertou em você a pulsão da alegria, a espontânea alegria. Você riu da ironia. Você é Irônica? Muitas vezes essa ironia é a forma que encontramos para mostrar nossa criticidade. Você vem se tornando muito crítica, irônica? Negativa? Ou você apenas riu da palhaçada? Da simplicidade daquele momento mágico? Você pode pensar: tem coisas que não dá prá rir. Estas dimensões são muito próximas, o risível e o trágico. Pode ser que as situações de extrema tensão despertem em nós mecanismos de compensação para nos reequilibrar com o relax do riso... Pode ser que você precise exercitar mais esta relação de humour com a vida, se soltando, procurando reencontrar a menina alegre. Crítica mas debochada, sem ser mórbida ou preconceituosa. Ou recuperar o equilíbrio entre seus estados de tensão e de relaxamento. Uma dica se você esta perdendo a vontade de rir: aprenda  a rir de si mesma. Quando nós começamos a perceber o quanto somos risíveis com as preocupações, com a seriedade que construimos, perdemos o medo de sermos ridículos e aí a magia volta a acontecer melhoramos nossa estima, segurança, espontaneidade.

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