quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

EU ELA NÓS I

  

Carlotinha 27

Olá... Tenho sonhado muito e, exatamente por isso, estou tendo dificuldade de lembrar o que sonho. Nessa noite eu sonhei muito com coisas de comer. Lembro que estava numa espécie de restaurante muito chique, ao que me parece, com um pessoal de uma excursão. Eu apenas comi enquanto todo o resto do pessoal (a maioria eram homens) não só comia como entrava na bebida. Num certo momento eles saíram do local e começaram a irem bêbados para a rua, na frente dos carros, enfim, pareciam almas penadas fazendo uma confusão no trânsito. Pensei em ajudar, mas eu era apenas uma para correr atrás de um bando de bêbados. Enquanto isso a organizadora que ia pagar todas as contas começou a recolher os cartões de consumo e fiquei arrependida de não ter comido uma sobremesa. Creio que eu não sabia com certeza que tudo ia ser pago e, uma vez sem condições de arcar uma grande despesa, já que tudo daquele lugar era muito caro, só fui constatar que eu poderia ter aproveitado mais da diversidade alimentícia quando já era um pouco tarde para tal. Pensei de pedir-lhe para me esperar pegar um doce, mas ela já ia ser a próxima da fila a ser atendida e fui obrigada a contentar-me com meu descontentamento. Pensava no quanto os outros haviam gastado com bebidas e, feito tola, eu não comera nem um pedaço de torta para rebater a refeição de sal.

Parece-me que neste sonho aparecem algumas características de seu comportamento ou dificuldades pessoais. Existe um limite onde você funciona dentro de “sua realidade” e um desejo reprimido para saciar seus desejos. Quando você toma pé da situação, não interfere com o vigor necessário e sofre as consequências de sua falta de ação. A falta de ação, aquilo que te bloqueia e reprime pode estar associada a ORGULHO, muitas vezes confundido com amor próprio, vergonha, timidez.
Considero o orgulho, amor próprio exagerado, como uma manifestação de um complexo autônomo que inflaciona sua auto estima, ou a compensa.
Veja: Se existe um complexo de inferioridade, que define a autoestima para menos, a psique se compensa inflacionando, ou produzindo mecanismos compensadores que reequilibram suas funções antes que o desequilíbrio promova uma devastação, uma descompensação. Uma das possibilidades é a formação de complexos autônomos que se fortalecem, como núcleos autônomos, passando a ter poder de interferir compensando estes estados de instabilidade e de frustração dos desejos que promovam conturbação. 
Muitas vezes estes mecanismos foram desenvolvidos por antepassados e potencialmente herdados, sendo ativados como mecanismos de defesa, a partir das relações estabelecidas pelo individuo  pelas exigências de realidade. Ou seja: se você teve pais orgulhosos, ou que não superaram este desafio, você herda a potencialidade de resposta, e se o cenário te pressiona você responde com seu arsenal codificado geneticamente, com suas possibilidades herdadas.
Reaparecem suas dificuldades de movimento, ação, dentro do seu cenário de realidade. O que define você ficar travada? Você não consegue ROMPER os limites que se impõe.
Eu conheço pessoas pró ativas que gritariam:
PAREM TUDO!
PAREM OS RELÓGIOS!
ME ESPEREM!
ESTOU COM FOME!
QUERO BOLO!  QUERO DOCE! QUERO MAMÁ!
OM CO TÔ!
MAMÃE ME SALVA! 
Este último eu coloquei para realçar o nível dramático da situação. Quero focar a sua dificuldade em romper a repressão que você se impõe. Seja para manter a imagem de pessoa adulta, amadurecida, perfeita, OU para esconder a sua criança, seus desejos. E aí acaba pagando o preço da frustração.
E ainda corre o risco de passar a imagem de oportunista, e o pior, de acabar se aceitando como aproveitadora. O reclame é que você não aproveitou a realidade favorável, perdeu a chance. Por quê? Estava focada no Outro? Estava dentro dos seus limites. Mas quando percebe a oportunidade o orgulho te impede de anunciar: ÊPA! Eu quero! Eu não podia comprar, mas se é amostra grátis eu quero! 0800? Eu quero! Vou ligar!
Você esconde dos outros sua realidade, não assume sua condição? É hora de mudar. Qual o problema de ser o que você é? De assumir sua condição, sua realidade? Desta forma você fortalece estes mecanismos que te afastam da realidade e fica suscetível à forças e pulsões poderosas do inconsciente. Nós podemos ser bem equilibrados, bem postados independente de nossa condição social. Mas independente da condição de classe social, a forma como lidamos com nossos limites definem nossa relação com o mundo e com a realidade, em todos os níveis: mental, afetivo, emocional, relacional, familiar. Portanto: O sonho parece dizer-te: rompa seus orgulhos e mostre seus desejos, suas carências. Antes que a repressão te leve para desvios do biótipo: Oportunista.Trabalha o conceito a humildade. Não ser simplória, mas parar de esconder na sombra dos orgulhos.

4 comentários:

  1. Tudo o que escreveu tem muita coerencia e sinto ser verdade. Pena que na prática seja tão dificil superar as limitações e vencer bloqueios. Mas estou na busca disso. Essa noite foi tumultuada. Eu virava de um lado e de outro e minha cabeça parecia muito cheia. Acho que assisti muito carnaval na televisão e eu parecia continuar vendo as escolas de samba passarem dentro da minha cabeça como se fosse uma cena fixa a se repetir constantemente. Também estava muito calor e isso me incomodou muito. Depois de acordar em certo momento da noite, tomar água e voltar a dormir, meus sonhos se deslancharam e foram muitos, mas como sempre, as lembranças são poucas. Recordo que eu estava reunida para fazer uma pesquisa, estudo, ou algo do gênero, mas nosso assunto era sobre remédios e uma das mulheres falava sobre bater um comprimido X no liquidificador, o qual era imbatível para dores, inflamações, tendinite, contusões musculares, lesões arteriais, etc. Ela dizia que apenas um comprimido batido na formula do liquidificador valia por várias cartelas de outros comprimidos ou injeções receitados por médicos em geral. Fiquei interessada no assunto, mas ela pareceu fazer segredo e, percebendo isso, não insisti em querer saber como era a suposta ‘porção’. Antes de tudo vale dizer que eu me sentia e me via mais nova, talvez com uns treze anos. No que saímos eu entrei no carro ao lado do banco do motorista e, no que uma das mulheres começou a dirigir o veículo, eu que tentava escrever algo com o papel apoiado no vidro da janela, numa das viradas, vi todo meu material cair para debaixo do banco lateral. Enquanto tentava recolher o que dava para ser recolhido resmunguei ‘porque isso sempre acontece comigo?’ Na vida real isso nunca me aconteceu e, como na maioria dos sonhos, tais pessoas parecem conhecidas apenas dentro do ambiente onírico.
    Depois estávamos no banheiro de uma grande universidade (parecia um colégio interno, mas em verdade não sei que lugar era aquele, pois só lembro de estar no banheiro). Eu não sentia frio, mas notei que estava vestida com uma grossa blusa de lã e todos estavam bem agasalhados. Achei estranho e fiquei me perguntando em que lugar do mundo eu de fato devia estar. Eu não queria utilizar o banheiro e esperava na saída do mesmo pelas demais acompanhantes. No que saímos do local, por certo passamos por uma porta diferente, pois avistei algo que me encantou. Da porta de saída seguia uma rampa no meio de uma vastidão de verde bem claro. Do lado da rampa havia um riacho fino com água corrente. O chão estava coberto de musgos e as árvores visivelmente velhas e de troncos retorcidos eram baixas e belíssimas. No que subíamos pela rampa eu, depois de já ter elogiado o local, elogiei também as árvores e, passando do lado de uma delas, bastante maravilhada, observei que havia uma amoreira espécie de trepadeira na árvore e mostrei o tamanho de suas folhas gigantes que deveriam medir cerca de um metro. Como eu subia de mãos dadas a duas crianças (não tenho certeza se eram de fato crianças), um dos homens do grupo perguntou se eu queria para fazer chá. Na verdade eu não queria, mas ele foi tão prestativo que, antes de eu responder, ele pegou uma folha para mim. Comentei que chá de folha de amora era bom para abaixar a pressão arterial e ele respondeu que era preciso ter cuidado para se medicar assim. Pensei em explicar que eu já tinha pressão baixa e não precisava de chá para tal finalidade, mas que tomava vários tipos de chás por gostar do sabor das ervas. Porém não foi possível explicar, pois ele estava subindo mais rápido e distanciou-se naturalmente chegando primeiro numa espécie de ampla casa rodeada de varandas. Sei que o sonho prosseguiu, mas as lembranças pararam por aqui.

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  2. Ah, Também lembro de sonhar que fazia uma reportagem entrevistando um homem na praia e todos olhavam para mim. Eu fiz a primeira pergunta e o homem começou a falar, não lembro sobre o quê, e ele falava tanto que me dispersei da reportagem olhando para os demais homens do local imaginando qual seria o próximo. Depois de um bom tempo sem nem prestar atenção no que o sujeito falava, o qual me desgostara por completo, fiz sinal de tempo para o homem da câmera e ele encerrou a gravação cortando a fala do homem, o qual ficou sem entender o que acontecera. Não sei se antes ou depois de tudo isso eu estava numa cidade diferente, mas parecia conhecê-la como se nela morasse. Eu peguei dinheiro com minha mãe para tomar ônibus e fui dar umas voltas em algumas lojas do centro. Eu continuava me vendo e me sentindo bem mais jovem. Aliás, eu nem parecia ser eu mesma em todos esses sonhos. Em verdade eu queria ir à casa de uma conhecida, mas não tinha o endereço dela e, sem ter como descobrir, fui apenas dar umas voltas. Estranhamente fui atraída para uma enorme loja de calçados, mas que vendia praticamente de tudo como se fosse um supermercado. Eu subi a escadaria e comecei a ver os cadernos, livros, cds, etc. me perguntando porquê tinha entrado naquela loja se não estava interessada de comprar absolutamente nada. Nisso escutei alguém me chamar e, por coincidência, era a amiga cujo endereço eu não tinha. Achei o acaso incrível e fiquei calada, pois se dissesse ela ia achar que eu descobrira seu local de trabalho. Somente então descobri que ela fora contratada por outra amiga cujo pai era dono daquela enorme loja, provavelmente uma das maiores da cidade. Pensei que poderia arrumar emprego ali também, mas logo em seguida não gostei da idéia.
    Na seqüência essa minha amiga colocou um montinho de palha numa das prateleiras e, disfarçando, disse para eu pegar a palha e segui-la. Sem entender para quê aquilo, eu fiz o que ela falou e pegando a palha segui-a até a rua. A outra amiga, filha do dono da loja, também saiu e ficamos do outro lado da rua, no que parecia ser um ponto de ônibus, conversando coisas que, por certo, eram sem importância, mas não lembro da conversa em si. Percebi que, pela amizade, o trabalho das duas não eram rigorosos, pois elas podiam estar lá atendendo ou não na hora que quisessem. Talvez a palha fosse apenas uma espécie de sinalização, mas não cheguei a perguntar, pois ao sair da loja, joguei-a no jardim e ficou por isso mesmo. Depois saímos às três para ir a algum outro lugar que parecia uma feira de artesanato ou um mini-shopping, mas não lembro o resto, só lembro de estar preocupada uma vez que havia anoitecido e eu precisava avisar minha mãe que ainda ia demorar um tempo imprevisto para voltar. Pelo visto eu não tinha como avisá-la e isso me deixou atormentada, já que eu continuei preocupada tanto com minha mãe quanto por pensar que voltar sozinha para casa à noite era perigoso. Isso é o que lembro dessa noite. Será que tudo é apenas um amontoado de confusão mental ou possui algum significado?

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  3. Que noite horrível! Tive uma seqüência de pesadelos e, pelo pouco que consigo lembrar, tenho quatro contextos péssimos para relatar. Vou enumerá-los:
    1. Sonhei que estava numa arquibancada de madeira e, no meio de um conflito policial que surgiu do nada, um homem começou a atirar balas explosivas na minha direção. Eu as tirava jogando longe antes de explodirem, mas foi até que uma incendiou-se antes de conseguir tirá-la. Daí eu fui obrigada a fugir agarrada na vertical por uma tela que havia por trás. O local parecia uma quadra de esportes, mas não tenho certeza. Passei por várias janelas experimentando em qual conseguia passar e, numa delas, a qual mal cabia minha cabeça, eu consegui fugir sem nem mesmo entender como conseguira tamanha proeza. Não sei se pulei ou se desci escalando a parede, pois o lugar da janela era muito alto. Perambulei a rua preocupada por não ter donde me esconder. Busquei refúgio numa casa me oferecendo para trabalhar. Não sei que casa era aquela, mas parecia um convento ou algum local religioso que abrigava mulheres por algum motivo. Uma das mulheres me acolheu e me mostrou o local que era imenso (com vários quartos, salas e jardins internos). Achei bonito e agradável o local, o qual tinha acabamento e decoração num estilo barroco conservador. Tudo parecia bom demais, porém eu continuava com muito medo e, embora me vendo posteriormente disfarçada com peruca e uma horrível roupa masculina meio esfarrapada, sabia que ia ser procurada pelo homem mal e desconhecido.
    2. Eu escutava barulhos em casa e fiquei com medo pensando que era ladrão. Não estava com medo de roubo, mas de algo ruim me acontecer. Entretanto, saiu do banheiro o espírito de uma criança. Inicialmente continuei com o mesmo medo, mas depois percebi que, mesmo não a conhecendo, ela me era familiar e querida. Interrogando-a, fiquei sabendo que se chamava Isabel (ou Izabele, não lembro direito) e que, embora não pudesse me contar donde ou desde quando me conhecia, garantiu que gostava muito de mim e senti isso verdadeiramente ao abraçá-la. Ela disse morar no espaço junto de uma legião infantil que muito bem me queria. Nisso ela começou a cantar e, nos meus braços, foi se transformando num bebê. Vale lembrar que, conforme já relatado, não é a primeira vez que tenho um sonho de regressão física de uma criança se tornar um bebê.

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  4. continuação...
    3. Eu estava numa praça escura quando alguns homens e mulheres que pareciam drogados vieram em minha direção e me cercaram. Eu dava socos neles, mas era como se eles nem sentissem. Daí eles me prenderam numa espécie de jaula, cobriram com um pano preto e me levaram, mas depois alguém com muito custo concordou e conseguiu me soltar. Eu saí voando (e todos pareciam surpreendidos de eu voar) de um lugar que parecia uma creche ou abrigo de crianças. O estranho é que as crianças pareciam estar com medo de mim ou, então, não gostar da minha presença. Eu podia ver e sentir isso pelo rosto delas enquanto voava me retirando do local. Obviamente esse sonho é um contraste com o anterior pelo fato de haver crianças amigas e, posteriormente, outras aparentemente inimigas.
    4. Para finalizar com chave de fel, sonhei que estava dormindo com muito sono como se estivesse dopada, mas precisava levantar, reagir, identificar se o meio estava ameaçador. No que levantei e fui para a cozinha, minha mãe, irmã e cunhado estavam montando um complô para me transformar noutra pessoa e me forçar a ser e usar o que eu não queria. Ao me ver minha mãe deu um dinheiro para meu cunhado comprar um desodorante para mim, mas ele disse que não ia ter tempo e ela se encarregou da tarefa. Comecei a chorar, mas o fazia completamente constrangida, dizendo muito irritada que não queria que minha mãe e nem ninguém comprasse desodorante para mim, porém, ninguém queria respeitar meus gostos pessoais. Era em vão meu desespero, pois eles queriam fazer de tudo para impor-me exatamente o que eu menos gostasse. Pareciam agir por maldade. Embora num contexto totalmente diferente, essa sensação de estar completamente indefesa perante essas três pessoas sempre me causou pânicos reais que, de tempos em tempos, vive me atormentando em sonhos de briga ou de submissão como esse. Enquanto discutiam sobre o desodorante que me comprariam, eu via energias malévolas em forma de bolhas que saiam do meu cunhado e adentravam invisivelmente no peito da minha mãe fazendo-a tossir. Eu comuniquei-a disso, mas ela não ligou a mínima. Minha ira era tanta que, se pudesse, explodiria o mundo naquele momento.
    De tanto pesadelo formulo a pergunta: o que me leva a ter esses sonhos negativos de submissão, raiva, tristeza, fuga, medo e sensação de tortura por acaso seria o fato de sentir tudo isso na vida real, mas num contexto inconsciente ou não assumido? Ou seria consciente e assumido, mas com sentimento de impotência à superação? Tais sonhos, embora não sejam iguais a outros tidos anteriormente, me parecem muito repetitivos em quesito emocional e, particularmente, parecem me pressionar sobre meus próprios conflitos interiores. É por aí ou estou enganada?

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