sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DOMINATRIX

 Tasso Lanza - 1981 - Desenhos


CH31
Olá...
Tive o seguinte sonho:
Eu estava com um homem e nos beijávamos num clima muito intenso quando uma outra mulher apareceu e começou a fazer chantagens emocionais para ele e a postura dele foi afastar-se de mim e começar a chorar. Achei a reação dele muito imatura, mas minha sensação não foi de crítica e sim de compaixão, de modo que me aproximei dele para tentar consolá-lo. Ao acordar fiquei me perguntando se eu e ele não seriamos duas faces interiores de mim mesma perante as imposições e chantagens emocionais dos outros. De um lado estaria minha parte feminina cheia de equilíbrio, compaixão e serenidade, do outro o meu lado masculino inseguro que tende a se desesperar e entrar em melancolia ao mesmo tempo em que faz disso uma fuga (inconscientemente sugerida por medo e indecisão) para não tomar uma atitude mais definida e firme perante as situações da vida conforme necessário para resolvê-las de vez. Devo ter sonhado mais, porém fiquei só com essa vaga e curta lembrança. O que me diz?

Sim!  Ele é símbolo e representação do seu lado masculino. Na psicologia analítica de C.G. Jung, ele nos fala sobre a alma masculina que existe na mulher e denomina como um arquétipo.
Para Jung arquétipo é a parte herdada da psique; padrões de estruturação do desempenho psicológico ligados ao instinto, uma entidade hipotética irrepresentável em si mesma e evidente somente através de suas manifestações. Animus é a figura de homem que atua na psique de uma mulher. É uma imagem psíquica, uma configuração que emana de uma estrutura arquetípica básica. Semelhante às formas fundamentais que subjazem aos aspectos “femininos” do homem, e aos aspectos “masculinos” da mulher, são considerados como OPOSTOS. Como componentes psíquicos  são subliminares à consciência e funcionam  a partir do inconsciente; daí serem benéficos à consciência, mas podem colocá-la em risco através da POSSESSÃO. Operam influindo sobre o princípio psíquico dominante de um homem ou uma mulher e não simplesmente, como se sugere, como a contraparte psicológica contrassexual de masculinidade ou feminilidade.
Em (CW6) Jung resumiu anima/animus como “imagens da alma”, chamou-as como “não-eu”. Ser não- para um homem corresponde com muita probabilidade, a algo feminino, está fora de si-próprio, pertencendo à sua alma ou ao seu espírito. É um fator que acontece a um individuo um elemento apriorístico de disposições, reações, impulso (no homem), de compromissos, crenças, inspirações (na mulher), e para ambos, algo que induz o indivíduo a toma conhecimento do que é espontâneo e significativo na vida psíquica. Por trás do Animus, alegava, Jung, jaz “o arquétipo de significado; exatamente da mesma forma que anima é o arquétipo da própria vida”(CW 91, parár.66). Uma mulher sujeita à autoridade do animus ou do LOGOS é controladora, obstinada, cruel, dominadora. Torna-se unilateral, e acaba sendo absorvida por um pensamento de segunda classe, carrega bandeiras sob a égide de convicções que não levam em conta os relacionamentos.
Na dimensão social podíamos detectar a propensão feminina de se permitir como objeto de disputa dos homens, ou na fantasia de ser libertada por um príncipe encantado, ou ser “encontrada”, identificada e distinguida no meio de todos por este Príncipe. No presente, as conquistas e transformações sociais as mulheres passam por esse processo de harmonizar idealizações, projeções de animus e identificação dos aspectos determinantes que definem sua dinâmica, escolhas e movimentos.

Apresentei alguns conceitos básicos da Psicologia de Jung, que para mim é referência já que o estudo ao longo dos anos e desde 1975. Digo referência já ele avançou em relação à leitura Freudiana, e muitos estudiosos já não repetem  Jung, ainda que o mantenham como referência. Assim me considero, Pós Junguiano, no sentido de continuar pesquisando a partir da porta de conhecimento que Ele abriu.
 Mas vejamos seu sonho: Você avança no entendimento. Mas podemos considerar mais alguns detalhes:
São três as presenças. Você, a figura feminina, e a figura masculina. Com certeza esse conteúdo é sensível, delicado e frágil e está sob o domínio de uma figura feminina castradora e dominadora. Em sonhos anteriores já vimos dinâmica em reconciliação entre você e seu conteúdos arquetípico masculino. A aproximação se repete por erotização (movimento de energia, pulsão, atração) indicando intimidade e fortalecimento da relação de opostos, ou de conteúdos originários de inconsciente. Neste sonho aparece a imagem de conteúdo feminino dominador e castrador, que evidencia o comportamento frágil sob dominação, submissão, do conteúdo masculino, mostrando-o como conteúdo Negativo Adquirido da imagem de animus. 
Eu poderia focar meu olhar, na sua compaixão e/ou fragilidade do masculino, mas me sinto dirigido para a força dessa mulher que o subjuga com manipulação e “chantagem”. Essa mesma mulher castradora muito presente te dominou como conteúdo autônomo e determinou o que você vem sendo na sua relação com a figura masculina, na sua relação com o mundo, com sua sexualidade (interrompendo seus jogos amorosos e de trocas afetivas e carícias),  e em relação à forma como você se relaciona consigo mesma.
Alguma semelhança com seres vivos não é mera coincidência. 
REFLITA!     

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