domingo, 21 de fevereiro de 2010

LABORATÓRIO

    Obra do Artista  Plástico - Mario Zavagli 

Carlotinha29
Tudo o que escreveu tem muita coerencia e sinto ser verdade. Pena que na prática seja tão difícil superar as limitações e vencer bloqueios. Mas estou na busca disso. Essa noite foi tumultuada. Eu virava de um lado e de outro e minha cabeça parecia muito cheia. Acho que assisti muito carnaval na televisão e eu parecia continuar vendo as escolas de samba passarem dentro da minha cabeça como se fosse uma cena fixa a se repetir constantemente. Também estava muito calor e isso me incomodou muito. Depois de acordar em certo momento da noite, tomar água e voltar a dormir, meus sonhos se deslancharam e foram muitos, mas como sempre, as lembranças são poucas. Recordo que eu estava reunida para fazer uma pesquisa, estudo, ou algo do gênero, mas nosso assunto era sobre remédios e uma das mulheres falava sobre bater um comprimido X no liquidificador, o qual era imbatível para dores, inflamações, tendinite, contusões musculares, lesões arteriais, etc. Ela dizia que apenas um comprimido batido na formula do liquidificador valia por várias cartelas de outros comprimidos ou injeções receitados por médicos em geral. Fiquei interessada no assunto, mas ela pareceu fazer segredo e, percebendo isso, não insisti em querer saber como era a suposta ‘porção’. Antes de tudo vale dizer que eu me sentia e me via mais nova, talvez com uns treze anos. No que saímos eu entrei no carro ao lado do banco do motorista e, no que uma das mulheres começou a dirigir o veículo, eu que tentava escrever algo com o papel apoiado no vidro da janela, numa das viradas, vi todo meu material cair para debaixo do banco lateral. Enquanto tentava recolher o que dava para ser recolhido resmunguei ‘porque isso sempre acontece comigo?’ Na vida real isso nunca me aconteceu e, como na maioria dos sonhos, tais pessoas parecem conhecidas apenas dentro do ambiente onírico.
Depois estávamos no banheiro de uma grande universidade (parecia um colégio interno, mas em verdade não sei que lugar era aquele,
pois só lembro de estar no banheiro). Eu não sentia frio, mas notei que estava vestida com uma grossa blusa de lã e todos estavam bem agasalhados. Achei estranho e fiquei me perguntando em que lugar do mundo eu de fato devia estar. Eu não queria utilizar o banheiro e esperava na saída do mesmo pelas demais acompanhantes. No que saímos do local, por certo passamos por uma porta diferente, pois avistei algo que me encantou. Da porta de saída seguia uma rampa no meio de uma vastidão de verde bem claro. Do lado da rampa havia um riacho fino com água corrente. O chão estava coberto de musgos e as árvores visivelmente velhas e de troncos retorcidos eram baixas e belíssimas. No que subíamos pela rampa eu, depois de já ter elogiado o local, elogiei também as árvores e, passando do lado de uma delas, bastante maravilhada, observei que havia uma amoreira espécie de trepadeira na árvore e mostrei o tamanho de suas folhas gigantes que deveriam medir cerca de um metro. Como eu subia de mãos dadas a duas crianças (não tenho certeza se eram de fato crianças), um dos homens do grupo perguntou se eu queria para fazer chá. Na verdade eu não queria, mas ele foi tão prestativo que, antes de eu responder, ele pegou uma folha para mim. Comentei que chá de folha de amora era bom para abaixar a pressão arterial e ele respondeu que era preciso ter cuidado para se medicar assim. Pensei em explicar que eu já tinha pressão baixa e não precisava de chá para tal finalidade, mas que tomava vários tipos de chás por gostar do sabor das ervas. Porém não foi possível explicar, pois ele estava subindo mais rápido e distanciou-se naturalmente chegando primeiro numa espécie de ampla casa rodeada de varandas. Sei que o sonho prosseguiu, mas as lembranças pararam por aqui.

5 comentários:

  1. Olá...
    Tive o seguinte sonho: Eu estava com um homem e nos beijávamos num clima muito intenso quando uma outra mulher apareceu e começou a fazer chantagens emocionais para ele e a postura dele foi afastar-se de mim e começar a chorar. Achei a reação dele muito imatura, mas minha sensação não foi de crítica e sim de compaixão, de modo que me aproximei dele para tentar consolá-lo. Ao acordar fiquei me perguntando se eu e ele não seriamos duas faces interiores de mim mesma perante as imposições e chantagens emocionais dos outros. De um lado estaria minha parte feminina cheia de equilíbrio, compaixão e serenidade, do outro o meu lado masculino inseguro que tende a se desesperar e entrar em melancolia ao mesmo tempo em que faz disso uma fuga (inconscientemente sugerida por medo e indecisão) para não tomar uma atitude mais definida e firme perante as situações da vida conforme necessário para resolvê-las de vez. Devo ter sonhado mais, porém fiquei só com essa vaga e curta lembrança. O que me diz?

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  2. Essa noite sonhei com meu pai e tenho nitida certeza disso, mas não lembro do sonho em si. Entretanto, lembrar dele e pensar no sonho anterior aqui relatado, fez-me refletir o seguinte: minha parte animus enquanto inconscientemente uma projeção advinda da figura paterna, mantem-se presa as caracteristicas que achava do meu pai (mesmo que só agora esteja me conscientizando a assumindo isso a mim mesma): alguém sensível, carente, indefeso,calado (por se julgar incompreendido), submisso (e consequentemente um tanto covarde), cheio de autopiedade, se sentindo constantemente desgastado e sem forças quando era impelido a se defender. é util tentar reavaliar o lado paterno que em mim ficou? isso me ajudaria a fortalecer-me para não ter essas caracteristicas negativas citadas acima? como de fato conseguir dar equilibrio e estabilidade a minha personalidade?

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  3. feed back: Eu sei que me auto-manipulo de forma inconsciente e, quando tomo consciência disso, fico chocada consigo mesma, com as minhas próprias artimanhas internas de fuga do confronto com o mundo externo. Já percebi que sou capaz de me convencer de algo que não quero para não ter que assumir e deixar claro para as pessoas a minha oposta convicção e vontade pessoal. Eu mantenho interiormente a sensação de que, se for encarar o mundo externo, ou seja, pessoas e situações, vou acabar perdendo a “briga” e daí, por autodefesa, sempre fui omissa concordando com o que não concordo. Essa sempre foi a maneira de não criar intrigas e inimizades. Sempre tive a teoria maquiavélica de ser mais forte dando a entender que meu inimigo estava no poder e no comando de tudo e, enquanto isso, sendo falsa, eu dominava o término da situação/enfrentamento fazendo o outro de bobo. Eu dizia a mim mesma que essa era a melhor atitude e me boicotava para não enfrentar meus medos de combate, ou seja, em me fazendo de esperta, acabava sendo a grande boba da historia. Desde pouco tempo, com essa constante análise dos sonhos, eu entendi que é mais importante criar uma inimizade e me defender, do que ser hipócrita a ponto de me enganar, mentir ao outro e viver na constante sujeição defensiva inconsciente de meus medos. Sempre tive medo de confrontar e magoar o “outro”, mas também sempre senti que arcar sozinha com as magoas provocadas por esse outro me é uma auto-injustiça. Cabe-me uma necessidade: não me ofender perante a opinião alheia a meu respeito, sabendo expressar minha opinião para me esclarecer e conseguir assim enfrentar os argumentos alheios. Esse enfrentamento sempre me teve aspecto desgastante exatamente por não me julgar forte o bastante para ele. Longe de mim esta à vontade de convencer qualquer pessoa sobre minha opinião, mas preciso fortalecer-me a ponto de me defender, não enquanto dona da razão, mas sim enquanto alguém que, como qualquer individuo humano, merece respeito e liberdade para ser o que é, agrade aos outros ou não. Conforme me disse anteriormente, sinto sim que núcleos autônomos atuam sobre mim e me comandam. Eles reduzem totalmente meu poder pessoal e minha auto-estima. Sinto que sempre vivi no constante “auto-enganar-me” pois assim sempre encontrei a realidade que me parecia mais favorável. Tenho consciência disso tudo, mas cadê a coragem de largar mão desse agradável conforto de uma realidade favorável? Tudo isso me parece tão complexo! Será que tem “cura”?

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  4. O sonho dessa noite: Eu desci do carro com minha irmã e cunhado (não sei se minha mãe e sobrinha estavam juntos) na porta de um restaurante e, logo na entrada do mesmo, encontramos com alguns amigos deles que jantariam conosco. Depois de arrumarmos uma mesa fomos nos servir. Eu peguei o prato e me servi com uma rodela de pepino, outra de tomate e então notei que não havia mais nada natural, apenas vidros com conservas. Nem mesmo o básico arroz com feijão havia no local e fiquei por entender que tipo de restaurante era aquele. Sem encontrar mais opção para por no prato, coloquei mais rodelas de tomate com pepino e uma colherinha de um creme branco que estava misturado numa conserva de pimenta. Nisso servi-me de iogurte, mas logo em seguida verifiquei que aquele iogurte fazia parte da sobremesa e eu não devia levá-lo para a mesa uma vez que o combinado era ir para uma sorveteria quando dali saíssemos. Dentro do sonho eu não pensei em confrontar os acompanhantes e fiquei olhando para o iogurte pensando no que fazer. Deixá-lo esquecido ali não seria o correto. Enquanto pensava um tanto apurada, a mulher que pesava os pratos pareceu perceber que algo estava errado comigo e sugeriu que, caso eu quisesse lavar algo, havia uma pia no cômodo da cozinha. Mais do que rápido eu fui para a cozinha e encontrei lá dentro um rapaz que terminava de lavar algumas louças e uma mulher que fazia um recheio de bolo com leite condensado cozido. Expliquei a situação para o rapaz e calmamente ele disse que eu podia despejar o iogurte num copo descartável e lavar a vasilha, amenizando a situação com a explicação de que depois comeria o iogurte ou colocaria-o em alguma sobremesa.
    Enquanto lavava percebi que estava me sentindo muito constrangida e pensava no quanto àquela situação me faria ficar mal-vista e mal-falada pelos dois ou por todos os funcionários do restaurante. Também pensava que minha irmã já devia estar sentindo minha falta na mesa e isso me deixou ainda mais tensa. Uma vez já estando encrencada na visão do meu próprio lado emocional, percebi que podia ser mal-vista de duas formas: 1. Por transparecer a imagem de pessoa calada e cheia de vergonha pela situação desconfortável que criara; 2. Por transparecer a imagem de uma pessoa extrovertida e meio estabanada, sendo o mais verdadeira possível, ou seja, eu não tinha intenção de usar mascara para aparentar o que não era, mas sim tentar ser o que não era e gostaria de ser naquele momento. Pensei comigo: ‘tem pessoas que extravasam suas tensões falando incansavelmente e outras como eu, se bloqueiam por completo’. Resolvi que ia dar uma de louca e extravasar meu constrangimento falando um monte de besteiras (já que em verdade eu não tinha nada sério a dizer naquele momento) e, realmente me sentindo uma doida, fui falando tudo o que vinha em mente.

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  5. continuação... Comentei que trabalhar na cozinha de um restaurante deveria ser ótimo para ficar provando de tudo, disse que adorava tortas mas infelizmente não tinha boas receitas, falei que aprovava recheios com leite condensado cozido contando que quando criança minha mãe costumava cozinhar leite condensado para comer puro e, em cada fala, eu ria bastante de mim mesma naquela ousadia maluca de tanta besteira falar e, por incrível que pareça, eles também riam como se estivessem me adorando ou, no mínimo, me achando super divertida. Transformando a sensação inicial de desconforto em alivio e um feliz estranhamento de mim mesma, aproximei-me da mulher e elogiei as duas pequenas verrugas de seu rosto dizendo que não pareciam ser verrugas e sim duas sardas que faziam seu rosto ficar bonito e diferente. Eu não estava mentindo e nem tão pouco sendo verdadeira, estava apenas comentando aquilo que vinha em minha mente como se não quisesse mais parar de falar, pois, quanto mais falava, mais destravada e livre de mim mesma eu me sentia, além do que, percebi que se alguém fosse falar de mim posteriormente, não seria pela besteira cometida com a sobremesa, mas sim pelas besteiras que ali houvera falado. Eu sentia que eles estavam se agradando do meu jeito comunicativo (embora disfarçadamente forçado), mas o melhor era sentir que eu estava me amando enquanto uma maritaca.
    Não sei se os meus sonhos estão se formando baseados nos meus pensamentos e sentimentos, ou se são estes que estão influenciando meus sonhos. A questão é que por várias vezes tentei me visualizar sendo comunicativa e, para tal, eu teria que agir idêntico ao sonho, ou seja, falar sem pestanejar (mas com bom-senso, claro) e ter de suportar a minha sensação inicial de estar me comportando como uma doida que não sabe de qual hospício saiu. Um ponto do sonho é muito real: geralmente a timidez é mantida por receio da desaprovação alheia e, daí, uma vez que ser tímido também é visto de forma negativa por praticamente todo mundo, por que não arriscar sofrer uma desaprovação por ser alguém desinibida e um tanto extrovertida? A principio qualquer tanto de palavras vai me fazer sentir uma tagarela, mas com o tempo, o equilíbrio do que dizer ou não e a espontaneidade perante uma conversa serão itens naturalmente conquistados. Foi sem dúvida um sonho bem interessante! O que acha?

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