domingo, 21 de fevereiro de 2010

LABORATÓRIO 2


  


carlotinha29
Bem, se eu pudesse lhe perguntaria: Quais lembranças lhe vêm à mente quando tinha 13 anos? Parece-me básico. Se pergunte, deixe sua Psyquê realizar o processamento e aguarde as memórias e associações. A mim, parece-me reprogramação mental a partir de algum momento, ou acontecimento chave ocorrido naquela idade. Por que reprogramação?  A psyquê realiza permanentemente um processo de atualização. Ela é dinâmica e a partir dos acontecimentos cotidianos do individuo, mudanças, intervenções, o desenvolvimento e formação de novas atitudes e respostas, a ampliação do repertório de respostas, a forma como o individuo se renova ao responder às exigências do meio, definem e redefinem um novo perfil de respostas para o individuo, oferecidos pela estrutura psíquica.
Veja, um exemplo para favorecer a compreensão: Se uma pessoa tem medo de barata, ao se deparar com este tipo de inseto, seu corpo pode ter um repertório de respostas defensivas prontas para serem usadas:
·         Colocar a mão na cabeça e sair correndo e gritando;
·         Subir no primeiro móvel por perto;
·         Fechar os olhos e gritar desesperada e batendo os pés no chão;
·         Entrar em pânico;
·         Etc.
Para isso o corpo precisa acionar seus mecanismos de resposta e alarme: liberação de adrenalina, aceleração de batimentos cardíacos, ativação e aceleração da resposta respiratória, etc. Se isso não ocorrer o individuo simplesmente entra em pânico e fica paralisado, o que pode ser traumático para o organismo. Uma resposta desesperada pode ser melhor do que nenhuma ação (às vezes a melhor resposta é a Não Ação, o estímulo não altera a função mental ou orgânica, o individuo mantém o corpo em equilíbrio).
Uma reprogramação mental que se faz nos processos de atualização modifica esse comportamento a partir de uma mudança de prontidão mental e de fortalecimento do sistema neurológico. Aumenta-se o limiar de resistência ao estímulo, aumenta-se o repertório de respostas possíveis ao estímulo. Neste caso, o estímulo perde o poder e a força, que projetamos nele, para reagir ao acontecimento. Uma bomba é muita encrenca para matar um inseto. Quando o indivíduo busca manter sob “controle” o mundo, constrói uma imaginária e ilusória relação, com o mundo, de controle e de estabilidade,  e ao se defrontar com um estímulo incontrolável, mesmo um simples inseto (pode voar e pousar no sujeito, no seu rosto, entrar na sua boca, se enfiar para se esconder dentro da roupa, etc.). Neste momento o sujeito perde o controle do meio e de si mesmo, projetando sua descompensação, seus medos e fantasias.
Mas se no dia a dia o sujeito aprende a responder ao meio a partir da avaliação dos cenários em que esta inserido, e não se utiliza de um repertório classificado para se relacionar com o mundo, ele desenvolve habilidades para avaliar, diagnosticar e responder da melhor forma ao que o cenário lhe exige. Isto eu chamo de viver o presente. A psyquê tenta manter o organismo o mais preparado possível para se proteger e por isso ele fica tão disponível a se atualizar, se refazer, se reprogramar.

Quando percebo esse processo no seu sonho? Quando o sonho lhe propõe a experiência de laboratório, pesquisa, desenvolvimento, avaliação, experimentos, ordenação, configuração, dados, processamento, observação, formação e desenvolvimento de um mental criterioso. Mesmo fora do laboratório você amplifica sua capacidade como observadora (o campo e as velhas árvores).
Há também reavaliação e mudanças de paradigmas, ampliação dos conceitos de intervenções e respostas corporais. Você parece uma jovem descobrindo o mundo, e não mais o jovem velho que pensa que “sabe tudo”.
O verde e largo espaço, o riacho e as velhas árvores, todos nesta situação, parecem-me imagens primordiais resgatadas para a dinâmica de restauração do equilíbrio psíquico, mental e físico. Mas lembre-se: o remédio pode ser bom mas quando a necessidade de medicação, tomar remédio sem necessidade é medicar-se incorretamente. Você precisa articular seu poder de intervir, superar a passividade, deixar ir acontecendo e sendo levado, superar essa justificativa, dizer NÃO! Colocar limites. Sem medo de desagradar e de perder o amor do “outro”. Caso contrário, você continuará tomando um remédio sem precisão, um remédio amargo, carregado de solicitude,,, mas amargurado.

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