terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O PSICANALISTA NO DIVÃ 2




 
Hoje, no café da manhã  entre os temas conversados à mesa, falávamos dos sonhos do carnaval e um detalhe na leitura do sonho do Psicanalista me veio como reflexão para ser acrescido à leitura. Sonhos são assim, sempre podem ser enriquecedores na sua compreensão, leitura e entenddimento dos mecanismos da psiquê.

O Sonho do Psicanalista, se mostra especial por um detalhe: Eu possuo informações adicionais da história de vida do individuo e conheço alguns detalhes de sua trajetória nos últimos anos. No acompanhamento analítico é assim que se passa, o interprete tem informações pessoais do sonhador e avança na leitura considerando estes dados, ou pelo menos faz associações que favorecem a decifração, ou mantêm o olhar nas informações conhecidas para evitar intervenções desnecessárias ou fuga do foco do sonho. 

Apressados, críticos ou desconfiados podem acreditar que um leitor de sonhos não comprometido com a verdade, impreciso, sem o conhecimento necessário ou mal intencionado, pode se utilizar das informações, que possui, para basear sua leitura ou interpretação, correndo o risco de apresentar uma visão contaminada, equivocada, frágil ou tendenciosa.   Isto pode ocorrer, principalmente considerando variáveis tão importantes como descompromisso com a verdade, falta de conhecimento e imprecisão. Aí meu caro, ou minha cara, tudo é possível.

Em realidades que envolvem seriedade, compromisso com critérios e a busca de comprensão, respeito pelo "outro" entre outros requisitos, a probalidade disso ocorrer é mínima.

UM SONHO FALA POR SI MESMO.

E eu acrescento, pode parecer estranho, ele não carece de interpretação. ELE É. Precisa ser visto. Nós interpretamos porque estamos em busca de compreensão, decifração sem contaminação, e conexão com o universo. O sonho já oferece todas a informações necessárias para ser comprendido, desde a linguagem mais sofistica  à mais restrita em conteúdo e informações, independente de condições intelectuais. Sua linguagem é universal, é constituida principalmente de configurações em imagens e as imagens falam mais do que qualquer outro instrumento de comunicação.

No caso do sonho a que me refiro as informações me reafirmam o que o sonho ja fala. Eu posso enriquecer a mensagem com associações que reafirmam seu conteúdo. E as informações pessoais servirão para respaldar  o entendimento. Pode-se  pensar no contraditório: as informações definem a leitura. Mas as imagens são tão absurdamente claras que qualquer que fosse o sonhador a leitura não poderia ser alterada. Naturalmente um outro sonhador teria outros acontecimentos e outras variáveis definindo sua realidade ou o seu passado, mas esses são aspectos que aparecem específicos apenas para o individuo e só fazem sentido a ele. O conteúdo coletivo transpõe a singularidade do pessoal, se sobrepõe ao individual para trazer o indivíduo ao eixo do mundo, ao eixo de sua vida.

Os dados e as informações pessoais são facilitadores e favorecem à especificidade, mas na sua ausência, a força do coletivo não tira a profundidade necessária. Pode-se de forma geral ocorrer mais dúvidas, mais interrogações, e isto porque o alvo ainda é o pessoal e sua especificidade, mas neste caso o individuo saberá fazer as associações necessárias e entender melhor as mensagens.

Faço essas reflexões para aqueles que estão em busca de melhor compreender os mecanismos que precisam ser considerados na leitura de um sonho, para que não se fixem na definição da leitura a partir dos acontecimentos conhecidos do sonhador.

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