domingo, 28 de fevereiro de 2010

PATER NOSTRO

  

CH32
Essa noite sonhei com meu pai e tenho nítida certeza disso, mas não lembro do sonho em si. Entretanto, lembrar dele e pensar no sonho anterior aqui relatado, fez-me refletir o seguinte: minha parte animus enquanto inconscientemente uma projeção advinda da figura paterna, mantem-se presa as características que achava do meu pai (mesmo que só agora esteja me conscientizando a assumindo isso a mim mesma): alguém sensível, carente, indefeso,calado (por se julgar incompreendido), submisso (e consequentemente um tanto covarde), cheio de autopiedade, se sentindo constantemente desgastado e sem forças quando era impelido a se defender. é util tentar reavaliar o lado paterno que em mim ficou? isso me ajudaria a fortalecer-me para não ter essas caracteristicas negativas citadas acima? como de fato conseguir dar equilibrio e estabilidade a minha personalidade?
Vamos  refletir, a imagem abaixo é apenas para mostrar a ponta do iceberg da complexidade do tema. Você tem origem em:



Ou seja, seu conteúdo masculino arquetípico é constituído da dominância do masculino de Pai e do conteúdo masculino contido na origem materna.
Na união as dominâncias herdadas se revelam e redefinem o novo sujeito na constituição biológica, mas na dimensão psíquica esses conteúdos iniciam um movimento de integração que pode durar todo o processo de  maturação ao longo das etapas de desenvolvimento do individuo e dependendo da forma como lida consigo mesmo ele poderá não conseguir essa primeira fase de integração, e consequentemente não atingirá a segunda etapa que é a integração de masculino e feminino num momento único de unificação dos opostos.
O Pai é Símbolo da geração, da posse, da dominação, do valor, da autoridade. Neste sentido é pode representar uma figura inibidora; castradora. Como representação de autoridade pode simbolizar o Chefe, Patrão, Mestre, Deus. Como pai pode representar  a dominância superior que produz  dependência, subjuga, limita, priva, comanda, determina. Ele é a consciência lógica, racional, diante das pulsões instintivas e dos desejos manifestos do inconsciente. É a tradição conservadora, diante da impermanência.
A formação do animus tem origem arquetípica mas recebe intervenções do cenário de formação e desenvolvimento do individuo que pode ser determinação na configuração do arquétipo. Alem disso conteúdos incorporados autônomos podem se revestir e se mascarar de representações simbólicas e imagens. Intervindo na consciência, transvestido como conteúdo arquetípico sem sê-lo.
é util tentar reavaliar o lado paterno que em mim ficou? isso me ajudaria a fortalecer-me para não ter essas caracteristicas negativas citadas acima? como de fato conseguir dar equilibrio e estabilidade a minha personalidade?
 È mais do que útil, é essencial. Você não é apenas filha de uma mãe mas também de um pai. Ele é parte de sua constituição e de sua gênese. Independente do que ele representou como pai, como homem, como indivíduo, ele está definitivamente na sua constituição e nos enigmas que terás que solucionar no seu processo de maturação. Não há como negar a força de sua representação em sua vida. Você o repetirá, e terá que superar o que ele não superou ou então pagará o preço repetindo-o. Você trabalhará na identificação dele em você, dele contido em ti, e a partir do que identificar romper o que ele não superou e incorporar os aspectos positivos de sua natureza.


No livro "Viva Eu Viva Tu, Viva o Rabo do Tatu" Roberto Freire nos brinda com uma pérola escrita por um jovem poeta, à época com 18 anos e estudante de psicologia - David Calderoni -1976 :

 "hoje encontrei com meu pai
E dói pensar
O quanto ainda sou filho.
É preciso matar meu pai
Teu, nossos pais.
Mas sobretudo é preciso
Sabê-los morrer
Para não cometer suicídio."

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