quinta-feira, 1 de abril de 2010

FEED BACK11

  
Fed back 11

Interessante essa questão de idealizar. Realmente tenho problemas com isso. Comigo funciona infelizmente assim: quando meu amor não é capaz de superar as expectativas do outro eu fico bloqueada e isso faz o amor se transformar em mágoa, raiva e quiçá em ódio. Essa insulficiencia gera insatisfação e inadequação total. Creio ser por conta disso que vivo reclusa em mim mesma, achando que nunca serei satisfatória a ninguém, enquanto que, em realidade, talvez só deva isso a mim mesma. Como amar o outro, mesmo sabendo que nao sou o que o outro gostaria que eu fosse? Como amar sem temores e ser amada sem culpas? E digo isso de maneira geral, inclusive no amor para com aqueles que mais nos cobram uma correspondencia as suas expectativas: os familiares. Eles idealizaram em mim uma outra pessoa e, pobre de mim, nunca me senti boa o suficiente, porque nunca poderia ser o que eles queriam que eu fosse. Passando adiante, dificilmente consigo amar de verdade os outros, pois raramente alguém satisfaz de fato as minhas idealizaçoes e isso automaticamente me trava como se o outro não fosse merecedor. Isso parece até uma doença... cada um ama da sua maneira, mas muitas vezes os amores não se combinam para que sejam recebidos de bom grado ou para que satisfaçam a minha carência. Como se devenciliar da mania da idealização?

A idealização é uma tendência moderna. A partir da referência de ideal, do perfeccionismo, da vaidade que projeta a imagem, do narcisismo, as pessoas estão criando um suposto “EU” que anunciam ao outro com sendo elas, mas que é apenas a imagem que vendem no mercado. Desta forma se distanciam do que são, deixam de trabalhar suas transformações necessárias, o aprimoramento, a maturação, porque acreditam nesta imagem criada, idealizada e projetada. Neste ponto surgem grandes mal-entendidos, pois a vida cada vez mais nos exige preparo (veja post de hoje no blog Jornada D’alma) e quando somos confrontados aflora a distância entre o que somos e o que idealizamos, a distância do “projeto” pessoal conceitual e do “eu” real que se é.

E aí somos pegos com as calças na mão: Assustamos-nos com as emoções, com a intempestividade, o desequilíbrio, a reatividade, a impulsividade, a agressividade e coisas mais. Por simplismo e por acreditar que é o que idealizam. Assim roubam, mas se creem honestas, mentem, mas se acreditam verdadeiras, fingem, mas se creditam autênticas, etc. Vão solucionando seus desvios através da representação simbólica que construíram.

As pessoas passam a viver como mitos de si mesmo.

Elas se mitificam.

Naturalmente isso causa um grave problema. No inicio se escondem dos outros, depois passam a necessitar se esconder delas, para não enxergar o produto pirata em que vão se transformando e por fim são obrigadas a mergulhar na neurose que produziram já que não encontram forças para dissolver o monstro que criaram. Umas começam a rezar e a implorar como salvação do inferno que criaram, outras se perdem em patologias mentais, depressão, ansiedade, um caldeirão de confusão e infortúnios, dor e sofrimento.

E viver vai ficando cada vez mais difícil,

Nos desplugamos de nós mesmos.

Você pode estar certa, é possível que a idealização seja um produto da “mania”, mas ela, inevitavelmente, é um mediador que o individuo encontra num momento, para ser usado como recurso transitório, que passa a ser utilizado como recurso definitivo, se transformando em mecanismo permanente de mediação do “Eu” com a realidade e pior como um “EU” forjado, ilusório, fantasioso, mítico.

A forma de se desvencilhar é a verdade. Se mirar no espelho de sua vida e se olhar de frente e ser o que você realmente é. Assim você poderá se defrontar com o seu “Eu” verdadeiro, seu ser real e se transformar numa pessoa melhor, reconstruindo o inconsistente, renunciando às máscaras, aos caprichos, aos orgulhos, à vaidade, e deixando aflorar seus sentimentos nobres, sua generosidade, sua afetividade, sem medo de se expressar, sem medo de rejeição, sem medo de amar.

Possivelmente você se desculpa no desamor alheio, porque você não quer ser amada, ao contrario, quer viver o sonho de amar seu príncipe idealizado. Príncipe que nunca passa à sua porta porque ele não mora na realidade, ele reside na fantasia de seu universo imaginário.

Cuide de amar, se permita ser amada.


BYE.

3 comentários:

  1. Compreendo... tudo recorre a necessidade de ser autentica e ter coragem de expressar-me, ariscar, me dispor a realidade sem fugas evasivas. Por mais dificil que seja estou me esforçando. Aproveitando a ocasião, essa noite eu não sei se sonhei que rezava ou se estava conversando com Jesus de fato, mas prefiro crer na primeira possibilidade para não ser pretensiosa. Eu fiquei com a imagem Dele na minha cabeça e, embora parecida com essa normal que todos conhecemos, era muito mais serena e confortadora. Eu dizia a ele, não sei se pessoalmente ou em prece: ‘Se conseguistes suportar tanto, eu também vou conseguir suportar esse pouco que me cabe’. Sei que foi um sonho longo do qual daria tudo para lembrar com detalhes, mas não recordo nada além dessa vaga impressão. Eu acordei com a sensação de ter rezado a noite toda e isso foi uma espécie de alivio para mim. Claro que não consigo acreditar em algo mais profundo como faria uma pessoa fanática, e tenho isso como apenas como um reflexo da minha carência espiritual, da necessidade de estar em paz num nível mais completo, de ser encorajada e amada de maneira mais pura e segura, bem como do meu desespero para crescer e cumprir meu senso de utilidade. Por mais benéfico que seja um sonho assim, posso dizer que ele me assustou, pois parecia existir em mim uma cota de responsabilidade gigantesca daquelas donde sabemos que o fardo vai ser pesado, mas do qual estamos resignados a cumprir, custe o que custar, tendo necessidade muito maior de apoio espiritual. Será que isso tem a ver com essa época de Páscoa?
    Depois disso sonhei que conversava com meu marido e estava dentro de uma cena de séculos passados, com vestido rodado, de mangas com franzido, anáguas, corpete e cabelos pretos bem presos em transas que rodeavam a parte de trás formando um topete firme na frente (parecia quase um capacete). Também conservei uma lembrança muito vaga. Meu marido usava cartola, fraque, colete, cabelos na têmpora e, se não me engano, bigode fino. Era um homem imponente, de fibra e muito esbelto. Deveríamos estar na faixa etária de uns trinta anos, não sei ao certo. Parece que estávamos separados ou brigados por algum motivo e eu lhe disse olhando-o de lado, numa postura submissa, porém firme: ‘Senhor meu marido, por acaso achas que nosso casamento está consolidado apenas entre os homens por meios de meros papeis e posturas formais?’ Com isso eu queria dizer que, ao menos de minha parte, existiam sentimentos reais e responsabilidade afetiva perante o matrimonio, algo que ele sabia sim existir pelo meu profundo respeito aos deveres matrimoniais e pela admiração que demonstrava por tê-lo enquanto marido. Eu sentia presente um amor de conivência mútua que está muito além do sentimento de mera paixão romântica. Não lembro mais nada. Por que tais sonhos? Pareceram-me tão vívidos!

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  2. Sei que estou deixando muitos sonhos aqui, mas não precisa pressa para responder. É que a cada sonho me interesso mais em desvendar meu inconsciente. Dos sonhos dessa noite, o primeiro foi assim: Eu estava na cozinha de uma casa e havia uma televisão do outro lado da mesa. Era uma cozinha apertada e a mesa ficava praticamente encostada ao fogão. Minha irmã ajudava um homem a fazer a comida (e não era meu cunhado). Na televisão começou a passar um filme infantil de um cavalo que contava a sua historia. Comecei a ver o filme sem muito interesse. De repente o cavalo entrou num túnel e se transformou numa senhora idosa que parecia uma bruxa do bem. Enquanto ela caminhava apareceram duas pessoas amigas ou assistentes (um homem e uma mulher ainda jovens) dentro daquele túnel de tijolinhos de barro com água escura parada que batia quase no joelho (parecia esgoto ou água misturada com piche). Ao chegarem na porta redonda da casa da senhora bruxa, a qual ficava nesse mesmo local subterrâneo, apareceram dois policiais e uma denunciante que começaram a revirar tudo, a bater na senhora e fazer muito deboche. Nisso a energia teve queda rápida por duas vezes apagando a televisão. Por fim minha irmã disse que eu não ia gostar daquilo e não entendi se ela se referia ao filme, a comida, a queda de energia ou a alguma outra coisa implícita que não captei do sonho. Quando fui perguntar ela falou: ‘Não faz mal. Não tem nada que aconteça que não seja bom para alguma coisa’. Acordei com essa frase tão nítida na cabeça como se eu inclusive houvesse-a dito enquanto sonhava.
    Voltei a dormir depois de anotar algumas palavras chaves do sonho acima e voltei a sonhar novamente. Dessa vez eu estava numa sala de aula quando deu intervalo. Ao sairmos uma jovem começou a conversar comigo e pareceu encantar-se com algo meu, mas que não lembro o que era, de modo que ficou me dando atenção o tempo todo. Acho que ela era de outra sala, mas não tenho certeza. Quando acabou o intervalo, ela me deu alguma coisa dela e dei-lhe aquilo que ela havia interessado, mas não lembro praticamente nada dessa parte. As lembranças maiores se fizeram no momento em que voltei para a sala de aula. Minha carteira e meus pertences haviam sumido. Enquanto procurava alguém me deu dois cadernos, um não era meu e o outro, embora fosse, estava cheio de escritas que não eram minhas. Um jovem arrumou-me uma cadeira de braço e sentei para acompanhar a aula inicialmente não querendo atrapalhá-la, mas eu precisava dos meus óculos, das canetas e enfim, queria minhas coisas. Enquanto isso as meninas que estavam sentadas no lugar onde eu tinha minha carteira começaram a rir baixinho em tom debochado. Fiquei nervosa e interrompendo a aula pedi desculpas para a professora explicando a situação em voz alta e firme perante todos os alunos da sala. Por fim arrematei dizendo que se não aparecesse de volta todos os meus pertences eu ia mandar minha mãe chamar a polícia (eu ainda era menor de idade e, talvez por isso, tenha colocado a figura materna no meio).

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  3. Cont.
    Vale dizer que isso já aconteceu comigo algumas vezes em época de escola e faziam isso por mal e não para roubarem o que era meu. Eu nunca tinha reação além de ficar desesperada com vontade de chorar e, quando tinha coragem de contar a professora, pouco adiantava, pois se não achavam ficava por isso mesmo. No sonho eu não desesperei, pois sabia que, caso não achassem meus pertences, ficaria pior para todos e eu não ia ser a única prejudicada na história como de fato já me aconteceu algumas vezes quando criança. Foi então que, no sonho, uma jovem escreveu num papel: ‘Argumentação convincente’ e mostrou para todos da classe. Foi então que cada um dos alunos começou a tirar alguma coisa minha que havia escondido na carteira e a professora foi pegando e me entregando. Havia até um chapéu estilo caubói que ela colocou na minha cabeça depois de beijar minha testa. Então percebi que essa professora era muito parecida com a jovem que conhecera no intervalo, mas não posso garantir que eram a mesma pessoa. Embora ainda estivesse irada, acalmei-me vendo que tudo não passara de uma brincadeira de exagerado mau gosto. O sonho continuou, mas não recordo o que veio depois.
    Por último veio o sonho que tive ao amanhecer. Vale explicar que minha irmã nunca morou em sobrado, a não ser na época em que morava aqui em casa com mamãe e meu pai (que não é o mesmo dela e já faleceu há nove anos). Pois bem, no sonho ela havia morado no sobrado aqui de casa (que atualmente está alugado) e se mudara há algum tempo. Olhando da parte térrea (a qual moro atualmente, mas que no sonho estava vazia) o teto estava todo mofado, tanto que o branco se transformara quase todo em preto, principalmente nos cantos. Eu subi para conferir como estava lá em cima. O chão parecia encharcado e não lembro se havia água sobre o mesmo. Ainda havia alguns móveis e eu comecei a assistir a televisão que estava ligada quando resolvi ir ao banheiro dar uma conferida em como ficara tal cômodo. Ao chegar lá me deparei com muitas coisas da minha irmã, tantas que era como se ela não houvesse mudado ou então houvesse esquecido de levar seus pertences do banheiro. Havia uma bancada diferente na pia e tinha uma infinidade de cremes e perfumes. Pensei comigo que se ela de fato não fosse querer aquelas coisas eu ia pegá-las todas para mim. Vale dizer que, como meu cunhado é transferido de cidade de tempos em tempos por causa da profissão (agora isso parou um pouco pois ele tem viajado bastante, ficando em hotel mesmo, e está quase aposentando), eles sempre mudaram muito e, quase em todas às vezes, minha irmã tinha mania de querer renovar tudo e então de fato costuma dar, vender ou deixar para trás algumas coisas. Senti-me uma criança perto da esperança de poder ganhar um prêmio pensando que, provavelmente, tudo aquilo ia ficar para mim. Fui lavar a mão e a rosca de cima da torneira saiu, de forma que a mesma não fechava, mas com jeitinho consegui parafusá-la outra vez, mesmo sem ter uma chave de fenda. Nisso alguém me chamou da sala dizendo que já estava passando na televisão não me lembro o quê. Fui para a sala e fiquei assistindo televisão enquanto comentava o programa com a tal mulher. Para mim cada sonho é mais interessante que o outro, mas são daquele tipo que só alguém que entende como você para me ajudar a decifrá-los melhor...

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