quinta-feira, 15 de abril de 2010

A SERVA DO SERVO


Gustav Klimt, Danae - 1907/1908
Oil on Canvas - Private Collection

  
CH48

Depois sonhei que estava dentro de um ônibus quando uma moça entrou acompanhada do namorado. Ela parecia bastante cansada e ele atencioso. Fiquei a observar a cena imaginando como seria se eu estivesse naquela situação.
O sonho lembrado foi só esse, mas deixou alguns pontos reflexivos. Nunca me imaginei namorar um homem que não tivesse condições suficientes para ao menos ter um carro. Algumas vezes até tentei namorar rapazes de condições precárias, mas minha mãe criticava tanto que eu no final acabava dando razão para ela de que não valia à pena. Claro que na verdade não existia amor de fato nas tentativas iniciais de relacionamento, pois caso contrário eu pressuponho que não deixaria de viver um amor com alguém por uma justificativa tal banal. Entretanto, sempre fiquei com a idéia pré-concebida do tipo de homem que podia estar dentro das minhas expectativas e necessidades. Há algum tempo venho tentando deixar isso cair por terra. Sei que o valor de uma pessoa está em sua moral, na índole de suas atitudes, mas na prática apenas isso nunca me foi suficiente pelo interesse de encontrar alguém que preencha aquilo que não tenho vontade de ser ou ter pessoalmente, mas que tenho vontade de vivenciar através de outra pessoa. Pior é que já tive experiências desgastantes por conta disso, mas o ego parece uma máquina de fabricar ilusões convincentes e expectativas de que o improvável pode um dia se tornar real.
Voltando ao sonho, o carro é um exemplo básico de exigência do ego: não sei dirigir e nem tenho vontade de aprender, muito menos de ter um carro. Entretanto gosto (e gostaria) de usufruir disso através de outro alguém. A profissão bem sucedida é outro grande exemplo. Enfim, é quase a necessidade de estar com alguém que eu admire por ter e fazer aquilo que não tenho e não faço e nem pretendo ter ou fazer, mas que por vezes me cobiça o ego.
Há um tempo atrás eu jamais olharia para um casal de namorados dentro de um ônibus e ficaria me imaginando em tal situação, entretanto, em tal sonho, (não sei se na realidade aconteceria o mesmo), eu provoquei em mim uma espécie de reflexão da minha própria situação, dos meus condicionamentos limitadores. Estou tentando ver as coisas por outro nível de análise e daí eu fico pensando que talvez eu possa me sentir muito melhor com alguém como eu, mesmo que isso possa gerar uma vida de privações materiais, do que me limitar a ilusões que, realizáveis ou não, serão sempre ilusões.
Estou tentando acordar sozinha para a simplicidade da vida e deixar de ser uma branca de neve a espera de ser acordada através de um príncipe encantado.
 O sonho seria um indicio dessa necessidade de modificar meu condicionamento frente aos relacionamentos ou será que já é uma demonstração do início dessa mudança?

Sua reflexão está feita. Mas é necessário que reavalie seus conceitos e sua forma de conduzir sua vida. Vejo equívocos que prejudicam seus vôos, suas liberdade e que a levam direto para o século passado, para a submissão ao macho. Mal-entendido expresso. A vida no presente exige-lhe que assuma, antes de tudo, compromisso com suas realizações, pré-requisito básico para escapar da submissão, da dependência do outro. Quando você deixa de realizar aquilo que significará sua independência, material, de sobrevivência, econômica, você deixa ao outro a responsabilidade da sua manutenção e passa a se submeter à vontade do outro, ou pensas em dominar quem lhe provê o sustento?
Tudo bem que você possa se entregar ao rico, ou ao plebeu, sonhando com o príncipe, mas antes dessa entrega você precisa investir na segurança de suas realizações e conquistas, para não ficar na submissão da presença subjetiva do outro.
A vida moderna exige de todos nós esta conquista, e exige mais das mulheres que se fazem servas dos desejos masculinos. E mais, o esforço de sobrevivência exige um comprometimento do casal, nas conquistas, nas divisões das tarefas, na prosperidade que os dois conquistam, na realização dos sonhos, no crescimento.
A independência nasce quando nos voltamos para construir nosso destino independente do outro.
Aprenda a dirigir sua vida, aprenda a dirigir seu carro, conquiste sua moradia, aprenda a se sustentar, a se cuidar, adquira seu veículo, conduza-o. Procure se desenvolver, aprimorar, aprender uma profissão. Conquiste uma profissão, forme-se, realize-se em alguma ação, algum trabalho. Ganhe seu salário, economize, gaste, aprenda a lidar e a gastar o seu dinheiro, conquista do seu esforço. Não abra mão de sonhar e de realizar o sonho que sonhar independente da presença (acréscimo) de alguém em tua vida.
  Tudo isso acima É BÁSICO
A vida moderna exige parceria, ser parceiro do outro que se faz nosso parceiro, assim encontramos identidades com o outro e a jornada fica mais suave e mais satisfatória para todos.

APRENDA PRIMEIRO A ADMIRAR SUAS REALIZAÇÕES,
CONQUISTAS E SUPERAÇÕES.
ANTES DE FICAR ENCANTADA COM A REALIZAÇÃO ALHEIA.

Esse biotipo de mulher que se permite dependente de um homem, paga um preço alto para ir para o inferno, o inferno de sua aniquilação como individualidade.
Naturalmente dentro de um acasalamento existem momentos que o casal pode optar por um retorno de um dos pares para cuidar das responsabilidades da manutenção da vida familiar e criação dos filhos, mas este é um outro momento.

ACORDA!!!!!!!!!
Vá a LUTA!!!!!!
QUE O TEMPO TÁ PASSANDO NA JANELA.



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