sexta-feira, 9 de abril de 2010

MEDOS E OUTROS BICHOS

  
“Sinto que quando agimos e mentimos por medo, damos mais força ao medo e as ilusões em nós do que a nossa coragem que precisa ser desenvolvida.”

“Encarar o medo ou ignorá-lo é difícil, parece comprometedor demais, chega a parecer uma irresponsabilidade como se não estivéssemos dispostos a nos autodefender”.

Quero aproveitar sua observação para adicionar as minhas. Sua percepção é absolutamente pertinente. Muitos mentem por medo. Não porque queiram ou gostem de mentir, mas porque têm medo da autoridade, do confronto, da punição, da rejeição e mentem como uma forma de se esconderem, de se omitirem, de protegerem a fragilidade emocional que experimentam.

Não é muito diferente dos que não são tão frágeis, mas se escondem na reatividade agressiva. Mentem com a intenção clara de dolo. Já se manifestam como sintomas da deformação do caractér, como sociopatas.

Os primeiros não sabem, mas ao evitarem o confronto se fragilizam e acabam escorregando também para a sintomatologia dos sociopatas, biótipo que mais cresce na sociedade gananciosa e competitiva.

Mas o que chamou-me a atenção foi a singularidade de sua observação: “damos mais força ao medo e as ilusões em nós do que a nossa coragem que precisa ser desenvolvida”.

O medo também é um processo cumulativo, que se alimenta, e se sustenta como conteúdo autônomo que aflora à consciência. Temos o medo que nos protege que é preventivo e defesa natural de sobrevivência. Mas o medo que impede a ação, aquele que domina o sujeito e o faz recuar por pânico ou fragilidade surge como sintoma da neurose que se instala e que por absorção de sua energia, como núcleo de domínio e poder, paralisa o indivíduo, bloqueia suas respostas autênticas, sua ação criativa, seu comportamento social, sua interatividade, suas manifestações afetiva, etc. Este medo impeditivo leva o individuo a equívocos e a desenvolver respostas que acabam se mostrando inadequadas na relação do indivíduo com o meio.

E, é claro, o medo nos retira o nosso foco, prioridade e desafios pois mina a coragem e a nossa força necessária, de guerreiros, para enfrentar os desafios que a realidade nos propõe.

“Encarar o medo ou ignorá-lo é difícil, parece comprometedor demais, chega a parecer uma irresponsabilidade como se não estivéssemos dispostos a nos autodefender”.

Para mim isto é equivoco. O indivíduo se boicota e se mostra irresponsável quando alimenta o medo. O medo não defende ninguém (à exceção do preventivo). Se compromete quem alimenta medos impeditivos, aqueles que ficam no conforto do recuo.

Nossa ação no mundo é o resultado das escolhas que fazermos e cada um paga o preço que quer pelas escolhas que faz. É direito de cada um. Por isso o conhecimento é libertador, pois aumenta nossas possibilidades de fazer escolhas emocionalmente mais inteligentes, enquanto o desconhecimento nos tira possibilidades de avaliações sensatas.

BYE

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