quarta-feira, 28 de abril de 2010

SIMBIOSE



               
CH55

Segundo: Eu tinha um menino no colo e sua mãe à minha frente. O menino chorava, pois sua mãe o culpava indiretamente da morte de seu irmão mais velho, mas era claro para mim que o menino não tinha culpa nenhuma. Não lembro dos detalhes direito. Eu sabia que ela dizia aquilo sem de fato o querer dizer, como se fosse apenas uma reação explosiva de seu nervosismo. Com muito carinho eu lhe dizia enxugando-lhe as lágrimas e acariciando seu rosto, para que ele não ficasse com raiva de sua mãe e nem desse importância ao que ela dizia a ponto de ficar revoltado ou triste com a situação. Expliquei-lhe que ela ainda não havia se conformado com tal acontecido, que ela não soubera lidar emocionalmente com o fato e, nos momentos de tensão, descarregava nele dizendo um monte de tolices para se sentir menos culpada, para extravasar sua revolta e pesar da suposta perda. Eu estava ali para aliviar o mal, para confortar o menino e fazê-lo entender que não podia entrar no clima ignorante da mãe e aceitar aquela projeção de revolta, remorso e tristeza. A mãe escutava tudo calada e eu não me importava. Eu não dizia aquilo tentando mostrar a mãe a sua postura errada de agir para com o filho mais novo, pois eu também tinha compreensão para a dificuldade da mesma perante a morte do outro filho e queria passar isso para o menino que estava no meu colo de forma que ele se fortalecesse para entender a mãe em seus despautérios e ataques de culpa. Não cabia ao filho mudar a mãe, mas unicamente compreendê-la e ter-lhe piedade ao invez de raiva, revolta ou tristeza. Foi assim que eu participei e vivi tal cena. O que isso reflete de mim?

O que isto espelha? A realidade ambivalente de sentimentos em relação à sua mãe? A criança que vive em você chora essa amargura? Chora alguma culpa? E nasce em você uma atitude que busca compreensão para se libertar de sua visão critica à mãe?

O que me passa é dinâmica do processo, sinal de libertação! Diferenciação! Elaboração! Em duas vertentes:

  • Você se liberta de sentimentos, afetos projetados em sua mãe, advindos de uma relação simbiótica indissolúvel;
  • Você se liberta da criança ressentida, carente e sofrida que vive em você.
Podemos pensar que mudanças de consciência, ou da luz jogada em conteúdos que antes eram ignorados, indicam uma construção, e objetivação dessa realidade antes diferenciada e que agora se mostra em forma projetada.

Outro aspecto é a possibilidade de sonho catártico e compensador. Frente a uma elevação de seu nível de tensão a psiquê lhe favorece:

A elaboração a partir da construção de imagens. Essas imagens já surgem como gestalt de conteúdos que antes eram fragmentados e que agora já formam um mosaico da integração destes fragmentos.

A catarse para reequilibrar sua tensão, criada e mobilizada na sua relação com a realidade Filha X Mãe.

Possivelmente, se a relação com a mãe é complexa, lhe envolve em uma tensão que tende a descompensá-la. Neste caso ela ainda mobiliza na criança em você uma tensão elevada, e reativa e significativamente neste momento surge um grande diferencial:

Uma jovem mulher mais amadurecida, mas postada, mais consistente que busca compreender a realidade da relação, desfavorável ou ainda indiferenciada, E que sente e identifica o impacto desta relação no seu humor e no seu equilíbrio emocional mas considera a verdade das responsabilidades tentando se desvencilhar de julgamento e culpas.

Neste caso os indícios são de que você começa a sentir os resultados de sua mudança de consciência, Já que a partir de sua compreensão, a consciência diferenciada começa a ordenar os conteúdos passionais e pulsionais, elaborando os sentimentos, administrando as emoções, superando a reatividade e reordenando conceitos que redefinem a sua relação Filha X Mãe.

É interessante, já que no final do sonho anterior este cenário havia sido mostrado na formação do triangulo Avó X Mãe X Filha e agora aparece no triangulo: Mãe X Filho X Filha, onde você já diferenciada aparece na vinculação como estranha. É quase uma reafirmação do mesmo triângulo relacional. E você realiza a vivência do idealizado superando os conteúdos formadores e geradores desta transferência negativa.

Em relação aos sentimentos projetados na mãe, é interessante saber se você cultua a ideia de que seu amadurecimento e libertação desperta na sua mãe um sentimento de perda da filha. Neste caso, este fato pode ser apenas uma justificativa para que você mantenha-se no vínculo simbiótico, na dependência, sob a barra da saia, ou o jogo realmente pode existir (em geral as mães exercem esse domínio fascínio sobre os filhos aprisionando-os em nome do sentimento sagrado da maternidade) o que caracteriza e define o seu aprisionamento.

Obs.: A imagem do post vem como ilustração desta realidade que pode se fazer trágica quando não conduzida com sabedoria afetiva e libertadora, o cordão umbilical simbolo magistral do nascimento mesmo cortado permanece materializado não evoluindo e se transmutando para a dimensão simbólica como afeto como amor. A mãe se assegura da manutenção dos vinculos de dependência e o filho se debate em águas tormentosas na busca da libertação, prouzindo desafetos, resistências, amores irrealizados.

AVANCE!

BYE

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