terça-feira, 13 de abril de 2010

O SOBRADO MOFADO

O sobradinho  

CH 46

2ª parte de 45

Vale dizer que isso já aconteceu comigo algumas vezes em época de escola e faziam isso por mal e não para roubarem o que era meu. Eu nunca tinha reação além de ficar desesperada com vontade de chorar e, quando tinha coragem de contar a professora, pouco adiantava, pois se não achavam ficava por isso mesmo. No sonho eu não desesperei, pois sabia que, caso não achassem meus pertences, ficaria pior para todos e eu não ia ser a única prejudicada na história como de fato já me aconteceu algumas vezes quando criança. Foi então que, no sonho, uma jovem escreveu num papel: ‘Argumentação convincente’ e mostrou para todos da classe. Foi então que cada um dos alunos começou a tirar alguma coisa minha que havia escondido na carteira e a professora foi pegando e me entregando. Havia até um chapéu estilo caubói que ela colocou na minha cabeça depois de beijar minha testa. Então percebi que essa professora era muito parecida com a jovem que conhecera no intervalo, mas não posso garantir que eram a mesma pessoa. Embora ainda estivesse irada, acalmei-me vendo que tudo não passara de uma brincadeira de exagerado mau gosto. O sonho continuou, mas não recordo o que veio depois.

   
*****
O SONHO DO SOBRADO

Por último veio o sonho que tive ao amanhecer. Vale explicar que minha irmã nunca morou em sobrado, a não ser na época em que morava aqui em casa com mamãe e meu pai (que não é o mesmo dela e já faleceu há nove anos).

Pois bem, no sonho ela havia morado no sobrado aqui de casa (que atualmente está alugado) e se mudara há algum tempo. Olhando da parte térrea (a qual moro atualmente, mas que no sonho estava vazia) o teto estava todo mofado, tanto que o branco se transformara quase todo em preto, principalmente nos cantos. Eu subi para conferir como estava lá em cima. O chão parecia encharcado e não lembro se havia água sobre o mesmo. Ainda havia alguns móveis e eu comecei a assistir a televisão que estava ligada quando resolvi ir ao banheiro dar uma conferida em como ficara tal cômodo. Ao chegar lá me deparei com muitas coisas da minha irmã, tantas que era como se ela não houvesse mudado ou então houvesse esquecido de levar seus pertences do banheiro. Havia uma bancada diferente na pia e tinha uma infinidade de cremes e perfumes. Pensei comigo que se ela de fato não fosse querer aquelas coisas eu ia pegá-las todas para mim. Vale dizer que, como meu cunhado é transferido de cidade de tempos em tempos por causa da profissão (agora isso parou um pouco pois ele tem viajado bastante, ficando em hotel mesmo, e está quase aposentando), eles sempre mudaram muito e, quase em todas às vezes, minha irmã tinha mania de querer renovar tudo e então de fato costuma dar, vender ou deixar para trás algumas coisas. Senti-me uma criança perto da esperança de poder ganhar um prêmio pensando que, provavelmente, tudo aquilo ia ficar para mim. Fui lavar a mão e a rosca de cima da torneira saiu, de forma que a mesma não fechava, mas com jeitinho consegui parafusá-la outra vez, mesmo sem ter uma chave de fenda. Nisso alguém me chamou da sala dizendo que já estava passando na televisão não me lembro o quê. Fui para a sala e fiquei assistindo televisão enquanto comentava o programa com a tal mulher.

Para mim cada sonho é mais interessante que o outro, mas são daquele tipo que só alguém que entende como você para me ajudar a decifrá-los melhor...


ADENDO AO CH 45
A ideia do sonho se mantém, o sÍmbolo do chapéu é de soberania, poder, representa a cabeça, o cabelo e os pensamentos. Você recebe seu chapéu, recebe o signo de poder e de autoridade, como pessoalidade, individuo que resgata o seu poder. Parece-me um ritual de apresentação tribal e introdução à vida adulta.

O SONHOS do SOBRADO MOLHADO

No seu quarto existe “mofo”? Pode ser que a existência real tenha desencadeado a manifestação no sonho, em decorrência de cheiro, ou presença no ar. Cheiro de velho. Essa é a irmã que faz dupla com a mãe? No período ela está mais próxima? Interferindo indiretamente na sua relação com sua mãe? É possível que queira seu afastamento e distanciamento? Reflita!


Casa é referência básica de nós mesmos, nosso templo, nossa vida, nosso corpo. O sobrado apresenta mofo e vazamento (você se menstruou? Vontade de urinar?). Problema que você detecta e corrige (concerto da torneira). O Prêmio é a satisfação de ganhar presente, cheiro bom, pele cuidada, alegria, individualidade.
Eu foco um detalhe que salta no sonho: Lavar as mãos, a torneira se desarranja, você, com calma, consegue parafusá-la. Possuímos dois dedos que funcionam como pinça a partir da maturação neuro-psico-motora. Penso numa sinalização de maturação, em suas respostas frente à realidade e na sua dinâmica de desenvolvimento. Se considerarmos os 3 últimos sonhos, ocorre a Passividade, o reclame na sala como atitude ativa, e a correção do estrago do enguiço... Um avanço na sua capacidade de responder à exigência da realidade. O sonho pode aparecer como compensação de sua necessidade, ou como sinal de transformação de suas respostas. Tendo a preferir a segunda possibilidade. Principalmente porque o nível de tensão é reduzido após o confronto, ou após sua resposta, o sonho se fecha você indo se informar ou se divertir em frente à TV.

Percebo o sonho acima como MUITO significativo, em decorrência da mudança de postura no seu universo onírico. O sonho fala por si. O PROBLEMA É A SOLUÇÃO. O fato de muito ter-mos de caminhar não quer dizer que tenhamos que ficar tristes com os desafios, prefiro a alegria das conquistas à tristeza de ter que cumprir os desígnios. E essas mudanças são sinais de suas conquistas na sua jornada.

SUA CASA ESTÁ SENDO CONCERTADA,
 REVISADA, VISITADA, RECONSTRUIDA
 POR VOCE MESMA.

Para mim cada sonho é mais interessante que o outro, mas são daquele tipo que só alguém que entende como você para me ajudar a decifrá-los melhor...

Tenho o intento de decifrar, mas me considero apenas um sujeito sensível e bom investigador! De qualquer forma, obrigado pela deferência.


3 comentários:

  1. O amadurecimento me parece algo difícil de ser compreendido: por vezes sinto-o naturalmente acontecendo e, então, me indago por que não o consegui exatamente enquanto lutava para alcançá-lo. É como se existisse um momento propício para ele suceder independente do meu esforço pessoal. Parece que minhas mudanças de crenças e postura frente à vida favorece esse complexo e difícil amadurecer, mas em contrapartida, essa maturidade deslanchada modifica meu jeito de pensar e ser de uma maneira mágica, espontânea e sem esforço. Enquanto pelejo para ter maturidade frente a alguns pontos conturbados da vida, como os medos e neuroses, isso parece praticamente impossível, mas depois isso apenas flui quase imperceptivelmente e fico sem entender o que aconteceu em mim, como ou por que motivo eu melhorei. Daí eu sinto como se houvesse descarregado um chumbo das costas. Parece que amadurecer independe de ter força de vontade ou de simplesmente querer, pois acontece de acordo com o fluxo natural da vida conforme se adquire conhecimento, sabedoria prática e algo mais que não sei explicar pela contradição indecifrável que surge quando tento desvendar o que me bloqueia ou me encoraja, o que me prende e o que me solta. Porque meu conteúdo arquetípico masculino é o coadjuvante desse bloqueio? Estou certa de pensar que a sabedoria ligada ao autodescobrimento é um ponto chave nesse processo de amadurecimento? Mas então por que muitas pessoas que pouco se preocupam em se autoconhecer e se melhorar aparentar ser super maduras perante a vida?

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  2. Essa noite sonhei outra vez com um cachorro labrador branco. Havia dois homens no cenário: um rapaz que era o dono do cachorro e outro que estava perdido e pediu ajuda. Entretanto o rapaz disse que estava indo à casa de sua namorada e só poderia ajudar o homem depois. Para completar convidou o homem para ir também até a casa de sua namorada. Ambos usariam o ‘dom’ do cachorro de farejar até chegar ao local desejado. Portanto, era o cachorro que guiava e os homens apenas iam atrás. Não sei se o dono do cachorro era cego, mas mediante o contexto isso até faria sentido. Logo na seqüência eu estava noutro local com minha mãe quando minha irmã chegou com um cachorro poodle preto no colo. Incrível essa permanência repetitiva de cachorro nos sonhos! Ao soltar o animal ele correu até mim e subiu na cama. Fiz-lhe carinho e ele deitou levantando as patinhas. Fiquei acariciando sua barriga e ele ficou quietinho como se houvesse morrido. Nisso minha irmã comentou que ele estava muito preguiçoso e ele se levantou e sentou-se num banquinho. Estávamos distraídas conversando quando ela notou que o cachorro estava chorando e nesse choro ele se transformou no meu cunhado. Acho tão legal essas fantasias e mutações dos sonhos! Com dó de sua cara manhosa, minha irmã o pegou no colo (de forma que ele ficou sentado com as pernas cruzadas em sua cintura) e o levou para a sala (só em sonho mesmo para ela ter tanta força!). Fui atrás e ele falou que estava planejando um emprego autônomo para mim donde eu ia tirar minhas autofotos, estilo modelo, mas também responsável pela arte fotográfica, para fazer propaganda de roupas, adereços, sapatos, etc. Eu queria saber mais, pois o assunto me interessou, porém senti que ele nada ia me adiantar antes de ter tudo acertado e garantido. Parece que ele estava arrumando esse tipo de trabalho para mais alguém.
    O assunto minguou e retirei-me indo até o espelho. Nisso assustei-me muito: meus olhos estavam tampados de remela e cada pupila estava num canto do olho. Saí desesperada em busca de um banheiro para lavar os olhos e não encontrava. Nesse momento o local parecia uma escola, pois tinha grandes salas de aula, professores, alunos, mas também duas escadas rolantes e a que descia estragara de forma que os degraus estavam desmontando-se no final da mesma. Percebi que eu não era a única agoniada naquele momento. O cenário foi me parecendo caótico como se tudo fosse começar a desmontar. Algumas pessoas pareciam agitadas e outras nem se preocupavam mantendo uma tranqüilidade quase mórbida como se estivessem acostumadas a situações conturbadas. Eu enxergava tudo de maneira normal e não sentia nada diferente nos olhos, mas preocupada com o que vira, ia de um lado para outro a procura de um banheiro para lavar o rosto. Minha respiração estava ofegante e alta como se eu estivesse tendo um ataque asmático ou fosse desmaiar a qualquer momento. Acho que foi isso que chamou a atenção de uma jovem que me seguiu na intenção de perguntar se eu precisava de ajuda. Disse-lhe que precisava urgentemente de água e ela levou-me até um bebedor dando-me um copo grosso de vidro. Tinha muitas pessoas com garrafas esperando para enchê-las e, ao colocar água no copo, fiquei sem jeito de lavar os olhos e acabei bebendo a água. Claramente noto que disfarcei o tempo todo o meu problema, mesmo que tenha expressado meu desespero. Ninguém me olhava de modo estranho por causa dos olhos ou comentava sobre tal, e isso me deixava ainda mais confusa. Ao olhar para o lado, a jovem que me dera o copo estava aos beijos com um menino que teria idade para ser seu filho. Estranhei aquilo por causa da diferença de idade, mas o ambiente estava tão tranqüilo que me portei como as demais pessoas, ou seja, sem reparar a cena como uma anormalidade. O menino parecia oriental com os olhos puxados (vale notar que meu foco foi o olhar por conta do problema dos meus próprios olhos) e, embora bastante jovem, tinha um semblante de conquistador convencido.

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  3. Continuação
    Nisso ela levantou o copo dela me mostrando e ofereceu-me a bebida fazendo gesto com a cabeça na direção do bebedor. No que olhei já não era um bebedor, mas um arranjo de umbigos de cacho de bananeira (ou algo parecido) enfeitado com minúsculas flores amarelas claras e, no meio dessa composição, havia uma espécie de tonel com saquê. Ao aproximar-me fui servida com cerca de um dedo da bebida e tomei-a num único gole, mas não lembro que gosto tinha, era como se eu estivesse com o paladar desligado. Na vida real nunca provei saquê e até então nunca me interessara em saber que tipo de bebida é. Tomar aquilo pareceu cerimonioso, além do que, é algo que nada tem a ver com o contexto real da minha vida, ainda mais com aquela evidente ligação oriental.
    Semelhante a um fechamento onírico, veio-me um fleche de tudo o que eu sonhara e senti a precisão de acordar para não esquecer os detalhes. Forcei para acordar. Vi-me numa cama e enquanto tentava acordar eu conseguia mexer-me da cintura para cima em movimento lateral para a direita entre pontos luminosos dourados que formavam uma nevoa. Aquilo me assustou e comecei a chamar minha mãe, clamando por socorro e gritando para ela me acordar, mas como essas tentativas de acordar já me são conhecidas, eu sabia que minha voz não estava saindo o suficiente para ela escutar e que a peleja ia ser em vão. Eu estava muito pesada, com total dificuldade para acordar e sabia que só o conseguiria se me acalmasse e deixasse isso acontecer de modo natural. Eu sabia que se não conseguisse acordar provavelmente não me lembraria de nada depois. Foi então que parei de gritar e me entregando ao risco de não conseguir acordar e esquecer tudo, inesperadamente eu inspirei e expirei rápido como se fosse um soluço e acordei assustada como se houvesse caído na cama em cima de mim mesma. Tal tipo de despertar sempre me foi agonizante, mas dessa vez eu me senti mais controlada e compreensiva sobre tal maneira específica de despertar em mim mesma, o qual é impossível de se dar de forma forçada, por mais que continue sendo abrupto esse acordar para a realidade de forma desejosa e consciente. Era como se meu inconsciente e consciente estivessem trabalhando em equipe. No momento do fleche eu me tornei consciente de que tudo era um sonho e tive a sensação de que cada detalhe tinha grande importância. Conscientemente eu queria despertar para anotar tudo, mas era como se meu inconsciente ainda em trabalho me pedisse para confiar no processo como um todo. Além de um sonho, pareceu-me uma experiência bem diferente, pois o desfecho foi forçado, mas não deixou de ser natural ao mesmo tempo. Posso dizer que consegui acordar de maneira mais fácil, rápida e tranqüila do que em todas as demais vezes que passei por isso, mesmo que ainda me seja um processo estranho. Exatamente pela necessidade do despertar, tenho para mim que esses sonhos são importantes, mas não sei decifrá-los. O que essa seqüência onírica pode representar?

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